Já falei, diria até declamei, em verso e prosa, o quão os
vinhos do Alentejo são importantes para a minha simples e humilde vida de
enófilo. Certamente a minha região preferida da terra dos lusitanos, diante de
uma gama diversa e rica de terras maravilhosas, é muito difícil escolher, mas o
Alentejo, talvez pelo fato de ser a minha preferida, tem também um valor
sentimental. Os meus primeiros rótulos portugueses, vieram do Alentejo. Uma
região que, geograficamente falando, é pequena, um estado federativo do Brasil
é maior que o Alentejo, mas que guarda, que abriga uma diversidade de rótulos e
propostas com todas as suas peculiaridade e expressividade, com vinhos para
todo e qualquer momento: dos mais informais e descontraídos aos momentos mais
austeros.
O vinho que degustei e gostei, é claro, veio do Alentejo, mais precisamente de uma região chamada Monsaraz, da Herdade do Esporão, e se chama Monte Velho, o tinto, composto pelas castas Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional e Syrah da safra 2014. E, apesar do Alentejo ter uma presença vívida na minha história de um simples degustador, convém falar um pouco da região de onde veio esse rótulo: Monsaraz.
Monsaraz
Monsaraz é uma freguesia portuguesa do concelho de Reguengos
de Monsaraz, na região do Alentejo. Antiga sede de concelho, transferida pela
primeira vez em 1838 e definitivamente em 1851 para a então vila de Reguengos
de Monsaraz, hoje cidade. É importante não confundir Reguengos de Monsaraz com
Monsaraz. São duas localidades distintas separadas por cerca de 15 quilômetros.
A vila medieval de Monsaraz foi eleita uma das “7 Maravilhas
do Alentejo” pelos leitores do jornal Margem Sul. O Município de Reguengos de
Monsaraz aderiu a esta iniciativa que teve mais de 80 mil votos através do site
do periódico e que pretendeu contribuir para a promoção do Alentejo,
mobilizando os cidadãos para a defesa e a redescoberta do patrimônio material e
imaterial. A outra candidatura do Município foi a paisagem do Grande Lago
Alqueva no concelho de Reguengos de Monsaraz. Este concurso organizado pelo
jornal Margem Sul com o apoio dos governos civis de Évora, Beja, Portalegre e
Setúbal recebeu 30 candidaturas municipais. Para além de Monsaraz, a lista
vencedora das “7 Maravilhas do Alentejo” integra o Castelo de Evoramonte
(Estremoz), Fortaleza de Marvão, Lago de Alqueva (Portel), Tapeçarias de
Portalegre, Portas de Beja (Serpa) e Terreiro do Paço (Vila Viçosa). A vila
medieval de Monsaraz (Monumento Nacional) é uma das mais antigas vilas de Portugal.
Localizada numa região habitada desde os tempos pré-históricos, existindo na
sua envolvente muitos monumentos megalíticos, Monsaraz é um primitivo castro
que foi mais tarde romanizado e ocupado sucessivamente por visigodos, árabes,
moçárabes e judeus, até ser definitivamente cristianizado no século XIII. Em
1167 foi conquistada aos muçulmanos por Geraldo Sem Pavor, caindo em 1173 para
os almóadas na sequência da derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz. Em 1232
voltou a ser conquistada aos árabes e em 1385 foi invadida pelas tropas
castelhanas, mas cedo foi reconquistada por D. Nuno Álvares Pereira. Depois da
restauração da independência, em 1640, foi construída uma nova linha de
fortificações, tornando Monsaraz numa vila praticamente inexpugnável. Monsaraz
foi sede de concelho até 1851, ano em que se fixou definitivamente em Reguengos
de Monsaraz. Em termos de património é importante destacar a Torre de Menagem,
a Casa da Inquisição, a Porta da Vila, a Porta de Évora, a Porta da Alcoba, a
Igreja Matriz de Nossa Sra. da Lagoa, o Pelourinho, a Igreja de Santiago, a
Ermida de S. João Baptista, o edifício do Hospital do Espírito Santo e Casa da
Misericórdia, a Ermida de S. José, os Antigos Paços da Audiência, a Cisterna e
todo o casario característico da vila.
