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quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Casa Marques Pereira Reserva Malbec 2019

 



Vinho: Casa Marques Pereira Reserva

Safra: 2019

Casta: Malbec

Região: Monte Belo do Sul, Rio Grande do Sul

País: Brasil

Produtor: Casa Marques Pereira

Adquirido: Site Vinhos & Vinhos

Valor: R$ 74,90

Teor Alcoólico: 13%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, intransponível, escuro, com halos granada, trazendo lágrimas grossas, lentas, viscosas e em profusão.

Nariz: aromas complexos de frutas negras e vermelhas maduras, com toques florais que lembram violetas, além das notas amadeiradas evidentes, porém bem integradas, que aportam baunilha, cedro, baunilha, tudo isso envolto em especiarias, com destaque para cravo, pimenta e ervas.

Boca: traz complexidade, que lhe confere personalidade e alguma estrutura, porém é macio, sedoso e logo equilibrado. As notas frutadas são percebidas, bem como as amadeiradas, em perfeito equilíbrio, entregando frescor, baunilha, discreto chocolate. Os taninos são presentes, mas amáveis, a acidez é média e o final de persistência.

 

Produtor:

https://casamarquespereira.com.br/


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Marqués de Toledo Gran Reserva Tempranillo (80%) e Cabernet Sauvignon (20%) 2011

 

As vezes alguns discursos engessados no universo do vinho me aborrecem! Sabe aquela coisa que falam com demasiada reverência: “Ah os vinhos da região ‘x’ são excelentes”! “Os vinhos da região ‘x’ são especiais”! Sempre são os vinhos de uma determinada região em detrimento de várias outras que fazem questão de jogar no ostracismo.

Por isso sempre faço questão de dizer UNIVERSO DO VINHO! Ele é vasto, gigante, diversificado, logo traz inúmeras regiões com suas peculiaridades, especificidades e tudo o mais. Será que realmente não merecemos desbravar todas elas? Ou pelo menos boa parte delas, até porque precisaríamos viver mil anos para degustar todos os vinhos do mundo.

E apenas para citar um exemplo: Espanha! Espanha é um dos “centros” produtivos de vinhos com o maior número de regiões, hectares e tudo o que tem direito do planeta. Por que ficar restrito a Rioja e Ribera del Duero?

Evidente que são regiões emblemáticas, importantes, tradicionais e que merecem a relevância, o pedestal que as colocam, mas, pergunto mais uma vez: Será que só existem essas regiões, as demais não podem apresentar particularidades, algo especial?

Eu respondo! Sim! E de imediato apresento uma que descobri, confesso e com certa vergonha, recentemente: Castilla La Mancha. A terra do errante Dom Quixote tem revelado para mim alguns vinhos excepcionais, diria surpreendentes para mim. A escolha foi boa? Sorte de principiante? Não sei dizer ao certo, mas o fato é que as escolhas foram certeiras.

O discurso mais forte que segmenta essa região por parte dos “formadores de opinião” é: “Ah são vinhos de volume! ” Vinhos de volume tem de ser sempre ruins? Quais os critérios? Talvez tenham alguns pontos técnicos, de vinificação, mas me parece que são campanhas perversas de exclusão dessas regiões e social também.

Então com o meu espírito subversivo e fora da caixinha, tenho me aventurado nessas regiões “alternativas” da Espanha, como Utiel-Requena, Valdepeñas, Castilla La Mancha etc. A Espanha é gigantesca e oferece um mundo de terroirs, de características de vinhos, dos mais básicos aos mais complexos.

E por falar em complexidade e também nessa incessante busca por todas as regiões espanholas eu tenho me fixado, quase ao ponto de uma “doce patologia”, em vinhos “reservas”, “gran reservas” que reinam absolutos na Espanha. Afinal é na Espanha que tais nomenclaturas são ostentadas com rigor, seguindo uma legislação (Lei 24/2003, de 10 de julio, de la Viña y del Vino) que garante o mínimo de qualidade aos rótulos.

Mas será que garantem a qualidade? Não! Mas traz um norte às propostas que carregam, entregam o que realmente são e isso, por si só, já traz um estímulo à degustação.

E a degustação de hoje marcará uma estreia: a primeira degustação de um “Gran Reserva” de Castilla La Mancha! E um Gran Reserva com seus 11 anos de garrafa, 11 anos de vida! Uma série de momentos especiais em apenas um rótulo!

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio de Albacete, Castilla La Mancha, e se chama Marques de Toledo Gran Reserva das castas Tempranillo (80%) e Cabernet Sauvignon (20%) da safra 2011. Então vamos às histórias, para não perder o costume.

Castilla La Mancha, a terra de Dom Quitoxe e os seus Moinhos de Vento

Bem ao centro da Espanha, país com a maior área de vinhas plantadas em todo o mundo e o terceiro maior mercado produtor de vinhos, está localizada a região vitivinícola de Castilla La Mancha. Um território com grande extensão de terra quase que completamente plana, sem grandes elevações.  É nessa macrorregião que se origina quase 50% do total de litros de vinho produzidos anualmente na Espanha.

O nome “La Mancha” tem origem na expressão “Mantxa” que em árabe significa “terra seca”, o que de fato caracteriza a região. Neste território, o clima continental ao extremo provoca grandes diferenças de temperaturas entre verão e inverno.

Nos dias quentes de verão os termômetros podem alcançar os 45°C, enquanto nas noites rigorosas de frio intenso do inverno, as temperaturas negativas podem chegar a até -15°C.

A irrigação torna-se muitas vezes essencial: além do baixo índice pluviométrico devido ao caráter continental e mediterrâneo do clima, o local se torna ainda mais seco graças ao seu microclima, que impede a entrada de correntes marítimas úmidas.

A ocorrência de sol por ano é de aproximadamente 3.000 horas. Esta macrorregião é composta por várias regiões menores, incluindo sete “Denominações de Origem”, das quais se pode destacar La Mancha e Valdepeñas.

Castilla La Mancha

La Mancha: é a principal região dentre elas, sendo considerada a maior DO da Espanha e a mais extensa zona vinícola do mundo.  O território abrange 182 municípios, distribuídos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo. As principais uvas produzidas naquele solo são a uva branca Airen e a popular tinta espanhola Tempranillo, também conhecida localmente como Cencibel.

Valdepeñas: localizada mais ao sul, mas com as mesmas condições climáticas, tem construído sua boa reputação graças à produção de vinhos de grande qualidade, normalmente varietais da uva Tempranillo ou blends desta com castas internacionais.

A DO La Mancha conta mais de 164.000 hectares de vinhedos plantados. Com isso, é a maior Denominação de Origem do país e a maior área vitivinícola contínua do mundo, abrangendo 182 municípios, divididos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo.

As castas mais cultivadas em Castilla de La Mancha são: Airén, Viúra, Sauvignon Blanc e Chardonnay entre as brancas e as tintas são: Tempranillo, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Grenache.

Classificação dos rótulos da DO de Castilla La Mancha:

Jóven: Categoria mais básica, sem passagem por madeira, para ser consumido preferencialmente no mesmo ano da colheita.

Tradicional: Sem passagem por madeira, porém com mais estrutura do que o Jóven.

