A minha primeira experiência com os vinhos sul africanos foi
com os rótulos da Nederburg. Ainda em uma época, lembro-me bem, que tais vinhos
da África do Sul ainda eram difíceis de entrar nas adegas dos brasileiros, seja
pelo alto valor ou escassez de opção de rótulos. A Nederburg foi talvez a
primeira vinícola a adentrar com força no mercado brasileiro com valores
atrativos e possíveis aos bolsos, aliado a qualidade e tipicidade dos vinhos
das mais emblemáticas regiões do país sul africano. Já degustei o Nederburg 1791 Syrah, o Nederburg Foundation Pinotage, casta oriunda daquele país e a
linha básica do produtor, o 56 Hundred Chenin Blanc e digo que sempre terei um
Nederburg na minha adega. Todas essas castas são muito bem cultivadas na África
do Sul, tornando-a um dos mais famosos e importantes terroirs deste mundo.
Mas ainda há rótulos da Nederburg que me surpreendem positivamente
e que ainda me oferecem grandes e doces recomeços no que tangem a grandes
experiências dos vinhos da África do Sul. O vinho que degustei e gostei foi o
Nederburg Foundation da casta Sauvignon Blanc, da região de Paarl, Western Cape, safra 2016.
E antes de falar sobre o vinho que foi deveras arrebatador para os meus
sentidos, falemos um pouco da importante região de Paarl.
Paarl
Paarl está localizada na província de Western Cape, ficando a
60 km da Cidade do Cabo, na África do Sul, sendo hoje uma região produtora dos
melhores vinhos daquele país, exportados para o mundo todo.
Paarl
A região vitivinícola de Paarl é das mais importantes para a
produção de vinho na África do Sul, podendo ser considerada como o grande
portal para quem quer conhecer os vinhos da região do Cabo. O nome Paarl é
derivado de pérola, sendo a designação da Montanha Pérola, uma rocha de granito
que se sobrepõe à paisagem, tornando-se brilhante à luz do sol, principalmente
em dias de chuva. A história da vitivinicultura na região de Paarl remonta ao
século XVII, precisamente em 1680. A produção de vinhos teve início na África
do Sul com os franceses, em 1652, com Jan Van Riebeek, o primeiro comandante da
guarnição que fundou a Cidade do Cabo. Sua pretensão era produzir vinho para
combater o escorbuto que grassava na época entre os marinheiros da Companhia
Holandesa das Índias Ocidentais. Os vinhedos foram se espalhando ao longo do
tempo, ocupando a região de Stellembosch, em seguida Constantia, chegando a
Paarl em 1680.
E agora o vinho!
Na taça apresenta um amarelo palha, bem brilhante, límpido,
com algum reflexo esverdeado.
No nariz traz notas frutadas, aromas de maracujá, maça verde,
pera, frutas brancas e cítricas, com um agradável toque floral, flores brancas
e tropicais.
Na boca é fresco, leve, frutado sem ser enjoativo, com um bom volume de boca, uma boa acidez, com um final persistente, me remetendo a muita fruta.
Um belo Sauvignon Blanc, agradável, jovem, refrescante, bem
despretensioso e equilibrado, redondinho. O meu primeiro sul africano com essa
casta e que ficará na minha humilde história, na minha caminhada de um simples
enófilo de um vinho, embora simples, mostra, com maestria, a tipicidade de um
país que respira cultura do vinho. Harmoniza maravilhosamente com carnes
brancas, massas leves, queijos igualmente leves ou simplesmente sozinho. Tem
13% de teor alcoólico.
Sobre a Nederburg:
A história de Nederburg começou em 1791, quando o imigrante
alemão Philippus Wolvaart adquiriu 49 hectares de terra no vale de Paarl. Ele
nomeou sua propriedade Nederburgh, em homenagem ao comissário Sebastiaan
Cornelis Nederburgh. Mais tarde, o 'h' foi retirado da grafia do nome da
fazenda e tornou-se Nederburg como é conhecido hoje. A bela mansão holandesa do
Cabo, coberta de palha e empena, que Wolvaart completou em 1800 é hoje um
monumento nacional. E sobre a linha “56 Hundred” há uma curiosidade: Essa variedade
de vinhos refrescantes, frutados e suave leva o nome ao preço de mil e
seiscentos florins que Philippus Wolvaart pagou em 1791 pela fazenda em que
deveria nomear Nederburg. Um visionário que reconheceu o potencial vitícola da
terra, ele teve a tenacidade de domesticar a propriedade e estabelecer uma
fazenda que continua a florescer hoje. Em 1810, vendeu a fazenda para a família
Retief, que conservou a propriedade por 70 anos. Em seguida a Nederburg passou
por diversos proprietários até ser adquirida, em 1937, por Johann Graue que foi
buscar na Alemanha o talentoso enólogo Günter Brözel para comandar a produção.
Durante anos, Brözel elevou a reputação da Nederburg a nível mundial. Quem o
sucedeu foi o enólogo romeno Razvan Macici, que recebeu inúmeros prêmios ao
longo dos anos. Macici aliava a capacidade de criar vinhos exclusivos à
habilidade para a elaboração de rótulos acessíveis. A Nederburg é conhecida
pela visão vanguardista, sempre valorizando os cuidados no vinhedo e na
vinificação para a elaboração de exemplares famosos mundialmente.
Mais informações acesse:
Fonte de pesquisa sobre a região de Paarl:
Vinitude Clube de Vinhos, em: https://www.clubedosvinhos.com.br/paarl-uma-longa-tradicao-em-vinhos-nobres/
Degustado em: 2017
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