sábado, 6 de novembro de 2021

Trisole Nero d'Avola e Syrah 2019

 

É possível aliar em um vinho estrutura e maciez? Pode parecer difícil um ser aveludado e estruturado ao mesmo tempo, mas não com os vinhos oriundos da região italiana da Sicília. Não sou um profundo conhecedor do terroir siciliano, contudo lendo um pouco da história da região, que é demasiadamente ensolarada, percebe-se que as uvas amadurecem bem, entregando vinhos voluptuosos e frutados em uma simbiose invejável.

E parece que um blend produzido por lá entrega essa proposta tão arrojada e especial: Nero d’Avola, casta autóctone daquele país e a francesa Syrah que, de tão importante, se adapta, dada, claro, as devidas particularidades de cada terroir, se adapta com facilidade em qualquer lugar no mundo.

A Syrah traz à intensidade, o corpo, as especiarias tão típicas da cepa, mas sem ofuscar as características marcantes do aroma da Nero d’Avola, além, é claro das notas frutadas desta casta, tão popular e tradicional da Itália, mas que não é tão conhecida globalmente.

Mas mesmo com essa sinergia, desse típico blend da região da Sicília, você ainda consegue identificar aquele contraste em aromas e sabores fazendo com que os rótulos com esse corte ganhem em complexidade e versatilidade, pois são frutados e macios, fáceis de degustar mesmo.

Falo desse blend, pois já o degustei em alguns eventos de degustação e pude testemunhar ou melhor sentir em seu aroma e paladar o que textualizei aqui e agora. E, mais uma vez, poderei ser impactado por essa experiência novamente, agora com um novo produtor, muito importante na região da Sicília e de toda a Itália: Cantine Birgi. Um grande produtor, um belo rótulo, um belo blend, casamentos perfeitos, harmonizações perfeitas para um dia de feriado e descanso.

E convenhamos essa simbiose, essa proximidade do brasileiro com os vinhos sicilianos tem muito ver devido ao clima dessa região. Banhada pelo mar, uma ilha mediterrânea, ensolarada, repleta de praias, um povo hospitaleiro e altivo, enfim, a relação não é apenas com o vinho, mas a cultura e a natureza também trazem relações com o povo brasileiro e essa natureza influencia nos rótulos que chegam à mesa de todos nós, brasileiros.

Bem sem mais delongas vamos ao vinho que degustei e gostei que veio evidentemente da Sicília, na Itália e se chama Trisole com o típico corte Nero d’Avola e Syrah da safra 2019. E já que falamos algo sobre as castas que protagonizam esse vinho, vamos tecer mais comentários detalhados da Nero d’Avola ainda um pouco distante de nossas terras e mesas, bem como da ensolarada Sicília que merece aqui algumas linhas.

Sicília

A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo. É uma ilha vulcânica repleta de praias lindas, paisagens espetaculares e uma arquitetura interessante. Fruto da mistura de civilizações que habitaram a ilha e da cálida hospitalidade de seu povo. A Passagem de diversos povos através durante séculos, a Sicília tornou-se um entreposto importante no Mediterrâneo. É um destino desejado para todo viajante. Mas a Sicília não é apenas conhecida pela exuberante natureza, mas também se destaca quando o assunto é vinho. E isso teve influências na sua cultura e, claro, no seu vinho.


Foram os fenícios que iniciaram o cultivo da videira e a elaboração do vinho na Sicilia, porém foram os gregos que introduziram as cepas de melhor qualidade. Alguns historiadores relatam que antigamente na região de Siracusa (província siciliana), havia um vinho chamado Pollios, em homenagem a Pollis de Agro (que foi um ditador nessa região), que se tornou famoso na Sicilia no século VIII-VII a.C..

Esse vinho era um varietal de Byblia, uva originária da área mais oriental do Mediterrâneo, dos montes de Biblini na Trácia (antiga região macedônica que hoje é dividida entre a Grécia, Turquia e Bulgária). O historiador Saverio Landolina Nava (1743-1814) relatou que o Moscato de Siracusa deriva desse vinho de Biblini, sendo classificado como o vinho mais antigo da Itália.

Já o vinho doce Malvasia delle Lipari (Denominação de Origem do norte da Sicilia) parece ter sua origem na época da colonização grega na Sicilia. Lipari é uma cidade que pertence ao arquipélago das ilhas Eólicas.

Durante o Império Romano, o também vinho doce Mamertino (outra Denominação de Origem) produzido no norte da Sicilia, era muito apreciado por muitos, inclusive por Júlio César e era exportado para Roma e África.

A viticultura na região sofreu uma grande redução com a queda do Império Romano, porém durante a dominação árabe foi introduzida a variedade de uva Moscatel de Alexandria na ilha Pantelleria, que mantém ainda hoje ali o nome árabe Zibibbo. Os árabes introduziram na Sicília suas técnicas de viticultura e também o processo de passificação das uvas.

No século XVIII a indústria enológica na Sicilia teve um grande avanço e começou a produzir o vinho de Marsala que conta atualmente com uma Denominação de Origem Protegida. Esse vinho se tornou conhecidíssimo no resto da Europa graças a um navegante e comerciante inglês chamado John Woodhouse, que ancorou sua embarcação no porto de Marsala para se proteger de uma tempestade. Foi quando provou o vinho local e se apaixonou, resolvendo levar alguns barris para a Inglaterra. O vinho de Marsala fez tanto sucesso por lá que Woodhouse começou a investir na Sicilia comprando vinhedos e construindo vinícolas para produzir vinho de Marsala, se tornando um empresário do setor vitivinícola de grande êxito.

Como na maioria dos vinhedos da Europa, a Phylloxera também atingiu a ilha Salinas, no norte da Sicilia, provocando uma devastação dos vinhedos que foram se recuperando gradativamente com a plantação de novos vinhedos e a criação em 1973 da Denominação de Origem Malvasia delle Lipari.

A região possui um clima e um solo que favorecem muito a viticultura e a elaboração de vinhos, sendo uma das principais atividades econômicas da ilha italiana. A topografia é variada, formada por colinas, montanhas, planícies e o majestoso vulcão Etna. Encontramos vinhedos por toda parte, que vão das colinas até a parte costeira.

