sábado, 10 de dezembro de 2022

Governo All' Uso Toscano Loggia dei Sani Sangiovese e Canaiolo 2020

 

Quando você fala ou apenas lembra da Itália, de seus vinhos, qual casta vem à mente? Não há discussões quando a Sangiovese, a velha “Sangue de Júpiter”, é lembrada. É sinônimo de tradição, de história.

A Sangiovese praticamente é cultivada em todas as regiões da Itália, das mais emblemáticas às menos conhecidas. Segue, assume várias encarnações, várias propostas, de vinhos mais leves, de entrada aos mais complexos, longevos.

Os clássicos italianos têm na Sangiovese como a sua principal casta, vide os Chiantis, os Brunellos di Montalcino, por exemplo. Não há como questionar a sua representatividade, como também a sua qualidade, a sua tipicidade, as suas mais marcantes personalidades com um forte apelo regional.

Por que falo, de forma tão ardorosa, da Sangiovese nesse momento? Porque simplesmente vou degusta-la novamente! Gostaria de degustar mais vinhos dessa cepa e oportunidades não faltam, afinal são tantos os rótulos ofertados em nosso mercado. Uma falha, sou réu confesso.

Inclusive tive a alegria, o privilégio de degustar o meu primeiro Chianti, um Riserva, da Famiglia Castellani, da safra 2015, com a predominância da Sangiovese e que experiência única, singular! Quanta elegância e complexidade em um vinho!

E o vinho de hoje também traz alguns contornos especiais, com novidades! E pensar que, diante de uma massiva oferta de rótulos da Sangiovese por aí em nosso mercado, não teriam mais novidades, eis que me surge uma que, no primeiro contato, me pareceu estranho, mas tentador.

O vinho que degustei e gostei veio da icônica Toscana, na Itália, e se chama Governo All’Uso Toscano Loggia Dei Sani Rosso da safra 2019. Mas o que significa “Governo All’Uso”?

"Governo all uso Toscano” é um método similar ao ripasso do Veneto, que consiste numa fermentação secundária do vinho, obtida pela adição de uvas levemente passas. Muito bem feito para o estilo, mostra frutas vermelhas maduras e em compota seguidas de notas florais, terrosas, de ervas secas e de especiarias doces.

E diante dessa apresentação, no mínimo instigante, torna-se um aditivo para a já queridinha Sangiovese e as suas atraentes características, mas antes de falar propriamente do vinho, vamos às histórias da Toscana, uma das mais representativas regiões vinícolas da Itália.

Toscana

A Toscana é uma região, no centro da Itália, rica em história, artes, turismo, uvas, queijos e vinhos. É o sexto produtor italiano de vinhos, com um percentual de DOCs bem acima da média do país: 40%. Tem onze classificados na categoria mais alta (DOCG); e quarenta e um DOC. Destaca-se ainda pela grande quantidade de “vini da tavola” de alto nível.

Toscana

O desenvolvimento desta região está ligado à história da civilização etrusca, aos romanos, ao Renascimento no final da Idade Média, às artes, à cultura, ao turismo e à produção, principalmente, de vinhos. Há registros da civilização etrusca desde 1700 a.C. Eles dominaram toda a Toscana e parte da Úmbria, Lazio, incluindo algumas ilhas no Mediterrâneo, como a Ilha de Elba. Eram muito evoluídos. Foram os primeiros a dominar a extração e utilização do minério de ferro.

A maioria das cidades importantes da Toscana foi construída pelos etruscos. Volterra era a capital, por ter minas de ferro, sal e alabastro. A partir de 283 a.C., aliaram-se aos romanos e com o tempo foram incorporando sua cultura. Estes, por sua vez, aprenderam a dominar a utilização do minério de ferro na construção de armamentos e artefatos de guerra e tornaram-se poderosos. As armas de bronze utilizadas pelas outras civilizações eram mais frágeis e se rompiam nas batalhas.

Durante a aliança, dois generais etruscos comandaram legiões romanas. Aos poucos a civilização etrusca foi sendo absorvida pela cultura romana e desapareceu. O alfabeto, semelhante ao grego, nunca foi decifrado. Sua história ficou sem registros, perdida no tempo, restando os cemitérios, as tumbas, os sarcófagos e museus. Os mais importantes ficam em Chiusi, Cortona e, principalmente, Volterra.

Os etruscos já produziam vinhos quando da aliança com os romanos. Coube a estes incrementar a qualidade. A uva Sangiovese, casta principal dos vinhos da Toscana, talvez tenha sido trazida pelos romanos de suas conquistas no Oriente Médio. Existe uma teoria que tenha sido trazida por Anibal, o Conquistador. O nome Sangiovese foi dado pelos romanos, e significa “sangue de jovem”. Ao espremer as uvas nas mãos acentuava a cor vermelha. Era também chamada de sangue de Júpiter – sangue dos Deuses.

A Sangiovese é o esteio da produção regional e está presente nos vinhos finos da Toscana. É a única uva admitida na produção do Brunello di Montalcino e Rosso di Montalcino, sendo a base da produção dos vinhos Chianti, Montepulciano e a maioria dos vinhos toscanos superiores mais modernos ("Super Toscanos"). Quando usada isoladamente exige muito esforço para produzir um vinho de sabor apurado e consistente. Por esta razão é geralmente misturado a outras uvas viníferas, principalmente a Cabernet Sauvignon.

A uva vinífera Trebbiano forma a base dos vinhos brancos produzidos na Toscana. É cultivada largamente devido a sua grande produtividade e por conservar sua acidez mesmo em regiões quentes. De paladar geralmente neutro, só é utilizada isoladamente na fabricação de vinhos inferiores vendidos em garrafões. De regra, é usada como uma base neutra em conjunto com outras uvas, como a malvasia.

Mais recentemente muitos produtores estão mostrando interesse em outras variedades viníferas como a Chardonnay e a Sauvignon Blanc, especialmente nas áreas mais altas onde a Sangiovese amadurece com dificuldade.

O vinho mais importante produzido na região da Toscana são os populares Chianti e Chianti Clássico. A maioria destes vinhos pertence ao consórcio Clássico e traz o símbolo do gallo nero (galo preto) estampado no rótulo. Este é de produção da tradicional família que carrega o sobrenome Tuscan, ou Toscano.

Uma nova safra de vinhos tintos são os Super Tuscans, que são fabricados seguindo um padrão internacional com a utilização de uvas viníferas francesas como Cabernet Sauvignon e Merlot. Outros importantes vinhos toscanos são Montalcino, Montepulciano, Bolgheri, Carmignano e Maremma. A produção de vinhos brancos é mais concentrada na área de San Gimignano.

