quinta-feira, 21 de abril de 2022

Freixenet Cordon Negro Gran Selección brut

 

Tudo bem, tudo certo que o champagne é a bebida mais famosa do planeta e claro entre os borbulhantes também. É aquele sonho de consumo de muitos pobres mortais assalariados como eu. São os únicos que podem carregar esse nome entre os famosos vinhos de perlages, onde carrega o mesmo nome da região, na França, que é concebido.

Hoje costumamos, com toda a razão e mérito, que, caso queira degustar um vinho espumante, mais próximo da realidade financeira de muitos (nem tanto, nem tanto...), com o maior leque de opções possíveis, temos de recorrer aos nossos espumantes, os espumantes brasileiros que vem atingindo reconhecimento de qualidade, conquistando prêmios em nossas terras e em todo o mundo nos principais polos de produção vitivinícola, principalmente a terra do champagne: a França.

Temos também os grandes proseccos italianos: sinônimo de frescor, de leveza, de sabor pronunciado de frutas brancas, citricidade etc e que se deu muito bem, inclusive, no Brasil. Claro que é uma grande opção para degustar aqui no Brasil, levando em consideração que o nosso país, tropical, tem dias quentes e de sol a maior parte do ano.

Mas não podemos negligenciar uma linha de espumantes também famosos na Espanha, mais precisamente nas terras da Catalunha, que são os cavas, os cavas espanhóis. Eu confesso que pouco degustei cavas em minha história enófila, para dizer que não degustei e gostei o meu primeiro e único rótulo foi o Real de Aragón, composto pelas castas Chardonnay e Macabeo.

Lembro-me que, ávido pela curiosidade como sempre, busquei o nome “Cava” na grande rede e decidi investigar, procurar sobre e quando tive acesso a tais informações fui para o segundo plano: localizar um rótulo interessante e que fosse atrativo monetariamente falando. Encontrei o Real de Aragón na faixa dos incríveis R$ 45,00! Hoje, o custo Brasil, os encargos tributados impedem de degustar um Cava a este valor.

Mas tenho a sorte de ter alguns bons e queridos amigos e eu fui presenteado por um Cava, um Cava que sobrara de uma festa de quinze anos da filha dessa querida amiga e ela, sabendo das minhas predileções pelo vinho, me presenteou com um rótulo, que hoje é famoso, bem famoso.

O vinho que degustei e gostei veio da região de Penedès na Espanha e se chama Freixenet Cordón Negro, sem safra, composto pelas castas tradicionais Macabeo, Parellada, Xarel·lo. E como temos muito a contar, antes de falar do vinho falemos das castas típicas da Espanha, da região a qual o vinho foi concebido e sobre os Cavas espanhóis.

DO Cava

Originário da Catalunha, ao leste da Península Ibérica, esse vinho espumante remonta ao século XIX, quando, em 1872, foram feitas as primeiras garrafas em uma pequena cidade da província de Barcelona. Inicialmente chamada de champán ou xampany, a intenção era imitar os vinhos feitos em Champagne, na França.

Mas, com o passar dos anos, os espanhóis perceberam que seu produto tinha qualidade elevada, porém, características diferentes da bebida francesa, e encontraram na palavra cava — que significa adega ou cave — a sua melhor definição.

No entanto, a Denominação de Origem só foi instituída em 1972, quando passou a ser necessário seguir algumas normas para imprimir essa denominação nos rótulos. De acordo com a atual legislação, as zonas geográficas autorizadas englobam 106 cidades (das quais se destaca Penedés) espalhadas em sete comunidades autônomas: Catalunha, Navarra, Aragão, Rioja, Extremadura, Valência e Álava. Apesar de toda essa abrangência, a maioria massiva da produção é catalã, especialmente da região de Penedés.

DO Cava

O Cava é um produto com origens locais, baseado em variedades autóctones espanholas, que desenvolveu um estilo próprio e ganhou grande prestígio pelo seu estilo e competitividade. As variedades principais são Macabeo (Viura), Xarel·lo y Parellada. A Macabeo aporta doçura e perfume, a Parellada aporta finesse, frescor e aromas e Xarel-Lo aporta corpo e estrutura.

No início do século 20 foram experimentadas a Chardonnay e a Pinot Noir, aproximando o Cava do estilo do Champagne (existem Cavas produzidos apenas com essas duas uvas francesas). Mais recentemente foi autorizado o uso da Pinot Noir nos Cavas rosados, antes era permitida só em Cavas brancos.

As principais variedades de uvas tintas são: Garnacha Tinta, Monastrell, Pinot Noir e Trepat (somente autorizadas para Cavas Rosados) e as principais variedades de uvas brancas são: Macabeo (Viura), Xarelo.lo, Parellada, Subirat (Malvasia Riojana) e Chardonnay.

Métodos de produção do Cava

Assim como em Champagne, para a produção dos Cavas, é utilizado o método champenoise, também conhecido como tradicional. Nele, o vinho base é engarrafado com o acréscimo de leveduras e açúcar, para que a segunda fermentação (aquela que origina o gás carbônico da bebida) ocorra dentro da própria garrafa.

Uma vez realizada a fermentação, é feito o processo de remuage, que consiste em colocar as garrafas em um cavalete com o gargalo para baixo, onde durante alguns dias são giradas em 1/4 de volta, fazendo com que o sedimento decante na tampa. Feito isso, congela-se o gargalo com nitrogênio líquido e remove-se a parte sólida. Apenas depois dessas etapas é que a bebida recebe o licor de expedição e a rolha.

Além do método de elaboração ser obrigatoriamente o tradicional, para receber essa denominação, o espumante deve permanecer em contato com as leveduras por, pelo menos, nove meses após a fermentação.

Características do Cava

De cor amarelo limão, os Cavas podem ir de elegantes e delicados a muito encorpados. Parte disso é o método utilizado em sua produção, do qual já falamos acima. Por conta da forte incidência solar nas regiões produtoras, seu sabor e perfume são muito mais frutados. Já o inverno ameno traz docilidade às uvas, característica transferida aos rótulos.

Esse estilo traz ao nariz aromas cítricos com um toque de pera e, à boca, muito frescor. São ideais para consumir ainda jovens. Apesar da tenra idade desse espumante, ele pode apresentar três classificações:

ü  Jovem: a segunda fermentação dura entre 9 e 14 meses e tem selo branco;

ü  Reserva: com selo verde, a segunda fermentação leva de 15 a 29 meses;

ü  Gran Reserva: sua segunda fermentação é de pelo menos 30 meses e recebe um selo preto.

Diferenciado pela quantidade de açúcar acrescentado após o processo de maturação.

ü  Brut Nature: Sem adição de açúcar, até 3 gramas por litro

ü  Extra Brut: Até 6 gramas por litro

ü  Brut: Entre 7 e 12 gramas por litro

ü  Extra Seco: Entre 12 e 17 gramas por litro

ü Seco: Entre 17 e 32 gramas por litro

ü Semi Seco: Entre 32 y 50 gramas por litro

ü Dulce: Mais de 50 gramas por litro

O Instituto del Cava oficializou em março 2017 um novo nível de qualidade superior, caracterizado pela origem de vinhedo único, divulgando os primeiros classificados para sua utilização comercial.