Nas colinas os vinhedos são cultivados em terrazas que chegam inclusive a uma altitude de 1.300 metros, o que as videiras adoram, pois proporciona muita luminosidade e uma ótima drenagem. Encontramos vinhedos também na parte costeira da ilha.

O clima na Sicília é mediterrâneo, mais quente na área mais costeira e no interior da ilha é temperado e úmido, podendo ás vezes apresentar temperaturas bem elevadas por influência de ventos procedentes da África. Também possui uma quantidade grande de microclimas por causa da influência do mar. As chuvas são mais comuns durante o inverno com cerca de 600mm anuais. Os vinhedos sicilianos necessitam, portanto serem regados.

O solo na ilha é muito variado e rico em nutrientes em razão das erupções vulcânicas do Etna. Encontramos solos arenosos, argilosos e de composição calcária. Em uma parte da ilha o solo é constituído de gneiss, que é um tipo de rocha metamórfica composta de granito. Em quase todas as localidades da Sicília se elaboram vinhos, e essas regiões vitivinícolas contam com várias DOC.

Sub-regiões da Sicília

As principais castas tintas produzidas na Sicília são: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Nerello Mascalese, Nerello Capuccio, Frappato, Sangiovese, Nero d’Avola e Pinot Nero. Já as brancas destacam-se: Grillo, Catarrato, Carricante, Inzolia, Moscato di Panteleria, Grecanico, Trebbiano Toscano, Malvasia, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Nero d’Avola: “A uva negra de Avola”

A uva tinta Nero d’Avola é a “uva negra da cidade de Avola”, região italiana localizada na costa sudeste da Sicília, mais precisamente na Província de Siracusa. Os vinhos aos qual essa variedade de uva dá origem são encorpados e possuem coloração escura. A Nero D’Avola é utilizada com grande frequência em blend com as uvas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Frappata e Merlot, garantindo maior complexidade de aromas e paladar aos vinhos.

Avola

Porém há quem diga que exista uma incerteza quanto a origem desta casta, apenas a existe a certeza de que essa tinta é uma uva indígena, ou seja, autóctone da Itália. Por também ser chamada de Calabrese, alguns estudiosos acreditam que ela tenha nascido na Calábria, bem na ponta da bota.

Outros defendem que a Nero d’Avola é realmente siciliana. Além de sua terra natal, essa casta tem sido cultivada com sucesso em outros países produtores, como os Estados Unidos, a Austrália, a Turquia e a África do Sul, mas a região de maior expressão dessa casta é, sem dúvidas, na região da Sicília, província responsável pela produção de premiados e elogiados vinhos com estilo intenso e frutado, que resguardam o caráter de vinhos tipicamente italianos.

Na produção siciliana, a uva Nero d’Avola costuma aparecer em dois estilos vitivinícolas diferentes. No primeiro, os vinhos apresentam caráter rico e sabores que referenciam café e chocolate, provenientes do envelhecimento prolongado em barris de carvalho. Já o segundo estilo, mais elegante, sugere sabores como frutas vermelhas e ervas, uma vez que têm curto período de envelhecimento.

Conhecida também como uva Calabrese, a fruta apresenta elevados níveis de taninos e acentuada acidez, acompanhados de aromas intensos que fazem da casta uma variedade interessante e intrigante. Os vinhos Nero d’Avola têm teor alcoólico que varia entre 13,5 e 14,5%.

Esse tipo de uva dá origem a vinhos que acompanham muito bem pratos com o uso de especiarias, como cascas de laranja, folhas de louro e sálvia. Os exemplares que possuem a Nero d’Avola em sua composição podem apresentar algumas características semelhantes aos vinhos produzidos com a uva Syrah, tanto pela tonalidade escura quanto pelo excelente equilíbrio.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo vermelho rubi com reflexos violáceos que protagoniza um reluzente brilho, com lágrimas finas, abundantes e rápidas.

No nariz um ataque de aromas frutados, aromas de frutas vermelhas em compota, onde se destacam a framboesa, a cereja e a groselha, com um agradável toque de especiarias.

Na boca é razoavelmente seco, frutado graças a Nero d’Avola, com uma instigante picância, toque da pimenta típica da Syrah, sendo ainda redondo, fresco, jovial, saboroso e harmonioso. Os taninos são presentes, mas aveludados, domados, acidez equilibrada, álcool sobressai, mas não demostra desequilíbrio e um final curto.

Mesmo que o vinho ganhe contornos globais ele sempre deve levar consigo a tipicidade de sua terra, o apelo regionalista, o tão propagado e cultuado terroir. E esse exemplar da Sicília entregue, com fidelidade, de forma genuína, as características dessa ilha ao sul da Itália. Um vinho versátil, que traz as notas frutadas, frescas, mas que entrega também a estrutura, a personalidade. A casta autóctone combinando, em um casamento explosivo, com uma casta francesa expressando o máximo da Itália. Um vinho solar, literalmente falando, vivaz, marcante e saboroso. Tem 13% de teor alcoólico muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a Cantine Birgi:

A Cantina Sociale Birgi está localizada no coração de um cenário natural de beleza opressora. Este terreno possui uma tradição vitivinícola milenar que foi retomada, valorizada, renovada e reapresentada pela Cooperativa Vitivinícola Birgi, nascida em 1960 pela vontade de produtores apaixonados pela sua terra e orgulhosos das suas origens.

O ano de 1970 foi importante para Cantine Birgi: vendeu os primeiros vinhos a granel para consumo direto, sendo que em 1975 a produção da primeira garrafa, os primeiros vinhos brancos estagiando, pela primeira vez, nas barricas de carvalho.

Em 1990 novos processos e novas produções fizeram com que começassem as primeiras fermentações de mostos limpos. Nos primeiros anos do novo milênio, em 2004, as garantias que as vinícolas Birgi devem oferecer aos seus clientes aumentaram, os processos de controle de qualidade para todas as vinhas foram iniciados.

Em 2013, novos horizontes para a fase de produção surgiram, com o início da viticultura de precisão e novos processos de controlo da qualidade das vinhas e das uvas. A tecnologia a serviço da vinificação adentravam na realidade da Cantina Birgi.

Hoje em dia a adega produz diferentes tipos de vinho para ir ao encontro das necessidades do consumidor: desde vinhos espumantes, a vinhos tranquilos, aos vinhos de sobremesa e meditação, à produção biológica.

