Quando falamos em Prosecco, a famosa casta Glera, pois
Prosecco é a região, lembramos imediatamente da Itália. Não há muito que
contestar que este país é a referência na produção desse vinho, mas o Brasil
tem se destacado na produção de rótulos da casta Glera que claro tem uma
simbiose muito grande com as características do nosso país, sobretudo no
quesito climático. Terras quentes para casta predominantemente leve, fresca e
frutada.
E há quem diga, mesmo com toda a tradição da casta e região,
que se trata de um vinho “mais do mesmo”, tudo igual, sem atrativos, sobretudo
os nacionais que privilegia e muito o frescor, a leveza.
De fato a característica da casta é marcante, mostra
majoritariamente, frescor, leveza, refrescância, sabor frutado, mas ainda assim,
para uma degustação informal, descontraída o Prosecco sempre será uma ótima
pedida, principalmente para os atuais dias quentes de verão.
O vinho que degustei e gostei de hoje foi escolhido pela
tradição do produtor e pelo excelente custo X benefício praticado, digo custo X
benefício porque o vinho é surpreendentemente maravilhoso trazendo sim as
essenciais características da Glera, mas com a cara do Brasil e uma destacada
acidez que realmente encanta e entrega um vinho saboroso e com aquele frescor
que anima a quem degusta.
Falo do Perini Prosecco, não safrado, da Serra Gaúcha. Um
vinho premiado, que vem sendo laureado há anos e que mesmo com essas
reverências, a duras penas, vem mantendo um valor bem acessível ao bolso do
brasileiro, apesar de não “degustar prêmios”, mas que não podemos negar que
atesta a qualidade desse belíssimo rótulo.
Então falemos um pouco da região italiana de Prosecco, bem
como da região da Serra Gaúcha, emblemática região brasileira onde este rótulo
foi concebido.
Prosecco
Vinho espumante tem cara de festa, alegria e descontração. O
prosecco nos últimos anos vem conquistando o mundo com um sucesso fácil de
decifrar e que cabe dentro de uma taça: qualidade, preço e forte identidade. O
sabor frutado e leve faz com que o prosecco seja um vinho versátil, que pode
ser consumido com diversos tipos de pratos, sobremesas ou simplesmente como um
aperitivo.
A província de Treviso é a principal zona de produção de
prosecco. A Itália, a exemplo da França, existe regras e legislações rígidas no
que diz respeito à produção do vinho. O sistema de denominação de origem (DOC)
é a garantia de que o produto é realizado seguindo uma série de regras que
respeitam as técnicas, a matéria prima e todo o processo envolvido no
desenvolvimento do vinho de certa região. É que cada uva e cada terroir têm
suas características.
A área encontra-se no nordeste da Itália,entre o Mar
Adriático e a cadeia de montanhas dos Alpes.
Tipos de prosecco
Prosecco DOC
O prosecco DOC é o vinho produzido num território extenso que
inclui algumas províncias da região do Vêneto e uma pequena área da região do
Friuli. Geralmente feito com as uvas cultivadas em planície e quase sempre
recolhidas com máquina.
Prosecco DOCG
O prosecco DOCG é produzido na zona histórica de Conegliano
Valdobbiadene,nas colinas da província de Treviso, a 50km de Veneza, numa área
onde o clima mais fresco ressalta os aromas e o sabor da uva glera. É
interessante dizer que por ser uma região de colina, a colheita da uva é feita
manualmente, o que significa que a cada taça de prosecco que a gente bebe tem
um trabalho imenso e um envolvimento humano por trás. O prosecco DOCG pode ser
Dry (mais doce), Extra Dry (doce) ou Brut (seco).
Cartizze
A ponta da pirâmide fica por conta da região Cartizze, que é
uma colina de mais ou menos 106 hectares que dizem ser o metro quadrado mais
caro da Itália, 1,2 milhões de euro por hectare. De lá vêm as uvas que produzem
o prosecco mais precioso.
Além do vinho, o que chama mais atenção no território de
produção do prosecco é a paisagem. As colinas de Valdobbiadene são belíssimas e
as pequenas cidades da região têm grande importância histórica, já algumas das
batalhas entre italianos e austríacos durante a I Guerra Mundial aconteceram
nesta zona. Em 2019, as colinas de Conegliano e Valdobbiadene foram
reconhecidas como Patrimônio UNESCO.