Envelhecimento em barris de carvalho: Envelhecimento mínimo de 90 dias em barris de carvalho.

Crianza: Envelhecimento natural de dois anos, sendo, pelo menos, seis meses em barris de carvalho.

Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 12 meses em barris de carvalho e 24 meses em garrafa.

Gran Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 18 meses em barris de carvalho e 42 meses em garrafa.

Espumante: Produzidos a partir do método tradicional (segunda fermentação em garrafa), com no mínimo nove meses de autólise.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, com halos já evoluídos, atijolados, denotando os seus 11 anos de vida, com lágrimas grossas e esparsas e bem lentas.

No nariz traz exuberantes notas de frutas pretas maduras, tais como cereja preta, amoras e frutas secas. Os 24 meses de barricas de carvalho se apresentam com notas amadeiradas, baunilha, tosta, especiarias, algo de herbáceo, vegetal, couro e tabaco. Uma complexidade típica.

Na boca é seco, de média estrutura, mas elegante, afinal o tempo de garrafa se encarregou de deixa-lo complexo e macio, com as notas frutadas protagonizando como no aspecto olfativo. O toque herbáceo também dá o ar da graça, bem como aquele toque de terra, terroso, de terra molhada, com taninos presentes, mas domados, com acidez média, amadeirado, que lhe confere discreto chocolate e um final de média persistência.

11 anos de vida! E ainda um longo caminho pela frente! Um vinho pleno, complexo em um misto de frutas negras e aromas terciários revelando a sua versatilidade, a sua complexidade. Alguma estrutura, densidade, mas que o tempo conferiu elegância e equilíbrio. Por isso que esses especiais espanhóis vêm me ganhando a cada experiência sensorial. Que venham mais e mais momentos como esse! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Lozano:

Em 1853 começa a história da vinícola, quando a família Lozano planta as primeiras vinhas em Villarrobledo (município da Espanha na província de Albacete, comunidade autônoma de Castilla-La-Mancha) formada principalmente pela variedade Aíren, nativa da região. Desde então, foram quatro gerações na gestão da adega, sempre apostando no bom trabalho e no uso de técnicas tradicionais na elaboração.

Em 1985, as instalações existentes foram adquiridas. Desde então, houve muitas melhorias que foram desenvolvidas, proporcionando um aumento considerável na capacidade de vinificação.

Em 2005, a Lozano diversificou o negócio e começou a concentrar-se em sucos e concentrados de uva, formando a empresa CONUVA, usando o mesmo roteiro: para alcançar a mais alta qualidade em todos os seus produtos e para agregar valor diferenciado a todos os clientes, a confiança.

A adega passou por diferentes estágios que forjaram o que é hoje: uma empresa familiar e profissional que é referência no setor vitivinícola que aposta adaptação aos novos tempos através de novos produtos e formatos.

Mais informações acesse:

https://bodegas-lozano.com/es/

Referências:

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote

“Blog “Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote#:~:text=Este%20livro%2C%20universalmente%20famoso%2C%20trata,no%20centro%2Fsudeste%20da%20Espanha.&text=Os%20primeiros%20escritos%20da%20cultura,vinhas%20foram%20introduzidas%20pelos%20romanos.

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinhos-dos-moinhos_4580.html

“Blog VinhoSite”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

 

 

 





sábado, 6 de agosto de 2022

Don Giovanni Nature

 

Quando falamos em referência, excelência em espumantes, não há como negligenciar a qualidade dos espumantes brasileiros. Isso parece ser um senso comum entre os enófilos e talvez não convém aprofundar no assunto que já não cabe, inclusive discussões, a não ser de cunho histórico e outras análises mais contemporâneas como panorama mercadológico etc. No fim das contas a discussão sempre vem à tona, independentemente do prisma que ela assumiria.

Mas eu gostaria de falar, primordialmente, na qualidade de nossos espumantes que atualmente está em plenas condições de rivalizar com os rótulos emblemáticos borbulhantes que estão espalhados pelo planeta, vide: Prosecco, na Itália, Cavas, da Espanha, e ele: o Champanhe, na França.

Não quero aqui criar essas polêmicas que visa mais o embate intolerante do que afirmações de qualidade de cada espumante, de cada região, de cada proposta, mas enaltecer, de certa forma, o panorama favorável de tipicidade, de valorização da cultura do terroir de cada região em que os espumantes são concebidos.

E os nossos rótulos, em todas as camadas de propostas, estão dando um verdadeiro show e entregam perfeitamente o que se espera de um espumante, de cada região de forma plena e sincera.

Embora os preços, altos, ainda sejam um triste entrave para um acesso democrático dos espumantes aos brasileiros, aos brasileiros de todas as camadas sociais. O custo Brasil, a carga tributária e da ganância de alguns comerciantes dão conta desse cenário.

Costumo, diante disso, dizer que só faltam os brasileiros conhecerem os vinhos brasileiros, mas os brasileiros de todas as camadas sociais, indistintamente e não apenas a classe aristocrática que usa vinho para status social e que, formadores de opinião que são, demagogicamente difunde a democracia do vinho, da cultura do vinho entre os brasileiros. Revoltante!

Eu até gostaria de fazer uma espécie de mea-culpa e admitir que não degusto, como deveria, mais espumantes. Mas tenho algum histórico de bons espumantes e, aos poucos, venho criando um, como costumam dizer, “minutagem” de espumantes nacionais, em especial.

Porém, claro e evidente, percebo que há um longo caminho a ser percorrido, sobretudo que as propostas são infinitas! O universo do vinho, como sempre digo e não me cansarei de dizer, é vasto e infinito.

E o espumante de hoje é de uma vinícola que conheci há pouco tempo e, pela proposta do rótulo, um “Nature”, produzido pelo método tradicional e que, pelo preço bem atraente, valeu a aquisição. Falo da Don Giovanni. Uma vinícola que conheci um programa de televisão, que passa no antigo Canal Globosat que hoje se chama “Mais na Tela”, chamado “Vinhos BR” que, claro, fala de alguns dos principais produtores de vinho do Brasil. Naveguei em seu site e encontrei esse espumante que não demorei muito em degustar.

O vinho que degustei e gostei vem da emblemática região de Pinto Bandeira, no velho Rio Grande do Sul, e se chama Don Giovanni Nature composto pelo blend Chardonnay (75%) e Pinot Noir (25%) e não é safrado. E com esse rótulo, diga-se de passagem, excelente, vem algumas novidades, pelo menos para mim: “Nature”. Vamos tecer a história e conceito de cada um e falar, claro, um pouco também da história de Pinto Bandeira.

O método natural do espumante ou champenoise

O método tradicional consiste principalmente em uma dupla fermentação do mosto, a primeira em grandes recipientes, e a segunda em garrafas, dentro das caves ou adegas, fazendo o processo de remuage (rotação das garrafas) regularmente.

A primeira fermentação, chamada fermentação alcoólica, é idêntica à que ocorre com os vinhos comuns, ou seja, os “não efervescentes”, ditos tranquilos. O vinho básico costuma ser vinificado em tanques de concreto, aço inoxidável ou madeira, mas alguns produtores preferem fazer a vinificação em barricas de carvalho (com muitos anos de uso).