Mais informações acesse:

https://www.cantinebirgi.it/en/marsala-wine/

Referências:

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/04/sicilia/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/290-sicilia-o-continente-do-vinho

“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-da-sicilia-italia/

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/01/conheca-a-uva-italiana-nero-davola/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/nero-d-avola

 

 

 

 

 

 

 


 











segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Marquês de Marialva Colheita Seleccionada branco 2018

 

Diz o ditado popular que “o raio não cai mais de uma vez em outro lugar”. Pois bem, no universo do vinho essa frase, a meu ver, não tem muita validade ou pelo menos não deveria ter, diria pelo menos em doses “homeopáticas” e seguras.

Eu explico esse conjunto de charadas: por que não podemos repetir a degustação de um rótulo, de um rótulo que gostamos que marcasse a nossa vida? Podemos fazer melhor: Acompanhar a evolução de um vinho degustando safra por safra e exercitar a nossa capacidade de análise sensorial e reforçar, ou não, a nossa predileção, o nosso carinho por aquela linha de rótulos ou aquele produtor, nos estimulando a buscar novos vinhos, outras propostas dessa vinícola.

Ah e quando falei das doses “homeopáticas” e seguras é não fazer dessa predileção uma temível zona de conforto, isto é, nos render aos mesmos vinhos, da mesma região, do mesmo produtor, das mesmas castas etc.

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei é da Bairrada, Portugal, e se chama Marquês de Marialva Colheita Seleccionada da safra 2018 e tem o blend de castas tipicamente regionais, são elas: Bical (40%), Maria-Gomes (40%) e a mais famosa de Portugal, Arinto (20%). O que eu degustei da mesma linha de rótulos foi o Marquês de Marialva Colheita Seleccionada, mas da safra 2016.

Então, antes de falar do vinho, contemos um pouco da história da Bairrada e das regionais castas, as menos conhecidas, Bical e Maria-Gomes.

Bairrada

Localizada na região central de Portugal e se estendendo até o Oceano Atlântico, especificamente entre as cidades de Coimbra e Águeda, a região vinícola da Bairrada – cujo nome é uma referência ao solo argiloso que a compõe – tem clima temperado bastante favorável às vinhas. A Bairrada é uma daquelas regiões portuguesas com grande personalidade. Apesar de sua longa história vínica, a certificação da região é recente. A Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) para vinhos tintos e brancos é de 1979 e para espumantes de 1991. A Região Demarcada da Bairrada possui também uma Indicação Geográfica: IG Beira Atlântico.

Bairrada

António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho.

O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço.

Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. O grande responsável pelo fortalecimento internacional da região é o engenheiro Luís Pato. Conhecido como o Mr. Baga, Pato tem um trabalho minucioso sobre as uvas, tudo para conseguir um vinho autêntico com o mínimo de interferência externa. A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe.

Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação. Além de refinados e inimitáveis, os vinhos produzidos com esta variedade de uva apresentam muita personalidade e distinção. No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

A localização da DOC Bairrada e suas características de clima e solo fazem dela uma região única. Paralelamente, o plantio das vinhas é feito em lotes descontínuos de pequenas proporções e faz divisa com outras culturas e outros usos de solo. Com isso, seus vinhos são de terroir, ou seja, o local onde a uva é plantada influencia diretamente em suas particularidades. Delimitada a Sul, pelo rio Mondego, a Norte pelo rio Vouga, a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas serras do Buçaco e Caramulo, a região é composta por planalto de baixa altitude.

O solo é predominantemente argilo-calcário, mas há algumas poucas regiões com solos arenosos e de aluvião. O clima é mediterrânico moderado pelo Atlântico. A região recebe forte influência marítima do oceano Atlântico. Os invernos são frescos, longos e chuvosos e os verões são quentes, suavizados pela presença de ventos frequentes nas regiões junto ao mar. A área se beneficia de grande amplitude térmica na época do amadurecimento das uvas. A variação que pode chegar aos 20ºC de diferença entre o dia e a noite.

O Decreto-Lei n.º 70/91 estabeleceu as castas autorizadas e recomendadas para produção de vinhos na DOC Bairrada. A lei descreve as diretrizes para elaboração dos vinhos tintos, rosés, brancos e espumantes. Para a produção de tintos e rosés com o selo DOC Bairrada, as castas recomendadas são Baga (ou Tinta Poeirinha), Castelão, Moreto e Tinta-Pinheira. No conjunto ou separadamente, deverão representar 80% do vinhedo, não podendo a casta Baga representar menos de 50%. As castas autorizadas são Água-Santa, Alfrocheiro, Bastardo, Jaen, Preto-Mortágua e Trincadeira.

Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes (também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha, no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as autorizadas são Cercialinho e Chardonnay. O vinho base para espumantes naturais devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical, Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto, Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.

Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada.  Foi incluída recentemente uma autorização para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete, Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.

Maria-Gomes

Maria Gomes é uma variedade de pele clara conhecida popularmente como uva Fernão Pires. Trata-se de uma variedade aromática e cultivada, principalmente, em Portugal. A versátil uva Maria Gomes é utilizada na elaboração de vinhos brancos secos e serve de base também para vinhos de sobremesa e bons espumantes.

Lima, laranja e raspas de limão são os três aromas mais comuns encontrados nos vinhos Maria Gomes. Em alguns casos, os vinhos apresentam também sabores de mel e bem minerais, com o decorrer do tempo em que vão envelhecendo.

As vinhas da Maria Gomes se adaptam melhor quando são cultivadas em regiões com temperaturas elevadas, principalmente, nas áreas centrais e no sul de Portugal – Bairrada, Lisboa e Ribatejo. Os altos rendimentos dessa variedade necessitam ser controlados pelo produtor, a fim de que seus frutos apresentem complexos aromas e sabores. Além disso, as videiras da Maria Gomes são sensíveis a geadas, sendo inadequada para o cultivo em regiões frias.

A maior parte dos vinhos produzidos a partir da Maria Gomes apresenta excelente complexidade aromática, embora ocorram algumas complicações por parte dos produtores, precisando que alguns cuidados sejam tomados durante a vinificação para que seja produzido um bom vinho.

Os níveis de acidez da uva Maria Gomes podem diminuir consideravelmente no final do crescimento, dando origem a vinhos pouco complexos e “flácidos”, com tendência a serem simples. Apenas os melhores exemplares podem envelhecer por alguns anos na garrafa.

