sábado, 27 de novembro de 2021

Sartirano Figli Dolcetto 2018

 

Modelo piemontês. É assim que a vinícola San Silvestro & Figli define a sua “natureza” de produzir vinhos. E nada como aliar suas produções a regiões emblemáticas como a magnifica Piemonte, lendárias pelos seus grandes vinhos que vão dos poderosos Barolos, com o potente Nebbiolo aos vinhos mais frescos, diretos e frutados. E quando um produtor se auto intitula um “modelo piemontês” é porque se entrega, de corpo e alma, ao terroir daquela região.

Piemonte traz castas emblemáticas, traz rótulos históricos, traz vinhos múltiplos em suas propostas. Alguns eu já degustei e gostei, nada melhor, por exemplo, como um Barbera, mas ainda faltava uma casta muito famosa por aquelas bandas, que geralmente aparece em blends, me aparece em varietal. Ah que maravilha, era tudo que eu precisava, jamais esperaria encontrar um vinho da casta Dolcetto.

E esse rótulo em especial não foi garimpado, não foi uma busca, mas parece que ele veio até mim, como se estivesse querendo se revelar diante dos meus olhos. O preço estava muito atrativo, afinal, trata-se de um varietal da casta Dolcetto o que não é muito comum encontrar em terras brasileiras.

A compra foi sacramentada, o vinho estava gozando de um espaço privilegiado na adega e até demorou relativamente um tempo para ser degustado, afinal talvez estivesse aguardando um momento importante, ou melhor, o momento importante para degustar esse vinho.

Então sem mais papos vamos às apresentações do vinho que degustei e gostei e, amigos, que belo vinho, que vinho versátil, muita fruta, mas carregado de personalidade e expressividade, aquele vinho com o típico caráter do Piemonte, a cara da Itália. Falo do Sartirano Figli da casta Dolcetto, do Piemonte, da safra 2018. Então, também para não fugir à risca vamos de história, vamos de Piemonte e Dolcetto, um casamento perfeito.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos. Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

Dolcetto

Nem só das uvas Nebbiolo e Barbera são feitos os italianos clássicos do Piemonte, região noroeste da Itália. Muitas vezes subestimados, os Dolcettos (em italiano, 'ligeiramente doces' ou 'docinhos'), produzidos com a 'eterna' terceira uva do Piemonte são belos vinhos, mais frutados e macios e dificilmente apresentam caráter doce que seus poderosos conterrâneos, os Barolos e Barbarescos, feitos a partir da Nebbiolo, e os Barberas. Os Dolcettos são bastante tânicos, frescos e secos.

No Piemonte, as três uvas fazem parte de uma equação que determina a paisagem. Nebiollos só amadurecem em locais bem ensolarados, Barberas, embora menos exigentes, também têm lá suas suscetibilidades, a Dolcetto, ao contrário, é uva fácil de cultivar e que amadurece rapidamente, por isso ocupa os locais menos ensolarados dos vinhedos, muitas vezes os mais altos. Tradicionalmente, a Dolcetto produzia vinhos que podiam ser consumidos muito jovens, e muito antes das outras duas, o que ajudava a equilibrar o cash flow das vinícolas.

Sendo uma das uvas mais alegres da região de Piemonte, a casta Dolcetto é levemente fermentada no processo de vinificação, tal processo é realizado por produtores de renome que conhecem extremamente bem as características e propriedades da uva Dolcetto. A leve fermentação da uva faz com que seja extraído da casta a quantidade ideal de taninos para a elaboração de vinhos tintos secos maravilhosos.

Utilizada em deliciosos e espetaculares vinhos tintos, a casta Dolcetto da região de Alba produz um dos melhores vinhos provenientes da casta. A Dolcetto D´Alba, cultivada em uma comuna do Piemonte, é considerada DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), sendo 80% dos exemplares de vinhos elaborados com a casta consumidos no próprio país de origem. Os rótulos produzidos a partir da cepa Dolcetto D´Alba possuem caráter rústico com taninos bastante leves e coloração rubi.

Além de Alba, um pequeno lugarejo, localizado na mesmo província de Cuneo, escapa à essa lógica de produção tradicional: Dogliani, uma comuna minúscula situada perto de Turim. Lá, a Dolcetto reina absoluta e ocupa todos os melhores espaços dos vinhedos. Por conta disso, Dogliani tem sua própria DOCG desde 2005, garantia de qualità superiore.

Muitos dizem que os Dolcettos são vinhos italianos com jeito de vinhos do Novo Mundo. E, de certa forma, isso se explica. Ainda que o nome remeta a um sabor adocicado, a uva Dolcetto produz vinhos muito tânicos e de baixa acidez, com alto teor alcoólico, mas que ainda assim são perfeitos para serem consumidos no dia a dia. Ao contrário da realeza italiana da região piemontesa, que pede obras de arte gastronômicas para uma harmonização digna, caem como luvas ao acompanhar os pratos clássicos de massa da Itália, como spaghettis com molho bolonhesa ou polpettas.

Conhecida também como Ormeasco na região da Liguria, a uva Dolcetto vem conquistando muitos admiradores no mundo do vinho, ganhando bastante espaço em países do Novo Mundo com exemplares bastante potentes, secos e com graduação alcóolica elevada. 

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi com reflexos violáceos de um reluzente brilho, lembra um Pinot Noir, com poucas lágrimas e que logo se dissipam.

No nariz goza de uma exuberância aromática protagonizada pela fruta, pelas frutas vermelhas onde se destacam a framboesa, o morango e a groselha, com notas de especiarias, talvez algo de herbáceo, um inusitado amadeirado, apesar de não estagiar em barricas de carvalho.

Na boca é seco, de leve para médio corpo, com um bom volume de boca que lhe confere alguma personalidade, a fruta dá o tom, com taninos gulosos, mas domados, uma acidez equilibrada, correta dando ao vinho frescor e uma jovialidade, com um final de média intensidade calcada na fruta.