No momento de engarrafar, a esse vinho básico, é acrescentado um composto denominado liqueur de tirage, uma solução de vinho adoçado com açúcar (de cana ou beterraba) ou suco de uva concentrado (aproximada 24 g/l de açúcar) e leveduras selecionadas, para iniciar a segunda fermentação.

Esse composto, dentro garrafa, provoca o início da segunda fermentação. É ela que gera as bolhas de dióxido de carbono, fruto da transformação química dos açúcares em álcool mais gás carbônico.

A garrafa então é tapada com uma cápsula metálica parecida com as de cerveja. Contudo, nessa segunda fermentação, ocorre o surgimento de borras que deverão ser retiradas do vinho. Assim, o próximo passo é conduzir o vinho para o período de descanso em garrafa, que pode ser de pouco mais de um ano chegando até 10 anos, ou mais. Normalmente os Champagne safrados, ou millésimes, permanecem mais tempo em garrafa antes de serem lançados ao mercado.

Para retirar as borras, faz-se a remuage. O processo consiste em dispor as garrafas em cavaletes especiais, ditos pupitres, com o gargalo para baixo. A cada dia, as garrafas são giradas em um quarto de volta. Isso tem como objetivo descolar as borras (resíduos) da parede da garrafa e fazê-las descer para o gargalo. Em muitos lugares, essa prática é feita ainda manualmente, enquanto os grandes produtores já o fazem com equipamentos automatizados, como os giropalets.

Finalmente, para retirar o depósito de borra, é realizada a degola (dégorgement, em francês). Para tal, congela-se o gargalo em um preparado de salmoura a 25ºC negativos. Nesse momento, a cápsula é retirada e a borra é expulsa pelo gás sob pressão. A pequena perda de volume de vinho é substituída por uma mistura de vinho e açúcar, chamado licor ou vinho de dosagem, também conhecido, principalmente na França, como liqueur d’expédition.

Normalmente, esse licor é um composto de vinho (de reserva), açúcar e SO2, como antioxidante e antimicrobiano. Sua função, além de recompor o volume da garrafa, é definir o estilo do espumante conforme a concentração de açúcar. Essa quantidade de açúcar presente no licor vai determinar se o espumante de método champenoise será Brut Nature (menos de 3 g/l), Extra-Brut (até 6 g/l), Brut (menos de 12 g/l), Extra-Sec (entre 12 e 17 g/l), Sec (entre 17 e 32 g/l), Demi Sec (entre 32 e 50 g/l) ou Doux (mais de 50 g/l). E há também alguns produtores que não utilizam o licor de expedição.

Nos últimos anos, muitas vinícolas passaram a produzir espumantes do tipo Nature. Essa bebida nobre extrai o sabor mais puro das uvas e do processo de fermentação, criando um resultado surpreendente.

Nature

O Nature passa pelo método tradicional de produção, conhecido como champenoise. Contudo, a diferença é que a categoria não passa pela etapa de correção de sabor – momento em que um licor de expedição, feito a partir do próprio vinho e do açúcar, é adicionado na bebida.

O interessante desse espumante é que ele geralmente vai ter uma qualidade maior de ingredientes. Como não passa pela correção de sabor, é importante que seja feito com perfeição.

Para ganhar o título de Nature, a bebida precisa conter até 3 gramas de açúcar por litro, enquanto o Brut pode conter entre 6 e 15 gramas por litro. Por isso, o sabor do espumante é mais seco. O tempo de maturação do vinho também é maior, o que resulta em um volume de boca considerável. Ou seja: é mais cremoso do que os outros estilos. Normalmente as variedades utilizadas para esse tipo de espumante é a Chardonnay e a Pinot Noir.

Pinto Bandeira

Primórdios

O fenômeno migratório europeu ao território americano que caracteriza no final do século XIX e o início do século XX está ligado a transformações sociais, políticas e econômicas da época em ambos os continentes. No que diz respeito à imigração italiana ao sul o Brasil pode-se afirmar que, na Itália, a população experimentava as consequências da revolução industrial, caracterizada pelos altos impostos e pelo desemprego e, no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, onde a maior parte do território era desabitada e a mão-de-obra era basicamente escrava, a imigração representava a real possibilidade de superação de tais problemas.

O porto de Gênova, ao norte da Itália, era o local da partida. A travessia, que durava pouco mais de um mês, era feita em navios sobrecarregados. Chegavam ao Rio de Janeiro e, após a quarentena na Casa dos Imigrantes, os viajantes eram transportados a vapores até Porto Alegre, numa viagem de mais ou menos dez dias. Ao chegarem eram alojados em construções precárias ou dormiam nas ruas e praças próximas ao porto. Da capital gaúcha seguiam em pequenas embarcações para Montenegro, São Sebastião do Caí e Rio Pardo. A viagem até a serra era feita em dois ou três dias, a pé, no lombo de cavalos ou em carretas, por intermédio de estreitos caminhos abertos, por eles mesmos, na densa mata.

No ano de 1876 instala-se em Pinto Bandeira o primeiro grupo de italianos. De posse de seus lotes e instrumentos de trabalho, separados das famílias vizinhas pela densa mata, era necessário enfrentar as adversidades: iniciar o desmatamento, construir a provisória casa e realizar os primeiros plantios. Até o ano de 1880, vários grupos chegaram ocupando terras localizadas na Linha Jansen, na Linha Jacinto e na Linha Silva Pinto, hoje Linha Anunciata. E com os italianos, vieram também a cultura do cultivo.

Em 1º de maio de 1902, Antônio Joaquim Marques de Carvalho Júnior, Intendente do município de Bento Gonçalves, em conformidade com o artigo 14 da Lei Orgânica Municipal, decretou a mudança do nome da localidade. A partir desta data, de Silva Pinto passa a chamar-se Nova Pompeia.

O nome Nova Pompeia foi alterado para Pinto Bandeira pelo Decreto nº 7.842, de 30 de junho de 1938, quando às vésperas da deflagração da Segunda Guerra Mundial, foi proibida a língua italiana no país e, consequentemente, todos os nomes de origem italiana foram abolidos. Assim, em homenagem ao militar rio-grandense Rafael Pinto Bandeira, o distrito passa a denominar-se Pinto Bandeira.

Pinto Bandeira foi emancipado de Bento Gonçalves em 16 de abril de 1996 pela Lei Estadual nº 10.749/1996. As primeiras eleições ocorreram em 1° de outubro de 2000, elegendo como prefeito Severino João Pavan. A instalação do Município deu-se em 1º de janeiro de 2001. Em 2003, uma liminar do STF, determinou a que Pinto Bandeira retornasse à condição de distrito de Bento Gonçalves.

Em 30 de junho de 2010, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a localidade recuperou novamente sua autonomia política. As eleições municipais aconteceram em 07 de outubro de 2012. João Feliciano Menezes Pizzio foi eleito prefeito. Em 1º de janeiro de 2013, o Município foi reinstalado.

Outro fato histórico ocorreu em Pinto Bandeira: a Indicação de Procedência (IP) de vinhos tranquilos e espumantes, reconhecida em 2010. O município tem ganhado projeção nacional e internacional pela produção de excelentes espumantes. A Indicação de Procedência garante que no mínimo 85% das uvas devem ser produzidas na área delimitada - que compreende os municípios de Pinto Bandeira, Farroupilha e Bento Gonçalves. Junto com a experiência e habilidade dos produtores da região, Pinto Bandeira se destaca, no Brasil e fora dele, pela sua produção de vinhos e espumantes.

