domingo, 24 de outubro de 2021

Família Silotto Merlot 2019

 

Nessas minhas andanças na estrada do vinho eu já degustei muitos rótulos! Viajei, por intermédios das taças cheias da poesia líquida, por regiões, países, histórias, naveguei por muitas culturas e comportamentos que impactaram nas tipicidades de muitos vinhos, mas para alguns rótulos em especial eu sempre mantive uma postura de distanciamento, algo intransponível, difícil de ter em minha mesa, em minha taça.

Claro que em algum momento de nossa vida podemos ter a alegria de degustar aquele vinho caro, de uma região que sempre quis ter em nossa taça, aquela proposta de vinho raro, difícil de encontrar por aí. Talvez seja um pessimismo da minha parte dizer que um vinho seja inalcançável para mim, mas a impressão é essa para mim, quando olho alguns rótulos e um exemplo eram os vinhos artesanais.

Sempre vi alguns especialistas eufóricos falar dos vinhos artesanais, caseiros mesmo, naturais, biodinâmicos, entre outros e eu sempre pensei: Nossa nunca terei acesso a esses vinhos, parece ser difícil encontra-los, de tê-los em minha adega, devem ser caros demais!

Como deve ser bom degustar um vinho de pequeno produtor, que produz vinhos em baixa escala. Que legal deve ser valorizar os pequenos produtores que ajudam e muito a alavancar a nossa cultura vitivinífera e que geralmente são esses pequenos produtores, esses produtores de vinhos artesanais que personificam a história vinífera do Brasil com os imigrantes italianos e portugueses, que são os pilares, o sustentáculo de nossa ainda nova indústria do vinho.

E o rótulo, especial, de hoje é um vinho artesanal que descobri da forma mais despretensiosa do mundo! Estava eu navegando pelas redes sociais, sem nenhum tipo de pretensão, olhando as publicações de forma aleatória sem a pretensão de achar nada e vi uma publicação de um produtor artesanal expondo o seu rótulo da casta Merlot e aquilo me fez parar e olhar com mais atenção.

Olhei de cara que era um vinho artesanal, que estava estampado no rótulo, e que vinha de uma cidade chamada Serra Negra, em São Paulo. Aquilo já me contaminou de interesse incontido! Mas esbarrei em uma questão: onde comprar? Comentei na publicação sobre detalhes do vinho e também perguntei onde poderia compra-lo e com um link de site eu tive a resposta: Pemarcano Vinhos.

Logo acessei o site, mas com aquele sentimento de incredulidade, pensando em encontrar valores demasiadamente altos, mas acessei mesmo assim. Lá estava o vinho e pasme, ele custava R$ 35,00! Não acreditei, não esperava que fosse encontrar um vinho artesanal por esse preço. Há sim vinhos artesanais com esse valor. Depois fui descobrindo, emaranhando nos vinhos da região de São Paulo, do interior desse estado, e descobri que há várias adegas artesanais e pequenas que produzem e vendem seus vinhos artesanais e coloniais a preços muito competitivos.

Então vamos às apresentações: O vinho que eu degustei e gostei veio do Brasil, da região de Serra Negra, São Paulo, e se chama Família Silotto da casta Merlot e a safra é 2019. O vinho é muito bem feito, saboroso, como um Merlot brasileiro tem de ser e faz com se desaba quaisquer preconceitos que possa existir com os vinhos artesanais e este rótulo é um grande representante desta quebra de paradigma. Mas antes de falar do vinho falemos um pouco da região de Serra Negra e também da breve história do Brasil vitivinícola que nos ajudará e muito a entender o conceito do vinho artesanal.

Serra Negra, o circuito das águas.

Encravada na Serra da Mantiqueira a 150 quilometros da capital, em uma região de 927 metros de altitude com picos de até 1.300metros está localizada a Estância Turística Hidromineral de Serra Negra.

A cidade é cercada por montanhas da Serra da Mantiqueira, a vegetação é exuberante, compondo um cenário de extraordinária beleza natural. Em meio ao Circuito das Águas Paulista, Serra Negra possui um ambiente seguro e agradável. Aqui a tranquilidade e qualidade de vida estão presentes por meio da boa estrutura turística.

Serra Negra

A cidade possui uma das maiores redes hoteleiras da região do Circuito das Águas Paulista e por isso pode abrigar milhares de pessoas que fazem a população de visitantes aumentar durante as férias e feriados oferecendo total comodidade e conforto.

Além da exuberante riqueza natural, a cidade possui diversidade e amplos tesouros culturais, como a produção rural e a produção artesanal de queijos e bebidas.

Quem procura uma experiência única a Rota do Café, do Queijo e do Vinho excelente e rica opção de passeio. São 8 km de extensão, a estrada leva os visitantes para conhecer as delícias tradicionais e artesanais produzidas na cidade. Cada sítio é especializado em um produto, seja ele café, queijos ou vinhos.

Serra Negra vista de cima

Breve história do Brasil vitivinícola e o conceito de vinho artesanal

O Brasil foi descoberto pelos Portugueses em 1500, e em 1532 Martim Afonso de Souza chegou com as primeiras mudas de videiras vitis viníferas que foram plantadas na Capitania de São Vicente, porém sem sucesso em função do clima e do solo. Mas Brás Cubas membro da expedição de Martim Afonso de Souza transfere as plantações do litoral para o Planalto Atlântico e em 1551 consegue elaborar o primeiro vinho brasileiro, mas sem muito sucesso, sua iniciativa não teve sequência devido as condições de solo e clima não serem adequados ao cultivo das videiras.

Em 1626 os Jesuítas chegaram à região das Missões e impulsionam a vitivinicultura no Sul do Brasil. O Padre Roque Gonzales de Santa Cruz recebeu os créditos pela introdução das videiras no Rio Grande do Sul, com ajuda dos Índios foi elaborado vinho utilizado nas celebrações religiosas.

Em 1640 foi promovida a primeira degustação no Brasil. A intenção foi de melhorar os vinhos comercializados no país. Em 1732, os Portugueses da Região do Açores, povoaram o litoral do Rio Grande do Sul e formaram-se colônias em Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, plantaram mudas de videira provenientes do Açores e da Ilha da Madeira, mas as plantações não se desenvolveram adequadamente.

Em 1789 a corte portuguesa percebeu o grande interesse do Brasil pela vinicultura e proibiu o cultivo de uva no país, como forma de proteger a sua produção em Portugal. A medida inibiu a comercialização da bebida nas colônias e restringiu a atividade ao âmbito familiar.

Em 1808, quando da transferência da coroa portuguesa para o Brasil é derrubada à proibição ao cultivo da uva e são estimulados os hábitos no entorno do vinho, inclusive degusta-lo junto às refeições, encontros sociais e festas nas comunidades religiosas.

Em 1817, os gaúchos são considerados pioneiros na vinicultura e esse pioneirismo se materializa no lendário Manoel Macedo, produtor da cidade de Rio Pardo, até o ano de 1835 todo o vinho que produzia era documentado, em um dos anos ficou registrado a elaboração de 45 pipas, o que lhe rendeu a primeira carta patente para a produção da bebida no país.

Em 1824 tem início a colonização alemã e os mesmos tinham muito interesse em vinhos. Na mesma época o italiano João Batista Orsi se estabelece na Serra Gaúcha e recebe de Dom Pedro I a concessão para o cultivo de uvas europeias, torna-se um dos precursores do ramo na região.

