Confesso que é um risco, diria desnecessário, buscar, como
suporte para escolha de seus vinhos, esses aplicativos temáticos cujos usuários
deixam as suas análises e média de pontuações, dos rótulos que degustou.
Estamos nos tempos dos aplicativos onde tudo o que fazemos e do que
necessitamos tem nesses recursos exclusivos para os aparelhos de celular, mas a
percepção de um vinho é pessoal e, basear-se na análise de terceiros, pode ser
frustrante para quem utilizou desse recurso para decidir a compra de um rótulo,
mas também não é proibido lê-los. É claro que precisamos de informação, de
suporte para fomentar a nossa escolha acerca de um vinho, alheio, é claro, a
uma ideia inicial de que rótulo precisa comprar, tais como: região, safra,
proposta do vinho, entre outros quesitos. Utilizei, por alguns anos, esses
aplicativos, quase uma rede social direcionada para os vinhos e já escolhi
alguns rótulos com base em altas médias de seus usuários. E um, em especial, me
chamara a atenção pela alta média para o valor extremamente atrativo, mas
também, o que pesou na minha decisão, foi a região, a qual gosto muito e o seu
corte (blend) bem atípico para mim, envolvendo casta autóctone e internacional.
Um belo vinho, uma grata surpresa! O vinho que degustei e
gostei veio da região tradicional da Itália, Puglia, da Província de
Barletta-Andria-Trani, chamado Avelium, um rosso (tinto), das castas Nero di
Troia (85%) e Cabernet Sauvignon (15%), da safra 2013, um IGP (Indicação
Geográfica Protegida).
A região de Puglia ou Apúlia, é extremamente conhecida,
emblemática na produção de vinhos da Itália, mas e a Província de
Barletta-Andria-Trani? Essa província, situada em Puglia, composta por 10 municípios
e com uma população (senso de 2001) de 383.018 teve seu estabelecimento
entrando em vigor em julho de 2009 e Andria sendo nomeada sede do governo em 21
de maio de 2010. Fonte: Wikipedia.
Como a região de Barletta-Andria-Trani, a casta Nero di Troia
não é muito popular no Brasil e convém textualizar a sua história e características.
Considerada uma cepa nativa da Itália, oriunda de uma comuna pequena, também da
região de Puglia, com cerca de 7.000 habitantes, chamada Troia e não tem
relação direta com a emblemática Troia, que deu origem a história que contou a
Guerra de Tróia. Há quem diga que exista sim, uma relação com a mítica cidade,
pois há algumas afirmações dizendo que a cepa teria chegado à Itália levada por
Diomedes, herói exilado após a guerra. Como boa lenda, talvez tenha um fundo de
verdade. Histórias á parte, a Nero di Troia é uma casta bastante resistente a
uma ampla variedade de pragas comuns nos vinhedos, e muito adaptada ao clima
quente e seco da Puglia. Mesmo assim, cada vez menos cultivada. Muitos
produtores, nos últimos anos, têm substituído seus vinhedos, plantando Negroamaro
e Primitivo, consideradas mais rentáveis comercialmente. Os aromas mais
frequentemente relatados, na degustação de vinhos produzidos com a Nero di
Troia, são violetas, cereja preta madura, amora, couro, tabaco, cacau, cassis e
anis. O vinho à base de Nero di Troia costuma ser profundo, complexo,
fascinante, de cor viva, e bastante rico em polifenóis, principalmente taninos.
A adstringência típica dos taninos da Nero di Troia é, muitas vezes, atenuada
pelo corte com outras uvas, como Montepulciano. Inclusive, é comum encontrar,
em vinhas velhas, fileiras intercaladas de Montepulciano com Nero di Troia, na
proporção de 1 para 3. fonte: Tintos & Tantos, em: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/761-nero-di-troia
Agora o vinho!
Na taça apresenta um belo vermelho rubi escuro com reflexos
violáceos brilhantes e reluzentes. Com lágrimas em abundância e finas,
demoravam a dissipar das paredes do copo, desenhando-os.
No nariz traz um aroma fresco, ainda jovem, apesar dos seis
anos de safra, à época degustado, com frutas vermelhas frescas, com um toque floral
agradável e notas de especiarias.
Na boca é igualmente fresco, frutado, redondo, equilibrado,
de corpo médio, alguma estrutura, mas macio e fácil de degustar, com taninos
delicados, boa acidez, com um final persistente.
Um vinho muito bom, versátil, mostrando uma excelente
drincabilidade, com um grande potencial enogastronômico, ótimo para harmonizar
com massas e uma boa carne suculenta. O vinho não passou por barricas de
carvalho, apenas repousou por 6 meses na garrafa antes de ser disponibilizado
para o mercado. Com 13% de teor alcoólico.
Não há informações sobre a vinícola. A mesma é um pequeno
produtor e tem os seus rótulos distribuídos por empresas que representam as
suas marcas em várias partes do mundo. Pequeno produtores que produzem grandes
vinhos com um forte apelo regional e que entrega vinhos com grande tipicidade,
expressando o máximo de seu terroir.
Degustado em: 2019
Degustado em: 2019
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