A altitude de Pinto Bandeira, cerca de 800 metros, é praticamente o dobro do Vale dos Vinhedos. Os terroirs também são muito semelhantes. Há mais morros e menos regiões planas. Com isto, o sol beneficia mais as encostas nas faces norte. Algumas vinícolas têm seus vinhedos nas faces norte, mantêm as matas nas faces sul, tornando a região um pouco mais úmida.

As castas de uvas plantadas são as mesmas utilizadas no Vale dos Vinhedos e toda a região. Para os tintos, as francesas Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Tannat, Carménère e algumas italianas, Sangiovese e Montepulciano. Para os espumantes Chardonnay e Pinot Noir. O terroir é propício às experimentações, e alguns viticultores cultivam várias e diferentes castas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha intenso e brilhante que parece tender para o ouro, límpido com perlages finos e intensos.

No nariz tem intensos aromas de frutas brancas e cítricas, além de aromas provenientes da maturação, com 24 meses em contato com as leveduras antes da degola (Dégorgement) que remetem ao pão tostado, pão com manteiga, panificação mesmo, com notas delicadas de flores, que traz uma agradável sensação de frescor e leveza.

Na boca é seco, não faz nenhuma concessão ao dulçor, o que me agrada, com certa austeridade e complexidade, mas que, ao mesmo tempo entrega frescura, refrescância, com cremosidade, untuosidade que enche a boca, conferindo-lhe textura firme, com uma acidez instigante e que saliva a boca, com as notas frutadas e um final incrivelmente prolongado que lembra limão, laranja e fermento.

Práticas naturais, sustentáveis, quase rústicas reverberam a necessidade de originalidade, de expressão máxima de terroir, trazendo novidades calcadas em preceitos antigos, ancestrais. O nosso espumante definitivamente se firmou como uma bebida nossa, com tipicidade e mesmo que tragam métodos de vinificação da França, berço da vitivinicultura mundial, o Brasil, no que tange aos seus borbulhantes, vem se destacando como um dos melhores produtores deste vinho no planeta. E a Don Giovanni, com a sua veia tradicional, o seu know how e respeito ao terroir de Pinto Bandeira, revela, sintetiza essa grata realidade que, um dia, espero, que se mostre a todos os brasileiros, indistintamente, difundindo a cultura do nosso mais emblemático vinho. Tem 12,6% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Don Giovanni:

Em 1827 chegou ao Brasil o imigrante italiano Karl Dreher. Um de seus filhos, Carlos Dreher Filho, em 1910 iniciou no porão de sua casa, em Bento Gonçalves, a produção de vinhos tintos. Depois de uma viagem à Europa, com conhecimentos adquiridos, iniciou e tornou-se um dos pioneiros na produção do vinho branco na região.

Em 1950 surgiu o famoso Conhaque Dreher, produzido a partir da destilação do vinho. Foi um grande sucesso e logo passou a ser consumido em todo Brasil. Em 1970 a transmissão pela TV da Copa do Mundo do México, em que o Brasil se sagrou Tricampeão do Mundo, teve o patrocínio do Conhaque Dreher – “De pai para filho, desde 1910! ”

Em 1973, já com a proibição de utilização da denominação de origem controlada Cognac, a empresa foi vendida para a americana Heublin, que comprou também na mesma época a Drury’s e a Old Eight. O local onde hoje está instalada a Don Giovanni era um centro de experimentação e desenvolvimento de uvas viníferas e vinificação.

Em 1980 Beatriz Dreher Giovannini e seu marido Ayrton Giovannini recompraram a propriedade e transformaram em um lugar de veraneio. Estavam ali lembranças de sua infância.

Algum tempo depois decidiram voltar a produzir vinhos. Reformaram toda a propriedade e transformaram a casa principal em uma pousada. No entorno da casa estão ainda os vinhedos de 60 anos, de uvas americanas, utilizadas na produção do Conhaque Dreher.

Beatriz recuperou a receita antiga de família, e voltou a produzir com as mesmas uvas, um brandy excepcional, que pode ser degustado na visita à vinícola. Com mais de 50 hectares, sendo 14 de vinhedos, na sua maioria Pinot Noir e Chardonnay.

A elaboração de espumantes representa 80% da produção da vinícola. Os espumantes são elaborados pelos métodos tradicional (champenoise) e Asti. O foco da vinícola está nos espumantes produzidos pelo método tradicional, que maturam por diferentes tempos. A produção anual gira em torno de 100.000 garrafas.

A cave foi transformada em enoteca, onde são guardados vinhos desde a safra de 1990. Atualmente, a Vinícola Don Giovanni conta com 5 degustações, algumas realizadas dentro da cave, um local cheio de história. Além das experiências de degustação a vinícola conta com experiências gastronômicas no Restaurante Nature Vinho e Gastronomia.

Mais informações acesse:

https://www.dongiovanni.com.br/

Referências:

Blog do Milton: http://www.blogdomilton.com.br/post/br/2017-12-viagens-vinhos-historia-pinto-bandeira-rio-grande-do-sul

Revista Adega: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/champenoise-tradicional-ou-classico-os-metodos-de-fazer-champagne_11987.html

Site da Prefeitura Municipal de Pinto Bandeira: https://www.pintobandeira.rs.gov.br/secao.php?id=2

Site Vinho Brasileiro: https://vinhobrasileiro.org/enoturismo/ip-regiao-de-pinto-bandeira

Embrapa: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/ip-pinto-bandeira

Portal bom Vivant: https://www.portalbonvivant.com.br/post/2018/12/12/espumante-nature-apresentamos-quatro-sugest%C3%B5es-que-vale-a-pena-voc%C3%AA-provar

Gaúcha ZH: https://gauchazh.clicrbs.com.br/destemperados/bebidas/noticia/2017/10/nature-um-espumante-puro-ckboenhcu004dmmslca2k2gtc.html

 

 

 


 






 




 


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Marquês de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2014

 

Falar e degustar um vinho da Concha y Toro, a gigante vinícola das américas e do mundo, pode parecer simples, fácil e até, para alguns críticos ferrenhos deste produtor, banal, mas não sabem o quanto é maravilhoso, o quanto é prazeroso. Lembro-me, com grande nostalgia, dos tempos de outrora quando comecei a degustar os vinhos produzidos com castas, com uvas vitis vinífera, e a importância dos vinhos da Concha y Toro, mesmos que tenham sido os seus rótulos básicos, para a minha história de enófilo, para essa tão importante transição das uvas de mesa para os vinhos finos. Talvez seja fácil por ele ter tido essa representatividade em minha vida, simples porque é nobre, mas, vos digo, que não é nada banal, muito pelo contrário, meus bons amigos, é único, é especial. Essa visão preconceituosa, sobretudo dos tais “formadores de opinião”, de que, pelo simples fato é uma indústria, são vinhos produzidos em larga escala e que, por conta disso, são considerados vinhos pouco expressivos e que não fidelizam as características de seus terroirs e de suas cepas. Não se enganem, vinho é vinho! Existem vinhos bons, ruins, com inúmeras propostas em todas as circunstâncias, sejam vinhos de garagem, vinhos de autor, orgânicos, de produção de larga escala.

