E eu continuo, ferozmente, avidamente, nas minhas novas e
excitantes experiências com o que há de mais intenso e complexo no universo dos
vinhos e o que ele, claro, pode nos proporcionar. Eu confesso que, ao longo
desse período, estou me divertindo muito e além do prazer da degustação que é,
obviamente, o principal. Tenho imergido fundo nas histórias, no intenso
processo de pesquisa. A história é viva e pulsa!
Eu estou, a cada dia, descobrindo a Espanha, claro, por
intermédio dos seus mais importantes e emblemáticos rótulos. Essa mesma Espanha
que, há alguns anos atrás, tinha dificuldade de trafegar, por conta da baixa
oferta que eu tinha, além dos valores altos que eram praticados para a compra.
Talvez o meu leque de opções fosse pequeno, mas o fato que, há
cerca de 10 anos, aproximadamente, não tínhamos tantas opções de e-commerce e a
consequente competitividade entre elas, ocasionando a baixa de alguns vinhos.
O panorama é outro e favorável! Temos, não só uma boa
variedade, como várias camadas de propostas de vinhos, que me deu o luxo,
inclusive, de escolher algumas características e me aprofundar nelas, é o caso
dos crianzas, reservas e gran reservas espanhóis, tão famosos por
serem tão criteriosos e carregarem tais “títulos” com uma real razão de ser.
A Espanha é o terceiro maior produtor de vinhos do mundo,
ficando atrás apenas da França e dos Estados Unidos. Com uma tradição tão
expressiva na viticultura, o país conta com uma rígida legislação na
classificação de seus vinhos.
E hoje a degustação será de um reserva da região de Terra
Alta. Essa será a minha terceira experiência com vinhos dessa região. Região
esta que serviu de paisagem e inspiração para um dos melhores pintores da
história, Pablo Picasso.
Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O
vinho que degustei e gostei veio da região de Terra Alta DO, que fica na cidade
espanhola da Catalunha e se chama Cataregia, um reserva varietal da casta Syrah
da safra 2017. Eu degustei recentemente um vinho deste mesmo produtor, um
crianza, o Cataregia Crianza 2018 que surpreendeu pelo excelente custo x benefício. Então
para variar vamos de história, vamos de Catalunha e Terra Alta!
Catalunha
A região da Catalunha, no norte da Espanha, é a área vinícola
com maior número de DOs (Denominação de Origem) do país e que foi formalmente
reconhecida em 1999 e também para salvaguardar a tradição de produção de vinho
na Catalunha, tão importante há mais de 2.000 anos. Foi criada também com o
propósito específico de fornecer suporte comercial para mais de 200 vinícolas
(bodegas), mas que não foram incluídos em outros DOP's específicos na
Catalunha.
Entre as mais importantes encontram-se Costers del Segre,
Montsant e Penedès, além da reputada DOC Priorato, a segunda mais reconhecida
na Espanha. Não tem uma localização geográfica específica, mas é formado por
mais de 40 km² de vinhedos individuais que estão dispersos por toda a Catalunha
e permite a mistura de uvas de outros DOPs, ou seja, cerca de 4.000 hectares de
vinha distribuídos por toda a região. De um modo geral, um clima mediterrâneo
domina com muitas horas de sol, mas sem calor excessivo.
Lar do famoso espumante espanhol Cava, a região da Catalunha possui solos chamados de 'licorella' e apresenta um baixo índice pluviométrico, fazendo com que as videiras apresentem baixa produtividade e as uvas tornem-se muito concentradas.
Mais precisamente em Penedès Central, na região espanhola de
Sant Saurndí d’Anoia, que ocorre a elaboração do Cava, produzido pelo método
tradicional com, no mínimo, nove meses de contato com as leveduras. Diferentes
uvas podem integrar a composição do vinho Cava, classificando os exemplares
entre os estilos branco ou rosado, que também variam em nível de doçura.
Apesar de utilizarem-se métodos de produção similares, o
sabor encontrado no Cava é diferente do Champagne, principalmente pela
distinção das uvas utilizadas: enquanto um é produzido a partir das uvas Pinot
Meunier, Chardonnay e Pinot Noir, o Cava é elaborado com as castas Parellada,
Macabeo e Xarel-lo.
Já a região do Priorato é conhecida por ter recebido o título máximo de denominação espanhola, elaborando vinhos com castas autóctones cultivadas na Catalunha. Outra região vinícola importante é Montsant, lar de alguns dos melhores e mais renomados produtores da Espanha e a denominação de origem mais nova da Catalunha, regulamentada somente em 2001.
Porém também abrange vinhos brancos, rosés e tintos, bem como
licorosos tradicionais, mistela, vinhos maduros e doces naturais. Em geral, os
vinhos são modernos e inovadores, com uma cor atraente, intensidade aromática
média e acidez moderada.
Os brancos são leves e frutados e os tintos são encorpados e
equilibrados. Todos estes vinhos podem ser descobertos e experimentados durante
a “Mostra de Vinhos i Caves de Cataluña” que acontece em Barcelona em meados de
setembro.
Muitos dos vinhos com a Denominação de Origem da Catalunha
são encontrados perto de mosteiros que remontam à Idade Média, como os de
Montserrat, Santes Creus, Poblet ou Sant Pere de Rodes. Isso se deve ao fato de
que em muitos casos os monges eram aqueles que tinham autorizações régias para
produzir vinho. Da mesma forma, os vinhos com esta designação podem ser
descobertos visitando as caves onde foram produzidos.
