terça-feira, 23 de junho de 2020

Antiguas Reservas Cabernet Sauvignon 2013


Sabe quando um vinho te ensina a gostar e amar um terroir, um país, uma casta? Mas não se equivoquem, não é nada didático, ligado a regras de degustação ou qualquer coisa engessada que o valha, é algo ligado ao coração, é algo orgânico, que às vezes em palavras não sabemos explicar. O corpo te responde, as suas percepções sobressaem, falam por si só. Tem vinhos que personifica uma terra, as características mais peculiares de um país, de uma região e mesmo que não tenhamos aquele conhecimento enciclopédico, quando degustamos um vinho, diante de uma catarse dizemos: Esse vinho representa com fidelidade o Chile! E é do Chile que veio o meu arrebatamento que jamais esquecerei! Claro que foram vários, afinal, não querendo soar como um “traidor da pátria” foi com o Chile que eu aprendi e aprendo a degustar belos vinhos. Falo da tradicional e emblemática Cousiño Macul que tem mais de século de produção de vinhos de excelência, que entrega ao enófilo os valores e a cultura de sua terra e do seu povo.

O vinho que degustei e gostei vem da região do Maipo Valley e é o Cousiño Macul Antiguas Reservas da casta Cabernet Sauvignon da safra 2013. Essa uma linha de excelente qualidade da vinícola e posso dizer eloquentemente, pois já degustei outras castas, inclusive há uma resenha, uma análise que fiz do Cousiño Macul da casta Merlot 2011 que recomendo grandemente e que pode ser conferida aqui: Antiguas Reservas Merlot 2011.

Na taça tem um vermelho rubi intenso, escuro, com reflexos violáceos. Uma cor brilhante e reluzente, límpido. Lágrimas finas e em profusão, mostrando, já ao olhar, a robustez e personalidade do vinho. Lágrimas essas que se dissipam vagarosamente.

No nariz apresenta aromas intensos, uma explosão aromática de frutas que se destacam a cereja e morango, com toques evidentes de especiarias, com destaque para pimenta preta e notas de menta que trouxe a impressão de algum frescor.

Na boca é elegante, redondo, que preenche bem a boca, estruturado, com taninos carnudos, firmes e maduros, mas equilibrado, com uma acidez equilibrada, correta, com toques, diria, generosos de baunilha, com a madeira perceptível, mas muito bem integrada ao conjunto do vinho, características essas graças a passagem por barricas de carvalho por 12 meses. Final saboroso e persistente.

Um vinhaço! Um arrebatamento líquido que entrega, com grande fidelidade, o Chile e as características mais verdadeiras de um Cabernet Sauvignon “made in Chile”. Esse vinho é bem gastronômico, harmonizando com massas condimentadas, um bom churrasco ou carnes gordas. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Cousiño Macul:

Parte de nossa produção tem suas raízes em um território que, há mais de 500 anos, foi utilizado para a produção de vinho. Juan Jufré é um dos primeiros nomes que aparecem na história do vinho chileno e, uma vez, o proprietário da terra onde atualmente está localizada a propriedade Macul. Ele foi contratado, na época da colônia e por ordem do rei da Espanha, para produzir a cepa e o moscatel do país para fornecer vinho para a Eucaristia e parte da sociedade chilena. O primeiro Cousiño apareceu 300 anos depois, quando em 1856 Matías Cousiño adquiriu os 1.000 hectares da Hacienda Macul. Então, localizado principalmente no sopé da cordilheira dos Andes. Esse território fértil e gentil é alimentado, até hoje, naturalmente pelas encostas de Las Perdices e pelo canal de San Carlos. Após a morte de Don Matías, seu filho Luis Cousiño herdou a terra e o sonho de iniciar uma produção familiar de vinho. Para isso, ele decide renovar as vinhas que foram cultivadas lá e, juntamente com sua esposa Isidora Goyenechea , traz da Europa as primeiras vinhas destacadas do vinhedo. O Cabernet Sauvignon e Merlot foram trazidos da região de Pauillac, o Green e Gray Sauvignon de Martillac e o Riesling da Alsácia, este último pessoalmente selecionado por Doña Isidora. O casal administra a vinha até a morte de Luis Cousiño. A partir desse momento, Isidora Goyenechea assume a liderança e se torna uma das primeiras mulheres de negócios da América do Sul. Até o dia de sua morte, ele continua a tradição da família Cousiño, projetando-a no tempo com inovação e novas tecnologias. Com uma acuidade particular em engenharia, ele melhorou as condições dos trabalhadores e padronizou a produção e a excelente qualidade dos vinhos. Além disso, supervisionou a construção da vinícola icônica, encomendada por Luis Cousiño e formulada por engenheiros franceses, até sua conclusão em 1878, e redesenhou o logotipo da empresa, imortalizando seu próprio legado. Em 1898, Isidora morreu e a vinha foi herdada por seu filho Luis Arturo, bisavô da 6ª geração, que hoje dirige a empresa. Mais do que quantidade, nossa produção sempre focou na qualidade. O trabalho de pesquisa e desenvolvimento do primeiro produto de exportação levou 60 anos. Do melhor Cabernet Sauvignon da safra de 1927, nasceram as primeiras reservas de antiguidades, que até hoje são produzidas de maneira fiel ao seu estilo original.

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Degustado em: 2017


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