A definição oficial é Cava obtido a partir de um vinho produzido com uvas de um lugar específico (paragem), cujas próprias condições edáficas e microclimáticas, juntamente com critérios de qualidade na sua produção e processamento, levaram a um cava com características únicas.

As castas

Macabeo

É a uva vinífera branca mais popular do norte da Espanha, também conhecida como Viúra. Os nomes Macabeu e Maccabéo são mais comuns em Languedoc-Roussillon, no sul da França. Macabeo aparece em grande parte de sua terra natal, na Espanha. Viúra é comum em Rioja, onde é, de longe, a uva de vinho branco mais plantada.

Uma informação relevante: essa é uma das principais variedades utilizadas na produção dos espumantes Cava. Na maioria das vezes engarrafado jovem, o vinho produzido com essa uva é seco, e tem uma boa capacidade de envelhecimento, como comprovam os melhores exemplares da cepa.

E essa é uma uva, naturalmente, de alto rendimento. Sem o devido cuidado, os frutos ficam muito grandes, com baixa proporção entre casca e polpa, e os cachos, de tão apertados, podem facilmente apodrecer. Mas, com a planejada redução por parte do viticultor, essa uva concentra aromas e sabores de maneira muito interessante.

Xarel-lo

A uva de pele clara Xarel-lo é uma variedade típica e amplamente cultivada na região da Catalunha, nordeste da Espanha. A Xarel-lo é utilizada na produção de diversos estilos de vinho, no entanto, é conhecida principalmente por participar da composição dos famosos espumantes Cava, ao lado das uvas Macabeo e Parellada.

Adicionando excelente acidez aos vinhos que dá origem, a Xarel-lo é altamente valorizada pelos produtores, se destacando como uma das melhores uvas espanholas. Com pele grossa, essa variedade é rica em polifenóis e possui ótimo equilíbrio entre seus ácidos e açúcares, tornando-se a grande responsável pela alta capacidade de envelhecimento dos tradicionais vinhos espumantes Cava.

As vinhas da Xarel-lo se adaptam facilmente a solos com diferentes tipos de composição e são capazes de tolerar uma ampla gama de climas, produzindo frutos de tamanho médio e apresentando um tempo de amadurecimento razoável, o que as tornam extremamente populares entre diversos produtores. Embora a uva Xarel-lo seja famosa pela elaboração de bons vinhos espumantes, essa variedade também é utilizada na produção de vinhos de mesa seco, principalmente, nas redondezas da cidade de Alella, que fica a alguns quilômetros da cidade de Barcelona.

Parellada

A uva Parellada, nativa da Catalunha, é cultivada exclusivamente em sua região de origem e participa da composição do prestigiado vinho espumante Cava. Conhecida também como Montonec ou Montonega, essa variedade de uva é cultivada nas montanhas do Alto Penedès, a 600 metros acima do nível do mar.

A Parellada atinge o ápice qualitativo quando cultivada em grandes altitudes, onde as baixas temperaturas favorecem sua acidez natural e necessita de um período maior de tempo para desenvolver todos os seus compostos aromáticos. Essa variedade é utilizada, principalmente, na fabricação de alguns dos melhores espumantes espanhóis, o Cava, ao lado das uvas Xarel-lo e Macabeo.

A Parellada, considerada a uva mais elegante e refinada entre as três variedades, é responsável por adicionar acidez e frescor aos exemplares. Os vinhos elaborados a partir da uva Parellada apresentam aromas florais e cítricos, além de serem exemplares extremamente delicados, ricos em acidez, aromáticos, com coloração brilhante e contam com a presença de um baixo teor alcoólico.

DO Penedès

A menos de meia hora de Barcelona está o DO Penedès que pode orgulhar-se de 2.700 anos de história. As últimas descobertas arqueológicas na Font de la Canya encontraram vestígios de grainhas de uva, o que mostra que os habitantes desta zona já faziam vinho nesta época, assim como uma vasilha grega, um sinal inequívoco, para o beber.

Este local, a Font de la Canya, era um armazém de cereais, vinho e metais. A sua proximidade com aquela estrada romana conhecida por Via Augusta e que coincide com as atuais linhas ferroviárias e autoestradas, faz imaginar que seja um poderoso povoado de produtores e comerciantes.

DO Penedès

Recuando no tempo, a uma época muito passada, em que esta depressão que hoje é conhecida como Penedès foi ocupada pelo mar, e que mais tarde recuou até como a conhecemos hoje, deixou a sua marca na terra depois de milhões de anos podemos encontrar notas iodadas e salinas nos vinhos que são feitos com as uvas aqui cultivadas. Como prova dessa afirmação, restos marinhos foram encontrados, como fósseis de ostras, bivalves, dente de tubarão, etc. que nos falam sobre seu passado como um mar.

Recuando a uma época mais recente, já na nossa era cristã, foram encontrados documentos escritos do século X que falam da viticultura nesta zona do Penedès. E já no nosso momento atual, e como consequência do crescimento de 3 grandes vinícolas neste DO Penedès, tem motivado a criação de dois DOs independentes: o DO Cava e o DO Catalunya.

À semelhança do modelo francês, já pensam em distinguir as diferentes subáreas que compõem este território. Esta DO está também a trabalhar na divulgação de todas as idiossincrasias desta zona, promovendo o enoturismo com visitas guiadas a adegas e espaços culturais da zona. Também o esforço de recuperação da uva autóctone como forma urgente de se adaptar às consequências desastrosas e irrefreáveis ​​das alterações climáticas.

DO Penedès

O clima é mediterrâneo. Os verões são quentes, os invernos são suaves, e as chuvas moderadas estão concentradas, principalmente na primavera e no outono. Mas a variação climática é bastante grande, dentro da região.

A denominação é composta por 3 zonas distintas: Penedès Superior (próxima às cordilheiras do interior), Penedès Marítimo ou Baixo (entre o mar e as colinas costeiras) e Penedès Central (na planície entre essas duas zonas). Aproximadamente 75% dos vinhedos da denominação estão ocupados com vinhas de cepas brancas, sendo que as mais cultivadas são: Xarel-lo, Macabeu, Parellada, Chardonnay e Moscatel d’Alexandria.

Entre as tintas, as mais cultivadas dentro das regras do conselho regulador são Merlot, Cabernet Sauvignon e Tempranillo. É possível observar, nessa região, uma tendência dos produtores para as cepas internacionais, em detrimento às nativas. O estilo dos vinhos de Penedès varia de secos a doces, tranquilos a espumantes, podendo ser brancos, tintos ou rosés. Os melhores tintos encorpados vêm do Alto Penedès, ou Penedès Superior. Os brancos frescos de maior destaque, em contrapartida, são produzidos no Baixo Penedès.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um lindo amarelo palha, brilhante e com reflexos esverdeados com perlages finos, abundantes e persistentes.