Ao sul da Toscana, se produz o tradicional e poderoso Brunello de Montalcino, que, juntamente com o Barolo, é o mais aclamado – e geralmente mais caro – vinho tinto italiano. A região da Toscana onde se produz este vinho é uma das poucas a levar a classificação mais alta na hierarquia das regiões vinícolas italianas – a DOCG (Denominação de Origem Controlada Garantida). O Brunello é produzido com uma única uva, a Sangiovese grosso, um potente clone da Sangiovese.

Como a paisagem da Toscana é ondulada, com muitas colinas, os vinhedos situados nas encostas em pontos relativamente altos fornecem a maioria dos vinhos de qualidade superior da Toscana. Isto porque nestas altitudes há concentração da luz do sol pelo tempo necessário para favorecer o correto amadurecimento das uvas.

Outro fator valorizado pelos produtores é a significativa variação de temperatura entre dia e noite nas zonas mais altas. O clima da Toscana é classificado como mediterrâneo e ali os invernos são rigorosos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, quase escuro, com halos granadas e lágrimas finas e lentas que mancham o bojo.

No nariz traz aromas de intensidade média com um primeiro ataque de frutas pretas, como ameixas, cerejas pretas, diria sutis aromas de frutas vermelhas, envoltos em um toque floral, de violetas, com especiarias ao fundo, notando-se a pimenta, além de couro, tabaco.

Na boca é seco, de médio corpo a encorpado, com bom volume de boca, alcoólico, mas harmonioso, equilibrado, graças às notas frutadas que protagonizam, com algo terroso. Tem taninos presentes, marcados, boa acidez e um final extremamente prolongado e persistente.

Um roteiro histórico, métodos tradicionais de vinificação, apelos regionais aflorados.... Tudo conspira a favor dessa especial degustação e entrega, além do prazer sensorial, a alegria de viajar pela história por intermédio de generosas taças cheias, a história de séculos, milênios cabem em uma garrafa. Grata experiência de um vinho que, mesmo diante de uma tradicional história da Toscana, ainda é capaz de me proporcionar novidades! Que venham outras e outras pela frente. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Conti Sani:

A Conti Sani representa a paixão e o profissionalismo com que os seus viticultores cuidam das vinhas e vinhos todos os dias. As uvas produzidas e criteriosamente selecionadas são transportadas para as adegas de última geração para uma produção total de mais de 100 milhões de garrafas por ano. Na Itália, a Conti Sani está entre os líderes em varejo moderno.

A Conti Sani foi fundada em Verona em 1991 a partir da união estratégica de algumas das realidades mais importantes do setor vitivinícola das regiões vinícolas mais conhecidas da Itália.

Até à data, a Conti Sani pode ostentar uma vasta área de produção, uma das maiores do setor vitivinícola, podendo contar com uma área de vinha de: 2.600 hectares na Toscana, 840 hectares no Veneto, 420 hectares na Puglia, 340 hectares na Sicília, 240 hectares no Piemonte, 800 hectares na Emilia Romagna e 200 hectares em Abruzzo.

Mais informações acesse:

https://contisani.it/

Referências:

“ABS-Rio”: https://abs-rio.com.br/src/uploads/2019/05/apostila.pdf

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vinhos_da_Toscana

 

 






sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Miolo Wild Gamay 2022

 

A Miolo, a vinícola brasileira Miolo, definitivamente está na minha história e não digo isso agora, mas há algum tempo e com muito orgulho e alegria. Falo com todo esse entusiasmo porque quando me fiz submeter à transição dos vinhos de mesa, os famosos vinhos coloniais para os vinhos finos, aqueles de uvas vitis viníferas, lá estava o Miolo e seus vinhos para me oferecer seus préstimos.

A Miolo hoje é uma indústria de vinhos e a sua representatividade mercadológica atesta isso e não é demérito para esse grande produtor ser uma indústria, principalmente quando se confirma também quando seus vinhos ainda fazem parte da vida de muitos e muitos enófilos espalhados pelo Brasil e pelo mundo!

E a Miolo ainda tem muito a oferecer, mesmo que ao longo de todo esse tempo em nosso mercado, e muita coisa nova, muitos novos rótulos arrojados que podem trazer grandes novidades, mensagens edificantes e a corroboração da saúde para aqueles que degustam bons vinhos, a qualidade de vida, os fatores sustentáveis!

Por que digo tudo isso? O vinho de hoje, não preciso dizer que é da Miolo, mas, direi mesmo assim, é da Miolo! E falo não apenas com um sentimento saudoso, de nostalgia, mas também com um agradável vislumbre do futuro, da capacidade desta vinícola de oferecer coisas novas, com aqueles rompimentos de paradigmas que só eles são capazes de oferecer.

Não direi que esse vinho só traz novidades para mim, de fato traz sim, muitas novidades, mas nem tanto, nem tanto, até porque já degustei, nos primórdios um vinho deles que hoje assumiu, como disse, alguns novos contornos seguindo, sobretudo, alguns anseios de uma camada socialmente, ambientalmente responsável.

Sem mais delongas, vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região brasileira da Campanha Gaúcha, mais precisamente da Campanha Meridional, que, a cada dia, cresce a olhos vistos em qualidade e tipicidade, mais precisamente da Campanha Meridional, dos vinhedos da Seival, e se chama Miolo Wild Gamay da safra 2022.

Quando falei que nem tudo é novidade é porque, em um passado razoavelmente distante, eu degustei, por duas vezes, a versão mais “antiga” do Miolo Gamay que é um dos melhores rótulos brasileiros produzidos por esta emblemática casta que se notabilizou em terras francesas.

Miolo Gamay 2015

E alguns detalhes, antes de entrar na história da Campanha Gaúcha e da Gamay, merecem serem exaltados, detalhes esses que eu mencionei como grandes novidades para mim: O Miolo Wild Gamay foi produzido por intermédio do método ancestral de maceração carbônica de cachos inteiros e a vinificar sem adição de sulfitos e sem adição de leveduras selecionadas, passando a usar leveduras selvagens da uva de Gamay do Seival.

