terça-feira, 19 de maio de 2020

Avelium Rosso 2013


Confesso que é um risco, diria desnecessário, buscar, como suporte para escolha de seus vinhos, esses aplicativos temáticos cujos usuários deixam as suas análises e média de pontuações, dos rótulos que degustou. Estamos nos tempos dos aplicativos onde tudo o que fazemos e do que necessitamos tem nesses recursos exclusivos para os aparelhos de celular, mas a percepção de um vinho é pessoal e, basear-se na análise de terceiros, pode ser frustrante para quem utilizou desse recurso para decidir a compra de um rótulo, mas também não é proibido lê-los. É claro que precisamos de informação, de suporte para fomentar a nossa escolha acerca de um vinho, alheio, é claro, a uma ideia inicial de que rótulo precisa comprar, tais como: região, safra, proposta do vinho, entre outros quesitos. Utilizei, por alguns anos, esses aplicativos, quase uma rede social direcionada para os vinhos e já escolhi alguns rótulos com base em altas médias de seus usuários. E um, em especial, me chamara a atenção pela alta média para o valor extremamente atrativo, mas também, o que pesou na minha decisão, foi a região, a qual gosto muito e o seu corte (blend) bem atípico para mim, envolvendo casta autóctone e internacional.

Um belo vinho, uma grata surpresa! O vinho que degustei e gostei veio da região tradicional da Itália, Puglia, da Província de Barletta-Andria-Trani, chamado Avelium, um rosso (tinto), das castas Nero di Troia (85%) e Cabernet Sauvignon (15%), da safra 2013, um IGP (Indicação Geográfica Protegida).
A região de Puglia ou Apúlia, é extremamente conhecida, emblemática na produção de vinhos da Itália, mas e a Província de Barletta-Andria-Trani? Essa província, situada em Puglia, composta por 10 municípios e com uma população (senso de 2001) de 383.018 teve seu estabelecimento entrando em vigor em julho de 2009 e Andria sendo nomeada sede do governo em 21 de maio de 2010. Fonte: Wikipedia.



Como a região de Barletta-Andria-Trani, a casta Nero di Troia não é muito popular no Brasil e convém textualizar a sua história e características. Considerada uma cepa nativa da Itália, oriunda de uma comuna pequena, também da região de Puglia, com cerca de 7.000 habitantes, chamada Troia e não tem relação direta com a emblemática Troia, que deu origem a história que contou a Guerra de Tróia. Há quem diga que exista sim, uma relação com a mítica cidade, pois há algumas afirmações dizendo que a cepa teria chegado à Itália levada por Diomedes, herói exilado após a guerra. Como boa lenda, talvez tenha um fundo de verdade. Histórias á parte, a Nero di Troia é uma casta bastante resistente a uma ampla variedade de pragas comuns nos vinhedos, e muito adaptada ao clima quente e seco da Puglia. Mesmo assim, cada vez menos cultivada. Muitos produtores, nos últimos anos, têm substituído seus vinhedos, plantando Negroamaro e Primitivo, consideradas mais rentáveis comercialmente. Os aromas mais frequentemente relatados, na degustação de vinhos produzidos com a Nero di Troia, são violetas, cereja preta madura, amora, couro, tabaco, cacau, cassis e anis. O vinho à base de Nero di Troia costuma ser profundo, complexo, fascinante, de cor viva, e bastante rico em polifenóis, principalmente taninos. A adstringência típica dos taninos da Nero di Troia é, muitas vezes, atenuada pelo corte com outras uvas, como Montepulciano. Inclusive, é comum encontrar, em vinhas velhas, fileiras intercaladas de Montepulciano com Nero di Troia, na proporção de 1 para 3. fonte: Tintos & Tantos, em: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/761-nero-di-troia

Agora o vinho!

Na taça apresenta um belo vermelho rubi escuro com reflexos violáceos brilhantes e reluzentes. Com lágrimas em abundância e finas, demoravam a dissipar das paredes do copo, desenhando-os.

No nariz traz um aroma fresco, ainda jovem, apesar dos seis anos de safra, à época degustado, com frutas vermelhas frescas, com um toque floral agradável e notas de especiarias.

Na boca é igualmente fresco, frutado, redondo, equilibrado, de corpo médio, alguma estrutura, mas macio e fácil de degustar, com taninos delicados, boa acidez, com um final persistente.

Um vinho muito bom, versátil, mostrando uma excelente drincabilidade, com um grande potencial enogastronômico, ótimo para harmonizar com massas e uma boa carne suculenta. O vinho não passou por barricas de carvalho, apenas repousou por 6 meses na garrafa antes de ser disponibilizado para o mercado. Com 13% de teor alcoólico.

Não há informações sobre a vinícola. A mesma é um pequeno produtor e tem os seus rótulos distribuídos por empresas que representam as suas marcas em várias partes do mundo. Pequeno produtores que produzem grandes vinhos com um forte apelo regional e que entrega vinhos com grande tipicidade, expressando o máximo de seu terroir.

Degustado em: 2019


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