Tem vinícolas que fazem parte da nossa vida, da nossa
caminhada de enófilo. As histórias parecem se completar, se complementar. Sabe aquela
simbiose em que falamos que o vinho de um produtor não pode faltar na nossa
adega? Pois é, é exatamente dessa forma que a Miolo faz parte da minha vida há
pelo menos 20 anos! Os seus rótulos foram os primeiros que degustei na
transição dos vinhos de mesa, aqueles famosos vinhos de garrafão, para os
vinhos finos, produzidos por uvas vitiviníferas. Como todo enófilo brasileiro,
esses períodos fazem parte de nossa história de degustador. E lá esteva a Miolo
nos momentos mais emblemáticos: Miolo Seleção, os vinhos da Terranova, os
espumantes, os brancos, os tintos...Todos eles foram imprescindíveis! E quando
decidi enveredar nos Tannats brasileiros, não se enganem que só há bons Tannats
uruguaios, um dos primeiros que degustei, adivinhem: foi da Miolo.
Então o vinho que degustei e gostei veio da Campanha Gaúcha,
um dos mais importantes terroirs do Brasil, da casta Tannat e é o Miolo Reserva
da safra 2015. Um dos primeiros contatos com o Tannat brasileiro mais
impactante e avassalador dos que eu degustei até agora.
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e escuro, mas com
um reluzente e belo brilho. Lágrimas finas e em abundância que insistia em
desenhar as paredes do copo.
No nariz traz a lembrança de aromas de frutas vermelhas bem
maduras, como cereja, por exemplo, com notas inusitadas, mas agradáveis de
menta, que traz um frescor, uma leveza.
Na boca é seco, intenso, encorpado, com a repetição das notas
frutadas, com taninos gulosos, presentes, mas sedosos, com uma boa acidez e um
final frutado e persistente.
Esse vinho definitivamente para a minha história e descortinou
a evidência de que os Tannats brasileiros estão na crista da onda, sendo muito
bem feitos, com a cara do Brasil, com a nossa tipicidade, sem soar ou plagiar
os icônicos vinhos uruguaios. E por falar em Uruguai, o Miolo Reserva Tannat
tem participado anualmente de um concurso dos melhores rótulos da casta
realizado nas terras uruguaias e sempre vem abocanhando medalhas, atestando que
sim, os brasileiros estão fazendo ótimos Tannats. O Miolo Reserva Tannat é
poderoso, de personalidade forte, mas fácil de degustar, mostrando equilíbrio
sendo eclético nas harmonizações que vai de uma simples refeição a um bom
churrasco. Teor alcoólico de 13,5% e sem passagem por barricas de carvalho. Vinhaço!
Sobre a Vinícola Miolo:
A história da família Miolo no Brasil começa em 1897. Entre
os milhares de imigrantes italianos que vieram ao país em busca de
oportunidades, estava Giuseppe Miolo, um jovem que já tinha nas veias a paixão
pela uva e pelo vinho, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto. Ao
chegar ao Brasil, Giuseppe foi para Bento Gonçalves, de um pedaço de terra no
vale dos vinhedos, chamado Lote 43. Já em 1897, o imigrante começou a plantar
uvas, dando início a tradição vitícola da família no Brasil. Na década de 70, a
família foi pioneira no plantio de uvas finas, fazendo com que os netos de
Giuseppe Miolo, Darcy, Antônio e Paulo, ficassem muito conhecidos na região
pela qualidade de suas uvas. No final da década de 80, uma crise atingiu as
cantinas dificultando a comercialização de uvas finas e forçando a família
Miolo, a partir de 1989, a produzir o seu próprio vinho para a venda a granel
para outras vinícolas. Surge a Vinícola Miolo, com apenas 30 hectares de
vinhedos. Em 1992 a primeira garrafa assinada pela família foi um Merlot safra
1990, que na partida inicial teve 8 mil garrafas produzidas. Em 1994 é lançado
o Miolo Seleção, que logo se torna o vinho mais distribuído da Miolo. Inicia-se
em 1998 o Projeto Qualidade. Desde então o crescimento da empresa foi
significativo: com investimentos constantes na terra, tecnologia, recursos
humanos e no próprio consumidor, iniciou-se também o Projeto de Expressão do
Terroir Brasileiro.
Aquisições da Miolo
Instalado na Estância Fortaleza do Seival, localizada no Sul
do Brasil, no município de Candiota, próximo à divisa com o Uruguai. A Família
Miolo juntamente com a família Benedetti (Lovara) iniciam o projeto Terranova
no Vale do São Francisco, adquirindo a antiga propriedade do Sr. Mamoro
Yamamoto chamada Fazenda Ouro Verde. A família Miolo, juntamente com a familia
Benedetti e a familia Randon adquirem a Vinicola Almadén pertencente a Pernod
Ricard. A Vinícola Almadén, uma das mais importantes do segmento de vinhos no
mercado nacional, introduziu a colheita mecânica.
Mais informações acesse:
Degustado em: 2017
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