E por ter sido, esse rótulo, em março, aproximadamente, de 2022, pode este vinho, ser considerado o primeiro vinho do mundo a ser lançado no ano de 2022! E de acordo com as palavras do enólogo Adriano Miolo, que produziu este vinho juntamente com Henry Marionnet, reconhecido como o “Papa do Gamay” no mundo, onde disse que “O Miolo Wild Gamay Safra 2022 vai ser a primeira oportunidade que o consumidor terá de degustar a qualidade desta safra. Estamos no meio da colheita deste ano, mas já podemos afirmar que é espetacular e deverá ser mais uma safra lendária para a Miolo, como foi em 2018 e 2020”.

O inverno muito rigoroso e o verão extremamente quente e seco, com temperatura que chegou a 44 graus em janeiro, determinaram a performance das uvas. O frio intenso proporcionou uma brotação uniforme da planta, porém tardia, que também refletiu na maturação tornando a colheita mais tardia do que o usual.

Bem diante dessas credenciais vamos para mais histórias, vamos de Campanha Gaúcha e da história da Gamay.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os “hermanos” do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

A mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.

IP (Indicação de Procedência) da Campanha Gaúcha

Em 2020 a Campanha Gaúcha ganhou reconhecimento de Indicação de Procedência (IP) para seus vinhos. Aprovada pelo Inpi na modalidade de I.P., a designação vem sendo utilizado pelas vinícolas da região a partir do ano de 2020 para os vinhos finos, tranquilos e espumantes, em garrafa.

A Indicação Geográfica (IG) foi o resultado de mais de 5 anos de pesquisa, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar coordenados pela Embrapa Uva e Vinhos do Rio Grande do Sul.

Além disso, os vinhos devem ser elaborados a partir das 36 variedades de vitis viníferas permitidas pelo regulamento, plantadas em sistema de condução em espaldeira e respeitando os limites máximos de produtividade por hectare e os padrões de qualidade das frutas que seguirão para a vinificação. Finalmente, os vinhos precisam ser avaliados e aprovados sensorialmente às cegas por uma comissão de especialistas.

Esta é uma delimitação localizada no bioma Pampa do estado do Rio Grande do Sul, região vitivinícola que começou a se fortalecer na década de 1980, ganhando novo impulso nos anos 2000, com o crescimento do número de produtores de uva e de vinho, expandindo a atividade para diversos municípios da região.

A área geográfica delimitada totaliza 44.365 km2. A IP abrange, em todo ou em parte, 14 municípios da região: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento e Uruguaiana.

A Campanha Gaúcha está situada entre os paralelos 29º e 31º Sul e trata-se de uma zona ensolarada, com as temperaturas mais elevadas e o menor volume de chuvas entre as regiões produtoras do Sul do Brasil.

Ao mesmo tempo, as parreiras – predominantemente plantadas em sistema de espaldeira – foram estabelecidas em grandes extensões de planície (altitude entre 100 e 360 m.) com encostas de baixa declividade, o que favorece a mecanização das colheitas, reduz os custos e potencializa a escala produtiva. Uma característica importante é o solo basáltico e arenoso, com boa drenagem, que somada aos outros fatores propicia a ótima qualidade das uvas.

Esta foi uma conquista para a região, que pode refletir em uma garantia da qualidade de seus produtos. Fica a torcida para que, após muito tempo de consistência de qualidade e de uma real identificação da tipicidade, a Campanha Gaúcha possa ter o reconhecimento de uma Denominação de Origem (DO). Leia aqui na íntegra o regulamento de uso da IP da Campanha Gaúcha.

Gamay

A Gamay é uma das principais uvas tintas da França, original da região de Beaujolais, sul da Borgonha, e norte das Côtes du Rhône. É responsável única pelo famoso vinho Beaujolais, um vinho leve, brilhante, suave e muito saboroso. Na região vizinha de Mâcon, é usada na elaboração dos Mâcon tintos, mas em combinação com Pinot Noir. Hoje está bem espalhada pelo mundo, onde produz bons varietais, principalmente na Califónia, Brasil, África do Sul e Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Croácia.

Possuindo grande variação de nome pelo mundo, a uva Gamay pode ser encontrada com diferentes denominações reconhecidas pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho. A casta pode ser identificada como Jurançon Noir, Gamay Beaujolais ou Gamay Noir. Possuindo parentesco comprovado com a casta Pinot Noir, a uva Gamay se contrapõe de forma elegante com a prima, disputando o mesmo território. Entretanto, em países como a Suíça, é possível encontrar vinhos onde a Gamay não é vinificada sozinha, como na França, e sim em cortes com a sua parente, a cepa Pinot Noir.

Intimamente ligada aos famosos vinhos tintos franceses Beaujolais, conhecidos por possuírem caráter leve, macio e repletos de aromas de frutas tropicais e refrescante acidez, a uva Gamay costuma brotar e amadurecer de forma precoce, sendo extremamente vigorosa e produtiva. Se espalhando pela Côte d’Or em meados do século XIV, a origem do nome da cepa Gamay provém de uma vila localizada no sul de Beaune, na região de Borgonha na França.

A casta Gamay começou a ser utilizada em vinhos brasileiros na década de 1970, especificamente no Rio Grande do Sul, na região de Viamão, próxima a Porto Alegre, produzindo vinhos bastantes jovens possuidores de excelente sabor.

A composição do solo onde ocorre o cultivo das vinhas de Gamay influencia no tipo de aroma que será adquirido no processo de vinificação. Caso o cultivo ocorra em solos granitados, a casta Gamay propiciará ao vinho aromas de pimenta e framboesa.

Possuindo caráter bastante frutado, a uva Gamay possui excelente estrutura no que se refere a acidez, além de baixa presença de taninos. Os vinhos de caráter e estilo leve elaborados a partir da casta Gamay são ideais para acompanhar pratos que possuam pescados, exaltando os aromas de frutas e refrescante acidez da uva.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo vermelho rubi, com halos violáceos bem brilhantes, com finas e discretas lágrimas que logo se dissipam do copo.

No nariz mostra uma exuberância aromática e muita tipicidade por conta do processo de maceração carbônica, destacando-se as notas frutadas, tais como maçã, cerejas, framboesa, morango, trazendo ao vinho um incrível frescor e delicadeza, corroborados com toques florais.

Na boca é leve, fresco, com algo de despretensioso, sendo muito saboroso e cheio na boca, conferindo-lhe também personalidade. Traz também o protagonismo da fruta vermelha fresca, como no aspecto olfativo. Tem taninos quase que imperceptíveis, ótima acidez e um curioso e agradável toque herbáceo. Final prolongado, longo.