Ah que maravilha! Que momento especial! A terceira casta Piemonte sendo degustada por mim pela primeira vez. Essa noite ela se tornou a primeira e única do Piemonte. Não sou muito simpático a essa questão da posição das castas essenciais do Piemonte. Cada casta trazem as suas particularidades, as suas peculiaridades, as suas propostas, primordialmente. Depois do Barbera, agora um Dolcetto e em breve será um Nebbiolo. A santíssima trindade do Piemonte. Este Sartirano Figli entrega, com fidelidade, o que um Dolcetto pode e deve apresentar: fruta, muita fruta, frescor, mas personalidade marcante. Um vinho versátil, equilibrado, vivaz e pleno. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a San Silvestro & Figli:

A vinícola San Silvestro está localizada em Novello, no coração do distrito de Barolo. Aqui, Paolo e Guido Sartirano administram o negócio com sabedoria e respeito pela tradição e pela história. Eles representam a quarta geração e são respeitosos com o trabalho que sua família fez para estar onde estão hoje.

Investimentos para o futuro, com atenção aos valores que aprenderam com seus ancestrais: consistência, autenticidade e inovação. Cada copo de vinho incorpora esses três princípios na produção de vinhos que refletem a singularidade dessa grande área. Trabalhando em estreita colaboração com viticultores de diferentes áreas vinícolas (7 hectares de vinhedos), através de parcerias estabelecidas por meio de contratos de longo prazo, que podem durar por gerações.

Dessa maneira, confiança e cooperação se tornaram fundamentais e de ambos os lados. A seleção profissional e rigorosa entre os produtores de uvas é um ponto forte em San Silvestro. Por fim, San Silvestro oferece uma variedade de vinhos que vão de Gavi a Barbaresco pelos distritos de Asti e Barolo.

Mais informações acesse:

https://www.sansilvestrovini.com/?lang=en

https://www.sartirano.com/?lang=en

Referências:

“RBG Vinhos”: https://www.rbgvinhos.com.br/blog/dolcetto-uma-uva-nada-doce-e-cheia-de-potencial

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/dolcetto

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

 

 


 


sábado, 20 de novembro de 2021

Sanjo Núbio Sauvignon Blanc 2017

 

Depois da grande experiência que tive, a minha primeira, diga-se de passagem, com o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2010, da região da São Joaquim, na Serra Catarinense, decidi ir à garimpo de mais vinhos dessa região, afinal, os vinhos de altitude são verdadeiramente especiais e longevos. Sim! A longevidade, os vinhos de grande potencial de guarda são a tônica dessa exuberante região e para mim que está se interessando, de forma ávida, nesses vinhos, São Joaquim parece ser a escolha ideal.

Entretanto esbarramos nos altos valores de alguns rótulos ofertados dessa região. É claro que valores é muito relativo, mas para um simplório assalariado como eu e como milhares de brasileiros, fica impossível investir em vinhos na faixa dos R$ 150,00, por mais que de fato esses vinhos se enquadrem na condição de “investimento”, pois diante de suas propostas de longevidade, você pode deixa-lo evoluir e degustar um vinho com 10, 15 ou até 20 anos de safra!

Como esse Sanjo Núbio da casta Cabernet Sauvignon 2010 que, com os seus 11 anos de safra estava no auge, pleno, vivo, intenso, complexo e que ainda tinha muita vida pela frente. 

E não é somente a região de São Joaquim, que recomendo a leitura de sua história nesta resenha que fiz do Núbio Cabernet Sauvignon, mas também o que me chamou a atenção foi esse rótulo da Cooperativa Sanjo que também debutei na degustação. Como pode um vinho, com essa proposta e complexidade, ter um custo X benefício tão bom, tão atrativo? Pasmem, na faixa dos R$ 60,00!

Então fui buscar novos rótulos dessa jovem vinícola que começou como um proeminente produtor de maçãs e que, há pelo menos 20 anos atrás decidiu investir no ramo de vinhos, mas depois tem mais história desse produtor.

Achei alguns vinhos, alguns rótulos dessa vinícola e, sempre que possível, fui adquirindo, rótulo a rótulo. Infelizmente não há tantos sites especializados ou supermercados que ofertam os rótulos da Sanjo e pude observar que eles dispõe de uma razoável, de uma vasta, diria, gama de rótulos em todas as escalas de propostas, mas com grande parte deles tendo, entre outros, a característica da longevidade, que é o carro-chefe da região de São Joaquim.

E no rótulo que escolhi para degustar hoje nesta agradável noite de sábado, já tradicional em minhas degustações vínicas, teve como impulso, como estímulo para a escolha, além do produtor e da região a qual foi concebida, um detalhe que eu desconhecia sobre essa região: é de que a Sauvignon Blanc de São Joaquim é considerado os melhores produzidos desta cepa no Brasil! Fiquei curioso e aproveitei que estava em busca de novos rótulos da Sanjo e de que estes têm valores bem acessíveis, e achei um Sauvignon Blanc por eles produzidos.

Então, sem mais delongas, apresento o vinho que degustei e gostei da região de São Joaquim, na Serra Catarinense, que se chama Sanjo Núbio Sauvignon Blanc da safra 2017. E para ilustrar, em linhas históricas, a percepção sensorial maravilhosa que tive deste belíssimo vinho, falemos um pouco da história de crescimento gradual de qualidade da Sauvignon Blanc nas terras de São Joaquim e do quão maravilhoso a casta ter se adaptado muito bem à esse chão, a esse solo.

"Defendo que nós, produtores, devemos abrir um processo e buscar a denominação de origem dos vinhos de Sauvignon Blanc da altitude de Santa Catarina para caracterizar bem nossos diferenciais de solo, clima e da qualidade da própria uva e do vinho”.

                      Acari Amorim, sócio-fundador da vinícola Quinta das Neves.

Com essa afirmação já mostra quão relevante tem se tornado a questão do Sauvignon Blanc catarinense.

A vitivinicultura na Serra Catarinense surgiu aos olhos dos consumidores brasileiros há pouco tempo. Foi somente no final dos anos 1990 que alguns produtores passaram a apostar na fria e alta região serrana do entorno de São Joaquim. Com altitudes que variam de 900 a 1.400 metros acima do nível do mar, além de temperaturas excepcionalmente baixas e solo predominantemente basáltico, o potencial de seu terroir ainda está sendo bastante testado por enólogos e viticultores, mas, nos últimos anos, uma casta vem se destacando: a Sauvignon Blanc.

