domingo, 20 de março de 2022

Casa Perini Prosecco (Glera)

 

Quando falamos em Prosecco, a famosa casta Glera, pois Prosecco é a região, lembramos imediatamente da Itália. Não há muito que contestar que este país é a referência na produção desse vinho, mas o Brasil tem se destacado na produção de rótulos da casta Glera que claro tem uma simbiose muito grande com as características do nosso país, sobretudo no quesito climático. Terras quentes para casta predominantemente leve, fresca e frutada.

E há quem diga, mesmo com toda a tradição da casta e região, que se trata de um vinho “mais do mesmo”, tudo igual, sem atrativos, sobretudo os nacionais que privilegia e muito o frescor, a leveza.

De fato a característica da casta é marcante, mostra majoritariamente, frescor, leveza, refrescância, sabor frutado, mas ainda assim, para uma degustação informal, descontraída o Prosecco sempre será uma ótima pedida, principalmente para os atuais dias quentes de verão.

O vinho que degustei e gostei de hoje foi escolhido pela tradição do produtor e pelo excelente custo X benefício praticado, digo custo X benefício porque o vinho é surpreendentemente maravilhoso trazendo sim as essenciais características da Glera, mas com a cara do Brasil e uma destacada acidez que realmente encanta e entrega um vinho saboroso e com aquele frescor que anima a quem degusta.

Falo do Perini Prosecco, não safrado, da Serra Gaúcha. Um vinho premiado, que vem sendo laureado há anos e que mesmo com essas reverências, a duras penas, vem mantendo um valor bem acessível ao bolso do brasileiro, apesar de não “degustar prêmios”, mas que não podemos negar que atesta a qualidade desse belíssimo rótulo.

Então falemos um pouco da região italiana de Prosecco, bem como da região da Serra Gaúcha, emblemática região brasileira onde este rótulo foi concebido.

Prosecco

Vinho espumante tem cara de festa, alegria e descontração. O prosecco nos últimos anos vem conquistando o mundo com um sucesso fácil de decifrar e que cabe dentro de uma taça: qualidade, preço e forte identidade. O sabor frutado e leve faz com que o prosecco seja um vinho versátil, que pode ser consumido com diversos tipos de pratos, sobremesas ou simplesmente como um aperitivo.

A província de Treviso é a principal zona de produção de prosecco. A Itália, a exemplo da França, existe regras e legislações rígidas no que diz respeito à produção do vinho. O sistema de denominação de origem (DOC) é a garantia de que o produto é realizado seguindo uma série de regras que respeitam as técnicas, a matéria prima e todo o processo envolvido no desenvolvimento do vinho de certa região. É que cada uva e cada terroir têm suas características.

A área encontra-se no nordeste da Itália,entre o Mar Adriático e a cadeia de montanhas dos Alpes.

Regiões de produção (Prosecco)

Tipos de prosecco

Prosecco DOC

O prosecco DOC é o vinho produzido num território extenso que inclui algumas províncias da região do Vêneto e uma pequena área da região do Friuli. Geralmente feito com as uvas cultivadas em planície e quase sempre recolhidas com máquina.

Prosecco DOCG

O prosecco DOCG é produzido na zona histórica de Conegliano Valdobbiadene,nas colinas da província de Treviso, a 50km de Veneza, numa área onde o clima mais fresco ressalta os aromas e o sabor da uva glera. É interessante dizer que por ser uma região de colina, a colheita da uva é feita manualmente, o que significa que a cada taça de prosecco que a gente bebe tem um trabalho imenso e um envolvimento humano por trás. O prosecco DOCG pode ser Dry (mais doce), Extra Dry (doce) ou Brut (seco).

Cartizze

A ponta da pirâmide fica por conta da região Cartizze, que é uma colina de mais ou menos 106 hectares que dizem ser o metro quadrado mais caro da Itália, 1,2 milhões de euro por hectare. De lá vêm as uvas que produzem o prosecco mais precioso.

Além do vinho, o que chama mais atenção no território de produção do prosecco é a paisagem. As colinas de Valdobbiadene são belíssimas e as pequenas cidades da região têm grande importância histórica, já algumas das batalhas entre italianos e austríacos durante a I Guerra Mundial aconteceram nesta zona. Em 2019, as colinas de Conegliano e Valdobbiadene foram reconhecidas como Patrimônio UNESCO.

Com o mesmo nome dos famosos vinhos espumantes Proseccos, elaborados no nordeste da Itália, a variedade também é conhecida como uva Glera. Esses vinhos passam por um processo de fermentação em tanques, diferentemente dos espumantes franceses, cuja fermentação ocorre dentro da própria garrafa.

A uva apresenta bagos com coloração amarela e reflexos dourados, formando cachos grandes e alongados. As folhas verdes e brilhantes da uva Prosecco ficam sensíveis quando expostas a temperaturas elevadas e à alta incidência de raios solares, além de serem pouco resistentes à seca.

Essa uva branca acumula elevados níveis de açúcar e aromas, apresentando acidez propícia para a produção de excelentes vinhos espumantes. A uva participa de 85% da composição dos reputados vinhos Proseccos em blend com as uvas Chardonnay e a Pinot.

Sendo uma variedade de uva vigorosa, a Prosecco tem bons rendimentos e, durante o seu cultivo, brota rapidamente. Além disso, tem amadurecimento prolongado natural. Apenas uma pequena porção desse tipo de uva dá origem a vinhos sem gás, já que os principais tipos de vinho que levam a Prosecco em sua composição são os espumantes e frisantes.

Base para elaboração de vinhos refrescantes, ideais para dias quentes, a uva Prosecco dá origem a exemplares com aromas que remetem a pêssegos brancos. São rótulos leves e de baixo teor alcoólico, nos quais a quantidade de álcool mínima aceita para sua comercialização foi fixada em 8,5%.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha com reflexos esverdeados, muito brilhantes com perlages finos e abundantes.

No nariz explodem aromas de frutas cítricas e de polpa branca tais como pera, maçã-verde, abacaxi, com notas delicadas de flores brancas, notas florais que traz a sensação de leveza, de elegância.

Na boca é leve, fresco, delicado, saboroso, com a fruta protagonizando como no aspecto olfativo, com uma acidez média para alta que estimula degustar de forma intensa, com alguma cremosidade e um final frutado e persistente.

O Perini Prosecco reforça a força do Brasil para a produção de espumantes e a Glera definitivamente ganhou o seu lugar em nossos terroirs e pode não ter a tradição e representatividade do Prosecco italiano, mas conquistamos, temos conquistado, a cada dia, tipicidade, sem imitações, produzindo, entregando vinhos solares, frescos, alegres e despretensiosos, como tem de ser a casta Glera. É assim, com o seu sucesso facilmente identificado, que a Prosecco tem e terá o seu lugar na história e taça dos brasileiros. Tem 11,6% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Perini:

Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha.

Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção, seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar os negócios da família, fundando a Casa Perini.

Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos.

Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote, rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).

Mais informações acesse:

https://www.casaperini.com.br/home

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/prosecco

“Italia Per Amore”: http://italiaperamore.com/conheca-a-regiao-de-valdobbiadene-terra-do-prosecco/

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-vinicolas-italia/regioes-produtoras-de-prosecco-mapa-caracteristicas/

 

 

 








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