E diante de tantas novidades que esse rótulo me proporcionou, bem como alguns momentos nostálgicos deliciosos, eu percebi hoje, degustando esse belíssimo e solar vinho da Campanha Gaúcha, que a história é viva e latente, não é estática e isso serve, sim, para o universo dos vinhos. Miolo Gamay Wild é assim! É um vinho arrojado, mas que traz as características mais marcantes da cepa é um vinho moderno, mas tradicional. É um vinho especial, frutado, com a cara, com o DNA do Brasil e dos atuais dias quentes que tanto caracteriza o nosso país. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Miolo:

A paixão pelo mundo fascinante do vinho é facilmente explicada pela história da família Miolo que, além de trabalhar na vitivinicultura desde a chegada de Giuseppe no Brasil em 1897, inova ano após ano. Uma das fundadoras do projeto Wines of Brasil, a Miolo Wine Group é a maior exportadora de vinhos do Brasil e a mais reconhecida no mercado internacional. A produção dentre as 4 vinícolas do grupo soma, em média, 10 milhões de litros por ano numa área cultivada de vinhedos próprios com aproximadamente 1.000 hectares.

A Miolo exporta para mais de 30 países de todos os continentes. É o maior exportador de vinhos finos do Brasil. De 30 hectares em 1989, a Miolo cultiva hoje, 30 safras mais tarde, cerca de 950 hectares de vinhedos em quatro terroirs brasileiros: Vale dos Vinhedos (Serra Gaúcha), Seival/Candiota (Campanha Meridional), Almadén/Santana do Livramento (Campanha Central) e Terranova/Casa Nova (Vale do São Francisco), sendo a única empresa do setor genuinamente brasileira com atuação em quatro diferentes regiões produtoras.

Com uma produção anual de cerca de 10 milhões de litros, é a marca que detém o maior portfólio de rótulos verde amarelos, exibindo centenas de prêmios conquistados no mundo inteiro. O pioneirismo na elaboração dos vinhos se estendeu para o enoturismo, onde a marca gera experiência, aproximando e formando novos apreciadores da bebida. Assim é no Vale dos Vinhedos com o Wine Garden Miolo, assim é no Vale do São Francisco com o Vapor do Vinho pelo Velho Chico, onde a Miolo transformou o sertão em vinhedo. Este mesmo espírito empreendedor que fez da pequena vinícola familiar a maior produtora de vinhos finos do Brasil em apenas 30 safras, é que move gerações e aproxima quem sonha de quem quer fazer.

Mais informações acesse:

https://www.miolo.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/ciclo-de-crescimento-da-uva/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/campanha-gaucha

“Tudo do Vinho”: https://tudodovinho.wordpress.com/2020/07/14/i-p-campanha-gaucha/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_ela_uvas_mostra.php?num_uva=13

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/196-uva-gamay-a-pequena-joia-do-beaujolais

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/gamay

“Embalagem Marca”: https://embalagemmarca.com.br/2022/03/miolo-wild-gamay-2022-chega-ao-mercado-ainda-em-marco/










sábado, 3 de dezembro de 2022

Finca Constancia Parcela 12 Single Vineyard Graciano 2017

 

Retomando agora, e com muito entusiasmo, é claro, com as grandes novidades que só o universo do vinho é capaz de nos proporcionar. E já estava com saudades de degustar novas, pelo menos para mim, castas, de novas regiões e tudo o mais.

E hoje a degustação será de uma casta que já conhecia e que sempre figurou em blends, com pequenas percentagens, principalmente em vinhos espanhóis, sobretudo em cortes de vinhos reservas e gran reservas daquele país.

Em uma pesquisa preliminar a respeito dela pude apurar que é uma cepa que não tem a grande popularidade de uma Tempranillo ou Garnacha, inclusive são poucos os hectares dessa uva por lá e não preciso dizer que, diante disso, a ansiedade em degusta-la é grande.

A oferta de rótulos dessa casta, no mercado brasileiro, reflete basicamente esse panorama sendo, consequentemente, bem baixa, então a oportunidade é rara, pouco constante de degustar vinhos com essa casta. Falo da Graciano.

Pouco se conhece, pouco se fala! Isso já é muito bom para quem está garimpando novas experiências, novos rótulos, novos terroirs, novas expressões sensoriais. E por falar em terroirs o rótulo de hoje, além de trazer a novidade, traz também uma região que tenho apreciado a cada degustação: Castilla La Mancha.

Sempre ouvi, e isso é fato, de que a região de Castilla La Mancha, a terra do errante Dom Quixote, é de grande produção, produção de volume, logo surge aquela discussão de que são vinhos de baixa qualidade, ruins.

Não quero entrar no mérito dessa discussão, apesar desta impactar na qualidade do vinho, mas um vinho que carrega, em seu nome, “Parcela 12”, ou seja, de um vinhedo especial, de uma terra especial, além do nome de “Single Vineyard” que corrobora essa definição, não pode ser de uma região que predominante produza vinhos ruins.

Enfim, sem mais delongas, vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio de Castilla La Mancha, como já apresentado, e se chama Finca Constancia Parcela 12 Single Vineyard da casta Graciano, da safra 2017. E para não perder o costume vamos também de histórias. Falemos de Castilla La Mancha e da casta Graciano!

Castilla La Mancha, a terra de Dom Quitoxe e os seus Moinhos de Vento

Bem ao centro da Espanha, país com a maior área de vinhas plantadas em todo o mundo e o terceiro maior mercado produtor de vinhos, está localizada a região vitivinícola de Castilla La Mancha. Um território com grande extensão de terra quase que completamente plana, sem grandes elevações.  É nessa macrorregião que se origina quase 50% do total de litros de vinho produzidos anualmente na Espanha.

“Em um lugar em La Mancha, cujo nome eu não quero lembrar, existiu há não muito tempo um cavaleiro, do tipo que mantinha uma lança nunca usada, um escudo velho, um galgo para corridas e um cavalo velho e magro”.

“Dom Quixote de La Mancha ou o Cavaleiro da triste figura” de Miguel de Cervantes.

O nome “La Mancha” tem origem na expressão “Mantxa” que em árabe significa “terra seca”, o que de fato caracteriza a região. Neste território, o clima continental ao extremo provoca grandes diferenças de temperaturas entre verão e inverno. Nos dias quentes de verão os termômetros podem alcançar os 45°C, enquanto nas noites rigorosas de frio intenso do inverno, as temperaturas negativas podem chegar a até -15°C.