No nariz traz aromas delicados de frutas brancas, tropicais e cítricas que destacam pera, abacaxi, maracujá, lima, limão siciliano, sente-se também um fundo de ervas. Corrobora com a sua elegância e frescor um toque agradável de flores brancas

Na boca é fresco, leve, saboroso, tem um excelente volume de boca, bem amplo, graças a uma discreta, mas evidente cremosidade, untuosidade, certamente por ter sido concebido pelo método tradicional e também permanecido de 18 a 24 meses em garrafa, com uma acidez instigante, correta e equilibrada, com um final longo e persistente com um retrogosto frutado.

Lançado originalmente em 1974, Freixenet Cordón Negro é leve, apreciado por seu grande frescor e conhecido mundialmente por sua emblemática garrafa preta e dourada. O meu retorno às degustações do Cava foi em grande estilo. Um espumante extremamente versátil e que entrega personalidade, estrutura, untuosidade, cremosidade, mas que aponta frescor, leveza, delicada, as notas frutadas e muito, muito sabor, um vinho cheio na boca. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Henkell Freixenet:

Em 1861, em Sant Sadurní d´Anoia (Penedès) a família Sala começava um empreendimento de produção e exportação de vinhos de qualidade. No começo do século XX, acontece o casamento entre Dolores Sala com Pedro Ferrer, que revolucionaria o negócio ao unir os conhecimentos de enologia de Dolores com a capacidade comercial e inovadora de Pedro. Do casamento, nasce a marca Freixenet, uma das maiores produtoras de Cava, cuja primeira garrafa elaborada com o nome da marca, surge em 1911.

Desde a produção da sua primeira garrafa, até o dia de hoje, a marca continuou viva e seguiu crescendo, devido a inovação e qualidade, como principais valores da empresa. Atualmente além das uvas produzidas nos próprios vinhedos, a Freixenet também é abastecida com a produção de mais de 2.000 viticultores da região. A casa “La Freixeneda”, onde a marca foi fundada, continua ativa, como casa-museu e com uma produção de Cavas emblemáticos.

Em 2018 a Freixenet e a Alemã Henkell se fundem nascendo o Grupo Henkell Freixenet, mantendo o espírito familiar das marcas e conseguindo a força necessária para ser a maior produtora de espumantes do mundo. A cooperação entre Espanha e Alemanha cria o líder mundial no setor de espumantes, permitindo que Henkell e Freixenet, ampliem seu portfólio e desenvolvam novos mercados e canais de distribuição.













domingo, 17 de abril de 2022

Alto Los Romeros Riesling 2019

 

Depois que eu degustei o meu primeiro rótulo da casta Riesling eu não a deixei de lado e, desde então, tenho tido algumas boas e satisfatórias experiências com essa peculiar cepa branca muito aromática e frutada.

E claro que esta variedade ganhou fama e credibilidade nas terras frias alemãs onde encontrou o terroir perfeito para a produção das mais variadas propostas, entregando vinhos secos, doces, leves, frescos, encorpados, longevos e curtos. Enfim, a diversidade da Riesling tem lugar: Alemanha.

Mas atualmente, além da Alemanha e a França, mais precisamente na região da Alsácia, outros lugares vem acolhendo a Riesling e trazendo uma gama de propostas de rótulos, dos mais simples e frescos, aos encorpados e complexos.

E se destacam a Austrália, o Brasil também vem se destacando na produção da Riesling, e também o Chile, sobretudo o Chile vem despontando na produção desta variedade em várias emblemáticas regiões.

Estive às voltas com um em especial que verdadeiramente me surpreendeu, do Vale Central, do Club dos Sommeliers, um Reserva Riesling extremamente saboroso, frutado, fresco, mas com uma personalidade graças ao seu curto período de 3 meses em barricas de carvalho, dando-lhe certa untuosidade.

Então me dei o direito de buscar mais rótulos dessa casta concebidos no Chile e, por uma sorte, em mais uma de minhas incursões aos supermercados, avistei um vinho de uma linha de rótulos da grande Luis Felipe Edwards que, percepções à parte de um fã, é um dos principais produtores do Chile, chamada “Alto Los Romeros” e muito me interessei. Lembrando que o que facilitou a minha escolha foi a degustação do Alto Los Romeros da queridinha Pinot Grigio da safra 2018 que também surpreendeu!

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região do Vale do Colchágua, no Chile, e se chama Alto Los Romeros da casta Riesling da safra 2019.

Embora os quesitos o torne potencialmente bom, pelo fato do produtor e também da linha de rótulos eu fiquei um tanto quanto receoso pela proposta e o valor incrível gasto à época (R$ 23,90), levando em consideração os altos valores dos Riesling alemães, mas logo o preconceito se dissipou quando observei que se tratam de propostas diferentes e confesso que, quando degustei o Alto Los Romeros Riesling, ele, dentro do que ele pode oferecer, ele o fez muito bem. Fresco, leve e frutado!

Então, como sempre, antes de falar sobre o vinho, falemos um pouco da casta e também do Vale do Colchágua. 

Vale do Colchágua

O Vale do Colchágua está localizado à aproximadamente 180 km de Santiago no centro do país, exatamente entre a Cordilheira dos Andes e o Pacífico. É cortado pelas águas do rio Tinguiririca, suas principais cidades são San Fernando e Santa Cruz, e possui algumas regiões de grande valor histórico e turístico como Chimbarongo, Lolol ou Pichilemu. Colchágua significa na língua indígena “lugar de pequenas lagunas”.

Vale do Colchágua

A fertilidade de suas terras, a pouca ocorrência de chuva e constante variação de temperatura possibilita o cultivo de mais de 27 vinhas, que, com o manejo certo nos grandes vinhedos da região e padrões elevados no processo de produção, faz com que os vinhos produzidos no vale sejam conhecidos internacionalmente, com alto conceito de qualidade.

Clima estável e seco (que evita as pragas), no verão, muito sol e noites frias, solo alimentado pelo degelo dos Andes e pelos rios que desaguam no Pacífico, o Vale de Colchágua é de fato um paraíso para o cultivo de uvas tintas e produção de vinhos intensos.

Em Colchágua, predomina o clima temperado mediterrâneo, com temperaturas entre 12ºC como mínima e 28ºC, máxima no verão e 12ºC e 4ºC, no inverno. Com este clima estável é quase nenhuma variação de uma safra para a outra; e a ausência de chuva possibilita um amadurecimento total dos vários tipos de uvas cultivadas na região. Entre as principais variedades de uvas presentes no Vale de Colchágua estão as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère, Syrah e Malbec, que representam grande parte da produção chilena.

O cultivo das variedades brancas, apesar de em plena ascensão, ainda se dá de forma bastante reduzida se comparada às tintas; as principais uvas brancas produzidas no vale são a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. Ambas as variedades resultam vinhos premiados e cultuados por especialistas e amantes do vinho.

Riesling

A casta Riesling é uma das grandes uvas brancas da Alemanha e uma das melhores variedades do mundo todo, capaz de conferir ao vinho incrível elegância e complexidade e uma habilidade inigualável de expressar o terroir.

Seus cachos apresentam coloração verde amarelada com tamanho médio e delicado. Os vinhos elaborados com a casta costumam ter acidez bastante destacada e são extremamente aromáticos. Os melhores brancos da casta costumam ser os varietais. A uva Riesling possui duas variações, sendo a Renana a de maior qualidade e a Itálica a que possui menor grau de expressividade.

