domingo, 10 de outubro de 2021

Plaza del Torres Reserva Tannat 2018

 

Melhor de que um Tannat é um Tannat produzido na maravilhosa região de Canelones. Melhor do que um Tannat oriundo da região uruguaia de Canelones é um uruguaio com a assinatura de uma grande vinícola brasileira, talvez a maior delas: A Cooperativa Vinícola Aurora. Recentemente tive o prazer de degustar o Aurora Reserva Tannat da safra 2017 da Serra Gaúcha e a experiência foi deveras agradável e estou, diante disso, muito animado para a degustação desse novo rótulo.

E mais animado em degustar esse rótulo que logo revelarei, foi o convite que um grande amigo me fez para degusta-lo em sua casa. Ele havia me apresentado esse rótulo algum tempo atrás e nós havíamos decidido em degusta-lo em minha casa com um bom churrasco, afinal Tannat e churrasco é uma das melhores harmonizações no universo do vinho. Mas devido alguns infortúnios esse encontro com essa configuração não aconteceu.

Mas diante desse convite não deixamos passar o momento e logo sugeri a ele que fizéssemos esse encontro e que esse vinho protagonizasse o nosso reencontro. Ele foi a “entrada” para outros vinhos mais complexos, mas ele figurou como se fosse uma estrela, como tem que ser todo e qualquer Tannat uruguaio das terras férteis e abençoadas de Canelones.

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei, com meu bom e velho amigo confrade, foi o Plaza del Torres Reserva da casta Tannat e a safra é 2018. O Uruguai sendo muito bem representado neste belo rótulo de excelente custo X benefício de uma região fantástica e proeminente no Uruguai e no mundo, Canelones. Então desfilemos em texto a sua história.

Canelones

Localizada bem ao sul, Canelones é a principal região produtora de uva e vinho no Uruguai e, por isso, concentra a maior parte dos vinhedos do país. A cidade de Canelones faz parte da região metropolitana de Montevidéu. Ela é cercada por um enorme complexo de pequenas fazendas e vinhedos, que são responsáveis por impressionantes 84% da produção de vinho do Uruguai. Nos seus arredores, encontram-se ótimos bares que oferecem os melhores e mais procurados vinhos do país, já que naquela região concentram-se desde as mais tradicionais até as mais luxuosas, modernas e rústicas vinícolas da América Latina. Além disso, Canelones possui uma extensão de mais de 65 km de praia, repleta de entretenimentos e lugares para descansar, sem falar do Camping Marindia, que é um reduto de arte, cultura e atividades familiares, cercado por trilhas bem arborizadas e que proporciona uma linda visão de pôr do sol.


Canelones

Os primeiros moradores de Canelones se instalaram na cidade por volta de 1726; já a partir de 1774, chegaram imigrantes espanhóis e no final do século XIX, vieram os imigrantes italianos para cultivar uvas e fabricar vinhos. Dali em diante, a história da cidade com o vinho começou a se intensificar, uma vez que passo a passo ela conquistava popularidade em todo o país.

Mas foi nos anos de 1970, que videiras de clones importados chegaram à cidade e os vinhedos começaram a se concentrar na qualidade. E hoje a produção de vinho da região representa 14% no mercado internacional e é responsável por oferecer uma abundância de opções ao enoturismo uruguaio.

Essa região não poderia ter localização melhor. Por sua visão pioneira, o Uruguai foi eleito o país do ano, em 2013, pela revista inglesa The Economist. Entre as principais razões estão o fato de realizar reformas que não se limitam a melhorar apenas a própria nação, mas atitudes que podem beneficiar o mundo.

Zonas vinícolas uruguaias e a região de Canelones ao sul

E Canelones está sendo conduzida sob essa visão. Em meio a um processo de desenvolvimento enoturístico, a região já possui até projeto de promoção do turismo e do vinho desenhado pelo Ministério do Turismo com a colaboração da Comarca de l’Alt Penedès, Espanha.

Há produtores que se juntaram para ajudar nesse incentivo e criaram a Associação “Los Caminos del Vino”, que reúne diversas vinícolas familiares abertas para visitantes, onde podem ver as vinhas de perto, acompanhar as diferentes etapas da vinificação e, finalmente, provar o vinho e a comida típica do lugar.

E agora o vinho!

Na taça goza de um lindo vermelho rubi intenso, profundo, quase escuro com um brilho reluzente e muitas lágrimas finas, densas e que desenham maravilhosamente as bordas do copo.

No nariz aromas frutados dominavam, frutas negras como amora, ameixa, algo compotado, com notas de especiarias, a madeira discreta em perfeita sinergia com as características frutadas, além da baunilha e da torrefação sempre muito discreta, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca é seco, de corpo médio com o teor alcoólico proeminente, diria um pouco desequilibrado, mas que em curto tempo respirando na taça logo se equilibrou, se integrou ao conjunto do vinho, mas ainda assim mostrando sua potência, a fruta se mostrou fortemente como no aspecto olfativo, com taninos presentes, mas dóceis, com uma belíssima acidez mostrando um vinho fresco, jovem e muito fácil de degustar. Um final longo e cheio.

A assinatura do Brasil na produção, na vinificação de um belo Tannat uruguaio, entregando aos enófilos um rótulo bem feito, equilibrado, versátil, com a cara, o DNA dos modernos vinhos da casta no pequeno notável Uruguai com seus grandes vinhos. Mais uma vez Canelones se revelou a mim de forma arrebatadora, especial. Espero que essa região continue a se personificar em grandes vinhos e que inunde a minha taça e as minhas experiências sensoriais de grandes e singulares momentos inigualáveis. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Cooperativa Vinícola Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.

Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.

No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa.

Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco.

Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta.

A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.












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