A irrigação torna-se muitas vezes essencial: além do baixo índice pluviométrico devido ao caráter continental e mediterrâneo do clima, o local se torna ainda mais seco graças ao seu microclima, que impede a entrada de correntes marítimas úmidas. A ocorrência de sol por ano é de aproximadamente 3.000 horas. Esta macrorregião é composta por várias regiões menores, incluindo sete “Denominações de Origem”, das quais se pode destacar La Mancha e Valdepeñenas.

Castilla La Mancha

La Mancha: é a principal região dentre elas, sendo considerada a maior DO da Espanha e a mais extensa zona vinícola do mundo.  O território abrange 182 municípios, distribuídos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo. As principais uvas produzidas naquele solo são a uva branca Airen e a popular tinta espanhola Tempranillo, também conhecida localmente como Cencibel.

Valdepeñenas: localizada mais ao sul, mas com as mesmas condições climáticas, tem construído sua boa reputação graças à produção de vinhos de grande qualidade, normalmente varietais da uva Tempranillo ou blends desta com castas internacionais.

A DO La Mancha conta mais de 164.000 hectares de vinhedos plantados. Com isso, é a maior Denominação de Origem do país e a maior área vitivinícola contínua do mundo, abrangendo 182 municípios, divididos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo.

As castas mais cultivadas em Castilla de La Mancha são: Airén, Viúra, Sauvignon Blanc e Chardonnay entre as brancas e as tintas são: Tempranillo, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Grenache.

Classificação dos rótulos da DO de Castilla La Mancha:

Jóven: Categoria mais básica, sem passagem por madeira, para ser consumido preferencialmente no mesmo ano da colheita.

Tradicional: Sem passagem por madeira, porém com mais estrutura do que o Jóven.

Envelhecimento em barris de carvalho: Envelhecimento mínimo de 90 dias em barris de carvalho.

Crianza: Envelhecimento natural de dois anos, sendo, pelo menos, seis meses em barris de carvalho.

Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 12 meses em barris de carvalho e 24 meses em garrafa.

Gran Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 18 meses em barris de carvalho e 42 meses em garrafa.

Espumante: Produzidos a partir do método tradicional (segunda fermentação em garrafa), com no mínimo nove meses de autólise.

Graciano

A uva Graciano é típica de Rioja, considerada por muitos a melhor uva da região, acima até mesmo da Tempranillo, variedade mais cultivada em toda a Espanha. A casta Graciano é conhecida também por outros nomes, como Tinta Miúda e Morrastel e Xeres. Outros nomes para esta uva são Bastardo Nero, Bordelais, Cagnolale, Cagnovali Negro, Cagnulari, Cagnulari Bastardo, Cagnulari Sardo, Caldaredou Caldarello, Cargo Muol, Couthurier, Graciano Tinto, Gros Negrette, Minustello, Tinta do Padre Antonio, Tintilla, Zinzillosa.

Cultivada principalmente em Rioja e Navarra, representa apenas 0,02% da área plantada da Espanha, concentrada sobretudo na Navarra (31,4% do total) e na Rioja (23,4%). A Graciano é encontrada também em regiões da França, em Languedoc-Roussillon, na Argentina, nos Estados Unidos e na Austrália. Em Languedoc-Roussillon a variedade recebeu notório destaque durante o século XIX, contribuindo para aumentar o prestígio da região perante o mundo do vinho.

Segundo dados da OIV, em 2015 eram apenas 2.137 hectares de Graciano plantados ao redor do mundo, a totalidade deles na Espanha. No entanto, existem pequenas parcelas de vinhedos também em países como Portugal, França e Estados Unidos.

Considerada uma uva de difícil plantio e propensa a doenças, os rendimentos da Graciano apresentam números pequenos. O período de amadurecimento dessa variedade é alto, fazendo com que a uva não se adapte em regiões com climas frios. No entanto, tal demora é responsável também por adicionar maior complexidade de sabores e aromas e somente uvas completamente maduras garantem sua plena expressão.

Os vinhos produzidos a partir da uva Graciano costumam ser ricos em acidez e, às vezes, bastante tânicos, tornando-se aptos a envelhecer com excelente qualidade. O clássico vinho Graciano é moderadamente tânico, com coloração profunda e rico em aromas. Em Rioja, onde a maior parte dos vinhos tintos são envelhecidos em barris de carvalho, estas notas tornam-se ainda mais aromáticas, complementadas por baunilha e especiarias doces – as marcas dos vinhos tintos envelhecidos em madeira.

Durante o século XX, muito produtores da região de Rioja substituíram as vinhas da uva Graciano por uvas internacionais, consideradas como “uvas mais elegantes”, entre elas encontram-se as castas Tempranillo e Cabernet Sauvignon.

O crescente interesse por uvas autóctones tem feito a Graciano ser reconhecida e conquistar cada vez mais atenção e espaço. Fazendo parte, tradicionalmente, de vinhos de corte produzidos em Rioja, adicionando-os cor e aromas, a uva Graciano tem sido utilizada cada vez mais na produção de vinhos varietais. Felizmente, a Graciano vem recebendo notória importância nos dias de hoje e elabora alguns dos melhores vinhos espanhóis, capazes de agradar a paladares de inúmeros críticos, especialistas e amantes do mundo do vinho.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um deslumbrante e intenso vermelho rubi vivo fechado, intransponível, com halos granada, com lágrimas grossas e em profusão que mancham o bojo.

No nariz traz aromas altivos e pronunciados de frutas pretas maduras, como ameixa, amora e cereja, além de um delicado e agradável floral, algo de violetas, notas de especiarias, talvez pimentas e cravo, com toques discretos da madeira e o seu aporte como cacau, baunilha, terra molhada. O vinho passou 8 meses em barricas de carvalho.

Na boca revela de imediato a sua complexidade e estrutura, um vinho volumoso, cheio, o álcool corrobora tal personalidade, mas sem agredir, se mostrando, ao mesmo tempo, elegante e redondo. Os taninos, presentes, são domados e equilibra com a acidez média, bem como a fruta, que também protagoniza, que em sinergia com a madeira, faz do vinho marcante. Trazem também notas de chocolate meio amargo, baunilha, couro, tabaco, baunilha, uma rusticidade elegante. Tem final longo, prolongado.

Curiosidade sobre o nome do vinho:

O vinho recebe o nome “Parcela 12” porque fica no extremo oeste da propriedade Finca Constancia, onde são plantadas as castas Graciano, sendo de altíssima qualidade e vindimadas à mão.

