domingo, 19 de julho de 2020

Festival de Vinhos Supermercado Real 2017


No dia 10 de julho de 2017 participei de um festival de vinhos patrocinado por uma rede de supermercados importantes da minha cidade, Niterói. A princípio, quando anunciaram as informações sobre o evento, achei o valor do ingresso um pouco caro, sobretudo para aqueles iniciantes no mundo do vinho que desejam participar de festivais como esse para ampliar seus horizontes, conhecendo novos rótulos, fazer um escambo de informações e conhecimento, reforçando sua predileção pelo néctar. Sempre critiquei os altos valores de tais eventos realizados no Brasil. A demanda tem aumentado pelo que pude observar nos eventos que tenho ido, logo a oferta também está aumentando, mas o valor está um verdadeiro absurdo! Se está tendo um fenômeno de crescimento e interesse de enófilos para estes eventos, qual a dificuldade de reduzir os valores dos ingressos estimulando ainda mais a procura? É uma forma de democratizar a cultura para o vinho! Enfim...Mas este evento trouxe uma novidade: Dos R$ 150,00 do valor do ingresso, R$ 100,00 foram revertidos para compra de rótulos nos supermercados do grupo! Bem, já foi uma boa ajuda!

As Importadoras confirmadas foram:

Importadora Real Comercial Woldwine

Vinhos Italianos: Primitivo di Manduria Zenith / Farnese Fantini /
Vinhos Chilenos: Petirrojo tinto e branco
Vinho Uruguaio Garzon tannat e outros

Importadora Casa Flora

Vinho Argentino Nieto Emilia tinto e Rosé
Vinho Chileno Santa Carolina tinto e branco
Espumantes, Vodka, Cerveja Paulaner e outros

Importadora Real Comercial La Pastina

Vinhos Chileno Orgânico Emiliana Adobe tinto e branco / Cono sur Bicicleta tinto e branco
Vinho Francês JP Chenet e outros

Importadora Adega Alentejana

Vinhos Portugueses Paulo Laureano Premium Vinhas Velhas / Cartuxa Reserva / Chaminé e outros

Importadora Qualimpor

Vinhos Portugueses Esporão Reserva tinto / Assobio Douro tinto / Monte velho e outros

Importadora VCT Brasil Conha y Toro

Vinhos Chilenos Marquês de Casa Concha / Trio Concha y toro / Casillero del Diablo
Vinho Argentino Trivento e outros

Importadora Cantu

Vinhos Chilenos Ventisquero Reserva e Clásico
Vinho Português Quinta de Bons Ventos e outros

Vinhos exclusivos:

Vinhos Portugueses Herdade do Grous Casa Real / Regional Transmontano Encostas do Trogão tinto, branco e Reserva

Então vamos aos principais rótulos degustados no evento:

Quando se fala na vinícola Emiliana do Chile a primeira coisa que vem à mente é o processo de fabricação de seus vinhos orgânicos e claro não faltou no festival de degustação e também o meu ímpeto e interesse por degustar um de seus principais rótulos.

A começar pela linha reserva “Adobe”

De entrada eu degustei o rosé, da casta Syrah: um vinho fresco, jovem, mas de bom volume de boca, frutado, aromático e de personalidade marcante. Não costumo degustar com frequência os rosés chilenos e quando o fiz com o “Adobe” foi uma experiência fantástica. Logo após o rosé degustei o Carmenere, casta carro chefe de todas as vinícolas chilenas e claro, não ficou atrás em termos de qualidade, de drincabilidade. Um vinhaço! Aquele toque de couro, tabaco, de frutas negras e vermelhas no paladar e no aroma. Um toque na medida de um amadeirado, bem integrado, um vinho estruturado e macio, ao mesmo tempo. Fechei com o Cabernet Sauvignon: encorpado, robusto, frutado, macio, harmonioso. Definitivamente a linha “Adobe” me fisgou de vez.

 


Mas a surpresa estaria guardada para logo depois da curta, mas significativa série de degustação da linha “Adobe”. Tive o prazer de degustar o “Novas”, a linha orgânica gran reserva da Vinícola Emiliana. Um corte das castas mais populares do Chile, Cabernet Sauvignon e Carmenere, é um vinho encorpado, com um aroma de frutas vermelhas, com toques generosos de especiarias e a madeira bem integrada, com aquele tostado. Na boca segue as mesmas percepções olfativas com taninos elegantes e presentes e boa acidez. Um belíssimo vinho! Esse, com os meus R$ 100,00 de crédito, tive a oportunidade e a alegria de comprar e que, três anos depois do evento, ainda está na minha adega evoluindo, me esperando para degustá-lo no melhor momento para nós dois!