Em 1840 pelas mãos do inglês Thomas Messiter, são introduzidas no Rio Grande do Sul as uvas Vitis Lambrusca e vitis Bourquina, de origem americana que são mais resistentes a doenças. Inicialmente foram plantadas na Ilha dos Marinheiros, na lagoa dos Patos e logo se espalharam pelo Estado.

Em 1860 a uva Isabel, uma das variedades americanas introduzidas no Rio Grande do Sul, ganha rapidamente a simpatia dos agricultores. Há registros de que, por volta de 1860 a uva Isabel formava vinhedos nas cidades de Pelotas, Viamão, Gravataí, Montenegro e municípios do Vale dos Sinos.

Em 1875 ocorre o grande salto na produção nacional de vinhos em função da chegada em massa dos imigrantes italianos, pois, trouxeram de sua terra natal o conhecimento técnico de elaboração dos vinhos e a cultura do consumo, os italianos elevaram a qualidade da bebida e conferem importância econômica à atividade.

Em 1881 foi elaborado 500 mil litros de vinho na cidade de Garibaldi no Rio Grande do Sul, este número consta em um relatório feito em 1883 pelo cônsul da Itália, Enrico Perrod, após sua visita à região. Em 1928 é criado o Sindicato do Vinho, essa iniciativa foi articulada por Oswaldo Aranha, então secretário estadual do Governador Getúlio Vargas.

Em 1929 o associativismo é adotado pelos agricultores e em um período de 10 anos, 26 cooperativas são fundadas, algumas como a Cooperativa Garibaldi atuam até hoje. O modelo da competitividade entre os pequenos produtores os direciona a uma situação de equilíbrio, tal equilíbrio é alcançado na década seguinte.

Em 1951 a vinícola Georges Aubert é transferida da França para o Brasil e marca o início de um novo ciclo. O interesse de empresas estrangeiras no país se consolida na década de 70 e trouxe novas técnicas para os vinhedos e para as cantinas, além de ampliar as áreas de cultivo da uva.

Em 1990 temos as vinícolas melhoradas, pois ao longo da década de 80 os vinhedos passaram por uma tremenda reconversão, e à partir da abertura econômica do Brasil a produção de vinho ganha impulso. O acesso a diferentes estilos de vinhos e a concorrência com os importados levaram os produtores a melhorar a qualidade.

Em 2002 a vitivinicultura está consolidada em diferentes regiões, do Sul ao Nordeste do país, cada zona produtiva investe no desenvolvimento de uma identidade própria. O pioneiro é o Vale dos Vinhedos, que conquista a Indicação de Procedência em 2002.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, mas com brilhantes reflexos violáceos, com lágrimas finas que marcam no bojo do copo e em razoável intensidade.

No nariz se destacam os aromas frutados, frutas vermelhas e pretas maduras, tais como framboesa, ameixa, amora, morango, as notas amadeiradas se destacam também, mas em sinergia com a fruta e um delicado e agradável toque floral.

Na boca é leve, redondo, equilibrado, a madeira se destaca também no paladar, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho, a fruta também está em evidência, a acidez é equilibrada e dita o frescor do vinho, com taninos aveludados e um final curto.

Mais um sonho atingido com êxito! Sempre quis degustar um vinho artesanal! Esse longa distância se encurtou com o esforço, o interesse que, mesmo diante de olhar pessimista que nutri, ele veio de forma despretensiosa, de uma formal atípica, mas que construí com base no interesse que sempre pautou a minha enofilia. A história desse rótulo, da Família Silotto é a personificação da rica, da prolífica história do Brasil dos imigrantes, do Brasil sofrido, de seu povo batalhador que, em um intercâmbio histórico, edificou a sua história vinífera. Degustar o Família Silotto Merlot é como se estivéssemos degustando a história do Brasil e seus desdobramentos vínicos, mas com os pés calcados no presente, vislumbrando um olhar no futuro. Há sim lugar para os vinhos artesanais, para os vinhos produzidos por pequenos produtores que, apesar de pequenos, são gigantes para a construção de uma indústria do vinho em ascensão. Família Silotto Merlot traz as frutas maduras no aroma e no paladar, traz as notas amadeiradas, com taninos maduros, mas domados, traz personalidade, traz história de um povo que sabe sim fazer vinho! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Família Silotto:

A História da família Silotto em Serra Negra começou quando o italiano da região de Treviso, Pietro Silotto, comprou suas terras no bairro das Três Barras, pois achou muita semelhança com as terras da Itália.

Neste bairro se iniciou a cidade de Serra Negra (O bairro das Três Barras seria inicialmente o centro de Serra Negra, porém pela região extremamente montanhosa, subiram a serra até chegar a um local mais plano, onde é o centro atual).

Veio acompanhado de seus irmãos, Fortunato, Ângela e Henrique. Aqui construiu sua família com treze filhos, dez homens (Basílio, Ermínio, José, Olívio, Quinto, Atílio, aqui todos lavoravam. Cada filho criou sua família, sempre juntos morando na casa acima construída em 1934 por Pietro Silotto. Já mais velho resolveu dividir suas terras entre seus filhos, sendo assim, cada um teve seu sítio e sua casa. Continuou aqui onde tudo começou Quinto Silotto, seu 5º filho.

Família Silotto

Pietro viveu aqui até o final de seus dias, deixando a sede para Quinto Silotto. Quinto também trabalhou muito, teve dez filhos, sete mulheres (Nera, Maria Inês, Dalva, Maria Alice, Elza, Julietta, Bertina) e três homens (Décio, mais conhecido como Neno, Alfeu e José Carlos);

Dois de seus filhos começaram a trabalhar na lavora com sete anos e continuam até os dias de hoje. Cuidam das terras com muito amor, pois foi esse amor que veio desde o começo.

Aqui cuidam da videira centenária plantada por Pietro Silotto, do cultivo da cana e do café e da produção de bebidas artesanais, com a mesma tradição e dedicação de seus antepassados. Tudo isso com muito suor e orgulho.


Mais informações acesse:


Referências:

“Clube do Vinho Artesanal”: https://clubedovinhoartesanal.com.br/vinho-caseiro

“Em algum lugar do mundo”: https://emalgumlugardomundo.com.br/o-que-fazer-em-serra-negra/








sábado, 23 de outubro de 2021

Viñas del Vero Cabernet Sauvignon e Merlot 2018

 

Novos terroirs, novas regiões, novas experiências, percepções... Pois é, nada mais excitante, com o perdão da emoção da palavra, do que ter essas grandes novidades no universo do vinho. Por isso sempre uso o termo “universo” para definir a alegria de degustar vinhos, porque ele é inexplorado, dada a diversidade cultural, regional entre outros quesitos.

E o rótulo de hoje vem da Espanha, justo da Espanha que, em um passado razoavelmente distante, eu tinha dificuldades de escolher vinhos, talvez por uma visão pré-concebida construída pela questão do tal custo X benefício. O que era um mundo intransponível no passado, atualmente se tornou um leque de possibilidades com direito a desbravar novas regiões e experiências.

E esse rótulo se enquadra perfeitamente nessa proposta bem atraente, diria. Uma região pouco conhecida, mas que, aos poucos, vem ganhando alguma notoriedade, graças aos seus rótulos modernos, arrojados, que entregam vinhos mais joviais, mais frutados e com personalidade.

