No dia 10 de julho de 2017 participei de um festival de
vinhos patrocinado por uma rede de supermercados importantes da minha cidade,
Niterói. A princípio, quando anunciaram as informações sobre o evento, achei o
valor do ingresso um pouco caro, sobretudo para aqueles iniciantes no mundo do
vinho que desejam participar de festivais como esse para ampliar seus
horizontes, conhecendo novos rótulos, fazer um escambo de informações e
conhecimento, reforçando sua predileção pelo néctar. Sempre critiquei os altos
valores de tais eventos realizados no Brasil. A demanda tem aumentado pelo que
pude observar nos eventos que tenho ido, logo a oferta também está aumentando,
mas o valor está um verdadeiro absurdo! Se está tendo um fenômeno de
crescimento e interesse de enófilos para estes eventos, qual a dificuldade de
reduzir os valores dos ingressos estimulando ainda mais a procura? É uma forma
de democratizar a cultura para o vinho! Enfim...Mas este evento trouxe uma
novidade: Dos R$ 150,00 do valor do ingresso, R$ 100,00 foram revertidos para
compra de rótulos nos supermercados do grupo! Bem, já foi uma boa ajuda!
As Importadoras confirmadas foram:
Importadora Real Comercial Woldwine
Vinhos Italianos: Primitivo di Manduria Zenith / Farnese
Fantini /
Vinhos Chilenos: Petirrojo tinto e branco
Vinho Uruguaio Garzon tannat e outros
Importadora Casa Flora
Vinho Argentino Nieto Emilia tinto e Rosé
Vinho Chileno Santa Carolina tinto e branco
Espumantes, Vodka, Cerveja Paulaner e outros
Importadora Real Comercial La Pastina
Vinhos Chileno Orgânico Emiliana Adobe tinto e branco / Cono
sur Bicicleta tinto e branco
Vinho Francês JP Chenet e outros
Importadora Adega Alentejana
Vinhos Portugueses Paulo Laureano Premium Vinhas Velhas / Cartuxa
Reserva / Chaminé e outros
Importadora Qualimpor
Vinhos Portugueses Esporão Reserva tinto / Assobio Douro
tinto / Monte velho e outros
Importadora VCT Brasil Conha y Toro
Vinhos Chilenos Marquês de Casa Concha / Trio Concha y toro /
Casillero del Diablo
Vinho Argentino Trivento e outros
Importadora Cantu
Vinhos Chilenos Ventisquero Reserva e Clásico
Vinho Português Quinta de Bons Ventos e outros
Vinhos exclusivos:
Vinhos Portugueses Herdade do Grous Casa Real / Regional
Transmontano Encostas do Trogão tinto, branco e Reserva
Então vamos aos principais rótulos degustados no evento:
Quando se fala na vinícola Emiliana do Chile a primeira coisa
que vem à mente é o processo de fabricação de seus vinhos orgânicos e claro não
faltou no festival de degustação e também o meu ímpeto e interesse por degustar
um de seus principais rótulos.
A começar pela linha reserva “Adobe”
De entrada eu degustei o rosé, da casta Syrah: um vinho
fresco, jovem, mas de bom volume de boca, frutado, aromático e de personalidade
marcante. Não costumo degustar com frequência os rosés chilenos e quando o fiz
com o “Adobe” foi uma experiência fantástica. Logo após o rosé degustei o
Carmenere, casta carro chefe de todas as vinícolas chilenas e claro, não ficou
atrás em termos de qualidade, de drincabilidade. Um vinhaço! Aquele toque de
couro, tabaco, de frutas negras e vermelhas no paladar e no aroma. Um toque na
medida de um amadeirado, bem integrado, um vinho estruturado e macio, ao mesmo
tempo. Fechei com o Cabernet Sauvignon: encorpado, robusto, frutado, macio,
harmonioso. Definitivamente a linha “Adobe” me fisgou de vez.
Continuando com o Chile “viajei” para a vinícola Cono Sur,
onde degustei os famosos vinhos da “bicicleta”, com uma proposta mais simples,
com vinhos de entrada, mas não menos importante para o meu humilde paladar. Que
belos vinhos! Apesar da popularidade do rótulo em terras brasileiras, não os
conhecia, não os tinha degustado até então.