Mas por que a Sauvignon Blanc parece se adaptar tão bem ao terroir de Santa Catarina? O significado do nome Sauvignon deriva de ‘selvagem’ e, no clima da altitude catarinense, ser selvagem é uma condição básica de sobrevivência. O segredo da adaptação dessa uva está no seu ciclo intermediário. O período entre a brotação e a maturação das uvas não é precoce nem tardio, e essa característica tem permitido escapar das geadas extremas de início e final de ciclo. Por ser uma variedade de ciclo médio e que brota mais tarde, portanto com menor risco de perdas por geada (consegue escapar da maioria das geadas do início da primavera e que frequentemente gera sérios problemas para uvas como Chardonnay e Pinot Noir), ela se adaptou bem ao terroir de altitude catarinense.

As características da Sauvignon Blanc fazem com que ela suporte o clima catarinense: O ápice do broto da variedade é bem algodonoso – envolto em uma espécie de lanosidade –, e a casca da uva é espessa e resistente. Essas características ajudam muito a planta a suportar o frio. Também é um varietal que tolera o vento, que sopra forte na região.

Os enólogos são unânimes em afirmar que o bom desempenho da Sauvignon Blanc em Santa Catarina está em sua equação com as características climáticas locais. Quando as outras castas tendem a sofrer um pouco diante da climatologia do estado, ela, por sua vez, não apenas suporta as intempéries, como se beneficia delas.

Ainda se está em uma latitude em que a corrente marítima quente (Corrente do Brasil) vinda do norte se encontra com a corrente marítima fria (Corrente das Falklands) vinda do sul e isso permite viver as quatro estações do ano em um único dia, várias vezes no mesmo dia.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo amarelo claro de um reluzente brilho, com alguns reflexos esverdeados.

No nariz uma boa expressão aromática, tendo como protagonistas as frutas brancas, tropicais frescas, tais como maçã-verde, pera, melão, goiaba e cítricas como limão e abacaxi, com toques herbáceos, especiarias e um agradável flores, flores brancas.

Na boca é marcante, goza de grande personalidade, mas, por outro lado, é delicado, elegante, tornando-o ainda jovial, apesar dos seus 4 anos de safra, e fácil de degustar. As frutas ganham destaque também, com uma acidez acentuada que torna o vinho longo, com um final prolongado e fresco.

A busca por novas percepções sensoriais, novos terroirs, o garimpo por novidades, as gratas surpresas, tudo corrobora que a zona de conforto não é uma boa condição para enófilos que buscam grandes e infindáveis novidades que faz do universo do vinho algo inexplorado, altamente inexplorado, arriscaria. Uma casta que já é velha conhecida, como a Sauvignon Blanc, ainda trazer grandes novidades em suas características de uma região que para mim e para o cenário vitivinícola brasileiro, ainda é novo. Há muito a se explorar, há muito a degustar e é tão bom que essa nossa estrada não tenha um fim, uma chegada. Sanjo Núbio Sauvignon traz o máximo da expressão aromática, frutas brancas, silvestres, cítricas, com sabor marcante, de personalidade, intenso e persistência. Um vinho maiúsculo e que faz frente a qualquer rótulo dessa casta produzida na França e no Chile, por exemplo. Que venham mais vinhos de altitude! Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:

Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.

No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.

A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude, contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra Catarinense. São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção de uvas para a elaboração de vinhos.

Mais informações acesse:

http://www.sanjo.com.br//



quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Valtier Reserva Tempranillo e Bobal 2013

 

Mais um daqueles dias especiais de degustação que, mesmo previamente, já decretei especial. Explico: pelo simples fato de ser mais um vinho com safras especiais, aqueles vinhos com alguns anos de vida e que tem me atraído de uma forma diria arrebatadora, progressiva.

Mesmo que eu ainda não tenha aquela experiência sensorial, uma capacidade enorme para identificar alguns aromas, sabores e características, parece que a simbiose com esses rótulos são tão longevas quanto o tempo desses de safra. Uma espécie de duradoura relação, mesmo que seja por pouco tempo, sobretudo no quesito quantitativo.

Mas mesmo que a minha experiência ainda não seja a suficiente para o entendimento e interpretação na análise desses vinhos, tenho me esmerado na escolha e compra de rótulos com essa proposta, tão difícil nos dias de hoje, haja vista que o mercado está mais preparado para os vinhos frutados, ligeiros, jovens.

Sempre me pego olhando, admirando a adega, já sitiada por vinhos com mais de dez anos de vida, de garrafa, evoluindo, vagarosamente, melhorando, afinando, a cada dia, a cada minuto, para nosso deleite. São vinhos especiais, singulares, sem dúvida alguma.

E os vinhos espanhóis têm recheados grandemente a minha adega, os vinhos reserva, crianza, gran reserva. O rigor da legislação espanhola para que estes vinhos ostentem esses “títulos”, o terroir enaltecido pelos produtores, o apelo regionalista, tudo conspira para vinhos especiais, imponentes e delicados, ao mesmo tempo.

E o rótulo de hoje personifica todas essas percepções e está, já que falei em adega, há pelo menos 2 anos evoluindo na adega, quase 9 anos de safra, 8 anos para ser exato, esperando o explodir da rolha e inundar a minha simples taça. Sem mais delongas vamos ao nome: o vinho que degustei e gostei veio de uma região ainda pouco conhecida por aqui, Utiel-Requena, na Espanha e se chama Valtier Reserva da safra 2013, com um corte bem interessante de Bobal (50%) e Tempranillo (50%).

E já que falei do blend inusitado, haja vista que a Bobal ainda é uma casta não muito conhecida entre nós, brasileiros, mas muito famosa e importante em Utiel-Requena, e a mais famosa da Espanha no mundo inteiro, Tempranillo, convém falar um pouco desta região e da sua relação com a nossa Bobal, que também merece algumas linhas a seu respeito.