E não para por aí! Esse rótulo, pelo menos para mim, traz outra novidade: trata-se de um blend, um corte tipicamente bordalês, sim, um clássico corte de uma das regiões emblemáticas da França e do mundo: Bordeaux. Um blend de Cabernet Sauvignon e Merlot oriundo de uma região chamada Somontano, na Espanha.

Imaginem a minha animação, a minha euforia em degustar esse vinho. Claro que tais castas tem se adaptado com maestria em terras espanholas, mas a combinação, o casamento das duas em um rótulo para mim é uma novidade.

Sem mais delongas vamos as apresentações. O vinho que degustei e gostei veio, como disse, da região de Somontano, na Espanha e se chama Viñas del Vero, com o famoso corte bordalês das castas Cabernet Sauvignon e Merlot da safra 2018. O vinho de fato é muito, muito bom. Um vinho frutado, saboroso, expressivo, versátil. Mas não entrarei, ainda, em detalhes, pois falarei antes da região de Somontano. Ah cabe lembrar que já tive uma gratíssima oportunidade de degustar um vinho, deste mesmo produtor que vale a pena conferir, o Viñas del Vero Garnacha e Syrah 2018.

DO Somontano

Localizada no nordeste da Espanha, aos pés da Cordilheira dos Pirineus, no coração da província de Huesca, a região de Somontano conta com mais de 440 hectares de vinhas cultivadas. Entre uvas brancas e tintas, prevalecem as de coloração escura, ocupando cerca de 75% dos vinhedos.


Somontano

Com elevados índices pluviométricos, Somontano é conhecida internacionalmente pela capacidade de seus produtores em elaborar vinhos equilibrados com a marcante presença de aromas frutados. A altitude da região - entre 350 e 650 metros– beneficia as videiras com uma conveniente variação de temperatura ao longo do dia, alta enquanto ainda há luz do sol e baixa ao anoitecer, oferecendo às uvas um cenário ideal para que desenvolvam o equilíbrio entre açúcar e acidez.

O nome da região referencia sua principal característica topográfica e quer dizer “sob as montanhas”. Somontano é uma comunidade autônoma da região de Aragão, na Espanha, onde se cultivam mais de 15 variedades de uvas. Os vinhos elaborados nesta área são longevos e frescos, com aromas delicados e coloração intensa, evidenciando a dinamicidade de caráter dos exemplares produzidos na região.

Além disso, Somontano tem um grande apelo turístico ligado à vinicultura local, que oferece não só as belas paisagens, mas principalmente uma notável relevância histórica da comunidade produtora de vinhos.

Aragón

Ainda que a região tenha ganhado o mundo do vinho recentemente, oficializando-se Denominação de Origem Espanhola em 1984, as primeiras documentações sobre a vinicultura em Somontano datam de 500 A.C.. Os tipos de uva tinta mais recorrentes na região são Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah, Tempranillo, Pinot Noir, Garnacha Tinta, Moristel e Parraleta, enquanto no caso das variedades brancas, que representam 25% do cultivo na região, as castas de maior destaque são Sauvignon Blanc, Riesling, Garnacha Blanca, Macabeo, Gewürztraminer e Alcañón.

Somontano dispõe de grande prestígio quando o assunto é inovação técnica vitivinícola. Essa renovação se deve à devastação dos vinhedos franceses pelo inseto filoxera, que impeliu os produtores da região espanhola a fundarem “La Cooperativa Comarcal de Somontano” para suprir a demanda do mercado francês e finalmente se lançar ao mundo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, vivo, com reflexos violáceos brilhantes com lágrimas finas dispersas com média persistência.

No nariz no início mostrou-se um pouco fechado, mas com alguns minutos na taça logo se abriu, apresentando frutas negras maduras onde se destacam a ameixa e amora. Um discreto tostado e amadeirado também foi sentido, mas em perfeita sintonia com a fruta.

Na boca é seco, suculento, com certa estrutura, mas equilibrado, redondo, versátil e muito fácil de degustar. Afinal a Cabernet Sauvignon traz a personalidade ao vinho e o Merlot a maciez. As notas frutadas reaparecem em evidência em perfeito sincronismo com as notas amadeiradas e de baunilha, graças aos 4 meses de barricas de carvalho que lhe conferem elegância, mas alguma complexidade. Tem taninos presentes, mas domados, acidez correta e final médio.

Um vinho nobre, porque mesmo simples na proposta é gigante no que entrega e surpreende porque ultrapassa todas as expectativas. Da simplicidade vem a nobreza! Definitivamente é uma região que preciso me aventurar, a viajar nas taças, nos rótulos. É uma pena que não somos ofertados com tantos vinhos dessa região, mas quem sabe o tempo descortina a oportunidade, o eldorado de uma região que vem crescendo a olhos vistos no cenário vitivinícola espanhol. As informações que coletei na grande Web dão conta de que o ano de 2018 foi desafiador por conta da intensa chuva que caiu na primavera e verão. Mas o enólogo conseguiu desenvolver um vinho expressivo, intensamente aromático e muito equilibrado. E faço jus a essas observações. Um vinho de personalidade, a fruta explode em aromas e é muito versátil, pois, além de marcante é fácil de degustar. Belo vinho! Bela Somontano! Tem 13,5% de teor alcoólico imperceptível.

Sobre a Viñas del Vero:

Viñas del Vero deve seu nome a um rio da região de Somontano, o rio Vero, famoso por suas ravinas, gargantas e desfiladeiros. Viñas del Vero é o melhor e mais reputado produtor da denominação de origem Somontano, localizada aos pés dos Pirineus, perto da fronteira com a França. Fundada em 1986, a bodega rapidamente chamou a atenção da imprensa especializada por seus excelentes vinhos tintos e brancos, que em poucos anos se tornaram vinhos de referência no país.

O produtor foi eleito a “Melhor Bodega de 2002” pelo Guía de Vinos Gourmets, distinção que já havia recebido anteriormente. Os vinhos mais tradicionais de Viñas del Vero, que levam o nome da bodega, são elaborados com uvas nativas e internacionais. A vinícola possui também uma interessante linha de vinhos tintos e brancos varietais. Viñas del Vero também é proprietária da Blecua, que produz dois vinhos de minúscula produção, os maravilhosos Blecua e Secastilla, elaborados apenas com as melhores uvas dos melhores vinhedos de Somontano.

Além dos rendimentos baixíssimos, apenas os melhores barris são selecionados a cada ano. O resultado são vinhos que em pouco tempo se afirmaram entre os melhores e mais disputados vinhos de toda a Espanha. O Blecua 2004 foi indicado ao “Quadro de Honra” do Guía Campsa 2008 como um dos melhores vinhos do país, merecendo 95 pontos. Viñas del Vero é a principal vinícola da região de Somontano, em termos de volume e qualidade dos vinhos produzidos.

A adega possui mais de 700 hectares de vinhedos e elabora, cerca de, 5 milhões de garrafas de vinho por ano. Além disso, seus rótulos são consumidos em mais de 40 países, demonstrando a importância de Viñas del Vero para o mundo do vinho.

Sobre a González Byass, dona da Viñas del Vero:

Em 1835, o jovem Manuel María González Ángel iniciou uma longa carreira dedicada ao mundo do vinho. Tradição, inovação, sustentabilidade e busca pela excelência são seu legado. O jovem empresário Manuel María González iniciou a sua carreira no mundo do vinho como comerciante, associado a Juan Bautista Dubosc e Francisco Gutiérrez de Agüera. Mas o sucesso da sua empresa cresce tão rápido que logo se torna necessário se envolver também na produção. E o faz de mãos dadas com o tio materno, José Ángel, que lhe ensinou tudo o que sabia. Em sua homenagem, batizou a fundadora solera de “Solera del Tío Pepe”.