Na maior parte das vezes, os vinhos de Portugal são combinações de duas ou mais uvas, e os vinhos produzidos com a uva Maria Gomes não são exceção. A casta aparece nos rótulos dos exemplares, normalmente, ao lado de outras cepas nativas de Portugal, como a Arinto.

Bical

A Bical é uma uva branca de origem portuguesa utilizada na elaboração de vinhos brancos e espumantes. Cultivada principalmente na região de Beiras, especialmente na Bairrada e no Dão, no centro de Portugal, produz vinhos de elevada acidez, podendo ser aproveitada em blends ou em vinhos varietais.

É caracterizada por sabor frutado e pode apresentar, em anos mais maduros, notas de frutas tropicais. Trata-se de uma casta precoce com elevado teor alcoólico, que apresenta alta resistência à podridão, mas tem como peculiaridade a alta sensibilidade ao oídio.

Também conhecida como Arinto de Alcobaça, Bical de Bairrada, Pintado dos Pardais ou Pintado das Moscas, Barrado das Moscas e Borrado das Moscas, devido à sua aparência nos vinhedos, a uva Bical é, junto com a uva Maria Gomes, é uma das castas mais importantes desta região portuguesa da Bairrada.

Os vinhos elaborados com a casta Bical são bastante macios e muito aromáticos, frescos e de boa estrutura. Respondem muito bem ao envelhecimento em carvalho e ao contato estendido com as borras, resultando em ótimos vinhos. Os melhores exemplares podem maturar por mais de dez anos, adquirindo características próximas a vinhos elaborados com a Riesling. Esta uva também é bastante utilizada em espumantes, muitas vezes misturada com as castas Arinto e Cercial.

Uva bastante precoce, a Bical possui amadurecimento rápido nos vinhedos e pode desenvolver alto teor alcoólico, principalmente se for deixada na videira por um longo período. Quando apresenta acidez acima da média, é utilizada na elaboração de espumantes ou em vinhos de corte com a Arinto.

Na região do Dão ela é conhecida como Borrado das Moscas, pois as uvas maduras nos vinhedos apresentam pequenas manchas castanhas, que lembram muito o desenho de moscas, mas que são apenas sardas na parte externa da fruta. Esta característica faz com que se tenha a impressão de as uvas estarem levemente irregulares.

O consumo dos vinhos elaborados com a uva Bical é indicado em refeições que incluam pratos com peixes e frutos do mar, tais como mariscos com arroz, mexilhões cozidos, peixe branco grelhado com risoto, ou mesmo frango Apricot, entre muitas outras opções.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha, com tendência para o dourado muito brilhante com a manifestação de lágrimas finas e curtas.

No nariz traz uma explosão aromática de frutas brancas, como maçã verde, pera e frutas cítricas como limão, lima e abacaxi, com um delicado floral, flores brancas.

Na boca é fresco, leve, redondo, mas entrega um bom volume de boca, sendo, em alguns momentos, um vinho untuoso, com uma acidez equilibrada e um final prolongado e marcante.

Um raio cai sim e deve, no mundo dos vinhos, duas vezes ou mais nas nossas taças e fazendo um reboliço nas nossas experiências sensoriais, iluminando os nossos dias com ótimas degustações, transformando-os em verdadeiras celebrações, uma verdadeira ode aos vinhos dessa região emblemática de Portugal que não faz tanto sucesso em terras brasileiras: a Bairrada! Espero acompanhar, seguir junto com a linha Marquês de Marialva Colheita Seleccionada, com seus rótulos brancos, safra após safra, desvendando nuances sensoriais que personificam na mais genuína qualidade que catapulta para o mundo a Bairrada e suas castas de forte apelo regionalista! Que venham mais e mais rótulos! Que os anos não passem em termos de qualidade e que retrate a tipicidade dessa região. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Ah aqui cabe uma curiosidade sobre o nome do rótulo:

D. António Luís de Meneses, natural de Cantanhede, foi o 1º Marquês de Marialva, título que recebeu de D. Afonso VI, em reconhecimento da sua valentia ao comando das tropas portuguesas nas batalhas de "Linhas de Elvas" e "Montes Claros" - as mais importantes durante a Guerra da Restauração (1640-1668), quando Portugal recuperou definitivamente a sua independência, após 60 anos de domínio espanhol. Pode-se dizer que a ele se deve o fato de Portugal existir hoje como uma nação independente.

Sobre a Adega Cooperativa de Cantanhede:

A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede.

Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada. Atualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região, representado 25 a 30% da produção.

A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na produção de vinhos com maior qualidade.

Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de Cantanhede.

A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente também nos Vinhos Regional Beiras. Hoje a sua política produtiva assenta num pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas, particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

Mistral: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada

Reserva85: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/maria-gomes

https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bical 


 




domingo, 31 de outubro de 2021

Marquês de Marialva Colheita Seleccionada branco 2016

 

Por isso que digo e direi sempre: o conhecimento remove montanhas! E no universo do vinho essa máxima pode ser sim aplicada e com grande louvor. Por que falo isso? Tem determinadas regiões importantes na produção vitivinícola mundial que lamentavelmente não chega ao Brasil e não me perguntem o motivo.

Então entram em cena os programas de televisão (poucos, é verdade), as mídias sociais, entre outros meios de comunicação do momento, para nos inundar de informação sobre o universo do vinho, das suas castas, das suas regiões entre outras peculiaridades e que, por algum motivo, não chegam a nossas taças.

E a Bairrada é uma dessas regiões que eu sequer conhecia e que fica em Portugal. Portugal tão conhecido pelo Alentejo, Porto, Douro e a Bairrada eu não conhecia. A conheci por intermédio de um programa chamado “Um Brinde ao Vinho”, apresentado pela sommeliere argentina, mas radicada no Brasil chamada Cecília Aldaz que, em uma temporada de seu programa, explorava as principais regiões lusitanas.

Fiquei completamente encantado com a história e com os vinhos, mesmo sem ter degustado um rótulo sequer. Parecia que já tinha degustado inúmeros rótulos daquela região, tamanha foi a identificação com a mesma.

