E todo o Alentejo tem a marca indelével do vinho do Império
Romano, feito com uvas de videiras podadas em taça, para se defenderem do calor
inclemente do verão, e vinificado em grandes talhas de barro de inspiração
mediterrânica. Tudo terá começado no século II com a criação de grandes quintas
romanas – as famosas villae – que tinham na produção de vinho uma das suas
atividades mais rentáveis.
Os inúmeros vestígios arqueológicos da região testemunham
que, desde a técnica de produção das talhas até à vinificação, toda a sabedoria
ancestral do vinho de talha continua a ser praticada diariamente e transmitida
de geração em geração.
O exemplo do que acontecia na época romana, onde o vinho mais
venerado era o branco, ainda hoje o vinho de talha branco continua a ser o mais
respeitado e apreciado em todas as aldeias e vilas da Margem Esquerda do
Guadiana, mantendo bem vivo o gosto romano na região.
A pesagem das talhas com pez ou cera de abelhas, o desengace
e esmagamento manual das uvas com o “ripanço”, a filtração do vinho com caules
de junça, a proteção da superfície do vinho com bom azeite, são apenas algumas
das muitas práticas de adega ancestrais que continuam a ser utilizadas na
região e que fascinam qualquer enófilo culto que visita as adegas locais.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um vermelho intenso, escuro, mas de um
reluzente brilho e tonalidades granada e lágrimas finas, em profusão e lentas.
No nariz os aromas, no início, mostraram-se fechados, mas,
com o tempo foi se abrindo, mas não revelou tanta intensidade, porém, ainda
assim, entregou aromas agradáveis de frutas vermelhas frescas, com destaque
para framboesa, morango, cereja e amora. Sentem-se também delicadas notas
florais que traz a sensação de frescor, além de especiarias, pimenta, diria,
algo de couro, defumado.
Na boca é seco, leve, saboroso, fácil de degustar, redondo,
pronto, embora tenha sentido falta da habitual estrutura dos alentejanos. As
notas frutadas são percebidas no paladar, como no aspecto olfativo, a madeira também
é mais percebida, mas de forma discreta, graças a um pequeno lote do vinho que
passou por 8 meses em barricas de carvalho, entregando ainda baunilha. Têm
taninos amáveis, ótima acidez que saliva e um final de média persistência.
O Granja Amareleja DOC é um exemplar que homenageia essa
sub-região da Denominação de Origem Alentejo, suas pessoas e sua cultura. A
casta predominante, a Moreto, uva autóctone da região, quase extinta, que é preservada
e enaltecida pela Adega Granja Amareleja, e ao lado da Aragonez e Trincadeira
produz um vinho de corpo médio, notas de frutas vermelhas maduras e muito
frescor. Um vinho voluptuoso, de personalidade como tem de ser um belo e
legítimo alentejano. Tem 14% de teor alcoólico.
Sobre a Adega Granja Amareleja:
A Cooperativa Agrícola de Granja foi fundada em 1952 com o
objetivo de rentabilizar as explorações agrícolas dos seus associados e
desenvolver a economia local. No início as suas atividades centravam-se na disponibilização
aos sócios de máquinas e equipamentos agrícolas diversos, na ceifa e moagem de
cereais, tendo para isso moinho próprio, de que ainda hoje existem as ruínas na
vizinhança das instalações, ou azenhas localizadas nas margens do rio.
Instalou, ainda, um lagar de azeite que, desde o início, vem
produzindo azeite de excelência. Desde 2001 o processo é feito com equipamento
moderno, conservando-se a instalação primitiva. O azeite lá produzido tem sido
reconhecido pela sua elevada qualidade e já conquistou uma medalha de prata a
nível nacional.
Entretanto surge a preparação de aguardente de figo, sendo
uma das quatro instalações existentes no país. Desta instalação existem, ainda,
as caldeiras e destiladores, apenas para manter a memória porque hoje este
fabrico cessou, bem como a atividade na área dos cereais e parque de máquinas.
Em 1965 a Cooperativa expandiu a sua atividade para a área do
vinho, acompanhando o desenvolvimento e instalação da vinha no Alentejo. No
primeiro ano, limitou-se a fazer a fermentação dos mostos e a preparação dos
vinhos, obtidos na Adega Cooperativa da Amareleja a partir das uvas dos
associados.
No fabrico do vinho têm vindo a ser feitos grandes
investimentos, resultando em vinhos de grande prestígio, medalhados a nível
internacional e classificados com Denominação de Origem Controlada Alentejo.
Também o investimento no lagar de azeite tem originado
azeites quase todos classificados como Extra Virgem, obtidos de azeitonas
frescas e sem qualquer adição de produtos químicos, numa mistura de variedades,
onde se destaca a galega, para a produção de azeites que vão dos menos amargos
aos mais intensos.
Mais informações acesse:
https://www.granjaamareleja.pt/
Referências:
“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/
“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/
“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/
“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/
“Vinhos do Alentejo”: https://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/vinhos/historia-dos-vinhos/
“Adega Granja Amareleja”: https://www.granjaamareleja.pt/historia/