Assim começa a lenda do Fino mais famoso do mundo, que em 1854, com apenas 20 anos de existência, se tornou uma das referências e o primeiro exportador de vinho xerez, posição privilegiada que manteria por muitos anos. Para aquela lenda que cruzou fronteiras contribuiu o envio das primeiras botas deTio pepeao Reino Unido  por sugestão de Robert Blake Byass, o agente da empresa na Inglaterra, a quem Manuel María recomendou em uma carta para vender um vinho "excepcionalmente pálido".

O sucesso da recepção motivou a associação dos dois empresários a continuar promovendo as exportações. Nesse período, paralelamente à construção da adega La Constancia, a primeira adega de Jerez, foram acrescentadas outras, dentro e fora do território nacional, até hoje, onde a  5ª geração continua a mantê-la como empresa família, mas expandindo nossa paixão por vinhos e bebidas espirituosas para mais de 100 países.

Século 20: diversificação

Embora a primeira aguardente data de 1844 e seja exportada desde os primeiros tempos, a idade de ouro deste "vinho queimado" viria alguns anos depois. Em 1927 a área de envelhecimento do conhaque foi ampliada com a construção da vinícola San Pedro Nolasco e de mais seis vinícolas na mesma área de Jerez, mas foi em 1951 quando lançou o que se tornaria o conhaque mais seleto de González. Byass, o Lepanto. A diversificação de produtos não terminaria com aguardentes. González Byass expande seu compromisso primeiro com o Cognac, comprando uma destilaria na França, e depois com o anis, comprando o Alcoólatra chinchón em 1969, a primeira destilaria de anis e aguardentes da Espanha e a única com indicação geográfica protegida, sendo o início da nossa trajetória no mundo das aguardentes.

Mas a busca por novos produtos e o respeito permanente pela sustentabilidade levaram à criação do primeiro centro privado de pesquisa enológica na Espanha em 1955, CIDIMA (Qualidade, Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Meio Ambiente), que em poucos anos conseguiu demonstrar o que eram. os principais fatores que influenciam a qualidade e é a gênese de inúmeras inovações de produtos, bem como medidas para melhorar o meio ambiente. Mais tarde, eles colocaram o primeiro pé em La Rioja, tornando-se parte da Beronia, uma de suas vinícolas mais emblemáticas da atualidade, e na Catalunha, com a compra da cava Vilarnau, em Sant Sadurní d'Anoia, que produz os vinhos Cavas e Penedés.

Século 21: internacionalização

Na González Byass chegamos à atualidade sendo fiéis às nossas origens, mas avançando para oferecer os melhores vinhos e bebidas espirituosas do mundo. E este compromisso é o que nos levou a crescer para ter 14 vinícolas em terras espanholas, chilenas e mexicanas e uma gama de destilados premium altamente reconhecidos. Assim, como poderia ser diferente, o s. XXI começa com a compra de Finca Moncloa, onde se aposta na tradição de outrora de fazer vinhos tintos de qualidade na província de Cádis e na recuperação da casta autóctone esquecida, Tintilla de rota, seguida da aquisição das Croft, Viñas del Vero e Pazos de Lusco.

Seguindo o espírito inovador do fundador da González Byass, construímos as vinícolas Finca Constanciano coração da província de Toledo. Nos últimos anos, adquirimos a Veramonte no Chile, Pedro Domecq no México e nossa mais recente adição, Domínio Fournier, no coração da Ribera del Duero. Neste período aumentámos a família das bebidas espirituosas com a criação das nossas gamas premium de gins The London Nº 1 e MOM , e Nomad , o nosso whisky, nascido e envelhecido na Escócia, e refinado em Jerez.

Mais informações acesse:

https://www.vinasdelvero.es/vinas-del-vero

https://www.gonzalezbyass.com/

Fontes de pesquisa:

Portal Mistral em: https://www.mistral.com.br/produtor/vinas-del-vero

https://www.mistral.com.br/produtor/vinas-del-vero?adgroupid=111769480760&campaignid=1711766775&gclid=Cj0KCQiAnb79BRDgARIsAOVbhRqVTSvtC82aOMEE45Dj6OnUk5TeQfRxciQOlK4Q6s9RsZDAqlv4DPoaAj7UEALw_wcB

https://www.mistral.com.br/regiao/somontano#:~:text=Ainda%20que%20a%20regi%C3%A3o%20tenha,Somontano%20datam%20de%20500%20A.C..

Portal DO Somontano em: https://dosomontano.com/?lang=en#dop-somontano


 


 




domingo, 17 de outubro de 2021

Gran Legado brut

 

Início de tarde de domingo. Um friozinho fora do roteiro, ventos ocasionais corroborava a temperatura, o sol, em raros momentos, timidamente aparecendo entre as nuvens. Então o que vem à mente? Um vinho mais encorpado, complexo e estruturado. Mas olhei para a adega e decidi subverter o convencionalismo: degustar um espumante nacional, brasileiro. Um vinho leve, menos intenso, sem aquela preocupação latente de fazer análises complexas ou coisa que o valha. Para as jovens tardes de domingo, como dizia a música, um vinho descomplicado.

Mirei os olhos para a adega, olhei cada canto, cada detalhe e todos os rótulos que, no auge do seu merecimento, descansavam e observei um espumante brasileiro! Sim! Um espumante brasileiro! Nada mais pertinente para o que eu procurava, para o que eu ansiava. Tenho alguns muito interessantes, claro, como não encarar o espumante brasileiro assim? Ufanismos à parte, afinal exaltemos os nossos rótulos, os nossos espumantes que tanto projetam, de forma positiva, o nosso vinho globalmente em festivais e concursos de renome. Mas escolhi um que ganhei de presente há cerca de um ano atrás!

Então já era hora de degusta-lo! E já que falei do espumante como um verdadeiro produto nacional, que é o DNA de nossa cultura, de nossas terras, cabe lembrar alguns números que traduzem essa máxima, bem como algumas histórias que fazem dele o que é hoje.

Em 2002, o consumo de espumante nacional era de 4,2 milhões de litros, em 2014 esse número saltou para 16,7 milhões de litros. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), em torno de 75% do espumante consumido no país é brasileiro.

Esses dados não aconteceram por acaso. Há uma série de fatores que resultam nesses valores, como aprimoramento das técnicas de manejo dos vinhedos e na elaboração da bebida nas vinícolas. Além disso, o espumante deixou de ser uma bebida apenas para final do ano e comemorações, e passou a ser pelos consumidores uma bebida do dia a dia.

A história do espumante tem seu início na França, no século XVII, na região de Champagne. Essa região sempre foi produtora de vinhos tranquilos na França, brancos e tintos. Nessa época os vinhos eram comercializados em tonéis, e como fator de desvalorização, caracterizavam-se por apresentar uma tendência efervescente, que era um grande entrave para a conservação e para o transporte a locais mais distantes.

Com a invenção das garrafas em 1680 pelos ingleses, a comercialização dos vinhos ganhou maior praticidade. A partir desse momento, começaram os problemas para os vinhos da Champagne, que sofriam uma segunda fermentação na garrafa, pressurizando e lançando as rolhas e explodindo as garrafas.