Com o mesmo nome dos famosos vinhos espumantes Proseccos,
elaborados no nordeste da Itália, a variedade também é conhecida como uva
Glera. Esses vinhos passam por um processo de fermentação em tanques,
diferentemente dos espumantes franceses, cuja fermentação ocorre dentro da
própria garrafa.
A uva apresenta bagos com coloração amarela e reflexos
dourados, formando cachos grandes e alongados. As folhas verdes e brilhantes da
uva Prosecco ficam sensíveis quando expostas a temperaturas elevadas e à alta
incidência de raios solares, além de serem pouco resistentes à seca.
Essa uva branca acumula elevados níveis de açúcar e aromas,
apresentando acidez propícia para a produção de excelentes vinhos espumantes. A
uva participa de 85% da composição dos reputados vinhos Proseccos em blend com
as uvas Chardonnay e a Pinot.
Sendo uma variedade de uva vigorosa, a Prosecco tem bons
rendimentos e, durante o seu cultivo, brota rapidamente. Além disso, tem
amadurecimento prolongado natural. Apenas uma pequena porção desse tipo de uva
dá origem a vinhos sem gás, já que os principais tipos de vinho que levam a
Prosecco em sua composição são os espumantes e frisantes.
Base para elaboração de vinhos refrescantes, ideais para dias
quentes, a uva Prosecco dá origem a exemplares com aromas que remetem a
pêssegos brancos. São rótulos leves e de baixo teor alcoólico, nos quais a
quantidade de álcool mínima aceita para sua comercialização foi fixada em 8,5%.
Serra Gaúcha
Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra
Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo
volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao
Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento
Gonçalves.
A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das
condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas
as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita,
período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem
ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.
A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra
Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados
ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível
de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança
e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.
O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na
Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença
de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira.
Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina
voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada
ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e
o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da
vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do
Vale.
O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a
obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em
vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a
partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos
do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma
Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da
experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.
O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado
somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais
para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos
para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O
trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da
potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação
de Origem Controlada) na região.
O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos
imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma
agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do
Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto,
logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local.
Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos
vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de
vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.
Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou
em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores
passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo
diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.
Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da
Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a
Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale).
Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não
produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de
produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos
Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram
14,3 milhões de kg de uvas viníferas.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um amarelo palha com reflexos esverdeados,
muito brilhantes com perlages finos e abundantes.
No nariz explodem aromas de frutas cítricas e de polpa branca
tais como pera, maçã-verde, abacaxi, com notas delicadas de flores brancas,
notas florais que traz a sensação de leveza, de elegância.
Na boca é leve, fresco, delicado, saboroso, com a fruta
protagonizando como no aspecto olfativo, com uma acidez média para alta que
estimula degustar de forma intensa, com alguma cremosidade e um final frutado e
persistente.
O Perini Prosecco reforça a força do Brasil para a produção
de espumantes e a Glera definitivamente ganhou o seu lugar em nossos terroirs e
pode não ter a tradição e representatividade do Prosecco italiano, mas
conquistamos, temos conquistado, a cada dia, tipicidade, sem imitações,
produzindo, entregando vinhos solares, frescos, alegres e despretensiosos, como
tem de ser a casta Glera. É assim, com o seu sucesso facilmente identificado,
que a Prosecco tem e terá o seu lugar na história e taça dos brasileiros. Tem
11,6% de teor alcoólico.
Sobre a Casa Perini:
Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e
Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos
de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias
festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha.
Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção,
seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar
os negócios da família, fundando a Casa Perini.
Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam
a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe
qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde
criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi
Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos
tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos.
Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o
sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote,
rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O
reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o
que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e
internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini
Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World
Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).
Mais informações acesse:
https://www.casaperini.com.br/home
Referências:
“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/prosecco
“Italia Per
Amore”: http://italiaperamore.com/conheca-a-regiao-de-valdobbiadene-terra-do-prosecco/
Nenhum comentário:
Postar um comentário