Quando o programa acabou decidi buscar, pesquisar, garimpar novos rótulos dessa região, mesmo com a dificuldade de se encontrar tais vinhos no Brasil. Acessei a internet, a “revirei” de cabeça para baixo e nada encontrei. Já demonstrava, admito, certa descrença em encontrar um vinho da Bairrada.

Mas em uma de minhas incursões aos supermercados próximos de minha casa, em Niterói, fui, para não perder o costume, a adega do mesmo, apenas para ver se tinha algo interessante, sem muitas pretensões. E não é que eu encontrei e adivinhem quais vinhos lá avistei? Sim! Um vinho da Bairrada!

Eram vinhos de um produtor que eu não conhecia, de um tal de Adega de Cantanhede e a linha de rótulos se chamava Marquês de Marialva. De início comprei o Marquês de Marialva Colheita Seleccionada tinto da safra 2014. Eu adorei o vinho! Mas lá tinha, além do tinto, o branco e o rosé.

Após a degustação do tinto voltei lá para degustar o vinho branco que estava em um preço muito atraente. Depois da bem sucedida degustação do meu primeiro tinto da Bairrada, voltei para comprar o branco.

Não demorei muito para degusta-lo. Estava animado! Desarrolhei o vinho e voilá! Um belíssimo e fresco branco da Bairrada! O meu primeiro! Um vinhaço! Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei é da Bairrada, Portugal, e se chama Marquês de Marialva Colheita Seleccionada da safra 2016 e tem o blend de castas tipicamente regionais, são elas: Bical (40%), Maria-Gomes (40%) e a mais famosa de Portugal, Arinto (20%).

Então falemos um pouco da Bairrada e das regionais castas, as menos conhecidas, Bical e Maria-Gomes.

Bairrada

Localizada na região central de Portugal e se estendendo até o Oceano Atlântico, especificamente entre as cidades de Coimbra e Águeda, a região vinícola da Bairrada – cujo nome é uma referência ao solo argiloso que a compõe – tem clima temperado bastante favorável às vinhas. A Bairrada é uma daquelas regiões portuguesas com grande personalidade. Apesar de sua longa história vínica, a certificação da região é recente. A Denominação de Origem Controlada (DOC Bairrada) para vinhos tintos e brancos é de 1979 e para espumantes de 1991. A Região Demarcada da Bairrada possui também uma Indicação Geográfica: IG Beira Atlântico.

Bairrada

Há registros que desde o século X é elaborado vinhos na região. Em 1867, o cientista António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho.

O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço.

Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. O grande responsável pelo fortalecimento internacional da região é o engenheiro Luís Pato. Conhecido como o Mr. Baga, Pato tem um trabalho minucioso sobre as uvas, tudo para conseguir um vinho autêntico com o mínimo de interferência externa. A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe.

Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação. Além de refinados e inimitáveis, os vinhos produzidos com esta variedade de uva apresentam muita personalidade e distinção. No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

A localização da DOC Bairrada e suas características de clima e solo fazem dela uma região única. Paralelamente, o plantio das vinhas é feito em lotes descontínuos de pequenas proporções e faz divisa com outras culturas e outros usos de solo. Com isso, seus vinhos são de terroir, ou seja, o local onde a uva é plantada influencia diretamente em suas particularidades. Delimitada a Sul, pelo rio Mondego, a Norte pelo rio Vouga, a Leste pelo oceano Atlântico e a Oeste pelas serras do Buçaco e Caramulo, a região é composta por planalto de baixa altitude.

O solo é predominantemente argilo-calcário, mas há algumas poucas regiões com solos arenosos e de aluvião. O clima é mediterrânico moderado pelo Atlântico. A região recebe forte influência marítima do oceano Atlântico. Os invernos são frescos, longos e chuvosos e os verões são quentes, suavizados pela presença de ventos frequentes nas regiões junto ao mar. A área se beneficia de grande amplitude térmica na época do amadurecimento das uvas. A variação que pode chegar aos 20ºC de diferença entre o dia e a noite.

O Decreto-Lei n.º 70/91 estabeleceu as castas castas autorizadas e recomendadas para produção de vinhos na DOC Bairrada. A lei descreve as diretrizes para elaboração dos vinhos tintos, rosés, brancos e espumantes. Para a produção de tintos e rosés com o selo DOC Bairrada, as castas recomendadas são Baga (ou Tinta Poeirinha), Castelão, Moreto e Tinta-Pinheira. No conjunto ou separadamente, deverão representar 80% do vinhedo, não podendo a casta Baga representar menos de 50%. As castas autorizadas são Água-Santa, Alfrocheiro, Bastardo, Jaen, Preto-Mortágua e Trincadeira.

Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes (também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha, no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as autorizadas são Cercialinho e Chardonnay. O vinho base para espumantes naturais devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical, Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa, Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto, Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.

Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada.  Foi incluída recentemente uma autorização para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete, Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.

Maria-Gomes

Maria Gomes é uma variedade de pele clara conhecida popularmente como uva Fernão Pires. Trata-se de uma variedade aromática e cultivada, principalmente, em Portugal. A versátil uva Maria Gomes é utilizada na elaboração de vinhos brancos secos e serve de base também para vinhos de sobremesa e bons espumantes.

Lima, laranja e raspas de limão são os três aromas mais comuns encontrados nos vinhos Maria Gomes. Em alguns casos, os vinhos apresentam também sabores de mel e bem minerais, com o decorrer do tempo em que vão envelhecendo.

As vinhas da Maria Gomes se adaptam melhor quando são cultivadas em regiões com temperaturas elevadas, principalmente, nas áreas centrais e no sul de Portugal – Bairrada, Lisboa e Ribatejo. Os altos rendimentos dessa variedade necessitam ser controlados pelo produtor, a fim de que seus frutos apresentem complexos aromas e sabores. Além disso, as videiras da Maria Gomes são sensíveis a geadas, sendo inadequada para o cultivo em regiões frias.

A maior parte dos vinhos produzidos a partir da Maria Gomes apresentam excelente complexidade aromática, embora ocorram algumas complicações por parte dos produtores, precisando que alguns cuidados sejam tomados durante a vinificação para que seja produzido um bom vinho.

Os níveis de acidez da uva Maria Gomes pode diminuir consideravelmente no final do crescimento, dando origem a vinhos pouco complexos e “flácidos”, com tendência a serem simples. Apenas os melhores exemplares podem envelhecer por alguns anos na garrafa.