Don Pérignon, monge beneditino e tesoureiro da abadia de Hautvillers era responsável pelos vinhos e teve a missão de solucionar esse problema dessa segunda fermentação. Sendo assim, ele começou a estudar esse fenômeno e compreendeu que o que ocorria era devido ao gás carbônico (CO2), recomendando assim, que as garrafas fossem reforçadas.

Segundo a tradição, conta-se que, ao abrir uma garrafa, arrolhada, Don Pérignon foi surpreendido pela espuma da bebida, e quando provou, falou a seguinte frase: Estou bebendo estrelas! Don Pérignon foi quem mais se dedicou ao processo da segunda fermentação na garrafa, atualmente conhecida como método Champenoise.

A produção de espumantes no Brasil teve inicio em 1913, no município de Garibaldi – RS. O autor do primeiro espumante brasileiro foi o imigrante italiano Manoel Peterlongo, elaborado pelo método Champenoise. Dois anos depois a Vinícola Peterlongo era inaugurada no país, dando inicio a trajetória do espumante brasileiro.

A partir dos anos 60 a vinda de empresas multinacionais com grandes recursos, como a Martini & Rossi, Cinzano, Moët & Chandon, Maison Forestier, Almadén modificaram a cara do espumante brasileiro. Passados pouco mais de 100 anos, o Brasil já se consolidou como terroir de referência na elaboração de espumantes de qualidade e a cada safra o espumante brasileiro vem conquistando consumidores no Brasil e no exterior.

E depois desse breve desfile, mas significativa história do nosso espumante, apenas para ter uma ideia, uma dimensão de sua importância atual, vou apresentar, sem mais delongas, o meu rótulo. A minha “primeira vez” com esse produtor que, já que falamos em história, foi um dos primeiros produtores internacionais que chegaram ao Brasil e que contribuiu grandemente para o nosso espumante, a Maison Forestier, o vinho que degustei e gostei veio do Vale dos Vinhedos e se chama Gran Legado Brut, produzido pelo método Charmat, com um corte das castas Chardonnay, Riesling Itálico, Viognier e Glera, sem safra.

Mas antes de falar do vinho continuemos a passear pela história do espumante no Brasil e a importância dos imigrantes europeus para esse processo nas últimas décadas do século XIX quando a reunificação italiana e uma forte crise econômica assolaram parte do continente europeu.

É claro que os imigrantes italianos que para cá vieram, em sua enorme maioria do norte da Itália, não pensavam em vinhos espumantes e – provavelmente – mal conheciam as borbulhas. No entanto, o vinho era essencial em suas celebrações religiosas, era parte indissociável de seus costumes e as uvas tornaram-se rapidamente uma fonte de renda, principalmente para os imigrantes que ocuparam algumas das cidades da Serra Gaúcha.

A vitivinicultura se desenvolveu rapidamente por toda a região no início do século XX, mas concentrada em vinhos brancos e tintos, de produção quase artesanal. “Quase”, pois essa produção feita nas cantinas dos imigrantes passou, aos poucos, a ser comercializada. A virada do século, que viu o País sair da monarquia, abriu as portas para o crescimento da agroindústria, e muitas vinícolas surgiram. A família Peterlongo foi uma das pioneiras do espumante nacional.

Num movimento paralelo, que aproxima a região da longa história da campanha francesa (a região de Champagne), por aqui também os religiosos tiveram um papel preponderante no desenvolvimento da vitivinicultura. Os irmãos Maristas, que chegaram ao sul em 1904, começaram a plantar uvas na região da atual Garibaldi, para fazer o vinho de missa e aquele que acompanhava a mesa dos religiosos. E esses vinhos logo passaram a ser enviados para outras partes do estado, até mesmo para fora dele.

Os Maristas

Foi assim fundada a Granja Santo Antônio, que viria a ser uma das mais importantes vinícolas da região, a Pindorama S/A - Vinhos e Champanhas. Pelas mãos de um irmão de nome Pacômio, a vinícola cresceu e ficou conhecida pela salubridade de suas uvas, por sua organização e pela qualidade dos produtos. Segundo as informações do Arquivo Municipal de Garibaldi, a vinícola, que em 1915 já havia construído uma segunda cantina, armazenava 20 mil litros de vinhos nesse momento, volume que chegou a 400 mil em 1930, época da construção da terceira cantina.

No entanto, foi um imigrante que chegou ao País em condição mais favorecida do que a grande maioria, que teria o privilégio de ser o produtor do primeiro espumante documentado do país: Manoel Peterlongo Filho imigrou para o País por volta de 1875, vindo da região do Trento, e trouxe consigo os conhecimentos da profissão que exercia na Itália, a de agrimensor, e instalou-se num lote na região central da colônia de Conde d’Eu. Por sua profissão de engenheiro, ele foi convidado pela intendência estadual a participar da medição da área que se destinaria ao município de Garibaldi, realizando todo o traçado urbano e rural da cidade, por volta do ano de 1890.

Manoel Peterlongo Filho

Casado com outra imigrante italiana e com 10 filhos (apenas um homem), Manoel trabalhava para o município e produzia vinhos para consumo próprio das uvas plantadas em suas terras, das variedades Malvasia, Moscatel, Vernaccia, Rabosa e Formosa. Com uma pequena produção de espumantes, feitos pelo método tradicional, Manoel já havia conquistado pedidos de amigos e familiares, que compartilhavam taças em sua casa e, em 1913, decidiu inscrever um desses produtos no concurso da primeira exposição de uvas da cidade de Garibaldi. Foi lá que seu espumante ganhou a primeira medalha de ouro e o registro oficial que atesta o início da produção no País. E o resto a gente já sabe.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha, claro, mas reluzente, brilhante com uma concentração de média intensidade de perlages muito finas.

No nariz traz aromas delicados de frutas brancas, cítricas, frescas, com notas florais, de flores brancas, que corrobora seu frescor e delicadeza.

Na boca é leve, elegante, o toque frutado também ganha protagonismo dando algum volume de boca, com um discreto fundo adocicado, mesmo se tratando de um “brut”, mas sem soar enjoativo. Tem uma boa acidez, não sendo muito intensa reforçando sua elegância e um final vivaz e prolongado.

Um típico espumante brasileiro, sim, mas especial e que me arrebatou, de forma significativa, os sentidos, as experiências sensoriais foram divinamente atacadas, de forma beligerante, entregando sabor, tipicidade, mostrando que a tradição pode sim andar junto, de mãos dadas com a modernidade, o dinamismo de uma sociedade, de um mercado que, na mesma proporção do crescimento do nosso espumante, se torna cada vez mais exigente e especialista na degustação de nossos borbulhantes. Pensou em espumante? Pensou em degustar bons espumantes por valores atrativos, honestos e de preços democráticos e justos? Mire seus olhares e intenção aos nossos espumantes! Gran Legado sintetiza, com fidelidade, o nosso terroir e anseios com um espumante leve, fresco, com muita fruta branca, cítrica, com belíssima acidez que traz todo a delicadeza e leveza que um espumante, em sua gênese, deve e pode entregar. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Maison Forestier:

A Maison Forestier é uma das marcas mais clássicas da história do vinho no Brasil. Nascida em 1750, na França, chegou ao país em 1970 como produto importado. Devido ao sucesso de vendas e da sua qualidade, em 1977 instalou-se em Garibaldi.

A vinícola implantou vinhedos experimentais num belo e modelar “domaine”. Foi a grande marca responsável por agregar charme, excelência e valor ao vinho nacional. Agora, toda esta tradição está de volta com os espumantes e vinhos Forestier.