Utiel-Requena

A Espanha possui a maior área cultivada de Vitis Vinifera do mundo, embora em volume de produção ocupe somente a terceira posição. Trata-se de um amplo território o qual nos presenteia, ano após ano, com vinhos exuberantes e geralmente de bastante personalidade: o emblemático Jerez fortificado da Andaluzia, tintos de Rioja, Priorat e Ribera Del Duero, brancos de Rueda, entre outros. É natural que, entre as 13 macrorregiões a qual está dividida, existam sub-regiões as quais permaneçam relativamente ocultas do grande público, mesmo daquele consumidor habitual de vinhos. Algumas preferem manter o “anonimato”, dedicando sua produção ao consumo regional; outras, porém, dedicam esforços incansáveis no sentido de promover seu terroir, suas cepas endêmicas, a tipicidade de seus vinhos e as melhorias em seu processo produtivo. Este é o caso de Utiel-Requena.

Utiel-Requena

Recentemente, foram descobertos registros arqueológicos que comprovam que, desde o século V a.C., era praticada a vitivinicultura na região de Utiel-Requena. Sítios arqueológicos como El Molón, em Camporrobles, Las Pilillas, em Requena e Kelin, em Caudete atestam o passado vinícola da região. Quando do domínio romano sobre a região, estes introduziram novas técnicas de vinificação, propiciando a melhora dos vinhos ali produzidos. Utiel-Requena têm sua história também ligada ao período conhecido como Reconquista: a retomada, a partir do século VIII, do controle europeu dos territórios da Península Ibérica, dominados pelos árabes (mouros) desde o século VI.

Muitas das cidades da região foram fundadas e/ou possuem grande influência islâmica em suas construções, bem como vestígios de fortalezas e construções mouras, como a cidade de Chera, por exemplo. Em 1238, a região cai sob o domínio do reino de Castela. No século seguinte, após conflitos envolvendo este reino e seu vizinho, Aragão, ocorre a união entre a rainha Isabel (Castela) e Fernando (Aragão), conhecidos como os Reis Católicos, e, após a conquista dos demais reinos ibéricos por estes (exceto Portugal), constitui-se o Reino da Espanha.

Utiel-Requena, consequentemente, torna-se domínio espanhol. Durante o século XIX, eclodem na Espanha as Guerras Carlistas, que dividem a população espanhola entre os partidários do absolutismo e do liberalismo; reflexo de outras manifestações do mesmo cunho ocorridas Europa afora. Utiel (absolutista) e Requena (liberal), assim como as demais cidades da região, assumem posições antagônicas, situação somente resolvida com a conclusão da Primeira Guerra Carlista.

Utiel-Requena localiza-se na porção leste do território espanhol, dentro da província de Valencia. Situa-se numa zona de transição entre a costa mediterrânea e os platôs da região da Mancha. Seus vinhedos localizam-se predominantemente entre os rios Turia e Cabriel. A região possui um dos climas mais severos de toda a Espanha. Os verões costumam ser longos e quentes (máximas por vezes de 40 graus), enquanto os invernos são muito frios, com ocorrência frequente de geadas e granizo (mínimas podem chegar a -10 graus).

No entanto, as vinhas encontram-se adaptadas a tais rigores e oscilações e, como atenuante, sopra do Mar Mediterrâneo o Solano, vento frio que ajuda a suavizar o efeito dos quentes verões da região. O solo possui cor escura, de natureza calcária e pobre em matéria orgânica. Utiel-Requena é uma DOP (Denominación de Origen Protegida – Denominação de Origem Protegida) pertencente a Comunidade Valenciana, a qual possui certa autonomia em relação ao governo central espanhol. Não possui sub-regiões.

Bobal

As primeiras notícias da Bobal datam do século XIV. Da costa de Valência, esta uva estabeleceu-se com sucesso em outras regiões do interior da Espanha. Lugares como Utiel-Requena, Ribera e Manchuela, todas Denominação de Origem Controlada, tem a Bobal como uma das suas principais variedades, chegando seu cultivo ser quase que majoritário.

A Bobal é pouco cultivada fora da Espanha, há plantações dela nas regiões de Languedoc-Roussillon, no sul da França, e da Sardenha, na Itália. Dentro dessas regiões é também conhecida por requena, espagnol, benicarlo, provechón, valenciana, carignan d’espagne, balau, requenera, requeno, valenciana tinta ou bobos. Seu nome é derivado da palavra latina Bovale, que significa touro, e refere-se à semelhança que os seus cachos têm com a cabeça de um touro.

É uma uva de porte médio para grande, com bagos redondos e cheios de sumo; além disso, apresentam quantidade razoável de taninos e sabores de chocolate e frutos secos. Seus cachos, por sua vez, são muito grandes, bem compactados e pesados.

Dá-se muito bem com climas mediterrâneos. Elabora diferentes tipos de vinhos, com especial destaque para os vinhos rosés, sempre jovens, com muita cor e com boa acidez; a Bobal ainda é responsável pelos aromas frutados destas bebidas. Os tintos desta uva são pouco alcoólicos, mas muito saborosos, vinhos de coloração cereja escura profunda e boa estrutura de taninos.

Por sua versatilidade e acidez adequada, a Bobal pode ainda ser ainda utilizada para produzir espumantes. As peles grossas de Bobal têm uma elevada quantidade de uma substância que dá cor intensa aos vinhos, bem como presenteia a bebida com uma presença importante de taninos finos, esse é um dos motivos que tem dado a esta uva um destaque especial na produção espanhola, principalmente na região de Manchuela, cujo status de Denominação de Origem deu respaldo ao cultivo da Bobal e aos os vinhos elaborados com ela frente ao mercado interno e externo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, mas com reflexos violáceos que traz vivacidade e beleza, com lágrimas finas e em abundância que desenham as bordas do copo.

No nariz ainda nos entrega frutas negras, apesar dos seus 8 anos de safra, tais como ameixa, amora, groselha preta, com notas amadeiradas, toques de café e tostado, além de especiarias, onde se destaca pimenta e o tabaco.