Na maior parte das vezes, os vinhos de Portugal são combinações de duas ou mais uvas, e os vinhos produzidos com a uva Maria Gomes não são exceção. A casta aparece nos rótulos dos exemplares, normalmente, ao lado de outras cepas nativas de Portugal, como a Arinto.

Bical

A Bical é uma uva branca de origem portuguesa utilizada na elaboração de vinhos brancos e espumantes. Cultivada principalmente na região de Beiras, especialmente na Bairrada e no Dão, no centro de Portugal, produz vinhos de elevada acidez, podendo ser aproveitada em blends ou em vinhos varietais.

É caracterizada por sabor frutado e pode apresentar, em anos mais maduros, notas de frutas tropicais. Trata-se de uma casta precoce com elevado teor alcoólico, que apresenta alta resistência à podridão, mas tem como peculiaridade a alta sensibilidade ao oídio.

Também conhecida como Arinto de Alcobaça, Bical de Bairrada, Pintado dos Pardais ou Pintado das Moscas, Barrado das Moscas e Borrado das Moscas, devido à sua aparência nos vinhedos, a uva Bical é, junto com a uva Maria Gomes, é uma das castas mais importantes desta região portuguesa da Bairrada.

Os vinhos elaborados com a casta Bical são bastante macios e muito aromáticos, frescos e de boa estrutura. Respondem muito bem ao envelhecimento em carvalho e ao contato estendido com as borras, resultando em ótimos vinhos. Os melhores exemplares podem maturar por mais de dez anos, adquirindo características próximas a vinhos elaborados com a Riesling. Esta uva também é bastante utilizada em espumantes, muitas vezes misturada com as castas Arinto e Cercial.

Uva bastante precoce, a Bical possui amadurecimento rápido nos vinhedos e pode desenvolver alto teor alcoólico, principalmente se for deixada na videira por um longo período. Quando apresenta acidez acima da média, é utilizada na elaboração de espumantes ou em vinhos de corte com a Arinto.

Na região do Dão ela é conhecida como Borrado das Moscas, pois as uvas maduras nos vinhedos apresentam pequenas manchas castanhas, que lembram muito o desenho de moscas, mas que são apenas sardas na parte externa da fruta. Esta característica faz com que se tenha a impressão de as uvas estarem levemente irregulares.

O consumo dos vinhos elaborados com a uva Bical é indicado em refeições que incluam pratos com peixes e frutos do mar, tais como mariscos com arroz, mexilhões cozidos, peixe branco grelhado com risoto, ou mesmo frango Apricot, entre muitas outras opções.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha, transparente, com discretos reflexos violáceos e espaças lágrimas finas e rápidas.

No nariz tem a predominância aromática de frutas brancas, delicadas notas de frutas cítricas, nuances tropicais e toque agradável de mineralidade.

Na boca é frutado, fresco, jovial, harmonioso, mas com uma boa presença, um bom volume de boca, que também se deve e muito a boa acidez que traz a sensação de leveza com um final prolongado e duradouro.

Uma maneira muito agradável e linda de descobrir a Bairrada, uma região que precisa e deve ser explorada e que tem e muito a oferecer, entretanto, no Brasil nos esbarramos na escassez de oferta de rótulos e os poucos que temos à disposição e infelizmente em altíssimos valores. Marquês de Marialva, além de ser um rótulo excelente, de um ótimo produtor, a qual atualmente exploro de forma intensa e ávida, entrega valores muito competitivos. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Cantanhede:

A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede.

Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada. Atualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região, representado 25 a 30% da produção.

A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na produção de vinhos com maior qualidade.

Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de Cantanhede.

A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente também nos Vinhos Regional Beiras. Hoje a sua política produtiva assenta num pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas, particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

Mistral: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada

Reserva85: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/maria-gomes

https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bical

Degustado em: 2019

 

 

 

 

 

 




sábado, 30 de outubro de 2021

Adega de Monção tinto 2019

Mesmo degustando, há algum tempo, os gloriosos e agradáveis vinhos verdes da região lusitana de mesmo nome, ainda há lugar para gratas novidades para mim. Sou declaradamente um fã confesso dos frescos, joviais e leves vinhos verdes, afinal não há como não gostar do que eles entregam, pois são definitivamente a cara do que os enófilos brasileiros gostam, parece até carregar o DNA de nossas terras, embora algumas propostas mais complexas e barricadas estejam surgindo de forma exponencial por aí.

Mas não há como não gostar daquele verde leve, fresco, agradável, com boa acidez, despretensioso, saboroso etc. E quando você lembra ou fala dos vinhos verdes o que vem a mente? Alvarinho, Loureiro, a minha favorita, castas que elevam que personificam mundo afora, o conceito do vinho verde.

Mas eu falei de novidades, de gratas novidades! Então vamos a ela: Hoje degustarei um vinho verde tinto! Sim, um vinho verde tinto! Não é uma tarefa muito simples encontrar vinhos verdes tintos, haja vista que a proporção de verdes brancos e tintos é quase um absurdo: 85% para 15% apenas! O que é inacreditável! Então o momento chegou! E vou contar brevemente como esse rótulo chegou a minhas mãos!

Eu estava em um evento de degustação muito legal tendo como protagonista os vinhos verdes aqui no Rio de Janeiro chamado Vinho Verde Wine Experience 2020 e lá vi o estande dos vinhos da famosa e tradicional Adega de Monção. Como eu já conhecia alguns rótulos desse excelente produtor, um deles é o excepcional Muralhas de Monção que degustei algum tempo atrás, decidi conferir seus rótulos. 

Lá, além do próprio Muralhas de Monção, havia outros tantos rótulos desse produtor e vi o tinto deles e exclamei: Nunca degustei um tinto desse produtor! O representante da vinícola, vindo de Portugal, disse: “Então encherei a sua taça com prazer e vai gostar”, disse de forma acalentadora e simpática.

Fiquei animado e degustei: Uau! Que vinhaço! Intenso na sua acidez, essa era o seu destaque, além de um bom volume de boca, muito bom vinho e de, quando lá saí, falei taxativo: Se eu o encontrar irei comprar. Eu já tinha degustado um vinho verde tinto, mas foi há muito tempo, não tive uma memória afetiva dessa degustação, não sei dizer ao certo o motivo.