E o meu ápice com a seminal Concha y Toro foi com um dos seus mais emblemáticos e importantes vinhos que, desde 1976, é sinônimo de qualidade e consistência no que tange a sua tipicidade: Marquês de Casa Concha! Um nome vultoso, como a sua bebida, um vinho complexo, estruturado, poderoso e que tem no seu enólogo, Marcelo Papa, um alquimista, um idealizador que opera milagres com as suas mãos e alma, inteiramente entregue à concepção e produção desses vinhos que representam as regiões mais importantes do Chile.

E o vinho que degustei e gostei veio do Chile, é claro, da região do Vale del Maipo, o Marquês de Casa Concha, da casta Cabernet Sauvignon da safra 2014. Um vinho complexo, estruturado, potente e com um potencial de guarda que não pude esperar. O vinho me chamava da adega e hipnotizado cedi aos seus encantos. Com três anos de vida a degustação se fez necessária e urgente às minhas experiências sensoriais. E, antes de falar nele com requintes de detalhes, falemos um pouco do Vale del Maipo, da sua história.

Vale del Maipo

O Vale de Maipo é a única região vinícola do mundo com vinhedos nos limites urbanos de uma capital, Santiago, de 5,5 milhões de habitantes. O vale abriga o maior número de vinícolas do Chile, muitas delas com uma longa tradição vinícola que remonta ao início da produção chilena, e caves do século 19. Trata-se de uma área chamada, muitas vezes, de “Bordeaux da América do Sul”, onde o Cabernet Sauvignon é, sem dúvidas, o exemplar mais conhecido. Maipo está localizado no extremo norte do Valle Central, onde a faixa costeira separa a costa do Oceano Pacífico e, no lado oriental a Cordilheira dos Andes se divide, separando a região de Mendoza do Vale do Maipo. As primeiras vinhas cultivadas na região chilena datam de 1540, contudo, foi apenas em 1800 que a cultura vinícola começou a se expandir notoriamente, tornando-se uma referência entre os vinhos sul-americanos.

Vale do Maipo

A região pode ser dividida em três sub-regiões, Maipo Bajo, Central Maipo e Alto Maipo. Os vinhedos cultivados em Alto Maipo, ou Maipo Superior, percorrem a borda oriental da Cordilheira dos Andes, se beneficiando de altitudes entre 400 e 760 metros. Nesta altura, os dias são quentes e as noites frias, proporcionando uma lenta maturação das uvas, isto é, uvas com maiores índices de acidez. Central Maipo, conhecida também como Maipo Médio, é uma sub-região de clima mais quente do que no Alto Maipo, bem como solos com maiores composições de argila, dando origem a vinhos mais refinados e elegantes. A uva Cabernet Sauvignon continua sendo a variedade mais cultivada na região, apesar de existirem pequenos cultivos da Carmenère, casta beneficiada graças as temperaturas mais quentes. Por fim, a sub-região do Bajo Maipo está situada em torno das cidades de Talagante e Isla de Maipo, onde apesar de existir o cultivo das vinhas, encontra-se com maior facilidade diversas vinícolas. Alguns produtores estão localizados perto do rio, onde a brisa fresca proporciona microclimas adequados para o cultivo, principalmente, de uvas brancas, além da Cabernet Sauvignon. Valle del Maipo ganhou sua denominação de origem controlada em 1994, decretada pelo governo chileno.

A região vinícola do Valle del Maipo possui 13 denominações: Alhue (DO), Buin (DO), Calera de Tango (DO), Colina (DO), Isla de Maipo (DO), Lampa (DO), Maria Pinto (DO), Melipilla (DO), Pirque (DO), Puente Alto (DO), Santiago (DO), Talagante (DO) e Til Til (DO).

E agora o vinho!

Na taça apresenta um belíssimo vermelho rubi intenso, escuro e muito brilhante, sem nenhuma transparência, caudaloso e com uma abundante concentração de lágrimas, finas e que teimam a se dissipar das paredes do copo.

No nariz sobressaem as notas as notas de frutas negras maduras se destacando a ameixa e amora, mas, por outro lado, o frescor se fazia presente, até pela sua jovialidade evcom toques de baunilha e de especiarias, sobretudo as picantes.

Na boca o vinho confirma o olfato, revelando-se frutado, sendo potente e estruturado, as especiarias também aparece no palato, com taninos gulosos e pronunciados e, como todo jovem robusto, ainda um pouco arredio, mas decidi desafiá-lo e acompanhei as suas modificações em taça. A acidez é agradável, um toque amadeirado bem integrado, mostrando seu estágio de 16 meses em barricas de carvalho, além do tabaco e um persistente final longo e cheio.

Como tratar com desdém e rejeição um vinho com essa estirpe? Um vinho voluptuoso, de marcante personalidade que fideliza, que retrata os mais reveladores e tradicionais, mas com uma assinatura arrojada e contemporânea, terroirs do Chile. É fácil, é comum, é simples falar dos vinhos da Concha y Toro? Pode não ser novidade, o Marquês de Casa Concha pode ser um vinho conhecida deveras nas terras brasileiras, mas nunca podemos negligenciar a sua importância, a sua qualidade e o impacto avassalador aos nossos paladares e olfatos. Um vinho nobre, simples, a simplicidade da nobreza nos seus mais potentes goles que saboreia a alma. Tem 14% de teor alcoólico muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Sobre o Marques de Casa Concha:

Em 1718 o Rei Filipe V de Espanha concedeu o nobre título “Marques de Casa Concha” a José de Santiago Concha y Salvatierra pelo seu meritório trabalho como Governador do Chile e Cavaleiro de Calatrava. Nasce o fundador da vinícola, Don Melchor de Santiago Concha y Toro, o sétimo Marques de Casa Concha.

Don Melchior de Santiago Concha y Toro

Em homenagem ao título hereditário e refletindo tais valores nobres e tradicionais, um Cabernet Sauvignon de 1972 de Puente Alto foi lançado em 1976. Carregava o distinto rótulo Marques de Casa Concha e era o principal vinho da Viña Concha y Toro na época. Em 1990 os avanços no vinhedo, nas práticas de produção de vinho e nos melhores equipamentos levaram a uma melhora na qualidade do vinho e tornaram o rótulo Marques de Casa Concha procurado em todo o mundo. Marques de Casa Concha é a linha de vinhos chilena que abrange a completa diversidade do Chile, com vinhedos onde a complexa relação entre as condições naturais, a planificação do vinhedo, e os anos que as parreiras demoraram a crescer, proporcionam um caráter único para a linha inteira.

Sobre a Concha Y Toro:

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.

Mais informações acesse:

http://www.marquesdecasaconcha.com/?lang=pt-pt

https://conchaytoro.com/holding/

Fontes de pesquisa:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-del-maipo

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/colchagua-chile/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=MAIPO#:~:text=O%20vale%20abriga%20o%20maior,produzidos%2C%20at%C3%A9%20o%20planalto%20central.