Na boca é seco, cheio, alcoólico, estruturado, encorpado, mas equilibrado, redondo, afinal o tempo lhe concedeu elegância, bem como os 24 meses em que passou por barricas de carvalho, afinando, porém entregando também as características do aporte da madeira, como baunilha, os toques amadeirados em perfeita sinergia com as frutas negras, taninos presentes, mas que foram “arredondando” ao longo da degustação, mostrando uma incrível capacidade de evolução em taça, com acidez discreta e final de média persistência.

Tantos pré-requisitos que credenciam este rótulo, este vinho complexo, estruturado, mas com uma estrutura delicada, uma textura elegante. O tempo diz tudo, o tempo é o maior amigo para vinhos com essa proposta e nos entrega o que há de melhor na sua qualidade. Um vinho gastronômico, versátil, equilibrado, pois mesmo que no auge da sua complexidade, principalmente no quesito aromático, ele nos proporciona um vinho macio, com taninos amáveis e uma acidez que ainda está presente, mostrando vivacidade e plenitude, podendo inclusive ser guardado por muito e muito tempo. Vinhas velhas com mais de 40 anos, complexidade, longevidade, vivacidade, são palavras que definem um conceito que, a cada dia, nos mostra o quão especial os vinhos longevos podem nos entregar. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Hacienda y Viñedos Marqués del Atrio:

A família Rivero está de fato relacionada ao mundo do vinho há mais de um século. Nos anos 40, Amador Rivero, pai dos atuais proprietários, Agapito e Jesús Rivero, começou então a cultivar videiras e a produzir vinho profissionalmente em sua vinícola Faustino Rivero Ulecia, em Arnedo (na região de La Rioja).

Em 2003, a Família Rivero decidiu construir uma nova vinícola, Hacienda y Viñedos Marqués del Atrio, S.L., pois o aumento da vinícola em Arnedo não era possível e a oferta de uvas na área era limitada.

A família escolheu a região de Mendavia, no vale do Ebro, porque garante uma qualidade suprema das uvas, necessária para atender às exigências do mercado.

A Rivero Family não vende apenas vinhos com a DOCa Rioja, mas em 1988 começou a vender vinho engarrafado com DO Navarra produzido em Corella (em Navarra) e em 1997 vinhos com DO Utiel-Requena produzido em Requena (em Valência).

Em 2001, pretendendo atender à demanda de vinhos varietais únicos e de consumo diário, a vinícola começou, portanto a vender vinhos regionais. Em 2007, foi dado outro passo e a venda de Cava foi iniciada, aproveitando dessa forma a oportunidade de expansão na indústria do vinho.

Mais informações acesse:

https://grupomarquesdelatrio.com/en/

Referências:

Site “Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/os-prazeres-da-uva-bobal/

Blog “O Mundo e o Vinho”: http://omundoeovinho.blogspot.com/2015/11/utiel-requena.html

 

 

 








segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Max Mann Riesling 2018

 

Há pouco tempo atrás eu dizia, ou melhor, textualizava em minhas resenhas neste humilde blog, que castas como a Riesling estaria muito distante das minhas pretensões de degustação. Sempre ouvi e li que ela ganhou popularidade e credibilidade em terras germânicas, o que reforçava o meu pessimista comentário acerca da degustação da Riesling. Afinal se fortalecia com os poucos rótulos ofertados aqui no Brasil de Riesling alemães com os valores estratosféricos! Demais para um pobre assalariado da classe operariada.

Mas eis que o dia chegou e da forma mais despretensiosa possível. Simplesmente não estava no roteiro degustar um Riesling alemão. E essa degustação fora na casa de um grande amigo, de longa data, mas cuja confraria é nova, embrionária. Ele comentara comigo, dias antes do encontro, que ganhara de um amigo, um rótulo de um Riesling alemão, mas que não estaria no rol de degustação daquele encontro.

Mas não me pergunte o motivo pelo qual o vinho entrou nas pretensões das nossas degustações, o fato é que o vinho já estava sendo aberto e inundando as nossas taças. Talvez a conversa, o momento, de pura celebração, estava no ápice, tão bom, que merecia aquela degustação, afinal vinho, como sempre costumo dizer, é celebração.

O vinho estava maravilhoso! Sempre me lembrarei dele, deste rótulo, o meu primeiro Riesling, o meu primeiro Riesling alemão! O Rebgarten Riesling 2018 definitivamente entrará para a minha história!

E um vinho de ótimo custo X benefício! E falando de um Riesling alemão de ótimo custo x benefício, pensaram que eu fosse ficar por aqui, apenas por um? Não poderia! A minha humilde e simplória adega estava abrilhantada com outro Riesling alemão! Sim! Atrevo a me dizer que eu tinha adquirido um Riesling alemão antes do meu grande amigo ter sido presenteado com o dele ou talvez a minha compra tenha sido quase ao mesmo tempo em que ele ganhara o seu rótulo.

O fato é que foi chegado o momento, quase um ano após a minha primeira degustação do Riesling germânico, de abrir o meu, de espantar a poeira que o envolvia e inundar o copo de alegria vínica! O vinho que degustei e gostei veio da famosa região alemã de Rheinhessen e se chama Max Mann da casta, claro, Riesling, da safra 2018. Antes de falar do vinho, vamos de história, vamos falar da região de maior produção de vinhos da Alemanha e que produz mais de 70% de vinhos brancos. Falemos de Rheinhessen e também da classificação dos vinhos alemães que é essencial para entender cada proposta de rótulo degustado.

Rheinhessen

A região vinícola de Rheinhessen, com 26.578 hectares de vinhedos, é considerada a maior região vinícola da Alemanha. Encontra-se totalmente na margem esquerda do Reno e, portanto, no estado federal da Renânia-Palatinado. Um quinto da região da Renânia-Palatinado de Rheinhessen, que também é a região menos arborizada da Alemanha, é plantado com videiras. Mais de 6.000 produtores de vinho produzem mais de 2,5 milhões de hectolitros de vinho por ano, com uma produção de cerca de 120 milhões de vinhas. Dos 136 municípios de Rheinhessen, apenas Budenheim, Hochborn, Eich, Hamm e Nieder-Wiesen não cultivam vinho em sua própria área.