Enfim, quando em uma das minhas incursões nos supermercados da minha cidade, Niterói, observando atenciosamente aos rótulos nas gôndolas, qual foi o vinho que vi? Aquele mesmo vinho verde tinto que tinha degustado no evento. Ah não hesitei e comprei. Estava em um preço aceitável e levei. Estava animado para degusta-lo, agora toda a garrafa!

Sem delongas direi que o vinho que degustei e gostei que veio claro, da região dos Vinhos Verdes, mais precisamente das sub-regiões de Monção e Melgaço, em Portugal, e se chama Adega de Monção composto pelas regionais castas Alvarelhão (40%), Pedral (30%) e Vinhão (30%) e a safra é 2019. Pois é castas regionais, famosas na região dos Vinhos Verdes, mas não globalmente exceto talvez a Vinhão que é uma das mais conhecidas castas tintas para vinho verde. Então vamos, para não perder o costume, falar das sub-regiões Monção e Melgaço e de todas as castas que compõe esse belo vinho!

Monção e Melgaço

Localizada no Noroeste da Península Ibérica, no ponto mais a norte de Portugal, a região de Monção e Melgaço é uma das nove sub-regiões que fazem parte da denominação de Vinhos Verdes, uma das mais conhecidas de Portugal.

Possui um microclima muito particular, no qual a viticultura se desenvolveu desde o vale do Rio Minho e dos seus afluentes, subindo na meia encosta da montanha, ultrapassando os obstáculos do terreno e da altitude.

Monção e Melgaço

Especificamente lá, no ponto mais ao norte do país, os vinhos mais cultuados são os Alvarinhos. Diz-se, aliás, que a origem da casta seria nesse local às margens do Minho, fronteira natural entre Portugal e Espanha.  A cepa é a estrela de uma região marcada por vinhos que, em sua maioria, são produzidos para serem consumidos muito jovens.

A presença do Alvarinho de Monção e Melgaço estende-se desde o vale do Rio Minho e dos seus afluentes, subindo na meia encosta da montanha, adaptando-se a diferentes tipos de terreno e alcançando razoáveis níveis de altitude. O Alvarinho desta sub-região está pouco exposto à influência do mar e tem, como uma das condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a amplitude térmica na maturação, caracterizada por dias quentes e noites frias. Este fator contribui para a proteção dos aromas e para a persistência do sabor, retendo a sua frescura.

Mas a Alvarinho, apesar de também gerar bebidas para consumo imediato, é capaz de dar mais corpo e estrutura e gerar brancos respeitados e com poder de guarda, destoando um pouco do conceito de vinhos ligeiros.

A fama da região de Monção e Melgaço com seus Alvarinhos é relativamente nova, pois somente a partir dos anos 1930 é que surgiram alguns dos principais produtores locais, como Palácio da Brejoeira, Aveleda e Soalheiro, por exemplo, e mais recentemente nomes como Anselmo Mendes se destacaram produzindo brancos excepcionais com a casta.

A estrela das castas locais é claramente o Alvarinho, que aqui teve a sua origem. No microclima desta sub-região, a casta Alvarinho produz um vinho encorpado, complexo, com um carácter mineral e grande potencial de guarda.

Mas este território produz muito mais:

  1- Vinhos Verdes Brancos

  2- Vinhos Verdes Tintos

  3- Vinhos Verdes Rosados

  4- Espumantes de Vinho Verde

  5- Aguardentes de Vinho Verde

Esta elevada qualidade é o produto de castas indígenas da Região, cultivadas em variações de solos maioritariamente graníticos, e de um microclima atlântico temperado com influência continental, combinados com experiência enológica de topo.

Os vinhos verdes de Monção & Melgaço têm aromas e sabores intensos e concentrados, mineralidade pronunciada, notas distintas, grande potencial de guarda e de evolução em garrafa.

Sobre as castas desse rótulo:

Alvarelhão

Apesar de já ter sido amplamente cultivada em toda a península Ibérica, atualmente ela se concentra, praticamente, só no norte de Portugal, onde muito provavelmente é originária, muito cultivada, particularmente no Douro, Trás-os-Montes e Dão Alguns estudos de DNA tem mostrado sua semelhança com a uva Esgana Cão. Foi antigamente cultivada na região da Galícia, na Espanha, onde era conhecida como Alvarello.

É uma casta tinta de qualidade, recomendada na Sub-Região de Monção, onde é mais intensamente cultivada, casta pouco produtiva e dá origem a vinhos de cor rubi a rubi clara, com aroma delicado a casta, harmoniosos e saborosos.

Conhecida também por Brancelhão em Monção, por Alvarelhão no sul da Região e por Pirruivo em Arouca. É o Alvarelhão da Região do Douro e provavelmente o Brancellao da Galiza.

Pedral

Casta de pouca expansão na região, sendo recomendada particularmente na sub-região de Monção, onde tem como sinónimos 'Cainho dos Milagres' e 'Alvarinho tinto'.

Aparece esporadicamente noutras sub-regiões com outros nomes como 'Perna de Perdiz' em Ponte do Lima, 'Castelão' em Amarante e 'Pardal' em Castelo de Paiva.

São uvas de tamanho médio, de cor azul avermelhada e com sabores frutados particulares. Possui bons níveis de teor de fenólicos, taninos, álcool e ácidos. Não é muito resistente à seca e se adapta a solos frios com alto teor de argila. Prefere poda longa para obter rendimentos aceitáveis. É misturado com outras uvas embora também existam monovarietais.

São uvas que, por si só, dão origem a vinhos bastante rosados. Quando totalmente maduros, tendem a apresentar tons escuros, mas não totalmente pretos. Apresenta vinhos de qualidade, aromáticos, leves, suaves, frutados, harmoniosos e de cor rubi, de médio teor alcoólico, complexos no nariz, com aromas a especiarias, ervas, abrunhos, frutos secos e frutos silvestres. Acidez média a alta. São vinhos que dão bons resultados quando envelhecidos em barricas.

Vinhão

A Vinhão, também conhecida como Sousão ou ainda Sauson é uma uva de pele escura com origens que remontam a oeste da Península Ibérica. A variedade se estabeleceu na região do Douro, onde se estabeleceu e se chama apenas Sousão.