Comecei com o Pinot Noir: muito legal! Soube, com primazia,
representar a essência da casta como poucos chilenos que tive a oportunidade de
degustar. Um vinho que privilegia a fruta vermelha, a delicadeza e a maciez, a
elegância típica da boa Pinot Noir. Depois degustei uma casta não muito comum
nas taças dos brasileiros: a Gewurztraminer. Vinho muito bem feito! Um vinho
fresco, jovem, frutado, um toque meio apimentado, de bom volume de boca. Dois
grandes rótulos da vinícola com excelente custo x benefício.
Agora indo para a Argentina pousei em uma das vinícolas mais
tradicionais dos hermanos: Bodegas Norton!
Não tinha sido o meu primeiro contato com os rótulos da vinícola,
mas o “Cosecha Tardia” branco e rosé foi a minha primeira vez. Sempre tive uma
reticência com relação aos vinhos da colheita tardia, por serem doces
demasiadamente. Não sou apreciador desses tipos de vinho. Mas o demonstrador me
abordou e disse: “Já experimentou o colheita tardia branco e rosé da Norton?”
Disse que não gostava desses vinhos por serem muito doces, mas logo ele disse: “Esses
não são tão doces assim, acredite, você irá gostar!” Bem, não tinha nada a
perder, experimentei. Não é que ele tinha razão! Um vinho com um baixo residual
de açúcar, tanto o branco quanto o rosé. Esses eu compraria. Depois degustei o
emblemático Malbec tinto da Norton, da região de Luján de Cuyo. Esse eu já
conhecia, mas não poderia deixar de degusta-lo novamente, é sempre um prazer!
Macio, frutado, como todo bom Malbec, encorpado, taninos presentes e sedosos.
Clássico!
Agora o Velho Mundo, a Velha Bota, a Itália!
Um rótulo bem conhecido aqui no Brasil, muito bem aceito por
aqui: A linha Santa Cristina. Já degustei no passado o tinto e o branco, da
casta Pinot Grigio, que me surpreendeu positivamente e que foi responsável pela
minha predileção pela casta branca, típica e altamente cultivada na Itália.
Mas o que eu degustei no evento foi o Chianti Superiore, que
não havia bebido antes. Que grata experiência! Um vinho encorpado, redondo, com
taninos gordos, presentes, mas sedosos, boa acidez, a fruta presente, a madeira
bem integrada. Um belo vinho que eu nunca tinha visto nas gôndolas dos
supermercados da minha cidade, Niterói, apesar da popularidade desta linha de
vinhos por aqui em terras “brasilianas”.
O Brasil não poderia ficar de fora e a escolhida para a minha
degustação é a mais importante e premiada vinícola deste país: A Cooperativa
Aurora! Infelizmente não tinha os rótulos tintos da vinícola, apenas contou com
os brancos, espumantes e moscatéis, mais populares entre os enófilos.
Comecei a degustar o Moscatel rosé, nunca havia degustado um
Moscatel rosado. Resolvi experimentar e vou confessar aqui, apesar de não
gostar mais dos moscatéis: Esse me surpreendeu positivamente! Baixo residual de
açúcar, frutado, fresco, leve e bem descontraído. Degustaria ele novamente.
Degustei o Moscatel branco que já o fiz em outras ocasiões na minha vida de
enófilo. O Rosé é muito melhor! E para fazer também um paralelo com o “Cosecha
Tardia Norton” degustei o “Colheita Tardia” da Aurora e dessa vez os argentinos
saíram na frente, em minha opinião.
Ainda na Argentina, tive o meu momento mágico em degustar um
vinho que parecia, ou melhor, ainda está tão distante em minhas pretensões de
compra. Um vinho de alto custo, mas que entrega cada centavo de seu valor: Um
Rutini com o corte de Cabernet Sauvignon e Malbec da safra 2015. Um vinho
encorpado, poderoso, que enche a boca, frutas vermelhas e pretas, taninos
presentes, mas sedosos e boa acidez. Aquele vinho que se quiseres pode guardar
por muitos anos.
Voltei ao Velho Mundo dando uma passadinha por Portugal. Ah a
terrinha não pode ficar de fora em nenhum evento de degustação de vinhos que se
preze.