Com textura bastante envolvente, os vinhos elaborados a partir da casta Riesling podem ser secos, meio doces ou bem doces. O que é de conhecimento sobre o cultivo da uva, é que para originar os maravilhosos e extraordinários vinhos de sobremesa, ocorrem dois processos bastante distintos.

O primeiro processo é o ato de congelar a uva antes da colheita, sendo conhecido como “eiswen” – ou vinhos de gelo. Nele a casta Riesling permanece vários dias congeladas (enquanto madura), ainda no vinhedo, por conta das baixas temperaturas em que fica exposta. Logo após serem colhidas, as uvas passam pelo processo de prensagem, tornando o vinho muito mais concentrado, já que haverá menor quantidade de água. Nesse caso os melhores exemplares são encontrados no Canadá, graças ao seu clima frio e com bastante presença de geadas.

O outro processo é quando ocorre a podridão nobre, momento em que o fungo “Botrytis Cinerea” fura a casca da uva e alimenta-se da água da casta, deixando-a desidratada e exaltando os açúcares presentes na sua composição. As uvas são colhidas e levadas para vinificação, tornando o vinho muito mais especial.

Alguns produtores estampam “dry” (seco) ou “sweet” (doce), mas isso não é suficiente perto dos tantos níveis de doçura da Riesling. Ela pode ser “medium dry” (vinho meio seco), “medium sweet” (meio doce) e por aí vai.

A forma de identificar essas propostas de vinhos Riesling é verificar a graduação alcoólica – quanto menor for mais doce será. Isso acontece porque durante a fermentação, o açúcar natural da uva vira álcool (se a conversão não acontece, permanece doce e menos alcoólico). Qualquer Riesling com mais de 11% é seco, pois quase todo seu açúcar foi transformado em álcool.

Por possuir presença de açúcar residual e tempos de guarda diferentes, os vinhos elaborados com a casta Riesling possuem maior atenção na hora da harmonização, sendo na maioria das vezes melhores quando degustados e apreciados sem a companhia de pratos.

Seus vinhos podem ser sublimes e costumam durar muito tempo. Além da Alemanha, também produz vinhos excelentes na Áustria, Alsácia e também em alguns países do Novo Mundo, como Nova Zelândia, África do Sul e Austrália.

E agora o vinho!

Na taça entrega um amarelo palha, translúcido, brilhante, com reflexos esverdeados, com rápidas e discretas lágrimas finas.

No nariz não há uma complexidade aromática, dada a proposta do vinho, mas percebe-se as notas frutadas, frutas de polpa branca e cítricas, como pera, maçã-verde, abacaxi, maracujá, pêssego, limão e um delicado toque floral e mineral.

Na boca é leve, fresco e dotado de uma delicadeza que o torna elegante, com certo volume de boca, garantido, sobretudo pela sua boa acidez, além da fruta  mais predominante em boca do que no aspecto olfativo. Tem um final de média persistência.

É incrível o quanto a Luis Felipe Edwards se supera quanto à qualidade de seus vinhos, dos mais básicos aos mais complexos, todos, diante de sua proposta, entregam com maestria qualidade, tipicidade, pois expressam com beleza o seu terroir. Alto Los Romeros é um vinho que não traz as expressividades, a estrutura e a longevidade dos Rieslings alemães, mas é um vinho fresco, leve, frutado e que expressa a jovialidade de um branco ótimo para os dias quentes e outonais. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Aqui vale uma curiosidade sobre o nome do rótulo: “Alto Los Romeros”

Alto Los Romeros era o nome dado há muitos anos aos pitorescos prados de alecrim selvagem que crescem nos picos das colinas da propriedade vinícola em Puquillay Alto, localizado no coração do Vale Colchagua, no Chile. A uma altura de 700 metros, oferecem vistas panorâmicas deslumbrantes da Cordilheira dos Andes. Foi aqui que as vinhas originais foram plantadas e nasceu a inspiração para esta linha de vinhos.

Sobre a Luis Felipe Edwards:

A Viña Luis Felipe Edwards foi fundada em 1976 pelo empresário Luis Felipe Edwards e sua esposa. Após alguns anos morando na Europa, o casal decidiu retornar ao Chile e, ao conhecer terras do Colchágua, um dos vales chilenos mais conhecidos, se encantou. Ali, aos pés das montanhas andinas, existia uma propriedade com 60 hectares de vinhedos plantados, uma pequena adega e uma fazenda histórica que, pouco tempo depois, foi o marco do início da LFE.

De nome Fundo San Jose de Puquillay até então, o produtor, que viria a se tornar uma das maiores vinícolas do Chile anos mais tarde, começou a expandir sua atuação. Após comprar mais 215 hectares de terras no Vale do Colchágua nos anos de 1980, começou a vender vinho a granel, estudar a fundo seus vinhedos e os resultados dos vinhos, e cultivar diferentes frutas para exportação.

O ponto de virada na história da Viña Luis Felipe Edwards veio na década de 1990, quando Luis Felipe Edwards viu a expectativa do mercado sobre os vinhos chilenos. Sabendo da alta qualidade dos rótulos que criava, o fundador resolveu renomear a vinícola e passou a usar o seu próprio nome como atestado de qualidade. Após um período de crescimento e modernização, especialmente com o início das vendas do primeiro vinho em 1995, a LFE se tornou um importante exportador de vinho chileno no começo do século XX. A partir de então, o já famoso produtor começou a adquirir terras em outras regiões do país.

Na busca incessante por novos terroirs de qualidade, ele encontrou no Vale do Leyda um dos seus maiores tesouros: 134 hectares de videiras plantadas em altitude extrema, a mais de 900 metros acima do nível do mar.

Mais informações acesse:

https://www.lfewines.com/

Referências:

“Clube dos Vinhos” em: https://www.clubedosvinhos.com.br/um-passeio-pelo-vale-do-colchagua/

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/como-escolher-um-riesling/amp/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/riesling

 

 

 

 



sábado, 16 de abril de 2022

Couveys Les Petits Greniers Malbec 2018

 

Em 17 de abril comemora-se o “Malbec World Day”! A representatividade desta variedade é evidente e importante para o universo vitivinícola, haja vista que tem um dia para chamar de seu e, claro, que esta semana não poderia faltar a degustação de um exemplar desta cepa que merece todas as reverências possíveis.

Claro que para alguns é uma casta já manjada e para outros já está até saturada. Sou um entusiasta das novas experiências sensoriais, da busca de novos rótulos, novas regiões, novas castas, mas não podemos negligenciar as clássicas, as suas histórias.

A da Malbec é digna de uma cepa que passou por provações, pela temida praga da Filoxera e que passou a reinar em outros terroirs se tornando a rainha das uvas tintas e um desses lugares é a Argentina, onde reina absoluta, embora encontre na França o seu berço natural.

E Cahors, no sul da França, bem próxima a emblemática região de Bordeaux, foi que surgiu a Malbec e que logo pereceu por conta da praga da Flioxera que afetou toda a Europa no século XIX e que migrou para Mendoza, na Argentina, encontrando seu novo terreno, sua nova morada.