Rheinhessen

Embora as vinhas sejam virtualmente uma monocultura no Rheingau ou ao longo do Mosel, elas são apenas uma das muitas culturas que compartilham os solos férteis das vastas fazendas desta região. O vinho é cultivado na margem esquerda do Reno, desde os romanos, e o documento mais antigo sobre a localização de um vinhedo alemão - o Niersteiner Glöck - diz respeito a uma vinícola em Rheinhessen.

E ainda falando em história, antes da Primeira Guerra Mundial, os vinhos de Rheinhessen vinham de Rheinhessen e alcançavam os melhores preços em leilões internacionais. Em um dos primeiros leilões após a Segunda Guerra Mundial em julho de 1949 em Londres (Beaver Hall), os primeiros sucessos com os melhores vinhos alemães foram alcançados, incluindo o Liebfrauenmilch Auslese de 1929 e o Liebfrauenmilch Superior de 1934. O Niersteiner Riesling z. B. gozava de uma reputação lendária. Em meados do século XX, porém, houve uma fase em que se deu demasiada atenção à quantidade, o que prejudicou para sempre a reputação do vinho de Rheinhessen. Neste contexto, o Liebfrauenmilch da grande área com o mesmo nome foi mencionado várias vezes.

No final do século 20, no entanto, um repensar começou. É graças a uma nova geração de enólogos que o vinho de Rheinhessen está novamente gozando de boa reputação. As vinícolas de Rheinhessen estão entre as mais bem decoradas, e renomados críticos de vinho e guias de vinhos também enfatizam a qualidade dos vinhos. Normalmente é Riesling ou Silvaner, mas alguns vinhos tintos também são elogiados.

E esse “boom” do vinho tinto, tem sido apoiado principalmente pela variedade de uva Dornfelder. A área de superfície para variedades vermelhas mais do que dobrou em uma década e agora um terço dos vinhedos de Rhinehessen são plantados com uvas tintas.

E falando em variedades de uvas em Rheinhessen 72% dos vinhedos de Rheinhessen são plantados com variedades de uvas brancas. O vinho tinto é cultivado extensivamente na área ao redor de Ingelheim e em Wonnegau.  Riesling (27,6%) e Müller-Thurgau (aprox. 11,3%) dominam a gama de vinhos brancos. Além disso, Dornfelder (10,8%), Silvaner (4,4%), Portugieser (3,8%), Pinot Noir ( 6,6%), Pinot Gris (6,7%), Pinot Blanc (5,4%) e Kerner (2,7%) são cultivados. O Scheurebe, que costumava ser popular devido à sua gama de aromas, está cada vez mais sendo substituído pelo Sauvignon Blanc. 

O cultivo de Riesling está concentrado no Reno ao redor das cidades de Nackenheim, Nierstein e Oppenheim. O cultivo é favorecido por temperaturas amenas, muito sol e pouca chuva.

Os viticultores de Rheinhessen produzem vinhos modernos e simples, bem como produtos de alta qualidade. A Selection Rheinhessen existe desde a década de 1990 - uma classe ambiciosa de vinhos finos e secos. Esta iniciativa visa promover vinhos autênticos ao mais alto nível. Os vinicultores de Rheinhessen também são especialistas em vinhos espumantes. Eles lançaram o primeiro vinho espumante do mercado há 25 anos e nos últimos anos uma notável cultura do vinho espumante se desenvolveu na região nos últimos anos.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais.

O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade. Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.

Deutscher Wein

São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein

Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)

É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.

Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um lindo e brilhante amarelo palha com alguns reflexos esverdeados, com discreta manifestação de finas lágrimas.

No nariz traz aromas de frutas brancas, frutas silvestres e amarelas, onde se destacam pêssego, damasco, pera, melão, maçã-verde, com delicadas notas florais, de flores brancas, um tom de mineralidade que o torna fresco e jovial.

Na boca é razoavelmente seco, mas traz um delicado adocicado que me remete a mel, mas sem soar enjoativo. É equilibrado, saboroso, elegante, porém com um belo volume de boca, com certa cremosidade, acidez equilibrada, que estimula à gastronomia e um final longo, prolongado.

O terroir alemão, a cultura alemã vai se chegando aos poucos à minha realidade enófila. Rótulo por rótulo, vou me familiarizando, cada sabor, cada aroma, cada característica vai se construindo de forma interessante, as experiências sensoriais traz o prazer, a alegria, a celebração de degustar um vinho alemão, personificando em sua milenar história, de produtores que amam o vinho e os sintetizam em sua cultura. Max Mann entrega todas as características, as mais marcantes dessa nova queridinha casta, a Riesling. Leve, mas marcante, delicado, mas que impacta positivamente ao paladar, ao olfato. Hoje posso dizer que decisivamente a Riesling está no meu rol das preferidas castas brancas. Que venham mais e mais Rieslings e que possamos, mais e mais, viajar, por intermédio dos vinhos, aos solos férteis da velha Alemanha. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland eG:

Dificuldades econômicas como uma história de sucesso

Às vezes, é a necessidade que torna as pessoas criativas e, portanto, se torna a base de uma história de sucesso específica. Foram as dificuldades econômicas que levaram os viticultores de Moselle há mais de cem anos, inicialmente em associações menores e depois em cooperativas de viticultores.

Associação de cooperativas regionais

Em 1968, as cooperativas de viticultores regionais de Ernst e Wehlen e a vinícola principal de Koblenz se fundiram para se comprometerem conjuntamente com vinhos e vinicultores regionais no futuro e para combinar suas próprias tradições com as inovações necessárias. Em 1969, o Saar Winzerverein de Wiltingen seguiu a fusão e o Moselland eG foi criado, com sede em Bernkastel-Kues - uma garantia de alta qualidade consistente por décadas. Motivo suficiente para muitos vinicultores do Nahe aderirem ao conceito de sucesso em 2000.

Colaborações voltadas para o futuro

Desde 2004, Moselland eG tem cooperado com a cooperativa vinícola de Nierstein (Rheinhessen) e a cooperativa vinícola regional de Rietburg. Este último resultou na fusão com a cooperativa Palatinate em 2011.