É com essa designação de terroir, de especificidades de terra, de pequenos lotes que faz de um vinho especial, importante e único. Assim é o Finca Constancia Parcela 12 Single Vineyard. E mais especial ainda é a Graciano. Viva, plena, intensa, de marcante personalidade, em todos os seus aspectos. É definitivamente uma experiência sensorial gigante. Um vinho que marcou e que sempre virá à tona em minhas lembranças! Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Finca Constancia:

Finca Constancia faz parte da González Byass ‘Familia de Vino’, e seu espírito se reflete em uma citação do fundador de González Byass em 1836: “Não consigo pensar em negócio melhor do que fazer vinho e a ele, portanto, dedico minha vida. ”

O nome da vinícola é em sua homenagem, pois para ele a constância era a principal virtude da vida e ele chamou sua primeira adega de “La Constancia”.

A Finca Constancia foi fundada em Castilla la Mancha, perto de Toledo, em 2001, e 200 hectares foram selecionados por causa de sua enorme diversidade de solos e o clima continental seco. As vinhas são plantadas em 79 parcelas distintas, ou parcelas, classificadas de acordo com o tipo de solo e microclima.

Os vinhedos abrigam uma série de variedades de uvas nativas e internacionais, incluindo então Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Syrah, Cabernet Franc, Petit Verdot, Graciano, Garnacha, Verdejo e Sauvignon Blanc.

Cada parcela é plantada com o propósito de melhor adequar a variedade de uva com as condições e tipo de solo. Ademais são vinificados separadamente, o que permite a rastreabilidade total e a produção de vinhos de parcela única. Estes vinhos e a Finca Constancia Seleccion são as referências da propriedade.

Finca Constancia se dedica ao meio ambiente e por conseguinte está se convertendo às práticas biodinâmicas. Sendo assim, o trabalho na vinha é realizado a um ritmo ditado pelos ciclos da lua e pela posição dos planetas.

Apenas material vegetal compostado é usado para nutrir o solo, culturas de cobertura são plantadas para incorporar mais nitrogênio ao solo assim como a terra é povoada com fauna local para promover um ecossistema natural.

Dentro da gama, a marca Altozano é uma homenagem a Toledo, uma das cidades mais emblemáticas de Espanha, refletindo o imaginário e símbolos clássicos desta famosa capital. Os vinhos são frescos e baseados em frutas – uma ótima introdução aos vinhos espanhóis modernos.

Mais informações acesse:

https://fincaconstancia.es/en/

https://www.gonzalezbyass.com/validate

Referências:

“Vinho Blog”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote

Blog “Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote#:~:text=Este%20livro%2C%20universalmente%20famoso%2C%20trata,no%20centro%2Fsudeste%20da%20Espanha.&text=Os%20primeiros%20escritos%20da%20cultura,vinhas%20foram%20introduzidas%20pelos%20romanos.

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinhos-dos-moinhos_4580.html

“Blog VinhoSite”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

“Wine Fun”: https://winefun.com.br/graciano-mais-que-uma-uva-de-corte/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/graciano








quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Galitos branco

 

Eu não negarei nunca, sempre gritarei aos quatro cantos do mundo que adoro os vinhos do Alentejo! Talvez esteja sendo sugestionado, influenciado por um incontido amor, mas para mim as terras alentejanas são as melhores de Portugal para o cultivo do vinho!

Eles têm uma “pegada”, um aspecto regional muito arraigado, muito intenso, muito forte. Quando se degusta um vinho do Alentejo logo se percebe, pois têm impacto no nosso palato, as nossas impressões sensoriais são definitivamente arrebatadas a um nível imensurável.

E não se engane que isso varia de acordo com as propostas dos vinhos! Todos os rótulos parecem personificar a região com força, com intensidade. Não que os demais rótulos, das demais regiões lusitanas, não expressem esse apelo regionalista, mas o Alentejo reflete as suas características de uma maneira avassaladora, diria.

O vinho que degustei e gostei é aquele de preço também avassalador. Um vinho que custa na faixa dos R$ 30, pasmem, e que confesso não esperava muito dele. Para mim, no máximo, entregaria o que contempla a sua proposta, o seu preço, mas não! O vinho entregou uma personalidade que jamais esperaria e que se tornou uma degustação agradável, surpreendente.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei é um regional alentejano e se chama Galitos, um branco que carrega as castas Rabo de Ovelha, Roupeiro e Arinto, as cepas típicas do Alentejo e uma tida como a branca mais famosa de Portugal, sem informação de safra.

E pelo amor e apreço que nutro pelo terroir alentejano nada melhor que viajar profundamente pela região com a sua rica e envolvente história. Com vocês Alentejo!

Alentejo

Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas. As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos.

Alentejo

Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

História (Passado, presente e futuro)

A história do vinho e da vinha no território que é hoje o Alentejo exige uma narrativa longa, com uma presença continuada no tempo e no espaço, uma gesta ininterrupta e profícua que poucos associam ao Alentejo. Uma história que decorreu imersa em enredos tumultuosos, dividida entre períodos de bonança e prosperidade, entrecortados por épocas de cataclismos e atribulações, numa flutuação permanente de vontades, com longos períodos de trevas seguidos por breves ciclos iluministas e vanguardistas.

É uma história faustosa e duradoura, como o comprovam os indícios arqueológicos presentes por todo o Alentejo, testemunhas silenciosas de um passado já distante, evidências materiais da presença ininterrupta da cultura do vinho e da vinha na paisagem tranquila alentejana. Infelizmente, por ora ainda não foi possível determinar com acuidade histórica quando e quem introduziu a cultura da videira no Alentejo.

Mas ainda assim pode-se afirmar que a história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente há 3.000 anos atrás.

Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas.

Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegaram com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseado na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural.

Os gregos, cuja presença é denunciada pelas centenas de ânforas catalogadas nos achados arqueológicos do sul de Portugal, sucederam aos fenícios no comércio e exploração dos vinhos do Alentejo. Por esta época, a cultura da vinha no Alentejo, apesar de incipiente, contava já com quase dois séculos de história. A persistência de uma cultura da vinha e do vinho, desde os tempos da antiguidade clássica, permite presumir, com elevado grau de convicção, que as primeiras variedades introduzidas no território nacional terão arribado a Portugal pelo Alentejo, a partir das variedades mediterrânicas.