Degustado em: 2017





sábado, 19 de dezembro de 2020

Vielas tinto 2019

 

Ah os vinhos de Lisboa! Os vinhos que são a personificação de Portugal, da identidade cultural deste país que, apesar de ser tão pequeno geograficamente, mas que se mostra gigante na sua diversidade de terroirs e de vinhos nas suas propostas e personalidades. Mas os vinhos lisboetas ganharam o meu coração e afeto de forma infinita. Há se caminhar e ter que explorar sobre esse chão, sobre essa região, sobre essa história que foi e está sendo escrita e enraizada nas vinhas e na alma desse povo que respira e sintetiza o que há de melhor no vinho, o que há de significativo nessa bebida sagrada que retrata cada canto, cada manifestação cultural de um país, de uma região, de um povo. E por mais que eu soe redundante no que tange aos meus comentários da região de Lisboa e de seus vinhos, não hesitarei em fazê-los, pois, o que pode se tornar um mero elogio, pode se tornar um mantra, entoado com muito respeito e reverência.

E eu falei de região, de história, de terroir, de geografia e não é que o meu rótulo de hoje abrange um pouco de tudo? E mostra isso de forma significativa e evidente aos olhos e paladar. As expectativas que alimentei saciaram minhas sensações, a minha taça se encheu de prazer e como exaltei cada gole, cada degustação. Um vinho surpreendente, um vinho simples, mas nobre, correto e delicioso, mas não quero começar falando do desfecho. Preciso mostrar o rótulo, apresentar o vinho que degustei e gostei e que vem, é claro, de Lisboa, em Portugal, e que se chama Vielas, um IG Lisboa, uma Indicação Geográfica, com um blend tipicamente lusitano das castas Castelão, Aragonez e Trincadeira e safra 2019. E por que disse que esse vinho, esse rótulo engloba história, geografia e cultura? Porque o vinho promove esses momentos sempre, mas dessa vez o faz de forma eloquente porque leva no seu nome uma região tradicional de Lisboa: As suas vielas ou os seus becos e, para variar, não podemos deixar de falar um pouco de cada canto, de cada rua que sintetiza a história de Lisboa e que a Parras Wines decidiu homenagear e que falarei um pouco aqui além do conceito de Indicação Geográfica (IG) e das regiões demarcadas com essa classificação, não só em Lisboa, como em outros lugares de Portugal.

As Vielas de Lisboa

Lisboa conta com 153 Becos, sendo que no decorrer dos séculos alguns deles ganharam o estatuto de travessa por via de alterações urbanísticas ou por solicitação dos residentes. O Beco é uma rua estreita e curta, muitas vezes sem saída, ou se quisermos numa só palavra, é sinónimo de viela. A toponímia empregue nos becos lisboetas caracteriza-se pelo uso das suas peculiaridades, do tipo de artesãos que lá trabalhavam, das referências geográficas próximas como igrejas ou outras instituições passíveis de rápida identificação e dos nomes dos seus moradores.

Primeiro, falemos da exceção que confirma a regra enunciada no parágrafo anterior: o Beco Pato Moniz, em Benfica, que homenageia um escritor (1781-1826) que faleceu no desterro a que o condenaram após a Vilafrancada por ser liberal. Atribuído pelo Edital municipal de 18/06/1926, foi acompanhado na mesma zona com a atribuição em Travessas e Largos dos também escritores José Agostinho de Macedo e Curvo Semedo, de três intervenientes no 31 de Janeiro de 1891 – Abade Pais, Sargento Abílio e Miguel Verdial – e do também republicano General Sousa Brandão, para além do compositor Marques Lésbio e do pintor Francisco Resende.

Dos outros 152 Becos alfacinhas, encontramos 32 relativos às características do próprio local: Beco do Norte (Carnide); Beco do Casal, Beco da Pedreira da Caneja (Campo de Ourique); Beco da Galheta por corruptela de Calheta junto ao Tejo, Beco do Olival, Beco do Tremoceiro (Estrela); Beco do Sabugueiro (Alcântara); Beco dos Aciprestes, Beco da Boavista do Alto de Santa Catarina (Misericórdia); Beco da Achada, Beco do Alfurja, Beco do Funil, Beco da Amendoeira, Beco do Azinhal, Beco das Barrelas, Beco das Canas, Beco Cascalho, Beco do Forno junto ao Largo da Severa, Beco da Lapa, Beco do Loureiro, Beco da Oliveira, Beco do Pocinho, Beco do Quebra Costas por ser tão íngreme e dois Becos do Jasmim (todos em Santa Maria Maior); Beco da Bombarda, Beco do Monte de S. Gens (Arroios); Beco da Laje (São Vicente e Santa Maria Maior); Beco da Bica do Sapato, Beco da Era, Beco do Mirante (São Vicente); Beco das Taipas  (Marvila). Referindo as profissões neles exercidas temos 23: Beco dos Ferreiros (Santa Clara); Beco da Mestra (Carnide); Beco da Botica (São Domingos de Benfica); Beco do Fogueteiro (Campo de Ourique); Beco da Bolacha, Beco dos Contrabandistas, Beco do Funileiro (Estrela); Beco dos Armazéns do Linho, Beco do Carrasco (Misericórdia); Beco do Almotacé, Beco da Atafona, Beco das Atafonas, Beco dos Cortumes por curtumes, Beco das Farinhas,  Beco do Imaginário pelo escultor de imagens de santos, Beco das Olarias,  Beco do Surra, Beco dos Surradores, Beco dos Três Engenhos (Santa Maria Maior); Beco dos Agulheiros, Beco da Mó, Beco dos Vidros (São Vicente); Beco dos Toucinheiros (Beato).

Com referências próximas são 38: Beco do Vintém das Escolas (Benfica); Beco da Enfermaria por referência a um pequeno hospital que ali existiu no séc. XIX para os criados da Casa Real (Belém); Beco das Fontaínhas (Alcântara); Beco do Paiol da pólvora, Beco de Santa Quitéria por referência à Travessa do mesmo nome para substituir o Beco dos Mortos (Campo de Ourique); Beco dos Apóstolos que queria dizer jesuítas (Misericórdia); Beco da Cruz pela proximidade à Rua da Cruz dos Poiais, Beco do Forno a São Paulo, Beco da Moeda por estar junto à Casa da Moeda (Misericórdia); Beco do Colégio dos Nobres, Beco de Santa Marta do Convento da mesma invocação que hoje vemos como Hospital (Santo António); Beco do Arco Escuro, Beco do Benformoso junto à Rua do Benformoso, Beco da Caridade por via da Ermida do mesmo nome, Beco do Castelo e Beco do Forno do Castelo de São Jorge, Beco dos Cavaleiros para substituir o Beco do Forno junto à Rua dos Cavaleiros, Beco das Cruzes em Alfama, Beco do Espírito Santo da Ermida da mesma invocação que depois passou a ser dos Remédios, Beco do Forno da Galé junto à Rua da Galé, Beco das Gralhas pela proximidade ao Largo das Gralhas para substituir o Beco do Jasmim, Beco da Guia por mor de um oratório embutido numa parede, Beco do Outeirinho da Amendoeira, Beco do Penabuquel por proximidade ao Arco do Penabuquel da muralha fernandina, Beco de Santa Helena pelo Palácio seiscentista conhecido pelo mesmo nome, Beco de São Francisco por estar junto ao Terreirinho de São Francisco que depois passou a Largo da Achada, Beco de São Miguel pela proximidade à igreja da mesma invocação, Beco do Recolhimento de Nossa Senhora da Encarnação (Santa Maria Maior); Beco de São Lázaro junto à Rua do mesmo nome, Beco de São Luís da Pena por mor da Igreja da mesma invocação (Santa Maria Maior e Arroios); Beco do Forno do Sol junto à Rua do Sol à Graça, Beco do Hospital de Marinha, Beco dos Lóios pela proximidade ao Largo dos Lóios e para substituir o Beco das Cabras, Beco dos Peixinhos por proximidade à Quinta dos Peixinhos, Beco do Salvador da Ermida de Jesus Salvador da Mata, Beco da Verónica pela proximidade à Ermida de Santa Verónica (São Vicente); Beco do Grilo dos Conventos dos Agostinhos Descalços (Beato) e Beco da Mitra (Marvila).