Mas o vinho que escolhi para homenagear a Malbec não vem de Mendoza, que seria uma escolha natural e certa, não vem de Cahors, que está crescendo em qualidade e retomando a sua produção, mas de uma região francesa que, a cada dia, vem ganhando notoriedade e importância dentro do cenário vitivinícola francesa: Languedoc-Roussillon.

Sim! Jamais esperaria encontrar um Malbec dessas regiões e quando, como por acaso, encontrei esse rótulo à venda não hesitei em compra-lo, apesar de pouco ter de referência sobre o mesmo na grande rede. Eu precisava viver essa experiência que tinha, em meu íntimo, de ser especial.

 E foi! Ah como foi! Que vinho interessante! Que vinho pouco atípico fazendo um paralelo com o Malbec famoso de Mendoza! Mas é isso que estimula aquele que busca novas aventuras sensoriais! Quando compramos, garimpamos vinhos diferentes, inusitados, pouco usuais, queremos, evidentemente, novas experiências sensoriais. Algo novo é a tônica!

O vinho que degustei e gostei, como disse veio do Languedoc-Roussillon, da França, e se chama Couveys Les Petits Greniers, da casta Malbec, safra 2018. Não esperem sequer semelhanças com o Malbec de Cahors, onde quase não se nota as frutas. Neste exemplar do Languedoc percebe-se as frutas vermelhas, bastante frutado, que traz mais sabor, um equilíbrio agradável em boca e no nariz, sem aquele corpo e estrutura que notamos nos Malbecs argentinos. Mas antes de falar diretamente do vinho falemos um pouco do “Malbec Day” e consequentemente da história gloriosa da casta e a sua importância para o universo do vinho e, claro, de Languedo-Roussillon.

Malbec Day

Comemorado pela primeira vez em 17 de abril de 2011, o Dia Mundial do Malbec, conhecido como “Malbec World Wine” é uma iniciativa global criada pela Wines of Argentina que busca posicionar o Malbec argentino como um dos mais importantes do mundo e comemorar o sucesso da indústria vinícola nacional. Esse evento histórico e cultural que promove, globalmente, contou, na sua primeira edição, com a participação de mais de 72 eventos, em 45 cidades de 36 países diferentes.

Embora a Malbec tenha conquistado a Argentina foi na França que nasceu. Abrangendo uma região que se estende de Bergerac aos Pirineus (cordilheira que separa a França da Espanha), essa porção de terra, conhecida também como Gasconha, possui a maior diversidade de castas vitivinícolas de todo o território francês. Além da Malbec - mais conhecida por Auxerrois e Côt Noir - encontram-se por lá a Tannat, a Fer Servadou, a Negrette, a Duras, a Petit Manseng, a Gros Manseng, a Mauzac e várias outras. Isso se citarmos apenas as uvas tintas, que representam 80% da produção regional. Os vinhedos se espalham pelas subregiões de Madiran (Tannat principalmente), Tursan, Bergerac, Côtes de Bergerac, Côtes du Marmandais, Monbazillac, Gaillac, Fronton, Cahors e outras menos importantes. Por elas, correm os rios Lot, Cahors, Bergerac, Gaillac, Fronton, Puzat e Marmandais, a maioria deles tributários do estuário do rio Gironda.

Cahors

Seus vinhedos acompanham o caminho desses rios. Parte do sudoeste francês e bem próxima à Bordeaux, Cahors sofreu forte influência de seu poderoso vizinho em sua dramática história. O vinhedo foi criado pelos romanos e, durante a Idade Média, seu prestígio teve expressivo crescimento. O casamento de Eleanor de Aquitânia com Henrique II, rei da Inglaterra, abriu as portas do grande mercado consumidor inglês, antes dominado pelos vinhos de Bordeaux.

No entanto, os poderosos produtores e comerciantes bordaleses, sentindo-se ameaçados, mobilizaram-se para pressionar Londres e conseguiu arrancar do rei da Inglaterra alguns privilégios exorbitantes, o que resultou num duro golpe para os produtores gascões. Além de sofrerem pesada taxação, os vinhos do sudoeste só podiam chegar à capital inglesa depois que toda a produção bordalesa estivesse vendida.

Tal regra durou cinco séculos (foi interrompida apenas em três curtos períodos) e o vinho da região sentiu o golpe. Esta conduta só foi abolida em 1776, pelo liberal ministro de finanças de Luís XVI, Jacques Turgot, quando se iniciou um novo ciclo dourado dos fermentados de Cahors. Apesar da Revolução Francesa e das guerras do Império já no século XIX, 75% do vinho da região era exportado e um terço das terras agricultáveis era dedicado à vinha, que cobria a impressionante área de 40 mil hectares. A região enfrentou bem a praga do oídio (de 1852 a 1860) e a superfície plantada subiu ainda mais, chegando a 58 mil ha. Para se ter uma ideia da queda que viria mais tarde, a área do vinhedo de Cahors hoje é de apenas 4.200 ha. Mas o território teve pior sorte ao enfrentar a filoxera no final do século XIX. Como se sabe, todos os vinhedos atacados no mundo tiveram de ser replantados, desta vez, de forma enxertada.

Então, as vinhas de Malbec reagiram muito mal a esta nova situação, dando origem a fermentados medíocres, com qualidade muito abaixo da que tinha anteriormente. Apenas no final dos anos 1940, depois de muita pesquisa, chegou-se ao clone 587 da Malbec, que teve muito boa adaptação. Assim se retomou, então, sua marcha ascendente até chegarmos a 1971, quando Cahors é declarada região AOC (Appellation d'Origine Contrôlée, denominação de origem controlada). A região está renascendo.

Assim como no Brasil, os primeiros exemplares de vitis vinifera, a uva própria para produção de vinho, chegaram à Argentina no início do século XVI junto com os seus colonizadores. No entanto, foi só em 1551 que o cultivo da uva se espalhou por toda a região. As condições climáticas e o solo dos arredores dos Andes favoreceram muito a agricultura dos vinhedos e, impulsionada pelos monastérios que precisam produzir vinho para a celebração das missas.

Junto com a cultura espanhola desembarcou na Argentina uma forte tradição católica, e a vitivinicultura se beneficiou enormemente de ambas. No século XIX chegou à região uma nova onda de imigrantes europeus que trouxeram em suas bagagens novas cepas estrangeiras e muita tradição na produção de vinhos, como os italianos. Os europeus recém-chegados encontraram em Los Andes e no Vale de Rio Colorado os locais ideais para começar o seu próspero cultivo, e ali se estabeleceram. Entre 1850 e 1880 a produção de vinhos argentinos começou a mudar de forma. Com a integração do país à economia mundial, a chegada da industrialização e a abertura de múltiplas ferrovias cortando a região, o que antes era uma agricultura voltada para a produção de vinhos tomou forma de uma indústria do vinho.

Em 1853 foi criada a Quinta Normal de Agricultura de Mendoza, a primeira escola de agricultura do país, por meio da quais novas técnicas de cultivo de vinhedos foram implementados na região, como o uso de máquinas e modernas metodologias científicas. O seu fundador foi, claro, um francês, chamado Michel Aimé Pouget, conhecido também por Miguel Amado Pouget.