Palavra do produtor:

Unimos à essa tradição francesa nossa experiência de pouco mais de duas décadas com a elaboração da linha Gran Legado Vinhos e Espumantes.

Com produção controlada, os rótulos Forestier e Gran Legado também asseguram qualidade em matéria prima e uma elaboração de excelência, conquistando os paladares nos principais concursos nacionais e internacionais.

Detentora de grandes prêmios é uma linha que esbanja sofisticação com espumantes nobres e exclusivos, além de vinhos finos, leves e frutados.

Mais informações acesse:

http://www.granlegado.com.br/home

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-primeiros-100-anos_9482.html

“Falando em Vinhos”: https://falandoemvinhos.wordpress.com/

 

 

 

 

 

 

 

 

 




 


 


sábado, 16 de outubro de 2021

Partridge Reserva Cabernet Sauvignon 2019

 

Quando falamos em Mendoza, na Argentina, em vinhos argentinos encorpados, estruturados, com complexidade, lembramos, associamos imediatamente na grande Malbec, mas não podemos esquecer a rainha das uvas tintas: Cabernet Sauvignon. Como no Chile e em grande parte do Cone Sul, a Cabernet Sauvignon é famosa e uma das mais consumidas.

E encontrou no solo andino as condições perfeitas para crescer, um novo e já tradicional terroir argentino, de Mendoza para uma cepa francesa. E já que falamos em tradição e do solo argentino, a produção e consumo de vinhos na terra dos hermanos tornou-se tradicional há aproximadamente duzentos anos. Mas a história do cultivo da uva e da produção vinícola no país do extremo sul da América começou já com os colonizadores espanhóis no século XVI.

Devido às ótimas condições de clima e solo da região andina, não demorou para que os vinhedos se desenvolvessem, mesmo que de forma rudimentar, logo no período colonial. Foi a partir dos sacerdotes da igreja católica que a vitivinicultura se iniciou na Argentina: os jesuítas produziam em seus monastérios o vinho necessário para a celebração de suas missas.

No século XIX, com a chegada maciça dos imigrantes europeus na região, algumas novas técnicas de cultivo foram implantadas, e, no mesmo passo, a variedade de uvas também aumentou, diversificando os tipos de vinhos e elevando a produção de vinho na região a um novo patamar. Castas de uvas como Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chenin Blanc vieram junto com esses imigrantes e deram maior qualidade aos vinhos argentinos.

A região mais tradicional de produção vinícola na Argentina é a província de Mendoza, no oeste do país, responsável por mais da metade da produção nacional. Foi nessa região que em 1534 que as primeiras videiras no país foram plantadas, e partir de lá que o cultivo da uva espalhou-se para as outras regiões da Argentina. O Padre Cidrón e o fundador da província de Mendoza, Juan Jufré, foram os responsáveis pela primeira plantação de videiras na Argentina, no séc. XVI. Fonte: Clube dos Vinhos em: Argentina e seu perfeito solo andino.

E com esse breve desfile histórico da vitivinicultura argentina, mas muito significativa falarei do meu rótulo que escolhi para a degustação de hoje e desde já sou um réu confesso da minha afeição pelo Cabernet Sauvignon que vem da Argentina. São marcantes, expressivos e entregam todas as características que a casta pode nos oferecer em todas as suas propostas. Esse vinho me chamou a atenção pelo atrativo valor, antes de qualquer coisa e depois pela sua descrição. Então o comprei e resolvi “aceitar” os riscos, afinal, comprar vinho é, em sua boa parte, aceitar correr riscos.

O momento importante chegou! Um sábado agradável, tranquilo e que conspirava para uma boa degustação, uma degustação à altura do momento, então o ritual foi posto, mais uma vez, em prática. A rolha se desprendeu da garrafa, o vinho derramou na taça, a explosão de aromas incita as papilas gustativas e voilá! O vinho que degustei e gostei veio da abençoada região de Mendoza, da Argentina e s e chama Partridge Cabernet Sauvignon Reserva da safra 2018.

Mas antes do vinho falemos um pouco mais de Mendoza que, embora seja uma região que já massifica o imaginário de inúmeros enófilos, sempre convém detalhar certas histórias que passam despercebidas e que apesar de simples, são significativos para a construção dos rótulos que chegam à nossa mesa.

Mendoza, que fica próxima a cordilheira dos Andes, a altitude varia substancialmente e, por isso, muitos microclimas podem ser encontrados. Disso resulta uma variedade grande de vinhos, alguns dos mais especiais e apreciados da cultura vinícola argentina são dessa região.

Além da província de Mendoza, cujos principais distritos, Lugan de Cuyo, Maipu, San Rafael e Vale do Uco são responsáveis por quase 70% de todo o vinho produzido na Argentina.


Todas essas regiões produtoras são conhecidas mundialmente como Rota dos Vinhos. E, além da importância para a indústria vinícola, servem como atração turística para aqueles que visitam anualmente o país andino – com centros de artesanatos, museus e adegas famosas, a rota é um ótimo lugar para comprar vinhos aprendendo um pouco de sua história e fabricação.

Possui mais de 1.200 vinícolas, com pelo menos 200 abertas à visitação. A Argentina ocupa a posição de 5a maior produtora de vinhos do mundo, e mais de 80% de toda produção está concentrada nesta região. Mendoza tem clima considerado desértico. Praticamente não chove durante todo o ano. O índice pluviométrico (de chuvas) médio anual é de míseros 213mm. (Para se ter uma ideia de comparação, em Petrolina, sertão de Pernambuco, esse índice é de 435mm ano).

Toda a água que abastece a cidade vem do degelo das montanhas em um sistema desenvolvido pelo povo Inca (primeiros habitantes da região). A água escorre por gravidade do degelo das montanhas, e aproveitando o caminho natural das águas são feitas pequenas acequias, canais escavados na terra. Essa água pura e de excelente qualidade é utilizada para irrigar a plantação.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, profundo e escuro, com lágrimas finas e em grande intensidade que marca o bojo.

No nariz uma explosão aromática de frutas vermelhas maduras, tais como groselha e cereja, com as notas amadeiradas vivas, que revela baunilha, um defumado, couro, tabaco.

Na boca é estruturado, com alguma complexidade, alcoólico, mas sem ser agressivo, a fruta aparece também em perfeita sinergia com a madeira, graças aos 12 meses de passagem por barrica de carvalho, garantindo a sua versatilidade, seu equilíbrio, sua harmonia, com as notas amadeiradas aparecendo juntamente com a tosta e o chocolate, com taninos presentes, gordos, mas domados, com acidez agradável e um final prolongado.