Com nomes ou alcunhas de moradores e/ou proprietários temos 36 : Beco do Chão Salgado do Palácio do Duque de Aveiro arrasado e salgado o seu chão, Beco de Domingos Tendeiro (Belém); Beco da Ferrugenta, Beco dos Galegos, Beco de João Alves (Ajuda); Beco de Estêvão Pinto (Campolide); Beco do Batalha,  Beco do Julião ( Campo de Ourique ); Beco do Machadinho  do Tabaco (Estrela); Beco do Caldeira por estar próximo da Travessa do Caldeira e substituir o Beco do Esfola Bodes, Beco de Francisco André ( Misericórdia ); Beco do Alegrete por estar junto ao Palácio dos Marqueses do Alegrete, Beco da Barbadela,  Beco do Belo, Beco da Cardosa, Beco do Chanceler de D. Dinis de seu nome Pedro Salgado, Beco dos Clérigos, Beco da Corvinha, Beco dos Fróis, Beco do Garcês, Beco do Guedes, Beco do Maldonado, Beco do Maquinez, Beco de Maria da Guerra, Beco do Marquês de Angeja, Beco do Melo, Beco do Mexias, Beco da Ricarda, Beco do Rosendo que seria Resende, Beco do Vigário (Santa Maria Maior); Beco dos Birbantes que esmolavam, Beco do Borralho de António de Moura Borralho, Beco do Félix, Beco de Maria Luísa, Beco do Petinguím  (Arroios) e Beco da Amorosa (Beato). Outros de ainda indefinida génese e alvo de discussão entre os olisipógrafos são 23: Beco da Ré por ser uma arguida ou um termo naval?(Belém); Beco do Viçoso por ser alcunha ou um local verdejante, Beco do Xadrez por ser alcunha ou um padrão na arquitetura local? (Ajuda); Beco do Monteiro por ser alcunha ou sítio de montado? (Campolide); Beco dos Capachinhos por alcunha ou local de feitura de capachos, Beco das Pirralhas por alcunha ou pela presença de crianças? (Estrela); Beco da Rosa por ser nome de moradora ou pela presença da flor? (Misericórdia); Beco da Bicha por ser alcunha ou um animal, Beco do Bugio por se cravarem estacas no chão ou por haver um macaco, Beco do Carneiro por ser apelido ou alcunha ou animal, Beco dos Cativos por ter escravos ou presos, Beco das Flores por ser inócuo ou por ter mesmo flores, Beco da Formosa por uma mulher ou por uma paisagem bonita, Beco do Leão por alcunha ou por símbolo, Beco das Mil Patacas por uma lenda ou por uma comunidade macaense, Beco dos Paus em sentido literal ou figurado, Beco dos Ramos em sentido literal ou um apelido, Beco de São Marçal por um azulejo do santo ou por um oratório dessa invocação? (Santa Maria Maior); o Beco da Bempostinha por alcunha ou outra coisa, o Beco do Índia, o Beco da Índia aos Anjos uma alcunha ou alguém que esteve na Índia?(Arroios); Beco das Beatas e o Beco dos Beguinhos (São Vicente).

IG (Indicação Geográfica)

Indicação Geográfica (IG) é um selo que reconhece uma área de vinha determinada dentro de um país pela sua qualidade diferenciada. Esse selo garante que os produtos daquela região apresentam características específicas devido a sua origem. Denominação de Origem (DO) é uma subdivisão mais restritiva dentro da IG. A regulamentação dessas áreas é extremamente rigorosa. No entanto, não existe uma regulamentação global para as IGs. Cada país utiliza regras próprias e define suas normas para que uma área seja Indicação Geográfica. As normas estabelecem as metodologias de produção e também características dos vinhos, como doçura e teor alcoólico. Esses selos não apenas delimitam a área de cultivo como também impõe regras de viticultura e vinificação. Por exemplo, quantidade de videiras permitidas e rendimento de cada uma delas, castas autorizadas, teor alcoólico. No geral, os selos protegem os produtores e tornam o consumidor mais consciente sobre o produto. Para que o vinho seja rotulado com algum desses selos, a produção anual é submetida a provas e testes para assegurar que a qualidade e características daquela região estão presentes na bebida. As áreas de plantio e as vinícolas também são inspecionadas anualmente para garantir que as normas de cultivo e produção estão sendo seguidas. Leia mais sobre como os vinhos são feitos. Não ter um selo desses não significa que o produto é ruim. Apenas que ele não segue regras predefinidas ou não está em uma área delimitada. A qualidade de produtos com selos de procedência acaba sendo alta, pois os produtores têm de seguir a riscas as especificações, garantindo assim o padrão da região. Ter conhecimento sobre as características dos vinhos produzidos em cada IG é muito importante na hora de escolher ou harmonizar um vinho. Mas essa não é uma tarefa tão simples. Um especialista pode indicar o que se espera obter de um vinho apenas sabendo sua origem.

IG em Portugal e outras denominações

Cada uma das 14 regiões vinícolas demarcadas de Portugal corresponde a uma Indicação Geográfica (IG), dentro das quais se encontra disposta ao menos uma DOC. Existem hoje 31 DOCs em Portugal e outras dezenas de Indicações de Proveniência Regulamentada aguardando para tornarem-se DOC.

