Esse vinho tem história em minha vida. Tem fator, um valor
sentimental que definiu e traçou as minhas percepções de enófilo e que me fez
enveredar para os vinhos finos, produzidos por cepas vitis viníferas. Seus vinhos
foram responsáveis para a transição dos simples vinhos de mesa, os famosos “vinhos
de garrafão”, os “vinhos coloniais”, para os vinhos finos, estimulou o meu
ávido interesse para o caminho do aprendizado do universo rico e ainda
inexplorado mundo do vinho. Ah como ele foi e ainda é importante para mim, esse
simples apreciador de vinhos que, por mais que busque novas experiências e
sensações, sempre nos lembramos do nosso início, dos nossos primeiros passos e os
quantos ainda têm a percorrer. Comecei a degustar os vinhos de entrada, os mais
simples e fui degustando a sua história, passo a passo, degrau por degrau. Ele
passeou, transitou por tanto tempo em minhas taças, as lembranças de bons
momentos que ele protagonizou nas minhas celebrações, foram determinantes para
o que sou hoje como enófilo e sinto sim orgulho disso tudo.
E o ápice, o cume desse momento se deu com um vinho
fantástico, um vinho que degustei e gostei e que veio do Vale do Colchagua, é o
Santa Helena Selección Del Directório composto pelas castas Cabernet Sauvignon
(85%) e Syrah (15%), da safra 2012. Embora no rótulo esteja estampado apenas “Cabernet
Sauvignon” ele, pelo menos para mim, é um corte. Mas a legislação chilena
garante ao vinho a condição de um varietal, pois o é porque o Cabernet
Sauvignon leva mais de 75% da composição do vinho. E que vinho! Um vinhaço!
Na taça o vinho se revela com um vermelho rubi intenso e
profundo, intenso e brilhante, um tom lindamente reluzente, com lágrimas em
profusão, finas e abundantes que teimavam em desaparecer das paredes do vinhos,
desenhando-as.
No nariz é uma explosão aromática de frutas negras, com toque
de baunilha e tabaco, diria um toque de especiarias, conferido pelos seus 10
meses de passagem por barricas de carvalho.
Na boca é frutado, estruturado, com alguma complexidade, mas
macio, elegante com taninos presentes, mas delicado e domado, um toque
amadeirado, de tosta, com acidez correta e um final longo e persistente.
Um vinho de grande personalidade, mas fácil de degustar,
afinal o tempo em barricas de carvalho lhe conferiu equilíbrio, tornando-o
harmonioso, mas, ao mesmo tempo, complexidade, elegância e um toque delicado. E
olha que, quando o degustei, em 2017, ele já tinha 5 anos de vida! E ainda se
mostrou vivo e pleno! Um vinho, uma vinícola que fez parte da minha história,
uma história ainda viva, que ainda caminha graças ao que a Santa Helena me
revelou e revela ao longo do tempo. Tem 14% de teor alcoólico muito bem
integrado.
Sobre a Vinícola Santa Helena:
No início do século XX, no Chile, um amado produtor de vinho
ficou seriamente doente. Sua família e trabalhadores dedicaram-se a cuidar
dele, o que fez que seu campo sofresse uma notável deterioração. Helena, sua
filha, vendo como o campo perdeu seu encanto, partiu para reviver todas as
videiras do vale. Com determinação e dedicação, ele conseguiu devolver a
qualidade e seu pai, uma vez recuperado, decidiu batizar seus vinhos com o nome
"Santa Helena", em homenagem a sua filha. Juntos, eles aperfeiçoaram
e completaram o trabalho enológico, cujo legado durou até hoje. A Viña Santa
Helena, fundada em 1942 e com mais de 75 anos de experiência, está localizada
no Vale Central, o vale mais característico do Chile. A qualidade do vinho
nasce na vinha, por isso a nossa atenção e energia começam na terra,
preocupando-se com a gestão sustentável de todos os nossos processos agrícolas.
O Vale Central tem ótimas condições naturais de clima e solo, que permitem uma
terra fértil e perfeita para a produção de vinhos de alta qualidade, refletidos
em nossas diferentes linhas. Em 1994 a vinícola Santa Helena foi adquirida pelo
VSPT Wine Group, grupo composto pelas seguintes vinícolas: San Pedro, Tarapacá,
Leyda, Santa Helena, Misiones de Rengo, Viña Mar e Casa Rivas no Chile, e por
duas vinícolas argentinas, a La Celia e a Tamarí. Apesar da grande diversidade
de marcas, o Grupo mantém a identidade de cada uma das vinícolas, que produzem
o seu próprio vinho com as próprias características. Atualmente a vinícola
Santa Helena é uma das 10 maiores exportadoras do Chile e seus vinhos estão em
mais de 45 países, nos 5 continentes. Os principais mercados são: Brasil,
Finlândia, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido.
Mais informações acesse:
Degustado em: 2017
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