Falamos de terroir demasiadamente, de tipicidade, um assunto, um tema tão complexo, tão interminável, com tantos “microclimas” dentro de uma região, parece que, mesmo diante de nossa incapacidade enciclopédica do assunto, parece que quando degustamos um Cabernet Sauvignon argentino, em especial, percebemos as nuances de um vinho produzido em Mendoza desta casta. O Partridge Reserva entrega com fidelidade, com, olha a palavra de novo, TIPICIDADE. Essas impressões, as experiências sensoriais se tornam tão aguçadas que quando, às vezes, falta a questão técnica sobre o entendimento do terroir, nos sobra os sentidos. Percebi que uma das filosofias da Viña Las Perdices, produtor responsável pela linha “Partridge”, é de que os vinhos têm de maturar em barricas de carvalho, tendo o aporte da madeira, sendo incorporados ao vinho, conferindo-lhe estrutura e complexidade o que esse rótulo garante, mas nunca mascarando as características essenciais da Cabernet Sauvignon, sendo um vinho frutado, saboroso, potente, robusto, mas equilibrado e harmonioso: a sinergia perfeita. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:

Partridge Flying,

Partridge Reserva,

Partridge Gran Reserva,

Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/vinhos-las-perdices-o-melhor-do-terroir-argentino/

“Clube de Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/argentina-e-seu-perfeito-solo-andino/

“Vinho Vida Viagem”: https://vinhovidaviagem.com.br/enoturismo-em-mendoza-argentina/









segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Janela Branca Special Selection 2019

 

Ah sim sem dúvida o vinho pode trazer mensagens edificadoras, histórias maravilhosas atreladas a cultura e ao comportamento humano, de um povo, da geografia de suas terras. Costumo dizer que não degustamos o vinho simplesmente, mas degustamos história, cultura de um povo, as características de uma terra e isso sim é arrebatador, afinal é praticamente um intercâmbio cultural tendo a taça como a passagem para esse momento.

E com base nesses quesitos construímos também as nossas predileções, as nossas preferências sensoriais por uma região, por uma casta, por um país. E definitivamente a região de Lisboa está no meu rol de preferidos. Em algumas resenhas, em alguns textos de rótulos que degustei e, claro, gostei, dessa região sempre expus de forma evidente, veemente, o meu caminho, mesmo sem ter sequer ido, a minha preferência por esta terra. Os vinhos que dela são oriundos sempre me transportaram em pensamento, com o coração cheio de alegria e que me proporcionou conhecer, em requintes de detalhes, a sua história.

O rótulo de hoje, claro, de Lisboa, traz a beleza de sua região, o DNA de suas terras, a cultura do seu povo e uma mensagem de muita esperança, de dias melhores e, sobretudo de celebração, como o vinho preconiza. Esse vinho chegou a minhas mãos por intermédio dos “Clubes de Vinhos”, amado e odiado na mesma proporção, mas confesso que, ao divulgarem os rótulos lisboetas, me fez ligar o radar e a adesão ao clube. Decidi literalmente pagar para ver e degustar o quanto antes um dos rótulos ofertados.

Então sem mais delongas vamos ao rótulo que, ao ser desarrolhado, explodiu em surpresas maravilhosas! Sim! O vinho é muito, muito interessante, bem saboroso, direto e jovial, mas saboroso! O vinho que degustei e gostei, claro, veio da região portuguesa de Lisboa e se chama Janela Branca Special Selection, com um blend das castas Syrah (38%), Castelão (32%) e Tinta Roriz (30%) da safra 2019.

Antes de falar de Lisboa e do vinho, algo nele, em seu nome, em especial me chamou a atenção: o seu nome. Janela Branca? No contra rótulo diz, de uma forma quase que poética, de que a janela simboliza a abertura de boas energias e recordações trazidas pelas características desse blend que é típico da região, uma boa mescla de castas francesas, principalmente a Syrah com as castas autóctones, trazendo um vinho moderno e versátil. Falemos de Lisboa.

Lisboa

A região vinícola de Lisboa, também era conhecida como Estremadura e tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. Os vinhos feitos em Lisboa, em grande parte, pertencem a cooperativas, com uma grande variedade de estilos e qualidade. Esta região, onde o "vinho regional Lisboa" é predominante, tem nove DOC´s (Denominações de Origem). O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião. Ainda sofre influencia direta da capital do país localizada em um extremo da região.

O conflito entre a vida urbana e a rural foi intensificado a partir do século XIX com a industrialização e recentemente pelo sistema viário que liga Lisboa a Leiria. Toda a região mantém de forma relevante as unidades de espaço designadas ainda no período romano, as quintas (subunidades de uma vila). As quintas em sua quase totalidade estão voltadas para a produção do vinho.

A história revela que Fenícios trouxeram mudas da Síria e as introduziram na Foz do Tejo e as vinhas se adaptaram bem. A região ficou sob o domínio dos mouros durante quatro séculos e depois de retomada foi reorganizada para recuperar a produção vinícola.

Lisboa

A região dispõe de grande pluralidade de condições de cultivo. Desta variedade, zonas de maior vocação são encontradas e é onde as diversas castas de uvas são utilizadas na produção de vinhos com denominação, regionais, leves, de mesa e licorosos, além de aguardente bagaceira e vínica, espumantes e de uso na mesa.

A região é dividida em nove sub-regiões sendo a maioria Denominações de Origem. Próximo a Lisboa, no sul estão Colares, Bucelas e Carcavelos. Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos ocupam a parte central e Encostas D’Aire ao norte.

Lisboa e suas sub-regiões

É surpreendente que duas históricas denominações da região de Lisboa estejam diminuindo com o tempo, Na região denominada Carcavelos, muito famosa por seus vinhos doces, a maioria das vinhas deram lugar a edifícios. Na denominação Colares, que fica próxima a Cascais, e produz praticamente sobre dunas de areia protegidas por quebra-ventos, encontram-se cada vez menos vinhedos, embora produza vinhos cuja alta acidez lhe permite uma guarda muito longa. Sua uva principal é a Ramisco tânico, dificilmente encontrada hoje em outra região.

A DOC Bucelas é a terceira menor e possui uma longa história na produção de vinhos. A região tem crescido nos últimos anos e ficado mais em evidência pela melhoria de qualidade de seus produtos, especialmente os brancos, considerados dos melhores de Portugal.

Ao norte de Bucelas, ainda no interior, encontra-se a pequena região de Arruda. É como se fosse um delicioso país de conto de fadas: montanhas, um antigo castelo em ruínas, antigas estradas romanas, moinhos históricos (hoje em dia equipados com modernas turbinas eólicas), e vinhedos, principalmente de uvas tintas.

Desde 2002, os vinhos DOC Arruda podem incluir uvas internacionais, como a Cabernet Sauvignon, Syrah, Chardonnay, assim como algumas uvas de classe de outras regiões de Portugal como a Touriga Nacional e Touriga Franca. O mesmo vale para as outras regiões DOC na parte central da área do Vinho Regional Lisboa: Alenquer, Torres Vedras e Óbidos. Neste clima ameno, as uvas podem amadurecer com tranquilidade e produzir muito bons vinhos com boa concentração e acidez.

Ao norte de Arruda, a DOC Alenquer está protegida dos ventos atlânticos pelos montes calcários da Serra de Montejunto. Os produtores altamente motivados, conscientes da qualidade do micro clima único de Alenquer. Na DOC Torres Vedras, é mais frio para o lado do mar da Serra de Montejunto, especialmente no flanco ocidental da região, onde a brisa do mar é mais forte. Esta é uma fonte de vinhos brancos secos, incluindo o de baixo teor alcoólico conhecido como Vinho Leve.

Ao norte de Alenquer a área DOC Óbidos, possui uma bela cidade medieval ainda murada na sua face norte. A região produz vinhos brancos e alguns dos melhores espumantes em Portugal, além de alguns tintos leves e elegantes.

A oeste de Óbidos e tocada pela brisa atlântica, a DOC Lourinhã é uma região montanhosa, onde peras, maçãs , pêssegos e figos disputam espaço com os vinhedos. A região envolve a bela cidade de Leiria, o famoso centro de peregrinação de Fátima e os mosteiros fabulosos da Batalha e Alcobaça, ambos eleitos como Patrimônio Mundial da UNESCO. Seus vinhos brancos e tintos são leves, frescos e pouco alcoólicos.

