terça-feira, 25 de agosto de 2020

Miolo Reserva Tannat 2015


Tem vinícolas que fazem parte da nossa vida, da nossa caminhada de enófilo. As histórias parecem se completar, se complementar. Sabe aquela simbiose em que falamos que o vinho de um produtor não pode faltar na nossa adega? Pois é, é exatamente dessa forma que a Miolo faz parte da minha vida há pelo menos 20 anos! Os seus rótulos foram os primeiros que degustei na transição dos vinhos de mesa, aqueles famosos vinhos de garrafão, para os vinhos finos, produzidos por uvas vitiviníferas. Como todo enófilo brasileiro, esses períodos fazem parte de nossa história de degustador. E lá esteva a Miolo nos momentos mais emblemáticos: Miolo Seleção, os vinhos da Terranova, os espumantes, os brancos, os tintos...Todos eles foram imprescindíveis! E quando decidi enveredar nos Tannats brasileiros, não se enganem que só há bons Tannats uruguaios, um dos primeiros que degustei, adivinhem: foi da Miolo.

Então o vinho que degustei e gostei veio da Campanha Gaúcha, um dos mais importantes terroirs do Brasil, da casta Tannat e é o Miolo Reserva da safra 2015. Um dos primeiros contatos com o Tannat brasileiro mais impactante e avassalador dos que eu degustei até agora.

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e escuro, mas com um reluzente e belo brilho. Lágrimas finas e em abundância que insistia em desenhar as paredes do copo.

No nariz traz a lembrança de aromas de frutas vermelhas bem maduras, como cereja, por exemplo, com notas inusitadas, mas agradáveis de menta, que traz um frescor, uma leveza.

Na boca é seco, intenso, encorpado, com a repetição das notas frutadas, com taninos gulosos, presentes, mas sedosos, com uma boa acidez e um final frutado e persistente.

Esse vinho definitivamente para a minha história e descortinou a evidência de que os Tannats brasileiros estão na crista da onda, sendo muito bem feitos, com a cara do Brasil, com a nossa tipicidade, sem soar ou plagiar os icônicos vinhos uruguaios. E por falar em Uruguai, o Miolo Reserva Tannat tem participado anualmente de um concurso dos melhores rótulos da casta realizado nas terras uruguaias e sempre vem abocanhando medalhas, atestando que sim, os brasileiros estão fazendo ótimos Tannats. O Miolo Reserva Tannat é poderoso, de personalidade forte, mas fácil de degustar, mostrando equilíbrio sendo eclético nas harmonizações que vai de uma simples refeição a um bom churrasco. Teor alcoólico de 13,5% e sem passagem por barricas de carvalho. Vinhaço!

Sobre a Vinícola Miolo:

A história da família Miolo no Brasil começa em 1897. Entre os milhares de imigrantes italianos que vieram ao país em busca de oportunidades, estava Giuseppe Miolo, um jovem que já tinha nas veias a paixão pela uva e pelo vinho, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto. Ao chegar ao Brasil, Giuseppe foi para Bento Gonçalves, de um pedaço de terra no vale dos vinhedos, chamado Lote 43. Já em 1897, o imigrante começou a plantar uvas, dando início a tradição vitícola da família no Brasil. Na década de 70, a família foi pioneira no plantio de uvas finas, fazendo com que os netos de Giuseppe Miolo, Darcy, Antônio e Paulo, ficassem muito conhecidos na região pela qualidade de suas uvas. No final da década de 80, uma crise atingiu as cantinas dificultando a comercialização de uvas finas e forçando a família Miolo, a partir de 1989, a produzir o seu próprio vinho para a venda a granel para outras vinícolas. Surge a Vinícola Miolo, com apenas 30 hectares de vinhedos. Em 1992 a primeira garrafa assinada pela família foi um Merlot safra 1990, que na partida inicial teve 8 mil garrafas produzidas. Em 1994 é lançado o Miolo Seleção, que logo se torna o vinho mais distribuído da Miolo. Inicia-se em 1998 o Projeto Qualidade. Desde então o crescimento da empresa foi significativo: com investimentos constantes na terra, tecnologia, recursos humanos e no próprio consumidor, iniciou-se também o Projeto de Expressão do Terroir Brasileiro.

Aquisições da Miolo

Instalado na Estância Fortaleza do Seival, localizada no Sul do Brasil, no município de Candiota, próximo à divisa com o Uruguai. A Família Miolo juntamente com a família Benedetti (Lovara) iniciam o projeto Terranova no Vale do São Francisco, adquirindo a antiga propriedade do Sr. Mamoro Yamamoto chamada Fazenda Ouro Verde. A família Miolo, juntamente com a familia Benedetti e a familia Randon adquirem a Vinicola Almadén pertencente a Pernod Ricard. A Vinícola Almadén, uma das mais importantes do segmento de vinhos no mercado nacional, introduziu a colheita mecânica.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2017



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