Cada região vinícola possui sua própria identitade. Contudo, para iniciar o processo de estudo, podemos agrupá-las em três grandes perfis: Atlântico, Continental e Mediterrâneo. Primeiro tem o “Perfil Atlântico”, com as seguintes regiões: Vinho Verde (Minho), Bairrada (Beira Atlântico) e Lisboa. As suas características são: Vinhos com pouco açúcar e por isso o teor alcoólico varia de baixo a médio. Possuem acidez natural elevada e alto frescor, com efeito “crispy”, que os tornam bem apelativos e agradáveis ao consumidor. O corpo vai de ligeiro a médio e os tintos são marcantes. Mesmo assim, são vinhos mais diluídos em sabor e textura. São bem aromáticos, com notas florais. O segundo é “Perfil Montanhoso ou Continental”, com as regiões do Douro, Dão, Beira Interior e Alentejo Norte. As características são de vinhos com acidez que varia de média a alta; no geral, são encorpados, mas há alguns exemplares mais jovens que têm corpo médio. Os taninos são intensos, mas redondos e possuem alto grau alcoólico, que está integrado à bebida. São vinhos com alto potencial de envelhecimento e que valorizam o terroir. É comum a utilização de Vinhas Velhas para a produção. Como em muitos casos não há distinção de castas plantadas nessas vinhas velhas, a importância e características estão ligadas ao terroir. E por fim o terceiro, o “Perfil Mediterrâneo ou Planície”, das regiões do Tejo, Península de Setúbal, Alentejo Sul e Algarve e as características são de vinhos com maior indicie de açúcar e com álcool que vai de médio a alto. A acidez é media/baixa, graças a correção feita durante a vinificação. Os taninos são suaves e pouco marcantes. São vinhos frutados, macios, com corpo médio e boa concertação e fáceis de beber. A produção é em grande volume, mecanizada e moderna. Muitas vinícolas seguem os parâmetros do Novo Mundo, tanto na característica do vinho quanto na produção.

E agora finalmente o vinho!

Na taça conta com um vermelho rubi intenso, pleno, brilhante, mas com lindos reflexos violáceos, com uma boa aglomeração de lágrimas.

No nariz tem um toque frutado, de frutas negras maduras, como ameixa e amora, com um toque floral muito agradável, que traz um frescor e delicadeza ao olfato.

Na boca é seco, leve, redondo, muito equilibrado, macio e fácil de degustar, mas mostrando a personalidade de um vinho tipicamente lisboeta, tendo taninos polidos e sedosos, com acidez mediana e um final de média persistência com retrogosto frutado.

Dos cantos e recantos da região de Lisboa estão sendo transitadas história e tradição e que são personificadas nesse rótulo. Um vinho, como disse no início desse texto, simples, mas nobre, pois revela toda a sua tipicidade, parece que a geográfica abençoa esse vinho, o mar atlântico traz frescor e certa personalidade a esse Vielas, um vinho com o DNA de Lisboa com seus vinhos informais e despretensiosos, com a máxima expressão da fruta, das características mais marcantes das cepas autóctones que entregam com fidelidade a região na sua cultura vitivinícola. Um vinho descomplicado, mas versátil, harmoniza com refeições simples e massas leves ou pode degusta-lo simplesmente sozinho. Um vinho fresco e jovem que vem de uma região banhada pelo atlântico. 13% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Gradil:

Não muito distante do sopé da vertente poente da Serra de Montejunto, entre Vilar e Martim Joanes, está instalada a Quinta do Gradil. Considerada uma das mais antigas, senão a mais antiga, herdade do concelho do Cadaval, a Quinta do Gradil tem uma forte tradição vitivinícola que se prolonga desde há séculos. A propriedade é composta por uma capela nobre ornamentada por um torreão artisticamente decorado, um núcleo habitacional, uma adega e uma área agrícola de 200 hectares ocupados com produções vinícolas e frutícolas. A Quinta do Gradil foi adquirida, nos finais dos anos 90, pelos netos de António Gomes Vieira, precursor da tradição de vinhos na família desde 1945. Os novos proprietários iniciaram, em 2000, o processo de reconversão de toda a área de vinha primando por castas de maior qualidade. A adega sofreu melhoramentos, estando projetada uma reformulação profunda nos próximos 2 anos, e as cocheiras recuperadas deram lugar a uma sala de tertúlias. O palacete e capela, em fase muito avançada de degradação aquando da aquisição da Quinta pelos novos proprietários, foram limpos e contam agora com um projecto ambicioso de recuperação, sendo que a herdade tem marcas históricas seculares e constitui um marco arquitetônico significativo. As mais antigas referências documentais encontradas sobre a Quinta do Gradil remontam ao final do século XV, num documento Régio. Em de 14 de Fevereiro de 1492, data do documento, D. Martinho de Noronha recebeu de D. João II a carta de doação da jurisdição e rendas do Concelho do Cadaval e da Quinta do Gradil. Por ocasião da ascensão de D. Manuel I ao trono português e a sua atuação a favor dos membros da Casa de Bragança, a Quinta do Gradil torna a ser referenciada na confirmação de doação concedida por D. Manuel I a D. Álvaro de Bragança, irmão mais novo do 3º Duque de Bragança, D. Fernando II, que acusado de traição foi mandado degolar por D. João II, em 1483. A Quinta terá sido adquirida pelo Marquês de Pombal por ocasião do movimento que a partir de 1760 levou à ocupação de terras municipais, admitindo-se que já na altura contasse com o cultivo de vinha, fator que terá sido decisivo para o estadista que criou a Companhia das Vinhas do Alto Douro. Manteve-se na pretensa da família até meados do século XX, quando foi comparada por Sampaio de Oliveira. Já nos finais dos anos 90 que os atuais proprietários, a família Vieira, adquirem a herdade.


Sobre a Parras Wines:

A Parras Vinhos de Luís Vieira nasce no ano de 2010, atualmente com sede em Alcobaça, onde também está instalada a unidade de engarrafamento do grupo. Cinco anos depois, com a empresa consolidada e voltada para o mercado internacional, surge a necessidade de se fazer um reposicionamento de marca e “vesti-la” de outra forma, mais atual. É assim que no início de 2016 aparece a Parras Wines, mais jovem, mais flexível, e numa linguagem universal para que possa ser facilmente compreendida por todos, mesmo os que estão além-fronteiras. Descendente de um pai e de um avô que sempre trabalharam com vinho, Luís Vieira é o único dono deste projeto. Aos cinco anos caiu num depósito de vinho e quase morreu afogado, não fosse um colaborador do avô na altura, que atualmente é seu, tê-lo salvo. Hoje, recorda com graça esse episódio e diz mesmo que simboliza o seu “batismo nestas andanças do vinho”. A empresa começa então a formar-se com terra própria na Região Vitivinícola de Lisboa, mais exatamente na freguesia do Vilar, Cadaval, com duzentos hectares de propriedade em extensão, sendo que 120 são hoje de vinha plantada. Na mesma região do país, um bocadinho mais acima, na zona de Óbidos, a Parras Wines é também responsável pela exploração de 20 hectares de vinha que dão origem aos vinhos Casa das Gaeiras. Com sede em Alcobaça, nas antigas instalações de uma fábrica de faianças, deu-se início a uma nova área de negócio – uma Unidade de Engarrafamento de Bebidas, que hoje serve também de sede à Parras Wines e que se chama Goanvi. Cinco anos mais tarde, em 2010, constitui-se então a Parras Vinhos, hoje Parras Wines. Para além de terra na Região de Lisboa, o grupo começou paralelamente a produzir vinhos de outras regiões do país. Através de parcerias com produtores locais, a empresa consegue assim dar resposta às necessidades globais que iam surgindo do mercado, produzindo vinhos do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal e Alentejo.

Mais informações acesse:

https://www.quintadogradil.wine/pt/

https://www.parras.wine/pt/

Referências de pesquisa:

Portal “Toponímia Lisboa”: https://toponimialisboa.wordpress.com/2017/06/19/os-becos-ou-vielas-de-lisboa/

Portal “Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/

https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/