E agora o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso com reflexos
violáceos com lágrimas finas e em média intensidade que logo se dissipam das
paredes do copo.
No nariz tem notas frutadas mais frescas, agradáveis com uma
nítida sensação de frescor e uma elegância proeminente. As notas florais também
são sentidas e que intensifica o aroma.
Na boca é um vinho leve para médio, mas vibrante, de alguma
complexidade, com toques de especiarias, de ervas e notas amadeiradas e de
baunilha bem discretas, graças aos 6 meses de passagem por barricas de
carvalho. Com taninos macios, mas presentes e uma correta acidez. Final
persistente e redondo.
Um vinho intenso, mas harmonioso, equilibrado, mostrando uma
bela densidade da fruta, sem soar enjoativo, como deve ser um típico e bom
alentejano: um vinho fácil e com personalidade marcante. Um vinho para todas as
ocasiões, das mais descontraídas aos momentos de uma celebração, afinal,
qualquer momento com um bom vinho como o Monte Velho, sempre será uma grande
celebração. Alentejo significa vinhos de caráter e identidade. Tipicidade é a
palavra que define os vinhos da Herdade do Esporão. Tem 14% de teor alcoólico
muito bem integrados ao conjunto do vinho.
Sobre a Herdade do Esporão
A Herdade do Esporão está localizada em Reguengos de Monsaraz, cidade situada no Alentejo, região do centro-sul de Portugal que, apesar de ter uma produção bastante recente, com pouco mais de 40 anos, é a maior exportadora de vinhos de Portugal e uma das maiores do mundo. A Herdade tem 700 hectares de vinhas e olivais, além de alguns pomares e hortas. As cerca de 40 castas produzem uma variada gama de brancos, rosés e tintos, além de um excelente espumante e um peculiar colheita tardia. Já as 4 variedades de azeitona dão origem a um dos mais famosos e prestigiados azeites no mercado internacional.
A Herdade conta com uma vastíssima programação de enoturismo,
especialmente interessante no verão (junho a setembro), mas suficientemente
variada para atrair novos fãs em qualquer época do ano. Aliás, o refinado
restaurante da vinícola conta com cardápios distintos para cada estação. São duelos
entre o Douro e o Alentejo, verticais, elaboração do próprio blend, refeições
harmonizadas, até passeios de um dia inteiro entre as maravilhas naturais da
linda propriedade. Você pode escolher a melhor programação para a sua viagem
enviando um e-mail para a vinícola.
A Adega Monte Velho
Com esta modernização do espaço e dos processos, o Esporão
aumenta a capacidade de produção e potencializa a qualidade dos vinhos tintos
produzidos, principalmente a do icónico Monte Velho. Desde cedo a Herdade do
Esporão investiu na modernização e separação dos processos de produção. A
coexistência de três adegas – a adega de vinhos tintos, onde se produz
principalmente Monte Velho, a adega de vinhos brancos e a Adega dos Lagares,
construída para vinhos topo de gama – é um garante de eficiência produtiva para
todos os vinhos que saem da Herdade. O projeto da nova Adega Monte Velho
resulta da experiência e do conhecimento acumulados ao longo de três décadas: a
tecnologia mais avançada e adaptada exclusivamente à produção de Monte Velho
tinto, uma maior flexibilidade e controlo para a total rastreabilidade e
separação dos vinhos certificados em produção biológica, foco nas questões da
gestão de temperatura e energia. A automatização e digitalização dos processos
e circuitos permite também uma extraordinária eficiência de recursos.
Mais informações acesse:
https://www.esporao.com/pt-pt/
Fontes de pesquisa sobre a região de Monsaraz:
“Blog
Enofilia”: http://www.blogenofilia.com.br/2016/11/ao-alentejo-e-alem-herdade-do-esporao.html
Portal “Viagem e Turismo”: https://viagemeturismo.abril.com.br/blog/portugal-lisboa/herdade-do-esporao-o-maravilhoso-mundo-dos-vinhos-no-alentejo/
“Blog Cipriano Alves”: https://ciprianoalves.blogs.sapo.pt/portugal-historico-alentejo-monsaraz-19134
Portal Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Monsaraz
Degustado em: 2016
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