Continuando com o Chile “viajei” para a vinícola Cono Sur, onde degustei os famosos vinhos da “bicicleta”, com uma proposta mais simples, com vinhos de entrada, mas não menos importante para o meu humilde paladar. Que belos vinhos! Apesar da popularidade do rótulo em terras brasileiras, não os conhecia, não os tinha degustado até então.

Comecei com o Pinot Noir: muito legal! Soube, com primazia, representar a essência da casta como poucos chilenos que tive a oportunidade de degustar. Um vinho que privilegia a fruta vermelha, a delicadeza e a maciez, a elegância típica da boa Pinot Noir. Depois degustei uma casta não muito comum nas taças dos brasileiros: a Gewurztraminer. Vinho muito bem feito! Um vinho fresco, jovem, frutado, um toque meio apimentado, de bom volume de boca. Dois grandes rótulos da vinícola com excelente custo x benefício.


Agora indo para a Argentina pousei em uma das vinícolas mais tradicionais dos hermanos: Bodegas Norton!

Não tinha sido o meu primeiro contato com os rótulos da vinícola, mas o “Cosecha Tardia” branco e rosé foi a minha primeira vez. Sempre tive uma reticência com relação aos vinhos da colheita tardia, por serem doces demasiadamente. Não sou apreciador desses tipos de vinho. Mas o demonstrador me abordou e disse: “Já experimentou o colheita tardia branco e rosé da Norton?” Disse que não gostava desses vinhos por serem muito doces, mas logo ele disse: “Esses não são tão doces assim, acredite, você irá gostar!” Bem, não tinha nada a perder, experimentei. Não é que ele tinha razão! Um vinho com um baixo residual de açúcar, tanto o branco quanto o rosé. Esses eu compraria. Depois degustei o emblemático Malbec tinto da Norton, da região de Luján de Cuyo. Esse eu já conhecia, mas não poderia deixar de degusta-lo novamente, é sempre um prazer! Macio, frutado, como todo bom Malbec, encorpado, taninos presentes e sedosos. Clássico!




Agora o Velho Mundo, a Velha Bota, a Itália!

Um rótulo bem conhecido aqui no Brasil, muito bem aceito por aqui: A linha Santa Cristina. Já degustei no passado o tinto e o branco, da casta Pinot Grigio, que me surpreendeu positivamente e que foi responsável pela minha predileção pela casta branca, típica e altamente cultivada na Itália.
Mas o que eu degustei no evento foi o Chianti Superiore, que não havia bebido antes. Que grata experiência! Um vinho encorpado, redondo, com taninos gordos, presentes, mas sedosos, boa acidez, a fruta presente, a madeira bem integrada. Um belo vinho que eu nunca tinha visto nas gôndolas dos supermercados da minha cidade, Niterói, apesar da popularidade desta linha de vinhos por aqui em terras “brasilianas”.


O Brasil não poderia ficar de fora e a escolhida para a minha degustação é a mais importante e premiada vinícola deste país: A Cooperativa Aurora! Infelizmente não tinha os rótulos tintos da vinícola, apenas contou com os brancos, espumantes e moscatéis, mais populares entre os enófilos.

Comecei a degustar o Moscatel rosé, nunca havia degustado um Moscatel rosado. Resolvi experimentar e vou confessar aqui, apesar de não gostar mais dos moscatéis: Esse me surpreendeu positivamente! Baixo residual de açúcar, frutado, fresco, leve e bem descontraído. Degustaria ele novamente. Degustei o Moscatel branco que já o fiz em outras ocasiões na minha vida de enófilo. O Rosé é muito melhor! E para fazer também um paralelo com o “Cosecha Tardia Norton” degustei o “Colheita Tardia” da Aurora e dessa vez os argentinos saíram na frente, em minha opinião.




Ainda na Argentina, tive o meu momento mágico em degustar um vinho que parecia, ou melhor, ainda está tão distante em minhas pretensões de compra. Um vinho de alto custo, mas que entrega cada centavo de seu valor: Um Rutini com o corte de Cabernet Sauvignon e Malbec da safra 2015. Um vinho encorpado, poderoso, que enche a boca, frutas vermelhas e pretas, taninos presentes, mas sedosos e boa acidez. Aquele vinho que se quiseres pode guardar por muitos anos.


Voltei ao Velho Mundo dando uma passadinha por Portugal. Ah a terrinha não pode ficar de fora em nenhum evento de degustação de vinhos que se preze.