É mesmo provável, se atendermos os registros históricos existentes, que a produção alentejana tenha proporcionado a primeira exportação de vinhos portugueses para Roma, a primeira aventura de internacionalização de vinhos portugueses! A influência romana foi tão peremptória para o desenvolvimento da viticultura alentejana que ainda hoje, dois mil anos após a anexação do território, as marcas da civilização romana continuam a estar patentes nas tarefas do dia-a-dia, visíveis através da utilização de ferramentas do quotidiano, como o Podão, instrumento utilizado intensivamente até há poucos anos. Mas foi no aproveitamento das talhas de barro, prática que os romanos divulgaram e vulgarizaram no Alentejo, que a influência romana deixou as suas marcas mais profundas e até hoje é difundida, dada a devida proporção, por alguns abnegados produtores, e claro, a sua população.

Com a emergência do cristianismo, credo disseminado quase instantaneamente por todo o império romano, e face à obrigatoriedade da presença do vinho na celebração eucarística da nova religião, abriram-se novos mercados e novas apetências para o vinho. A fé católica, ainda que indiretamente, afirmou-se como um fator de desenvolvimento e afirmação da vinha no Alentejo, estimulando o cultivo da videira na região.

Com tantas influências culturais o Alentejo sofreu com algumas crises e a primeira se deu exatamente entre os cristãos e muçulmanos. Embora os mulçumanos tenham se mostrando tolerante com os costumes dos povos conquistados, consentindo na manutenção da cultura da vinha e do vinho, sujeitando-a a duros impostos, mas autorizando a sua subsistência, logo nasceu uma intolerância crescente para com os cristãos e os seus hábitos, manifesta no cumprimento rigoroso e vigoroso das leis do Corão.

Inevitavelmente, a cultura do vinho foi sendo progressivamente negada e a vinha gradualmente abandonada, reprimida pelas autoridades zelosas das regiões ocupadas. Com a invasão muçulmana a vinha sofreu o primeiro revés sério no Alentejo. A longa reconquista cristã da península ibérica, riscada de Norte para Sul, geradora de incertezas e inseguranças, com escaramuças permanentes entre cristãos e muçulmanos, sem definição de fronteiras estáveis, maltratou ainda mais a cultura da vinha, uma espécie agrícola perene que, por forçar à fixação das populações, foi sendo progressivamente abandonada.

Foi só após a fundação do reino lusitano, concorrendo através do poder real e das novas ordens religiosas, que a cultura do vinho regressou com determinação ao Alentejo. Poucos séculos mais tarde, já em pleno século XVI, a vinha florescia como nunca no Alentejo, dando corpo aos ilustres e aclamados vinhos de Évora, aos vinhos de Peramanca, bem como aos brancos de Beja e aos palhetes do Alvito, Viana e Vila de Frades. 

Em meados do século XVII, eram os vinhos do Alentejo, a par da Beira e da Estremadura, que gozavam de maior fama e prestígio em Portugal. Desventuradamente, foi sol de pouca dura! A crise provocada pela guerra da independência, logo secundada por nova crise despertada pela criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, instituída pelo Marquês de Pombal como justificação para a defesa dos vinhos do Douro em detrimento das restantes regiões, com arranques coercivos de vinhas em muitas regiões, deu matéria para a segunda grande crise do vinho alentejano, mergulhando as vinhas alentejanas no obscurantismo.

A crise foi prolongada. Foi preciso esperar até meados do século XIX para assistir à recuperação da vinha no Alentejo, com a campanha de desbravamento da charneca e a fixação à terra de novas gerações de agricultores. Nasceu então mais uma época dourada para os vinhos do Alentejo, período que infelizmente viria a revelar ser de curta duração. O entusiasmo despertou quando se soube que um vinho branco da Vidigueira, da Quinta das Relíquias, apresentado pelo Conde da Ribeira Brava, ganhou a grande medalha de honra na Exposição de Berlim de 1888, a maior distinção do certame, tendo sido igualmente apreciados e valorizados vinhos de Évora, Borba, Redondo e Reguengos.

Pouco anos mais tarde, decorria o ano de 1895, edificou-se a primeira Adega Social de Portugal, em Viana do Alentejo, pelas mãos avisadas de António Isidoro de Sousa, pioneiro do movimento associativo em Portugal. Desafortunadamente, este período de glória viria a terminar abruptamente. Duas décadas passadas, já na primeira metade do século XX, sobreveio um conjunto de acontecimentos políticos, sociais e econômicos que contribuíram decidida e decisivamente para a degradação da viticultura alentejana.

António Isidoro de Sousa

Ao embate da filoxera, somou-se a primeira das duas grandes guerras mundiais, as crises econômicas sucessivas, e, sobretudo, a campanha cerealífera do estado novo que suspendeu e reprimiu a vinha no Alentejo, apadrinhando a cultura de trigo na região que viria a apelidar como "celeiro de Portugal". A vinha foi sendo sucessivamente desterrada para as bordaduras dos campos, para os terrenos marginais em redor de montes, aldeias e vilas, para as pequenas courelas em redor das povoações, reduzindo o vinho à condição de produção doméstica para autoconsumo. Em poucos anos o vinho no Alentejo, salvo raras exceções, desapareceu enquanto empreendimento empresarial.

Foi sob o patrocínio solene da Junta Nacional do Vinho, já no final da década de 1940, que a viticultura alentejana ganhou a primeira oportunidade de recobro, ainda que de forma titubeante.

O movimento associativo foi preponderante para o ressurgimento da atividade vitícola no Alentejo. Em 1970, sob os auspícios da Comissão de Planeamento da Região Sul, foi anunciado o estudo "Potencialidades das sub-regiões alentejanas", coadjuvado dois anos mais tarde pelo estudo "Caracterização dos vinhos das cooperativas do Alentejo. Contribuição para o seu estudo", do professor Francisco Colaço do Rosário, ensaios acadêmicos determinantes para o reconhecimento regional e nacional do potencial do Alentejo. Associando várias instituições ligadas ao setor e tirando proveito das sinergias criadas, o Alentejo conseguiu estabelecer um espírito de cooperação e entreajuda entre os diversos agentes.

Com a criação do PROVA (Projeto de Viticultura do Alentejo), em 1977, foram criadas as condições técnicas para a implementação de um estatuto de qualidade no Alentejo, enquanto a ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), fundada em 1983, foi arquitetada para promover a cultura da vinha nos diferentes terroirs do Alentejo.

Em 1988 regulamentaram-se as primeiras denominações de origem alentejanas, fundamento para o estabelecimento, em 1989, da CVRA (Comissão Vitivinícola Regional Alentejana), garante da certificação e regulamentação dos vinhos do Alentejo.

