E continuo pela minha agradável saga pela busca de novas
experiências de degustações, de rótulos pouco badalados, de castas pouco populares
em terras brasileiras, afinal novas percepções de aromas e sabores só enriquece
o ato da degustação, fazendo desta algo prazeroso e agradável e não algo
mecânico e banal. Há algum tempo venho investindo em regiões e castas novas
para mim, sobretudo aquelas castas que, embora muito popular em suas regiões
autóctones, no Brasil ainda é pouco conhecida. E assim você varia a sua adega,
amplia seu conhecimento, exercita suas análises organolépticas. Enfim, muitos
fatores no processo de degustação são positivamente impactados e, aliando isso
tudo, a preços extremamente convidativos a seu bolso, em tempos bicudos e de
incertezas, torna-se também essencial.
E o vinho que degustei traz todos os quesitos mencionados
acima, embora a sua casta seja bem conhecida pelo mundo, sobretudo na Itália e
até aqui no Brasil, aonde a mesma sempre vem em blends nos nossos espumantes. Falo
da Trebbiano. E com essa novidade, pelo menos para a minha história como
enófilo, vem também outro fator inusitado: a região, a famosa e emblemática
Abruzzo. Abruzzo é conhecida como a região que entrega a famosa Montepulciano,
mas que também nos brinda com a Trebbiano. E outro ponto interessante também é
que esse é um vinho branco tranquilo e não um espumante, mais comum com essa
casta. Então, diante de tantas novidades, não me resta mais nada além de
apresentar o Trebbiano d’Abruzzo Rocca da safra 2018 e que ostenta um DOC
(Denominação de Origem Controlada). Um vinho supreendente! Mas antes de falar
sobre o rótulo, para não perder o costume, falemos um pouco da Trebbiano que,
apesar de ser altamente cultivada, não goza de grande reputação.
Trebbiano
A uva Trebbiano é cultivada amplamente em diversos países
tanto da Europa quanto do Novo Mundo. Na Itália, por exemplo, mais de 80
rótulos são produzidos a partir dessa variedade de uva, a grande maioria deles
é de vinhos brancos bastante refrescantes. Devido ao amplo cultivo observado ao
redor do mundo, a uva Trebbiano ganhou diversos nomes, alguns muito
característicos das regiões vinícolas onde é cultivada. Na França, a uva
Trebbiano é conhecida também como Ugni Blanc, e representa um dos principais
ingredientes dos destilados Cognac e Armagnac. Já na região da Califórnia, nos
Estados Unidos, os vinhos produzidos a partir de uvas Trebbiano caracterizam-se
por serem deliciosos em especial, os que levam uvas com maior tempo de
amadurecimento na elaboração. Acredita-se que esse tipo de uva foi incorporado
à fabricação de vinhos franceses no século XIV quando a corte papal foi
transferida de Roma. Nos dois séculos seguintes, a casta Trebbiano foi
largamente disseminada e plantada, ganhando fama com seu nome local, Ugni
Blanc. Com a descoberta de novas variedades de uva, a casta teve uma queda de
popularidade, mas continua sendo cultivada em larga escala. Além de ser
utilizada com maestria na produção dos destilados Cognac e Armagnac, a casta
serve de base para uma grande variedade de vinhos brancos. A uva Trebbiano dá
origem a vinhos secos com aromas, geralmente, associados à amêndoas. Além
disso, a cepa, que tem cachos cilíndricos e bagos fortes, propicia elevada
acidez aos rótulos.
Agora vamos ao vinho!
Na taça tem um amarelo palha com reflexos esverdeados muito
brilhante.
No nariz tem uma explosão aromática de frutas brancas e
cítricas, como maça verde, pera, maracujá, com um evidente toque floral, flores
brancas.
Na boca é delicado e reproduz as notas frutadas, com um bom
volume de boca que me fez salivar de tão saboroso, graças também a acidez
moderada que faz do vinho fresco e refrescante. Tem um final frutado e
persistente.
Que belo vinho, que entregou muito mais do que valeu! Um
excelente custo X benefício! Uma casta que, embora tenha sofrido, ao longo dos
anos, um descrédito, neste rótulo da Família Ângelo Rocca trouxe um caráter
elegante, refrescante, jovem, perfeito para momentos informais e descontraídos
e que pode ser degustado entre amigos ou a beira de uma piscina ou em qualquer
momento, a hora que você quiser. Um vinho que harmoniza muito bem com refeições
cotidianas, massas leves, queijos também leves ou pode ser degustado sozinho.
Um vinho simples? Sim, mas muito versátil e saboroso! Teor alcoólico de 12%.
Sobre a Vinícola Rocca:
A família Rocca trabalha no ramo de vinhos desde 1880, quando
Francesco, o ancestral fundou a “Vinícola Rocca”, iniciando seus negócios
históricos com vinho a granel. Em 1936, seu filho Ângelo aprimorou a produção
de vinho e construiu uma adega em Nardò, Apúlia. Na década de 1960, Ernesto
Rocca, filho de Ângelo, comprou a primeira linha de engarrafamento e iniciou a
distribuição de produtos sob a marca Rocca. Em 2009, a Rocca Family se torna o
principal acionista da vinícola histórica Dezzani, no Piemonte, realizando
novas sinergias comerciais e produtivas. Em 1999, apaixonado por Apúlia, ele
comprou uma fazenda em Leverano, no coração de Salento. A tradição, a paixão
por vinhos merecedores, juntamente com a dedicação à viticultura e à produção
de vinho, foi fortemente afirmada pela Família durante essas cinco gerações. A
Companhia cresceu ao longo do tempo e desenvolveu uma abordagem internacional,
prestando muita atenção às necessidades do mercado, mas sempre cuidando e
respeitando o terroir e a tipicidade dos produtos. Rocca é uma realidade
dinâmica e flexível, ao mesmo tempo, extremamente ligada às suas raízes e hoje
inclui uma fazenda de prestígio na Apúlia, uma vinícola moderna em Agrate
Brianza, perto de Milão, e tem o controle da vinícola histórica Dezzani no
Piemonte. Os vinhos Rocca são apreciados nos mercados mais exigentes em mais de
40 países do mundo.
Mais informações acesse:
Fonte para pesquisa sobre a história da casta Trebbiano:
Nenhum comentário:
Postar um comentário