Michel Aimé Pouget ou Miguel Amado Pouget nasceu na França em 1821. O engenheiro agrônomo emigrou primeiro para o Chile e depois para Mendoza, na Argentina. No Chile trabalhou em Villuco, na propriedade de José Patricio Larraín Gandarillas, que apresentou todas as notícias europeias e americanas em questões agrícolas em sua terra natal. Sua fazenda chamada Peñaflor era um verdadeiro livro de amostra aplicado ao trabalho da terra. Já em 1844, ele teve a glória de trazer de Milão (Itália), vinte e cinco colmeias, das quais apenas duas chegaram com abelhas. Este estabelecimento escasso foi a base da apicultura chilena e depois da Mendocina. Gandarillas contratou os serviços do especialista apicultor D. Carlos Bianchi para restaurar seu apiário punido e colocar o sábio agricultor Miguel Amado Pouget à frente de suas plantações. Pouget realizou milagres nas propriedades de Larraín Gandarillas, Santiago do Chile e Villuco. Ele fez extensas plantações de acordo com os mais recentes avanços da ciência francesa e introduziu inúmeras variedades em horticultura, jardinagem e arboricultura.

Miguel Amado Pouget

Em 1852, o presidente da Argentina à época, Domingo Faustino Sarmiento se estabeleceu em Mendoza e propôs ao governador Pedro Pascual Segura a contratação do engenheiro agrônomo francês Michel Aimé Pouget. Ele próprio aceitou a proposta e se estabeleceu em Mendoza, em 1853. Modelada na França, a iniciativa propunha a adição de novas variedades de uvas como um meio de melhorar a indústria vinícola nacional. Em 17 de abril de 1853, com o apoio do governador de Mendoza, foi apresentado um projeto ao Legislativo Provincial, com o objetivo de estabelecer uma Escola Agrícola e Quinta Normal.

Este projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 6 de setembro do mesmo ano. Portanto, Pouget plantou em Mendoza com Justo Castro inúmeras variedades de uvas originárias de seu país de origem: entre elas estava o Malbec, uma variedade que os antigos viticultores gostaram muito pelo seu alto rendimento, sua saúde, e a boa cor de seus vinhos e o Cabernet Sauvignon, Merlot, Semillon, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Riesling e outros.

No final do século XIX, com a ajuda de imigrantes italianos e franceses, a indústria do vinho cresceu exponencialmente e, com ela, a Malbec, que rapidamente se adaptou aos vários terroirs e se desenvolveu com resultados ainda melhores do que em sua região de origem. Assim, com o tempo e com muito trabalho, surgiu como a principal uva da Argentina.

Para se ter uma ideia do crescimento da produção de vinho argentino nessa época, em 1873 o país contava com apenas 2.000 hectares de vinhedos, enquanto em 1990 a área cultivada chegou a 210.371 hectares. O sucesso exponencial da cepa aconteceu também após o início da década de 1990, sendo que em um período de 20 anos, até 2009, suas áreas de cultivo cresceram 173%, passando de 10 mil hectares para 28 mil hectares (hoje já são 33 mil). Do total, 26 mil hectares marcam presença em Mendoza, principal região vitivinícola do país, seguido por San Juan (1,9 mil hectares), Salta (702 hectares), Neuquén (587 hectares), La Rioja (523 hectares) e outras. Presente em praticamente todo o país, a uva emblemática da Argentina produz vinhos de diferentes estilos e com características que variam a cada terroir. Via de regra, pode esperar aromas de ameixas maduras e o frescor de folhas de menta de um típico exemplar. A Malbec também é famosa por seus vinhos encorpados, repletos de taninos potentes (usualmente amaciados pelo estágio em carvalho).

A região de Luján de Cuyo foi a primeira a ter uma denominação de origem controlada (DOC) nas Américas para a casta Malbec. Embora vigore há décadas a denominação de origem foi reconhecida oficialmente em 2005. Os vinhos produzidos sob esse rótulo são elaborados com Malbec, e procedentes da zona de Luján de Cuyo, na província de Mendoza. De cor muito intensa e escura, vermelho cereja, o Malbec Luján de Cuyo pode chegar a parecer quase preto, e tem aromas de frutas negras e de especiarias doces, com forte expressão mineral. Como o conceito de denominação de origem não é tão forte na produção de vinhos do Novo Mundo, onde o que costuma dominar é o conceito de classificação de vinhos conforme a composição, e não conforme o terroir, ainda são poucas as vinícolas que produzem vinhos rotulados como Malbec Luján de Cuyo.

O dia 17 de abril é, para Vinhos da Argentina, não apenas um símbolo da transformação da indústria vinícola argentina, mas também o ponto de partida para o desenvolvimento desta uva, um emblema para o nosso país em todo o mundo.

Languedoc-Roussillon

A região de Languedoc-Roussillon localiza-se no sul da França. Com um acentuado toque mediterrâneo e vinhedos que existem desde o ano 125 a.C., a vinicultura está presente em Languedoc-Roussillon há mais de 2.000 anos.

Languedoc-Roussillon é uma das regiões vinícolas mais importantes da França, responsável por ¼ de todo o vinho produzido no país. Na opinião de vários autores, como a inglesa Jancis Robinson, a região origina algumas das melhores relações qualidade e preço de toda a França.

Ela faz fronteira com a Espanha e é também chamada apenas de Languedoc. A origem do seu nome é curiosa. “Oc” era a forma de se dizer “sim” no sul francês, enquanto no norte se dizia “oïl”. Então o nome da localidade ficou Langue d’Oc, “língua do oc”.

Languedoc-Roussillon

Boa parte da produção é dedicada aos famosos e saborosos “Vin de Pays d’Oc”, contando ainda com importantes AOC (Apelação de Origem Controlada) como Minervois, Fitou, Corbières e Coteaux du Langedoc. Quando elaborados pelos melhores produtores, são vinhos cheios de fruta e sabor, com boa complexidade, corpo e um delicioso acento regional, perfeitos para acompanhar as refeições.

Por muito tempo, os vinhos produzidos no Languedoc eram para o consumo interno, a preços baixos. O prestígio veio depois, por volta dos anos 1980, quando os produtores elevaram a qualidade, chegando a exemplares de tipos variados, com destaque para tintos frutados e robustos, com excelente relação custo e benefício, o melhor da França.

Hoje Languedoc-Roussillon é responsável por um terço da produção de vinhos da França. Os vinhedos da região têm vista para o Mediterrâneo, com o clima perfeito para o cultivo, de verões ensolarados, poucas chuvas, ventos quentes e inverno ameno.

Com clima mediterrâneo, verões extremamente quentes e chuvas escassas, Languedoc-Roussillon é a região com maior incidência solar de toda a França: cerca de 325 dias de sol por ano. Além disso, os ventos quentes aceleram o período de maturação das uvas, adicionando características únicas e marcantes aos vinhos.

Tradicionalmente, a Carignan é a uva de destaque, mas atualmente muitas outras têm brilhado. Grenache, Mourvèdre, Syrah, Merlot, Cinsault e Cabernet Sauvignon, entres as tintas. Picpoul, Muscat, Maccabéo, Clairette, Rollet, Bouboulenc, Sauvignon Blanc, Viognier, Marsanne e Chardonnay, entre as brancas.