Mais informações acesse:

https://www.moselland.de/

Referências:

“Vinho sem Segredo”: https://vinhosemsegredo.com/2011/05/02/nomenclatura-do-vinho-alemao-i/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/dicas/como-ler-rotulos-alemanha/

“Wikipedia”: https://newmascotcostumessupply.com/ru-dept/wiki/Rheinhessen_%28Weinanbaugebiet%29#%C3%9Cberblick

“German Wines”: https://www.germanwines.de/tourism/wine-growing-regions/rheinhessen/ 


 





sábado, 13 de novembro de 2021

Pueblo del Sol Reserva Viognier 2017

 

Mais um vinho da série: “Castas novas que eu descobri”. E mais uma vez direi, mesmo que soe redundante: é um grande prazer descobri novas cepas, ter novas e inesquecíveis experiências sensoriais. E essa nova “descoberta” me trouxe algumas reflexões.

Ainda existe, o que é uma pena, alguma resistência com relação aos vinhos brancos no Brasil. Uma espécie de triste rejeição construída por uma edificação calcada no preconceito. Já ouvi e li muitos comentários acerca disso tudo, entre eles temos: Ah vinho branco não tem expressão ou ainda aquele: vinho branco é para iniciantes ou são bebidas direcionadas ao público feminino ou coisa que o valha.

Lembro-me que na minha iniciação no mundo do vinho eu também criei uma resistência, uma dificuldade em entender as propostas dos brancos, as harmonizações, uma rejeição construída com base na desinformação.

Mas ao longo do tempo o vinho branco foi adentrando, devagar, é verdade, a minha adega e as experiências sensoriais com eles foi se tornando uma constante. E descobri que, como os tintos, os brancos também tem um leque infindável de propostas, que vai dos leves, delicados, simples, aos mais elaborados, complexos e encorpados.

Infelizmente, talvez esteja equivocado, poucos são os brancos ofertados no Brasil com a proposta mais encorpada, de rótulos complexos, mas o vinho que escolhi traz um branco com a estrutura de um tinto, de uma casta que na década de 1960 esteve a beira da extinção, por conta da philloxera e hoje figura a minha taça, inundando de expectativa esse momento de degustação, de celebração do vinho. Falo da Viognier.

Ela é oriunda do norte do Côtes do Rhône, mas o rótulo de hoje veio da minha região favorita do Uruguai: Canelones. Quando o comprei, algum tempo atrás, eu perguntei a um especialista em vinhos, não sei quanto tempo, aproximadamente, talvez há um ou dois anos atrás, onde a Viognier era mais conhecida e ele me disse que era a França que hoje entendo que é por razões óbvias. E perguntei se o Uruguai tinha tradição na produção da cepa e ele me disse que não.

Bem o fato é que hoje a produção da casta no Cone Sul está crescendo e não estou baseando o meu comentário com base em números, mas apenas observando alguns rótulos da Viognier no próprio Uruguai e também na Argentina.

Sem mais delongas o vinho que degustei e gostei é deveras aromático, deveras encorpado, saboroso e cheio de frutas brancas tropicais, ele vem da região uruguaia de Canelones e se chama Pueblo del Sol um 100% Viognier da safra 2017. Um rótulo da tradicional Família Deicas, sinônimo de vitivinicultura. Mas já que estamos falando de história e tradição, falemos da Viognier e também da região de Canelones.

A hedonista Viognier

A Viognier é uma variedade de origem francesa, muito ligada ao Rhône, mas, graças às suas características aromáticas e estruturais, além de ser uma ótima “parceira” de outras castas brancas em blends, espalhou-se por diversas partes do mundo, gerando vinhos excepcionais.

As primeiras menções a ela são de 1781, ligando-a região de Condrieu e também Ampuis, no vale do Rhône, mas uma tese diz que a Viognier foi levada da costa da Dalmácia para a França pelo imperador Probus, e que a variedade veio de Smirnium na Croácia. No entanto, não há evidências históricas de que a casta seja mesmo croata.

Análises de DNA mostram uma relação pai-filho entre Viognier e a casta Mondeuse Blanche e isso a torna uma possível meio-irmão ou até mesmo avó da Syrah, já que elas fazem parte do mesmo grupo ampelográfico, mas especialistas ainda não descobriram a ordem exata dos fatores.

A origem do seu nome ainda é um mistério, mas teoricamente derivaria do francês viorne, do gênero botânico “viburnum”, que remete a flores brancas, possivelmente ligado às características aromáticas. 

Há cerca de 50 anos, a Viognier estava restrita a poucos lugares, encontrada em cerca de 10 hectares em Condrieu e no Château Grillet somente, e hoje é um fenômeno mundial. A casta é tradicionalmente cultivada em solos mais ácidos, mas também se adapta a regiões mais quentes, por isso tem sido plantada em vários locais do mundo, da Califórnia, ao Uruguai, passando por Austrália, Nova Zelândia, Chile, Alemanha etc.

A Viognier é para quem gosta de parar e sentir o cheiro das flores. Os vinhos variam de sabor, desde mais leves como frutas amarelas, em especial tangerina, manga e pêssegos até aromas mais cremosos de baunilha com especiarias de noz-moscada e cravo-da-índia. Dependendo do produtor e de como o vinho é feito, ele varia em intensidade, de leve e quente com um toque de amargor a ousado e cremoso.

No paladar, os vinhos são geralmente secos, embora alguns produtores façam um estilo levemente doce que embeleze os aromas de pêssego da Viognier. Os estilos mais secos aparecem menos frutados no palato e produzem amargura sutil, quase como se triturássemos uma pétala de rosa fresca.

No geral, os vinhos desta casta encontram seu melhor momento depois de 2 ou 3 anos, quando alcançam um estado mais opulento e exótico.

Canelones

Localizada bem ao sul, Canelones é a principal região produtora de uva e vinho no Uruguai e, por isso, concentra a maior parte dos vinhedos do país. A cidade de Canelones faz parte da região metropolitana de Montevidéu. Ela é cercada por um enorme complexo de pequenas fazendas e vinhedos, que são responsáveis por impressionantes 84% da produção de vinho do Uruguai.

