segunda-feira, 6 de julho de 2020

Luigi Cecchi Sangiovese di Toscana 2015


Lembro-me que quando comecei a degustar vinhos eu iniciei também um intenso processo de pesquisa para conhecer um pouco mais sobre os países que são grandes produtores, das regiões emblemáticas e suas cepas tradicionais. Afinal eu precisava trilhar um caminho para seguir sem sombras, ter o mundo do vinho esclarecido e descortinado diante dos meus olhos e sentidos. E claro que nessa viagem eu me deparei com a Itália. A Itália e seus vinhos maravilhosos, de história rica e ilibada. E uma vez me falaram que o símbolo da Itália era a casta Sangiovese, era a menina dos olhos da Velha Bota. Mas inicialmente eu não degustei um vinho dessa casta. Ainda um pouco “inexperiente” no mundo dos vinhos, não conseguia encontrar nos supermercados um vinho com essa casta. Mas até que um dia caminhando despretensiosamente pelo supermercado, encontrei um Sangiovese e mais: da tradicional região da Toscana, que é praticamente o berço da casta! Fiquei eufórico e pensei em silêncio: Finalmente vou degustar um Sangiovese! Comprei!

Um vinho surpreendente! Um vinho extremamente versátil e saboroso! Mas não vou adiantar, pelo menos agora, os detalhes do vinho, mas vou apresentar o vinho que degustei e gostei da já referida Toscana, da casta Sangiovese, da Família Cecchi, da safra 2015, um Indicação Geográfica Típica. Antes eu não posso deixar de falar um pouco da clássica “Sangiovese”.

Sangiovese:

Algumas teorias em torno da origem da casta datam seu cultivo desde a vinicultura romana, e parte disso se dá por conta do nome dela. Sangiovese vem do latim “Sanguis Jovis”, ou seja, sangue de Júpiter. Outros garantem que ela já existia desde a civilização Etrusca, que viveu onde hoje é a Toscana entre 1.200 e 700 a.C. De qualquer maneira, o primeiro documento encontrado a respeito da uva é de 1590, na própria Toscana. Seu reconhecimento, no entanto, só aconteceu depois do século XVIII, quando passou a ser uma das castas mais plantadas da região, onde encontra condições perfeitas de crescimento. Foi na Toscana que, em meados do século XIX, o agricultor Clemente Santi isolou suas vinhas para uma prática pouco comum na época: fabricar vinhos varietais de Sangiovese, que envelheceriam por um período considerável. Em 1888, seu neto Ferruccio Biondi-Santi, um veterano soldado que lutou ao lado de Giuseppe Garibaldi, lançou a primeira versão moderna do Brunello di Montalcino, um vinho que descansou por mais de uma década em barris de madeira. O vinho agradou tanto os toscanos que, nas primeiras décadas do século XX, já era aguardado ansiosamente por críticos e consumidores locais. Ao redor de 1950, a fama do Brunello extrapolou os limites italianos e fez dele um fenômeno mundial. A guinada final da Sangiovese foi dada nos anos 1960 e 70, quando aconteceu uma revolução enológica que deu origem aos chamados Supertoscanos. Nessa época, os vinhos mais importantes da região eram largamente conhecidos, mas não reconhecidos. Alguns vinicultores acreditavam que as regras de produção estabelecidas os impediam de fazer um vinho de maior qualidade, utilizando, além da Sangiovese, uma pequena porcentagem de castas internacionais e técnicas mais modernas. Eles então se “rebelaram” e passaram a produzir vinhos da maneira que achavam certo, sem se importar com as regras que lhes garantiam o selo DOC. O resultado foram vinhos de alta qualidade e preço, que mais tarde ficaram conhecidos como Supertoscanos. A Sangiovese é cultivada em cerca de 100 mil hectares (o que corresponde a quase 10% de toda a área plantada dos páis) e contribui com 15% dos vinhedos que resultam em vinhos DOC. Ela é cultivada em 18 regiões, 70 províncias e dá origem a mais de 190 tipos de vinho diferentes. Os italianos gostam de pensar que a casta é o equivalente italiano à Cabernet Sauvignon, tanto por seu potencial de envelhecimento quanto pela versatilidade, uma vez que se dá bem tanto em vinhos varietais quanto em grandes blends. Em sua casa, na Toscana, em seu estilo mais tradicional, a uva – de cor rubi intensa e cachos bem carregados – dá origem a vinhos herbáceos e com sabores de cereja, além de ter acidez alta e taninos marcantes. Por isso, pode envelhecer por anos, como é o caso dos Brunello di Montalcino.

Agora o vinho!

Na taça o vinho apresenta um vermelho rubi intenso com reflexos violáceos brilhantes e vivo! Há uma boa quantidade de lágrimas, mas que logo se dissiparam.

No nariz tem um delicado e elegante toque frutado, lembrando frutas vermelhas em compota, como cereja e morando, por exemplo. É perceptível também o toque floral, ampliando ainda mais os aromas.

Na boca se reproduz as impressões olfativas, mostrando-se frutado, com alguma estrutura, personalidade marcante, mas muito harmonioso, redondo e fácil de degustar, certamente pelo tempo que evoluiu na garrafa antes de sair da vinícola, por dois meses. Com uma boa acidez e taninos presentes, mas sedosos.

Enfim, a minha primeira experiência com um vinho 100% Sangiovese não poderia ter sido melhor. Um vinho de ótima drincabilidade, de forte personalidade, mas redondo, fácil de beber, revelando um novo “Sangiovese”, agradável e saboroso. Harmoniza muito bem com massas ou até mesmo degustando-o sozinho. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Família Cecchi:

Tudo começou em 1893, quando Luigi Cecchi se tornou um provador profissional de vinhos e entendeu o potencial da vinificação italiana.  Foi Cecchi quem iniciou uma jornada que levou ao que agora pode ser definido como uma mistura perfeita entre inovação e tradição. É na capacidade de prever o futuro que um dos segredos do sucesso da Família Cecchi se estabelece; uma espécie de presente entregue de pai para filho. Todos os passos dados pela vinícola ao longo de sua história foram precedidos de experimentações cuidadosas e completas, e é o respeito pela tradição que sempre levou a família a tomar suas decisões diárias.

Mais informações acesse:


Fonte para a pesquisa da história da Sangiovese:


Degustado em: 2016



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