Cheguei a uma conclusão que confesso não saber se é uma
unanimidade: os brancos alentejanos são os melhores de Portugal! Talvez esteja
sendo leviano pelo fato de que Portugal goza de grandes e diversificados
terroirs sendo difícil ser tão taxativo quanto aos brancos alentejanos. Mas
acredito que, entre os enófilos, seja unanimidade que o Alentejo está entre as
melhores e mais emblemáticas regiões lusitanas na produção de vinhos. Vejo que
o Alentejo traduz em seus vinhos o que a sua terra pode oferecer, além, é
claro, da sua cultura, de sua gente, no processo de colheita, vinificação e a
sua entrega ao degustador. É a cultura personificada neste líquido, neste
néctar.
E o vinho que degustei e gostei veio, como já disse, do
Alentejo, sendo um vinho regional alentejano, chamado Loios, branco, das castas
Arinto, Rabo de Ovelha e Roupeiro, uvas autóctones, da safra 2017.
Na taça tem um amarelo palha com tons esverdeados, diria
tendendo para um amarelo dourado, talvez pelo reluzente brilho.
No nariz traz aromas agradáveis de frutas frescas, frutas
brancas como melão, abacaxi, toque floral, mineral, com muito frescor e leveza.
Na boca se confirma as impressões olfativas com notas
cítricas discretas, acidez correta, muito boa intensificando a proposta do
vinho, jovem e fresco.
Um vinho direto, simples, mas com personalidade, graças a sua
versatilidade, elegância, harmonia e equilíbrio. Muito gastronômico, harmoniza
bem com frituras, carnes brancas e frios ou sozinho. O Loios, dessa safra, em
especial, ganhou 86 pontos da Wine Advocate, do Robert Parker, 16 pontos da
Revista de Vinhos e 15 pontos do Vinho Grandes Escolhas. Possui 12,5% de teor
alcoólico.
Sobre a Vinícola João Portugal Ramos:
Nascido de uma longa linhagem de produtores, João Portugal
Ramos licenciou-se em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, em
Lisboa. Estagiou no Centro de Estudos da Estação Vitivinícola Nacional de Dois
Portos, após o que inicia, em 1980, no Alentejo, a sua atividade de enólogo. João
Portugal Ramos planta os primeiros 5 hectares de vinha em Estremoz, onde vive
desde 1988, dando início ao seu projeto pessoal. Estremoz é o primeiro local
eleito por João Portugal Ramos para fazer os seus próprios vinhos, após a longa
carreira como enólogo consultor na criação de vinhos nas principais regiões
vitivinícolas de Portugal. A primeira vindima realiza-se em 1992 e nos anos que
se seguem o vinho é elaborado em instalações arrendadas, sendo 1997 o primeiro
ano em que é vinificado nas novas instalações. Desta primeira vindima, nasce o
primeiro vinho próprio de João Portugal Ramos – Vila Santa. Inicia-se a
construção da Adega Vila Santa, em Estremoz. Em 1997 é também a primeira
colheita do Marquês de Borba Reserva e no ano seguinte nasce o Colheita, que até
hoje se mantém como a marca mais forte do grupo revelando uma consistência
inabalável ano após ano. Os vinhos do Grupo João Portugal Ramos estão presentes
por todo o mundo, sendo líderes de vendas de vinhos portugueses em alguns
países. Hoje, o enólogo tem a seu lado dois dos seus cinco filhos, João Maria
no departamento de enologia e Filipa no departamento de marketing, dando
continuidade ao negócio de família.
Sobre o rótulo “Loios”:
Loios é um vinho produzido no Alentejo e o seu nome deriva do
título que no século XV foi atribuído aos membros da ancestral Congregação de
Padres da Ordem de S. João Evangelista. Mais conhecidos por Loios, estes monges
sempre estiveram profundamente ligados à história do Alentejo e em particular
aos vinhos. E é em sua memória que nasce este vinho, produzido a partir de
castas tradicionais da região.
Mais informações acesse:
Degustado em: 2019
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