A Vinhão ou Sousão apresenta bagos com tamanho mediano e casca com coloração negro-azulada, com uma excelente capacidade de pigmentar os exemplares. Além disso, a polpa desta variedade tem coloração levemente rosa, onde acaba sendo confundida com outras cepas tintureiras, ou seja, uvas com polpa vermelha e pele escura.

Os vinhos elaborados a partir da uva Vinhão apresentam tons de violeta e conseguem ser muito opacos e escuros que, quando despejados em taças, podem quase ser impenetráveis à luz. Estes exemplares exibem um caráter único, excelentes níveis de acidez, taninos leves e alto teor alcoólico. Os vinhos Sauson, normalmente, possuem aromas mais frutados e amadeirados, podendo exibir também notas de passas.

Apesar de todas estas características, a Vinhão pode produzir também vinhos muito diferentes entre si, ou seja, o estilo dos exemplares dependerá quase que, exclusivamente, da região onde a uva é vinificada e cultivada. Na região portuguesa do Minho, é responsável pela elaboração da maior parte dos vinhos tintos Verdes – rústicos e com elevados níveis de acidez.

Ainda em Portugal, no Douro, a variedade é utilizada na produção dos tradicionais e fortificados vinhos do Porto, onde a mesma é responsável por adicionar excelente coloração e acidez aos exemplares – características essenciais para que os vinhos exibam uma boa capacidade para envelhecer. Também é utilizada na elaboração de vinhos de corte ao lado de outras castas portuguesas, dando origem a vinhos tintos de alta qualidade, que também podem envelhecer muito bem durante anos. Atingem o ápice qualitativo em áreas vinícolas com temperaturas mais quentes, enquanto fora de Portugal, encontra-se o cultivo da Vinhão na Espanha, Austrália, África do Sul e Califórnia.

E agora finalmente o vinho!

Na taça nota-se um vermelho rubi vivo, intenso, escuro, profundo, com nuances arroxeadas, com lágrimas finas e rápidas.

No nariz explode em complexidade aromática, com notas evidentes de frutas vermelhas maduras, muita fruta, com aromas de bosque, terrosos, algo de rústico.

Na boca é extremamente seco, mas saboroso, com bom volume, um vinho cheio, mas redondo, macio, com uma excelente acidez, além daquela famosa “agulha” que faz cócegas na ponta da língua, com taninos pronunciados que traz novamente a sensação de rusticidade. Final longo e prolongado.

Uma grata experiência! Um grato momento degustar um vinho verde tinto com castas com apelo tão regionalista. Um vinho vívido, pleno, fresco, jovem, saboroso, com a sua acidez intensa que nos estimula a degustar, a degustar e a degustar de forma ávida e descontrolada. Aqui não há espaço para o famoso “beba com moderação”. A parcimônia passa longe. Mesmo que diante de seu frescor, leveza de delicadeza, é um vinho de personalidade, pois entrega muito além do que esperei. Excelente! Tem 10,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Monção:

Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho é mais bem representada.

A matéria-prima, aliada à cuidada seleção das uvas à entrega da Adega, conjugada com a tecnologia moderna de vinificação e um contato de proximidade com os clientes, são o garante da qualidade dos seus produtos, produtos estes reconhecidos em Portugal, mas também em grande parte dos países da Europa, África, América do Norte e do Sul.

Entre 1986 e 2004 a Adega de Monção melhorou as condições tecnológicas de resseção de uvas e o processo de vinificação, a capacidade de armazenamento, estabilização e engarrafamento dos vinhos.

Em 1999 aumentou as suas instalações com a criação de um novo centro de receção de uvas e vinificação – o polo de Melgaço, cobrindo assim de melhor forma toda a área geográfica da sub-região em que se encontra.

Entre 2004 e 2006, teve início às obras de criação de modernas estruturas físicas que permitiram alargar a comercialização a nível nacional e internacional, perfazendo um investimento total de 6,5 milhões de euros, infraestrutura que acolheu os novos serviços administrativos, zona de receção de uvas e nova linha de engarrafamento, obra inaugurada em 2008 aquando da comemoração dos 50 anos.

Na antiga casa do Adegueiro e silos do bagaço, em 2005, foi criado o Espaço Histórico e Cultural da Adega de Monção e levou à sua integração na Rota dos Vinhos Verdes, Itinerário do Minho.

Tanto em 1997, como em 2007, a Revista “Vinhos” galardoou-a como a “Cooperativa do Ano”, e, em 2008, o Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e Pescas distinguiu-a com o Prémio Empreendedorismo e Inovação. Em 2009 foi galardoada, pelo IAPMEI, com o estatuto de PME Excelência, estatuto que desde então tem sido renovado todos os anos.

Atualmente a Adega de Monção apresenta uma faturação anual superior a 15 milhões de euros, sendo reconhecida de forma unânime como uma das melhores Adegas Cooperativas do País, assumindo assim um papel de grande importância na economia local. Possui 1720 produtores associados, que somam uma área de vinha de 1237 Ha e produções na ordem dos 8.000.000 Kg anuais, dos quais 60% dizem respeito à casta Alvarinho.

Para ser possível o desenvolvimento desta atividade a Adega de Monção, como previamente mencionado, possui dois polos de produção, que no conjunto tem uma capacidade de receção de uvas de 700.000 kg por dia. Possui ainda uma capacidade de armazenamento de vinhos de 10.328.648 litros. A Adega de Monção possui capacidade de vinificação e engarrafamento da totalidade dos vinhos produzidos, tendo sido para o efeito adquirida em 2005 uma nova linha de engarrafamento com uma capacidade de produção de 6000 garrafas/hora.

Mais informações acesse:

http://adegademoncao.pt/

Referências:

“Centro de Promoção e Interpretação do Vinho Verde”: https://www.cipvv.pt/pt/castas/alvarelhao-brancelho/

“Blog Tribuna do Norte”: http://blog.tribunadonorte.com.br/vinodivinovino/77338

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/conheca-moncao-e-melgaco-e-seus-vinhos-brancos_12910.html

“Vinho Verde”: https://www.vinhoverde.pt/pt/moncao-melgaco

“Centro de Promoção de Interpretação do Vinho Verde”: https://viticultura.cvrvv.pt/pt/casta-pedral

“Vinho do Vinho da Galícia”: https://museovinogalicia.xunta.gal/es/el-vino/uvas-y-vinos-de-galicia/pedral

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/sauson