A diversidade de vinhos encontrada na região francesa é imensa. Os exemplares tinto vão desde os frutados até os encorpados, e estão sendo cada vez mais produzidos com sucesso. Os vinhos brancos podem ser mais complexos ou nítidos, variando entre os doces e oxidados até leves e secos. Languedoc-Roussillon produz também magníficos vinhos de sobremesa e espumantes de muito prestígio; seus rosés são intensos, pálidos e muito perfumados.

A tradição de Languedoc-Roussillon estende-se por anos, e a região é dona de constante evolução e muita variedade. A região tornou-se uma respeitada produtora, dando origem a vinhos de qualidade e prestígio perante todo o mundo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, brilhante, com lindos reflexos violáceos e lágrimas grossas e lentas.

No nariz traz aromas com predominância nas frutas vermelhas, tais como ameixas, cerejas, morango e framboesa, com um toque terroso, algo de especiarias, como tabaco também.

Na boca é redondo, equilibrado, saboroso, frutado, tem um curioso adocicado, sem ser enjoativo, de leve para média estrutura, mais para leve, não traz a estrutura dos mendocinos e a rusticidade de Cahors, com boa acidez, taninos polidos e final persistente e retrogosto frutado.

Sobre a LGI Wines:

Criada em 1999, em Carcassonne, sul da França, a LGI Wines foi a visão de Alain Grignon dos mercados internacionais de exportação em relação à região vinícola de Languedoc. Ele queria agregar valor aos vinhos mais flexíveis da França, oferecendo uma excelente relação qualidade/preço, sejam marcas sob medida ou conceito.

Em 2013, quando Alain Grignon se aposentou, Xavier Roger e Cédric Duquenoy assumiram o comando, Xavier tornando-se Diretor Geral e Cédric Diretor de Vendas. Ambos se juntaram à LGI Wines no início de sua aventura, seu conhecimento dos clientes e parceiros de vinho os levou a substituir Alain e continuar criando vinhos franceses exclusivos com a equipe da LGI Wines.

Quase 20 anos depois, exploram toda a ciência da confecção de vinhos e conceitos de elaboração. A grande flexibilidade e agilidade os tornaram o principal criador francês de vinhos sob medida, entregando ótimos vinhos em todo o mundo.

Abençoados pela localização, no coração do Languedoc, trabalham em uma das maiores regiões produtoras de vinho do mundo. É um laboratório de vinhos fabuloso devido à sua incrível diversidade de climas, terroirs e parceiros de vinho, oferecendo uma gama completa de variedades de uvas locais a internacionais, desde técnicas de vinificação tradicionais até modernas. Ao longo dos anos, a LGI Wines criou uma forte parceria com muitos parceiros locais da Gasconha até a região de Languedoc.

A ampla variedade de variedades de uvas, climas e terroirs locais e internacionais nos permitiram criar quase todos os estilos de vinho; desde vinhos frescos, estaladiços, picantes, encorpados, de carvalho, a vinhos elegantes e minerais, procurando sempre a qualidade do vinho e a consistência gustativa, garantindo que os produtos finais se adequam perfeitamente aos gostos dos clientes. Os valores centrais dessas parcerias são compreender e compartilhar as preocupações de cada um seja sobre mudanças climáticas, experiência de vinificação ou conselhos diários. Estar perto dos produtores tem sido a chave para garantir o volume de vinho, consistência de qualidade e alcançar padrões internacionais de qualidade.

Mais informações acesse:

https://www.lgiwines.com/

Site Wines of Argentina: https://www.winesofargentina.org/en/about-us/marketing/mwd/

Site El Malbec: http://elmalbec.com.ar/michel-pouget-el-exiliado-frances-que-introdujo-el-malbec-en-nuestro-pais/

Site Vinos y Vides: https://www.devinosyvides.com.ar/nota/383-como-comenzo-la-vitivinicultura-en-argentina

Sites Mulheres Empreendedoras: http://www.mulheresempreendedoraspi.com.br/site/artes-e-cultura/por-que-malbec-por-marly-lopes/

Site Grand Cru: https://blog.grandcru.com.br/a-historia-do-vinho-na-argentina/

Site Revista Adega: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/um-renascimento-em-cahors_10037.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/cahors-outra-terra-da-malbec_439.html

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/languedoc-roussillon

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/10/languedoc-roussillon/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/languedoc-roussillon

 

 

 












quinta-feira, 14 de abril de 2022

Castelo de Borba Antão Vaz 2018

 

Sigo o meu prazeroso caminho pelo “descobrimento” das castas novas para mim e confesso, de forma escancarada e animada, de que essa trajetória está me trazendo revelações para lá de satisfatórias e quando elas são oriundas de Portugal, melhor ainda.

Não há como negligenciar que Portugal nos entrega uma profusão de castas autóctones que nuances extremamente peculiares. Me parece que a expressão regional, o apelo regionalista é colocado de forma veemente nas castas e o terroir é a prova contundente disso.

Embora o termo terroir traga complexidade nas informações e que requer, consequentemente, um estudo aprofundado para compreensão na produção dos vinhos, quando degustamos um rótulo de uma casta do Douro, do Tejo, de Setúbal, de Lisboa, temos a exata percepção de suas origens.

E foi assim que Portugal foi entrando na minha vida enófila e aprendizado vem se consolidando não apenas degustando o vinho, o que convenhamos é o ápice, a intenção de tudo isso, mas o estímulo ao aprendizado, a busca da informação que edifica o conhecimento e o entendimento do blend típico, das castas que fizeram e fazem a história de cada região lusitana que as torna um mundo, um universo à parte.

E a degustação de hoje é um exemplo vivo das minhas linhas redigidas até o momento e ela vem de uma região que praticamente abriu as cortinas da Portugal visto pelo olhar do vinho! Sim! Do Alentejo! Talvez seja, junto com o Porto, com os seus vinhos licorosos, as regiões mais conhecidas e amadas pelo mercado consumidor brasileiro e pelo mundo.

Então por uma questão mercadológica a região alentejana tenha sido a primeira que me cativou! Mas não apenas por um prisma de mercado, mas porque ela é uma das melhores mesmo e isso não é uma opinião meramente calcada na afeição! É um fato! Região banhada pelo sol, quente, vinhos de estrutura, frutados, de personalidade!

Mas o de hoje é um branco, de uma casta que, pelas informações que obtive, só existe no Alentejo, somente nessa região em Portugal! Um privilégio para mim degusta-lo. E para meu deleite, que surpresa maravilhosa!

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio da ensolarada Alentejo, Portugal, e se chama Castelo de Borba da casta Antão Vaz e a safra é 2018. Já degustei alguns alentejanos com a Antão Vaz em blends, mas protagonizando é a primeira vez e que contato inicial satisfatório. Mas antes de falar do vinho falemos da história da Antão Vaz e sempre da região do Alentejo e sua sub-região, que leva o nome do vinho e da vinícola: Borba.

Antão Vaz

A uva Antão Vaz é uma das variedades brancas de Portugal e é cultivada principalmente em torno da região do Alentejo, com clima quente e seco. É uma das mais importantes da região, considerada o orgulho branco do Alentejo.