Comecei com uma região, que até aquele momento, nunca havia
degustado um rótulo sequer: Trás-os-Montes! E quando me aproximei do stand dos
rótulos dessa região, fiquei um tanto quanto curioso e, claro, não pude deixar
de degustar. Então comecei com o branco “Encostas do Trogão” da Cooperativa
Rabaçal. Um produtor pouco conhecido no Brasil e me parece que apenas o
Supermercado Real vende, distribui esses rótulos em Niterói. Um vinho de ótima
acidez, gostoso, frutas brancas e cítricas e com um aroma floral que me
encantou. Infelizmente não tinha esse vinho na filial do supermercado próximo a
minha região e até hoje não o encontrei! Que falta de sorte! Logo depois
degustei o tinto reserva de uma safra relativamente antiga, de 2011: fiquei
receoso, na época com seis anos de vida! Mas degustei: Que vinho! Pleno, vivo,
encorpado, frutado, com taninos presentes e um retrogosto persistente! Não o
comprei no mesmo ano do evento. Fui comprá-lo um ano depois.
Continuei em Portugal e degustei uma das mais emblemáticas
vinícolas daquele país: A Herdade do Esporão! Vinhos de excelência e sempre com
rótulos que contemplam todas as propostas, adequadas para vários momentos, dos
mais descontraídos aos mais célebres.
Degustei, primeiramente, um velho conhecido: o Monte Velho
tinto. Esse nunca sai de moda, vinho de médio corpo, com aromas de frutas vermelhas
e negras, com taninos delicados e boa acidez. Depois fui para o Esporão
Reserva: um vinho robusto, da velha e essencial Alentejo, amadeirado, toque de
chocolate e tostado, encorpado, taninos gordos e robustos, acidez correta. Que
vinho espetacular! E fechei com outro velho conhecido: Assobio. O Douro muito
bem representado. Um vinho fresco, jovem, mas de grande personalidade.
E fechei a minha estadia em Portugal com um rótulo
tradicional e emblemático também do Douro, da famosa e conceituada Casa
Ferreirinha: o Papa Figos da safra 2015. Um senhor vinho encorpado, mas
harmonioso, de personalidade marcante, toques de madeira bem integrada, tabaco,
frutas vermelhas.
Dei uma “passadinha” pela bela e emblemática Bordeaux, da
França. Muitos dizem que para degustar bons vinhos dessa região tem de custar
mais de “três dígitos”, em suma, tem de custar caro! Mas eu acho que essa
antiga cultura está caindo por terra. Temos visto bons bordaleses a ótimos
preços e vinhos com ótima drincabilidade.
E a prova foram esses dois belos vinhos que degustei: a
começar com o “Marquis de Sade”, da safra 2012. Um vinho de uma proposta
simples, mas que já tinha, á época, cinco anos de safra! Fiquei curioso para degusta-lo,
será que ele estaria avinagrado? Nunca! Que vinho sensacional, incrível! Ele
estava pleno, vivo, um vinho cheio de altivez e personalidade no alto dos seus
cinco anos de vida! Frutado, aromas de frutas vermelhas, especiarias, toques de
pimenta. Na boca é frutado, taninos elegantes e delicados e um final agradável
com retrogosto persistente e frutado. Finalizei Bordeaux com o Chateau
Haut-Giron, também da safra 2012. Um vinho interessante, frutado e saboroso,
mas não tão bom quanto o primeiro.
E para finalizar a França outro vinho que me surpreendeu por
inteiro e, quando a demonstradora me falou do seu valor, fiquei boquiaberto por
completo: R$ 40,00! Bouchard Ainé. Um vinho leve, despretensioso, pouco
austero, fácil de degustar. Frutadinho, fresco, correto, honesto, com taninos leves,
quase que imperceptíveis e acidez correta.
E fechei com a Espanha. Infelizmente não tinha muitos rótulos
da Espanha para degustar, diria que esse foi o ponto negativo do evento. Mas
consegui degustar uma casta, popular neste país, que nunca havia tido uma
experiência: a Monastrell, da região de Jumilla. O Castillo San Simón
Monastrell é um vinho de proposta mais simples, de entrada.
Mas entregou muito
bem a sua proposta, com um vinho de leve a médio corpo, frutado, de taninos
finos e sedosos e boa acidez. Não é aquele Monastrell encorpado, típica da
casta, mas valeu e muito a minha primeira degustação da referida casta.
Além das degustações e do clima agradável da estrutura do
local, um restaurante chamado Villa Toscana, em Niterói, tivemos ótimas degustações
de queijos, entre outros quitutes deliciosos que harmonizou maravilhosamente
com os rótulos e com a bela noite de degustação, troca de informações, de
conhecimento e a certeza de que novos festivais de vinhos virão para que
possamos ser “submetidos” a novas experiências de degustações especiais.
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