Borba

Borba possui um longo passado histórico, como nome incontornável do vinho alentejano e português. As referências apontam para a existência de produção de vinho neste concelho em 1345, no entanto, é muito provável que já na época romana isso acontecesse, devido à influência marcante que este povo teve no desenvolvimento da cultura vínica alentejana.

A arquitetura tradicional reflete a cultura do vinho, com a existência de inúmeras casas de viticultores com tipologia arquitetônica característica dos séculos XVII e XVIII, constituídas por um piso superior para habitação e um piso térreo para a tradicional adega. Por outro lado, existe um riquíssimo património edificado, composto por solares e casas apalaçadas, que resultou da riqueza gerada pela produção de vinho desde o século XVIII.

Borba é a segunda maior sub-região do Alentejo (DOC – Denominação de Origem Controlada), alastrando-se ao longo do eixo que une Estremoz a Terrugem, estendendo-se por Orada, Vila Viçosa, Rio de Moinhos e Alandroal. A sub-regiões de Borba, uma das mais dinâmicas do Alentejo, detém solos únicos de mármore que marcam de forma permanente e determinante o temperamento dos vinhos. Borba possui uma área de vinha de cerca de 3500 ha e uma produção de aproximadamente 155.000 hl.

Borba

O microclima especial de Borba garante índices de pluviosidade levemente superior à média, bem como níveis de insolação ligeiramente inferiores à média alentejana, proporcionando vinhos especialmente frescos e elegantes.

Rabo de Ovelha

Casta tradicional do Alentejo, presente em quase todas as sub-regiões, onde teve grande importância no passado. Muito discutível quer quanto à produção quer quanto ao valor enológico.

Muito produtiva, mas irregular na produção. Robusta, origina vinhos ricos em ácidos não muito alcoólicos, usado por isso, com alguma vantagem, em lotes com castas de menor acidez. Deve ser vindimada precocemente de modo a manter o teor de ácidos num nível aceitável.

As principais qualidades da casta Rabo de Ovelha nos vinhos são o alto teor alcoólico, boa longevidade e elevada acidez. Os vinhos que incluem esta casta na sua composição apresentam aromas discretos, com notas florais, vegetais e até minerais.

Roupeiro

Esta casta, nativa de Portugal, conhecida como Síria, na região de Beiras, por exemplo, faz muito sucesso em seu local preferido, na borda de fronteira com a Espanha. Muito longe da influência do Atlântico. Vai assim margeando a Espanha, desde Trás-os-Montes até o Alentejo passando por Beiras Interior onde, nas partes mais altas alcança seu máximo.

Uva que precisa de tempo seco, muito sol e boas diferenças de temperatura entre dia e noite. Como não podia deixar de ser é casta de vários nomes dependendo da região. Desde Codega, Crato Branco até Roupeiro, no Alentejo onde é mais conhecida mundialmente.

Seus vinhos são para serem apreciados jovens. Nos melhores apresenta seu potencial de acidez marcante, aromas cítricos em outros casos frutados como melão e um toque floral.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo citrino, brilhante, límpido, esboçando um dourado intenso, com nuances esverdeadas e discretas e rápidas lágrimas finas.

No nariz traz exuberantes aromas de frutas tropicais, com destaque para um pêssego maduro e frutas cítricas, além de secas também, com um discreto toque floral e algo mineral.

Na boca revela frescor, leveza, mas com uma personalidade, com alguma estrutura, denotando também frutas tropicais bem maduras, com uma acidez média e um final persistente e retrogosto muito frutado.

O Alentejo, como sempre, vibrante, regional que globaliza, que se faz forte em tipicidade, o terroir vivo, pleno, altivo que guarda uma tradição reluzente e que se moderniza em seus rótulos cada vez mais ousados, versáteis. O Alentejo catapulta Portugal para longe e faz deste país, cada vez mais, um centro vitivinícola de suma importância para o planeta vinho. Que possamos ser atores dessa história viva e que se mostra mutável. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Borba:

Fundada em 1955, as raízes da Adega de Borba remontam a um passado ainda mais longínquo no qual Portugal não era considerado reino.

A vinha está presente no Alentejo há mais de 3.000 anos. Foi a partir do século XVIII que a produção de vinho em Borba floresceu, contribuindo para um acentuado crescimento econômico e social da região. Desde então, vários acontecimentos marcaram o setor vitivinícola: uns de forma positiva, como a implementação de técnicas mais modernas de produção, e outros de forma negativa, nomeadamente a destruição provocada pela Guerra da Restauração e Invasões Napoleônicas.

Já nessa época existia uma produção pulverizada em pequenas adegas tradicionais, com talhas, ocupando parte de inúmeras casas de habitação dispersas pelas vilas e lugares.

Era esta a realidade quando, no dia 24 de abril de 1955, um conjunto de produtores insatisfeitos com as condições que eram praticadas no mercado controlado por “intermediários” em termos de preços e margens, cientes da necessidade de ganharem escala e massa crítica para investirem em novas tecnologias e em marcas comerciais fortes, decidiu unir-se para fundar a Adega Cooperativa de Borba.

Independentemente destas oscilações, a importância da vinha em Borba nunca se dissipou e foi sempre a grande cultura agrícola da região.

Já nessa época existia uma produção pulverizada em pequenas adegas tradicionais, com talhas, ocupando parte de inúmeras casas de habitação dispersas pelas vilas e lugares. Era esta a realidade quando, no dia 24 de abril de 1955, um conjunto de produtores insatisfeitos com as condições que eram praticadas no mercado controlado por “intermediários” em termos de preços e margens, cientes da necessidade de ganharem escala e massa crítica para investirem em novas tecnologias e em marcas comerciais fortes, decidiu unir-se para fundar a Adega Cooperativa de Borba.

Cada um dos viticultores distingue-se pela oferta de um produto de qualidade, envergando na sua essência uma história que nos faz recordar as verdadeiras raízes do cultivo da vinha. É com base em cada um dos seus legados, da sua partilha de conhecimentos e da sua união que a Adega de Borba consegue hoje em dia colocar em prática o real conceito de Cooperativa.

Mais informações acesse:

https://adegaborba.pt/

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Vinhos do Alentejo”: https://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/vinhos/historia-dos-vinhos/

“Além do Vinho”: https://alemdovinho.wordpress.com/tag/uva-roupeiro/

“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/uvas-211-Rabo-de-Ovelha

“Vida Rural”: https://www.vidarural.pt/sem-categoria/castas-de-portugal-rabo-de-ovelha/