O clima é temperado em virtude da influência atlântica e não apresenta grandes amplitudes térmicas. Os verões são frescos e os invernos suaves, apesar das zonas mais afastadas do mar serem um pouco mais frias. As vinhas localizadas junto à linha da costa sofrem uma forte e decisiva influência do Atlântico, enquanto as vinhas plantadas no interior, protegidas da influência marítima pelos diversos sistemas montanhosos, beneficiam de um clima mediterrânico. O relevo não é muito elevado, exceto o sul, onde aparecem alguns estratos de basalto e de granito, assentando a região, quase na sua totalidade, em formações argilo-calcárias e argiloarenosas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um intenso vermelho rubi, com tons arroxeados, com uma ótima concentração de lágrimas finas e que mancham as bordas do copo.

No nariz os aromas de frutas maduras são as protagonistas, onde se percebem groselha e ameixa, com notas amadeiradas discretas e também a baunilha, graças ao aporte da barrica, com um estágio parcial de 12 meses e o outro percentual em tanques de aço inox e mais 6 meses evoluindo em garrafa

Na boca é redondo, equilibrado e elegante, muito fácil de degustar, mas, ao mesmo tempo é marcante, pois tem um bom volume de boca, muita fruta, com taninos aveludados e domados, com toques amadeirados, de especiarias doces e uma acidez agradável que torna o vinho versátil, fresco. Final de média intensidade e amadeirada.

Lembram-se quando falei da mensagem que o vinho pode trazer? Pois é, o lindo e colorido rótulo do vinho “Janela Branca”, logo percebi que o colorido, a beleza do lugar retratado, mostra a Lisboa bonita, altiva e cheia de vida, pulsante, com todos os seus atributos comportamentais e culturais, o mundo sendo observado pela janela branca da alegria, da esperança, um novo olhar cheio de perspectivas de um mundo melhor, sobretudo diante dos últimos tempos, do tenebroso caos sanitário que, apesar de tantas perdas, a humanidade é colocada na parede, sendo obrigada a mudar, a rever seus conceitos, sua visão de mundo. O vinho pode ser um companheiro, um aliado muito importante e preponderante para essa drástica e necessária mudança. O alento necessário para esses momentos tão turbulentos, a leveza necessária para encarar os momentos difíceis e continuar seguindo. Um vinho estiloso, saboroso, muito frutado, elegante, redondo, com taninos domados e uma acidez vivaz e instigante. Tem 13% de teor alcoólico.

Ah descobri que esse vinho veio de uma pequena região, localizado em Lisboa, chamada “Arruda dos Vinhos”, famosa pela sua tradição na produção de vinhos, tanto que tem no nome o “vinho”. Desde sempre Arruda dos Vinhos, cujo foral foi entregue em 1172 por D. Afonso Henriques à Ordem de Santiago, foi composta por extensos vinhedos no seu território, chegando a abastecer de vinho grande parte do país. Por isso o vinho sempre fez parte da história da terra. Para mais detalhes da região leia um pouco mais em: Freguesia de Arruda dos Vinhos.

Sobre a Quinta de São Sebastião:

O símbolo heráldico que inspira o cunho da Quinta de S. Sebastião, conta a história de um mártir e Santo Cristão, que acreditou poder demover o Império Romano da perseguição aos cristãos.

Nascido em Roma e valente guerreiro, Sebastião ingressa no exercito romano e chega ao comando da guarda pessoal do imperador – a Guarda Pretoriana. A sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos, levou o imperador a julga-lo como traidor. Depois de executado por meio de flechas foi abandonado pelos soldados, para que sangrasse até a morte amarrado a uma árvore.

À noite uma crente cristã, retirou o corpo de Sebastião para dar-lhe sepultura, ao perceber que este ainda estava vivo, deu-lhe abrigo e cuidados até estar restabelecido. Já recuperado, Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o e pedindo-lhe que parasse com as injustiças cometidas contra os cristãos.

Diocleciano ordenou que fosse espancado até a morte e lançado no esgoto público impedindo que o corpo fosse venerado. Mas o corpo Sebastião acabou por ser resgatado e sepultado secretamente por crentes cristãos.

Anos mais tarde, os seus restos mortais foram solenemente transportados para a basílica onde se encontra até hoje. Nessa altura, a terrível peste que assolava Roma simplesmente desapareceu no momento da transladação. S. Sebastião passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, fome e guerra.

Esta crença alimentava a fé das gentes desta terra, que a acreditavam abençoada e protegida. As romarias, agradecendo a fertilidade da terra e o milagre de ter sido poupada das Pestes que assolaram o País, são testemunho deste fato. A história de S. Sebastião inspirou o espírito lutador e convicto das gentes desta terra, que do vinho faziam e fazem vida. É esta a herança da Quinta de S. Sebastião, a crença e a paixão que os tempos alimentaram de saber e rigor para contar uma nova história.

Hoje, a vida na quinta ainda reserva as tradições, os ritmos e as rotinas que as vinhas ditam. E acreditar na produção de vinhos de excelência não é só uma crença é uma vontade firmada de capacidade, conhecimento e ambição de vida.

A conjugação dos factores climáticos amenos, dos declives soalheiros, da localização geográfica, da proximidade do mar, da protecção da montanha, e claro das pessoas que todos os dias vivem e cuidam das terras e vinhas da Quinta de S.Sebastião, dão corpo ao renascer de vinhos com uma frescura característica e uma identidade muito própria.

Os Vales de diferentes exposições solares e destintos declives de terras férteis, a influência do ar marítimo apaziguado pelas montanhas e a presença de cursos de água, criam um micro-clima equilibrado, perfeito para a produção do que de melhor se faz em Portugal. Formados por calcários, margas, argolas e arenitos, os solos podem considerar-se produtivos, em quase toda a área do conselho Arruda dos Vinhos.

A Quinta de S. Sebastião apresenta um terroir ideal que garante a qualidade das mais variadas castas e se, aos fatores naturais, juntando o carinho e o respeito no cuidado que é dado, obtendo os frutos perfeitos que abrem as portas à criação de vinhos exclusivos, servindo os mais exigentes e rigorosos critérios de seleção.

Por isso, para os tintos, as escolhas da fruta recaíram sobre um conjunto de castas nacionais e estrangeiras, as tintas francesas Syrah e Merlot e as portuguesas Touriga Nacional e Tinta Roriz (Aragonês). Nas brancas a opção foi para as variedades nacionais Arinto e Cercial. Embora em 2007 a primeira vindima não tenha respondido às exigências, já em 2008 o resultado foi o renascer de vinhos com uma forte identidade.

O enólogo Filipe Sevinate Pinto, com quem a Quinta conta desde 2012, abraçou este projeto trazendo todo o seu conhecimento, experiência e criatividade, para levar ainda mais longe os blends que vão fazer desses néctares um marco de prestígio e identidade da Quinta de S. Sebastião.

Mais informações acesse:

https://quintassebastiao.com/

Referências:

“Portugal by Wine”: https://www.portugalbywine.com/pt/regioes/info/lisboa_80/

“Olhar Turístico”: https://www.olharturistico.com.br/regiao-dos-vinhos-de-lisboa/

“Wines of Portugal”: https://www.winesofportugal.com/br/vinhos-e-turismo/wine-regions/lisboa/overview/