É sabido que os melhores vinhos da casta Syrah produzido no
mundo atualmente vem do Novo Mundo, vem da Austrália. São vinhos frescos,
alguns um pouco mais intensos, mas sempre privilegiando a fruta, o frescor, mas
com muita personalidade, bem marcante. Foram com eles que a Syrah me foi
apresentada e a por eles que eu tenho um elo sentimental quando me remete a
essa cepa. Porém, dada o meu vertiginoso interesse pela Syrah ao longo do
tempo, me aventurei nas pesquisas para conhecer novas regiões que são
referências na produção da mesma e cheguei a África do Sul. A terra da Pinotage
também abriga grandes Syrahs. Então fui à busca de bons vinhos com um custo x
benefício em potencial, que me entregasse qualidade por um preço que fosse
atrativo ao meu bolso e cheguei aos bons vinhos da grande Nederburg, rótulos
que já tive a oportunidade de degustar em algumas de suas propostas e castas,
principalmente o Pinotage, que analisei e deixei as minhas impressões aqui: Nederburg Foundation Pinotage.
O vinho que degustei e gostei é o Nederburg 1791 da casta
Syrah, safra 2016, da famosa cidade de Paarl, Western Cape. Um vinho que já trazia
a boa expectativa por ser tratar da linha Nederburg e sua histórica e
tradicional procedência, mas que me arrebatou por inteiro e me trouxe mais um
terroir extraordinário para a casta Syrah.
Na taça traz um vermelho rubi escuro, profundo e brilhante
com lágrimas finas e abundantes que teimava em se dissipar, desenhando as
bordas, as paredes do copo.
No nariz traz um intenso aroma de frutas negras e vermelhas,
que me remete a ameixa e cereja com toques de especiarias e discretas notas de
especiarias, algo como pimentão, diria.
Na boca é seco, encorpado, uma estrutura que denuncia sua
personalidade marcante, com bom volume de boca, frutado, com taninos presentes,
mas sedosos, razoável acidez, um azedume típico da Syrah, com um toque
amadeirado bem integrado ao vinho, graças ao período que varia entre 3 a 6
meses de passagem por barricas de carvalho, com final persistente.
Um vinhaço! Um Syrah maiúsculo e volumoso que, mesmo
com sua personalidade e bom corpo, é macio, harmonioso e fácil de degustar. Tem
um grande potencial enogastronômico, harmonizando com carnes vermelhas e massas
bem condimentas. Tem 14% de teor alcoólico quase que imperceptíveis dado o seu
bom equilíbrio.
Por que é “1791”?
Este rótulo é uma homenagem ao pioneiro Philippus Wolvaart,
que em 1791 adquiriu o terreno que se tornaria a fazenda Nederburg. Uma porção
de terra ainda selvagem nos arredores de Paarl preparou-a e plantou as
primeiras vinhas lançando a base do que se tornaria um bem-sucedido negócio.
Sobre a Nederburg:
A história de Nederburg começou em 1791, quando o imigrante
alemão Philippus Wolvaart adquiriu 49 hectares de terra no vale de Paarl. Ele
nomeou sua propriedade Nederburgh, em homenagem ao comissário Sebastiaan
Cornelis Nederburgh. Mais tarde, o 'h' foi retirado da grafia do nome da
fazenda e tornou-se Nederburg como é conhecido hoje. A bela mansão holandesa do
Cabo, coberta de palha e empena, que Wolvaart completou em 1800 é hoje um
monumento nacional. E sobre a linha “56 Hundred” há uma curiosidade: Essa variedade
de vinhos refrescantes, frutados e suave leva o nome ao preço de mil e
seiscentos florins que Philippus Wolvaart pagou em 1791 pela fazenda em que
deveria nomear Nederburg. Um visionário que reconheceu o potencial vitícola da
terra, ele teve a tenacidade de domesticar a propriedade e estabelecer uma
fazenda que continua a florescer hoje. Em 1810, vendeu a fazenda para a família
Retief, que conservou a propriedade por 70 anos. Em seguida a Nederburg passou
por diversos proprietários até ser adquirida, em 1937, por Johann Graue que foi
buscar na Alemanha o talentoso enólogo Günter Brözel para comandar a produção.
Durante anos, Brözel elevou a reputação da Nederburg a nível mundial. Quem o
sucedeu foi o enólogo romeno Razvan Macici, que recebeu inúmeros prêmios ao
longo dos anos. Macici aliava a capacidade de criar vinhos exclusivos à
habilidade para a elaboração de rótulos acessíveis. A Nederburg é conhecida
pela visão vanguardista, sempre valorizando os cuidados no vinhedo e na
vinificação para a elaboração de exemplares famosos mundialmente.
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Degustado em: 2018
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