Terra Alta
A Denominação de Origem (DO) Terra Alta está localizada no
interior, a sudoeste de Tarragona, delimitada por montanhas e pelo rio Ebro. A
altitude varia entre 350 e 500 metros.
É formada por novas vinícolas e cooperativas estabelecidas há
bastante tempo que cultivam uvas nativas e importadas. Existe um investimento
considerável em nova tecnologia. Essa DO consiste em 12 municípios localizados
no oeste da Província de Tarragona.
Como o nome da área indica, está situada numa encosta de
grande beleza, usado por Picasso em suas obras quando passava os verões nessa
região.
Devido ao seu isolamento geográfico, essa área primeiramente
produzia vinho somente para o mercado interno, que continua a preservar o
método tradicional de produção de vinho.
Ao mesmo tempo, pequenas vinícolas privadas e grandes
cooperativas estão também produzindo excelentes vinhos tintos com
características do Mediterrâneo. Seu clima é mediterrâneo com influências
continentais.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um lindo, intenso e escuro rubi, com halos
granada. Uma cor ainda viva e plena, com lágrimas finas e lentas em profusão,
desenhando as bordas do copo.
No nariz explode em aromas frutados, de frutas vermelhas bem
maduras, quase em compota, com notas amadeiradas evidentes, mas bem integradas,
trazendo o aporte de baunilha, carvalho, tostado médio. Têm toques de
especiarias, pimenta preta, couro, terra molhada, algo de herbáceo e um
discreto defumado.
Na boca é seco, intenso, estruturado, tem pegada, mas
redondo, equilibrado, fácil de degustar. As notas frutadas ganham protagonismo,
como no aspecto olfativo, a madeira se revela igualmente evidente, trazendo
estrutura ao vinho, graças aos doze meses de passagem por barricas de carvalho,
em plena sinergia com a fruta, trazendo baunilha, chocolate, com taninos
marcados, presentes, mas domados, com acidez correta e final de média
persistência.
Um belo vinho de goles carnudos, de caráter frutado e
estruturado mostrando todo o caráter do terroir local. E falando em tipicidade
a Vinícola Reserva de la Tierra possui um lindo projeto de nome “produção
partilhada” conhecida como “Winemakers e Winelovers” e consiste na participação
dos enófilos que escolhem as diferentes opções de parcelas que estão sendo
vinificadas, sendo engarrafados os vinhos escolhidos pelos “Winelovers”.
Fantástica iniciativa que alia algo arrojado que é o terroir, o respeito a
terra e suas particularidades e os anseios dos enófilos em escolher, querer
degustar vinhos que lhe apetecem. Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Reserva de la Tierra:
A Reserva de la Tierra faz parte deste maravilhoso mundo do
vinho há mais de 60 anos. Os primeiros passos foram dados em San Rafael,
província de Mendoza, na República Argentina. Foi naquelas terras tão
distantes, e ao mesmo tempo tão caras aos emigrantes espanhóis, que os primeiros
vinhos foram feitos com muito entusiasmo, tenacidade e muito esforço.
Anos depois, já com uma grande experiência acumulada, o Grupo
fixou-se em Espanha, atrás de um novo sonho. Daquele momento até hoje, o
Reserva de la Tierra não parou um momento de trabalhar, da tradição à inovação
em cada uma das iniciativas do Grupo.
Hoje a empresa é admirada e respeitada em todo o mundo por
sua constante adaptação às mudanças, sua visão inovadora e seu respeito por
trabalhar em harmonia com o meio ambiente. Menção especial deve ser feita aos
valores em relação às pessoas que fazem parte desta grande família. A
honestidade é especialmente valorizada e acima de tudo a atitude empreendedora.
Com paixão, esforço e dedicação constante, Reserva de la
Tierra vem cumprindo todas as expectativas. As vinhas, as adegas, os vinhos,
nada mais são do que sonhos realizados.
“Winemakers e Winelovers” – conceito e filosofia
Na Reserva de la Tierra há uma visão diferente do mundo do
vinho, partilhada, mais social e mais próxima de todos.
Para Reserva de la Tierra cada vinho é concebido com paixão
como a união entre dois mundos: Enólogos e Enólogos. Cria-se vinhos com
pessoas, abraçando uma filosofia de trabalho ao mesmo nível que se distingue
dos restantes.
Os enólogos selecionam as melhores cepas e terroirs para
fazer os vinhos mais especiais. Mas o mais importante é que grupos muito
variados de apreciadores de vinho participem desse processo, degustando
diferentes opções de variedades. Após este processo, engarrafa-se apenas o vinho
selecionado pelos Winelovers, conseguindo assim vinhos com uma identidade
única.
Mais informações acessem:
https://www.reservadelatierra.com/
Referências:
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/catalunha
“Catalunya.com”: https://www.catalunya.com/do-catalunya-23-1-43?language=en
“Wikipedia”: https://en.wikipedia.org/wiki/Catalunya_(DO)
“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/regioes-117-Terra-Alta
“Wine”: https://www.wine.com.br/vinhos/dardines-reserva-d-o-terra-alta-2015/prod27301.html
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