É uma das mais importantes da região, considerada o orgulho branco do Alentejo. A variedade é utilizada por inúmeros produtores, visto que se adapta e consegue expressar muito bem suas características no terroir de Alentejo. Os bagos da Antão Vaz são bem agrupadas e apresentam pele espessa, aumentando sua resistência contra doenças, bem como em regiões de seca.

Assim como a uva Chardonnay, a Antão Vaz é uma variedade extremamente versátil, dando origem a diferentes estilos de vinho. O tempo da colheita é um importante fator nesse contexto: se as bagas forem colhidas mais cedo, os vinhos originados apresentarão notas cítricas e boa acidez; se deixadas na videira por mais tempo, dão origem a exemplares com excelente capacidade de envelhecimento. De um modo geral, a Antão Vaz gera vinhos com notas cítricas e de frutas tropicais maduras, além de toques minerais (às vezes, alguma salinidade).

A maior parte dos vinhos são produzidos para consumo imediato, no entanto, alguns dos melhores vinhos Antão Vaz podem ser envelhecidos durante anos, permitindo que as notas e aromas florais evoluam da melhor maneira, tornando-se exemplares complexos e únicos.

Por regra, dá origem a vinhos estruturados, firmes e encorpados. Os vinhos estremes anunciam aromas exuberantes, com notas de fruta tropical madura, casca de tangerina e sugestões minerais, estruturados e densos no corpo.

Por regra, dá origem a vinhos estruturados, firmes e encorpados. Os vinhos estremes anunciam aromas exuberantes, com notas de fruta tropical madura, casca de tangerina e sugestões minerais, estruturados e densos no corpo. A uva Antão Vaz também é permitida na elaboração dos vinhos do Porto brancos.

Alentejo

A história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente à 3.000 anos atrás.

Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas.

Alentejo

Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegaram com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseado na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural.

Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas. As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos.

Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

Borba

Borba possui um longo passado histórico, como nome incontornável do vinho alentejano e português. As referências apontam para a existência de produção de vinho neste concelho em 1345, no entanto, é muito provável que já na época romana isso acontecesse, devido à influência marcante que este povo teve no desenvolvimento da cultura vínica alentejana.

A arquitetura tradicional reflete a cultura do vinho, com a existência de inúmeras casas de viticultores com tipologia arquitetônica característica dos séculos XVII e XVIII, constituídas por um piso superior para habitação e um piso térreo para a tradicional adega. Por outro lado, existe um riquíssimo património edificado, composto por solares e casas apalaçadas, que resultou da riqueza gerada pela produção de vinho desde o século XVIII.

Borba é a segunda maior sub-região do Alentejo (DOC – Denominação de Origem Controlada), alastrando-se ao longo do eixo que une Estremoz a Terrugem, estendendo-se por Orada, Vila Viçosa, Rio de Moinhos e Alandroal. A sub-regiões de Borba, uma das mais dinâmicas do Alentejo, detém solos únicos de mármore que marcam de forma permanente e determinante o temperamento dos vinhos. Borba possui uma área de vinha de cerca de 3500 ha e uma produção de aproximadamente 155.000 hl.

Borba

O microclima especial de Borba garante índices de pluviosidade levemente superior à média, bem como níveis de insolação ligeiramente inferiores à média alentejana, proporcionando vinhos especialmente frescos e elegantes. 

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um amarelo intenso, quase um dourado, com muito brilho e algumas formações de lágrimas finas e rápidas.

No nariz traz aromas calibrados de frutas de polpa branca bem madura, onde se destacam pêssego, maçã-verde, pera e algo cítrico como lima da pérsia, limão e um toque floral discreto e delicado.

Na boca é intenso, encorpado com as frutas brancas ainda em evidência, apesar dos seus 4 anos de safra, já em uma curva de quase decréscimo de evolução, mas ainda com uma boa drincabilidade, sobretudo pela acidez ainda vívida, com um álcool em evidência, mas que não desequilibra o conjunto e um final persistente e longo.

Talvez o Castelo de Borba seja um legítimo alentejano! Um vinho maduro, com aquelas frutas brancas maduras que lhe confere a já personalidade que precede os rótulos do velho Alentejo, que de velho nada tem, pois nos entregam vinhos contemporâneos que inundam as taças mais versáteis, dos que gozam de uma vasta litragem, os exigentes e aqueles que se aventuram a pouco tempo no universo cativante do vinho. Trata-se de um privilégio degustar a Antão Vaz, a casta das terras alentejanas, como já o fiz em outras situações quando ele se entrelaçou às demais castas típicas da região, mas agora ela protagonizando. Que venham mais alentejanos no sentido mais genuíno da palavra e concepção. Que venham mais Antão Vaz! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Borba:

Fundada em 1955, as raízes da Adega de Borba remontam a um passado ainda mais longínquo no qual Portugal não era considerado reino.

A vinha está presente no Alentejo há mais de 3.000 anos. Foi a partir do século XVIII que a produção de vinho em Borba floresceu, contribuindo para um acentuado crescimento econômico e social da região. Desde então, vários acontecimentos marcaram o setor vitivinícola: uns de forma positiva, como a implementação de técnicas mais modernas de produção, e outros de forma negativa, nomeadamente a destruição provocada pela Guerra da Restauração e Invasões Napoleônicas.

Já nessa época existia uma produção pulverizada em pequenas adegas tradicionais, com talhas, ocupando parte de inúmeras casas de habitação dispersas pelas vilas e lugares.

Era esta a realidade quando, no dia 24 de abril de 1955, um conjunto de produtores insatisfeitos com as condições que eram praticadas no mercado controlado por “intermediários” em termos de preços e margens, cientes da necessidade de ganharem escala e massa crítica para investirem em novas tecnologias e em marcas comerciais fortes, decidiu unir-se para fundar a Adega Cooperativa de Borba.

Independentemente destas oscilações, a importância da vinha em Borba nunca se dissipou e foi sempre a grande cultura agrícola da região.

Já nessa época existia uma produção pulverizada em pequenas adegas tradicionais, com talhas, ocupando parte de inúmeras casas de habitação dispersas pelas vilas e lugares. Era esta a realidade quando, no dia 24 de abril de 1955, um conjunto de produtores insatisfeitos com as condições que eram praticadas no mercado controlado por “intermediários” em termos de preços e margens, cientes da necessidade de ganharem escala e massa crítica para investirem em novas tecnologias e em marcas comerciais fortes, decidiu unir-se para fundar a Adega Cooperativa de Borba.

Cada um dos viticultores distingue-se pela oferta de um produto de qualidade, envergando na sua essência uma história que nos faz recordar as verdadeiras raízes do cultivo da vinha. É com base em cada um dos seus legados, da sua partilha de conhecimentos e da sua união que a Adega de Borba consegue hoje em dia colocar em prática o real conceito de Cooperativa.

Mais informações acesse:

https://adegaborba.pt/

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/antao-vaz

“Vinha”: https://www.vinha.pt/wikivinha/section/casta-vinho/antao-vaz/

“Soul Wines”: https://www.soulwines.com.br/uvas-de-vinhos/antao-vaz

“Mesa Completa”: https://www.mesacompleta.com.br/descubra-a-antao-vaz/

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/