Comecei com uma região, que até aquele momento, nunca havia degustado um rótulo sequer: Trás-os-Montes! E quando me aproximei do stand dos rótulos dessa região, fiquei um tanto quanto curioso e, claro, não pude deixar de degustar. Então comecei com o branco “Encostas do Trogão” da Cooperativa Rabaçal. Um produtor pouco conhecido no Brasil e me parece que apenas o Supermercado Real vende, distribui esses rótulos em Niterói. Um vinho de ótima acidez, gostoso, frutas brancas e cítricas e com um aroma floral que me encantou. Infelizmente não tinha esse vinho na filial do supermercado próximo a minha região e até hoje não o encontrei! Que falta de sorte! Logo depois degustei o tinto reserva de uma safra relativamente antiga, de 2011: fiquei receoso, na época com seis anos de vida! Mas degustei: Que vinho! Pleno, vivo, encorpado, frutado, com taninos presentes e um retrogosto persistente! Não o comprei no mesmo ano do evento. Fui comprá-lo um ano depois.


Continuei em Portugal e degustei uma das mais emblemáticas vinícolas daquele país: A Herdade do Esporão! Vinhos de excelência e sempre com rótulos que contemplam todas as propostas, adequadas para vários momentos, dos mais descontraídos aos mais célebres.

Degustei, primeiramente, um velho conhecido: o Monte Velho tinto. Esse nunca sai de moda, vinho de médio corpo, com aromas de frutas vermelhas e negras, com taninos delicados e boa acidez. Depois fui para o Esporão Reserva: um vinho robusto, da velha e essencial Alentejo, amadeirado, toque de chocolate e tostado, encorpado, taninos gordos e robustos, acidez correta. Que vinho espetacular! E fechei com outro velho conhecido: Assobio. O Douro muito bem representado. Um vinho fresco, jovem, mas de grande personalidade.



E fechei a minha estadia em Portugal com um rótulo tradicional e emblemático também do Douro, da famosa e conceituada Casa Ferreirinha: o Papa Figos da safra 2015. Um senhor vinho encorpado, mas harmonioso, de personalidade marcante, toques de madeira bem integrada, tabaco, frutas vermelhas.


Dei uma “passadinha” pela bela e emblemática Bordeaux, da França. Muitos dizem que para degustar bons vinhos dessa região tem de custar mais de “três dígitos”, em suma, tem de custar caro! Mas eu acho que essa antiga cultura está caindo por terra. Temos visto bons bordaleses a ótimos preços e vinhos com ótima drincabilidade.

E a prova foram esses dois belos vinhos que degustei: a começar com o “Marquis de Sade”, da safra 2012. Um vinho de uma proposta simples, mas que já tinha, á época, cinco anos de safra! Fiquei curioso para degusta-lo, será que ele estaria avinagrado? Nunca! Que vinho sensacional, incrível! Ele estava pleno, vivo, um vinho cheio de altivez e personalidade no alto dos seus cinco anos de vida! Frutado, aromas de frutas vermelhas, especiarias, toques de pimenta. Na boca é frutado, taninos elegantes e delicados e um final agradável com retrogosto persistente e frutado. Finalizei Bordeaux com o Chateau Haut-Giron, também da safra 2012. Um vinho interessante, frutado e saboroso, mas não tão bom quanto o primeiro.


E para finalizar a França outro vinho que me surpreendeu por inteiro e, quando a demonstradora me falou do seu valor, fiquei boquiaberto por completo: R$ 40,00! Bouchard Ainé. Um vinho leve, despretensioso, pouco austero, fácil de degustar. Frutadinho, fresco, correto, honesto, com taninos leves, quase que imperceptíveis e acidez correta.


E fechei com a Espanha. Infelizmente não tinha muitos rótulos da Espanha para degustar, diria que esse foi o ponto negativo do evento. Mas consegui degustar uma casta, popular neste país, que nunca havia tido uma experiência: a Monastrell, da região de Jumilla. O Castillo San Simón Monastrell é um vinho de proposta mais simples, de entrada. 

Mas entregou muito bem a sua proposta, com um vinho de leve a médio corpo, frutado, de taninos finos e sedosos e boa acidez. Não é aquele Monastrell encorpado, típica da casta, mas valeu e muito a minha primeira degustação da referida casta.


Além das degustações e do clima agradável da estrutura do local, um restaurante chamado Villa Toscana, em Niterói, tivemos ótimas degustações de queijos, entre outros quitutes deliciosos que harmonizou maravilhosamente com os rótulos e com a bela noite de degustação, troca de informações, de conhecimento e a certeza de que novos festivais de vinhos virão para que possamos ser “submetidos” a novas experiências de degustações especiais.











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