Nos seus arredores, encontram-se ótimos bares que oferecem os melhores e mais procurados vinhos do país, já que naquela região concentram-se desde as mais tradicionais até as mais luxuosas, modernas e rústicas vinícolas da América Latina. Além disso, Canelones possui uma extensão de mais de 65 km de praia, repleta de entretenimentos e lugares para descansar, sem falar do Camping Marindia, que é um reduto de arte, cultura e atividades familiares, cercado por trilhas bem arborizadas e que proporciona uma linda visão de pôr do sol.

Canelones

Os primeiros moradores de Canelones se instalaram na cidade por volta de 1726; já a partir de 1774, chegaram imigrantes espanhóis e no final do século XIX, vieram os imigrantes italianos para cultivar uvas e fabricar vinhos. Dali em diante, a história da cidade com o vinho começou a se intensificar, uma vez que passo a passo ela conquistava popularidade em todo o país.

Mas foi nos anos de 1970, que videiras de clones importados chegaram à cidade e os vinhedos começaram a se concentrar na qualidade. E hoje a produção de vinho da região representa 14% no mercado internacional e é responsável por oferecer uma abundância de opções ao enoturismo uruguaio.

Essa região não poderia ter localização melhor. Por sua visão pioneira, o Uruguai foi eleito o país do ano, em 2013, pela revista inglesa The Economist. Entre as principais razões estão o fato de realizar reformas que não se limitam a melhorar apenas a própria nação, mas atitudes que podem beneficiar o mundo.

E Canelones está sendo conduzida sob essa visão. Em meio a um processo de desenvolvimento enoturístico, a região já possui até projeto de promoção do turismo e do vinho desenhado pelo Ministério do Turismo com a colaboração da Comarca de l’Alt Penedès, Espanha.

Há produtores que se juntaram para ajudar nesse incentivo e criaram a Associação “Los Caminos del Vino”, que reúne diversas vinícolas familiares abertas para visitantes, onde podem ver as vinhas de perto, acompanhar as diferentes etapas da vinificação e, finalmente, provar o vinho e a comida típica do lugar.

E agora o vinho!

Na taça entrega um lindíssimo amarelo com tendências douradas bem brilhantes com reflexos esverdeados, com uma boa profusão de lágrimas, finas, o que incrível por se tratar de um branco.

No nariz a explosão aromática, de frutas brancas e amarelas, dá o tom, onde se pode destacar a pera, pêssego, maçã-verde, abacaxi, melão, além das notas florais em evidência, que traz delicadeza e elegância ao vinho.

Na boca tem corpo médio, entrega personalidade marcante, expressividade, a começar pela sua untuosidade em boca, que estimula a salivação, sendo consequentemente muito gastronômico. Se atribui a esse volume em boca, essa untuosidade ao pequeno percentual do vinho passando 3 meses por barricas de carvalho Tem boa acidez, é frutado, tendo, entre esses fatores, muito equilibrado, com um final longo, prolongado.

Descobri que a Viognier é complexa, estruturada, é para quem gosta de analisar o vinho, de fazer um ótimo exercício de análise, que goste de se desdobrar nesse quesito. Um vinho de volume e corpo, de personalidade marcante. Uma casta que até pouco tempo era coadjuvante, para dar um toque aromático as outras castas e neste belíssimo rótulo alça um “voo solo”, e que aterrissa na minha humilde taça para o meu deleite. Pueblo del Sol, no auge dos seus 4 anos de safra, ainda mostra notas frutadas, mais uma austeridade, mostrando uma boa evolução, mostrando que ainda tem uma boa “pegada”. Sem dúvida um vinho muito especial, mostrando que os brancos podem deixar uma indelével marca na sua enófila história. E o rótulo da Família Deicas entrega exatamente isso, como eles dizem: “Nossos vinhos são uma homenagem ao sol”.

Palavras do produtor:

“À forma como nossos vinhedos se pintam de dourado. Ao seu calor, que ajuda a expressar o melhor de suas videiras. À sua luz, que guia nosso trabalho desde o amanhecer ao pôr-do-sol. Ele é o começo de tudo; a energia que nos guia para elaborar uma linha de vinhos de valor único”.

Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Família Deicas:

A Bodega foi fundada no século XIX e já teve vários donos, inclusive o próprio Estado. O primeiro deles foi Don Francisco Juanicó que fundou o estabelecimento em 1830. Apenas em 1979, quase um século e meio depois, a Familia Deicas comprou a propriedade e imprimiu nela uma grande mudança. Uma delas foi a de contratar especialistas internacionais para produzir vinhos de alta gama com variedades francesas.

De toda forma, ainda permanece no local muito do passado. Algo que pode ser apreciado em algumas construções da vinícola, que apesar de restauradas conseguem manter o conceito original de quem as idealizou.

Caso, principalmente, da cave subterrânea, construída com pedras por Don Francisco Juanicó. O local hoje abriga mais de 500 barricas de carvalho francesas e americanas, unindo tradição, tecnologia e muita beleza.

A Família Deicas é muito conhecida pelo Familia Deicas Preludio (1100 pesos), um dos ícones da vinícola, que, é sem sombra de dúvidas um vinho maravilhoso! Realmente, um dos melhores do Uruguai. Ele consiste em um corte de seis variedades (Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e Marselan). Além do Prelúdio, a Juanicó também elabora o Don Pascual, que é a marca de vinho fino mais importante do Uruguai. Também produz a linha Atlántico Sur. Ambas as linhas mais acessíveis que o Preludio Familia Deicas (que é produzido em lotes reduzidos e de forma mais artesanal). Afinal, a Juanicó possui estrutura de vinícola de ponta para produzir em larga escala.

Mais informações acesse:

http://www.pueblodelsol.com.uy/_po/?pg=inicio

https://familiadeicas.com/

Referências:

“Winepedia: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/roteiros-do-vinho-canelones/

“Dicas do Uruguai”: https://dicasdouruguai.com.br/dicas/canelones-no-uruguai/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/262-uva-viognier-a-uva-hedonista

“Blog do Vinho Tinto”: https://www.blogvinhotinto.com.br/enoturismo-viagens/juanico-familia-deicas-tecnologia-e-tradicao-na-arte-de-fazer-vinhos/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/branca-do-rhone-curiosidades-sobre-casta-viognier_13425.html