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sábado, 31 de outubro de 2020

Adega Grande Reserva Castelão 2017

 

Sempre falarei em alto e bom som ou, neste caso, textualizarei de forma incansável que nada mais importante na degustação de um vinho do que o apelo regionalista traduzido é claro, nas suas castas autóctones e Portugal sintetiza com fidelidade a tipicidade de seus vinhos. A cultura e o terroir personificados em uma garrafa que, embora seja pequena e um simples objeto é significativa e gigante na história de um povo, de um país que reflete na cultura vitivinícola. E já que falamos em Portugal e das suas cepas, temos que destacar que o país é conhecido pelos seus “blends”, pelos seus cortes e, como costumo dizer, quando temos a oportunidade de degustar um vinho varietal, ou seja, com uma casta, temos de aproveitar, afinal, não é todo dia!

E uma casta, em especial, sempre me chamou a atenção e sempre me suscitou um ávido interesse e dizia: Ainda vou degustar um vinho 100% Castelão. A Castelão é uma das mais populares e importantes uvas portuguesas. Sintetiza a história da vitivinicultura daquele país. Mas daqui a pouco falarei um pouco sobre ela, pois antes, falarei como o meu interesse em degustar a mesma surgiu. E esse interesse surgiu por conta dos inúmeros blends que degustei ao longo do tempo. E sempre reparava que a Castelão estava lá, em menor ou maior percentual, ela sempre estava nos cortes dos vinhos lisboetas, de Setúbal, do Alentejo e isso me despertou o interesse. Mas no mercado de vinhos brasileiro a oferta de vinhos portugueses 100% Castelão é muito baixa, quase um desafio encontrar. Mas empreendi um esforço para procurar, garimpar, mas infelizmente nada. Até que um dia encontrei, por acaso, como sempre, um rótulo, da emblemática região de Setúbal, berço da Castelão, um vinho chamado Vinhas do Silvado Castelão 2016 e, apesar de ser um vinho básico me chamou muito atenção e isso fez com que eu me entusiasmasse, ainda mais, pelos vinhos dessa cepa e eis que surgiu, mais uma vez, a oportunidade de degustar a Castelão.

O vinho que degustei e gostei veio do Tejo, um vinho regional do Ribatejo, e se chama Adega Grande, um reserva, 100% Castelão, da safra 2017. A oportunidade veio novamente e com outra proposta em relação ao meu primeiro vinho degustado da Castelão, outra oportunidade para conhecer a casta em outra roupagem. Mas, por falar nela, conforme prometido, vamos um pouco falar da história da Castelão.

Castelão, o DNA de Portugal

A uva Castelão é uma variedade de uva de casca escura que é usada no processo de fabricação de vinho tinto e encontrada mais exclusivamente em Portugal. Ela é utilizada para a produção não só de vinhos varietais, mas também vinhos mistos. A  Castelão é extremamente popular graças à sua robustez. Essa uva tende a crescer bem em solos arenosos e inférteis e resiste à maioria das doenças. Embora essa uva prefira os climas mais quentes, ela produz qualidade decente de vinho, mesmo a partir de uvas cultivadas em partes mais frias e úmidas do país. A Castelão é conhecida, na região de Setúbal, como “Periquita”, também chamada João de Santarém ou Castelão Francês. Embora seja cultivada por todo o país, destaca-se, sobretudo nas regiões costeiras a sul e por vezes entra na constituição do Vinho do Porto. O Termo “Periquita” está associado ao emblemático vinho, de mesmo nome, criado por José Maria da Fonseca, da vinícola de mesmo nome lá na região de Setúbal. A vinícola, fundada em 1834, tinha a alcunha de “Periquita” por causa do local onde estava instalado, conhecido como “Cova da Periquita”, nome dado pelos moradores da região.

José Maria da Fonseca

Na costa sul de Portugal, onde os solos são arenosos, as vinhas de Castelão produzem vinhos que não são apenas tânicos, mas também encorpados e extremamente rústicos, com um toque de sabor frutado que parece o sabor de uma fruta silvestre. Estes vinhos são frequentemente envelhecidos no carvalho por um período de cinco a dez anos e uma vez feito; o vinho produzido é de qualidade extremamente premium. No caso dos vinhos produzidos a partir de uvas cultivadas na parte central de Portugal, devido à natureza calcária do solo, produz vinhos mais leves e frutados, que não precisam ser envelhecidos devido ao sabor equilibrado e podem ser consumidos precocemente. Este vinho é frequentemente misturado com variedades como Tinta Roriz e Touriga Nacional. Quando misturado com outros vinhos, as bordas ásperas do Castelão tendem a amolecer um pouco, tornando o vinho muito mais acessível, principalmente quando não passa pelo processo de envelhecimento.

E agora finalmente falemos do vinho!

Na taça apresenta um lindo vermelho rubi intenso, com tons e reflexos violáceos com lágrimas finas e abundantes que desenham as paredes do copo.

No nariz oferece uma explosão de frutas vermelhas maduras como morango, cereja, framboesa, frutas vermelhas em compota, com notas de especiarias, diria também um toque de baunilha.

Na boca é seco, de corpo médio, alguma estrutura, mas macio, elegante, fácil de degustar, com taninos presentes, mas domados, com acidez moderada, que lhe confere algum frescor e um toque amadeirado, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho. Um final frutado e agradável.

É óbvio que os melhores vinhos da casta Castelão estão na região de Setúbal ou ligados, de forma positiva, nos tradicionais vinhos do Porto, mas esse Castelão do Ribatejo é surpreendentemente bom! Um Castelão como deve ser: encorpado, de personalidade marcante, frutado, imponente, a Portugal líquido, derramado nas paredes do meu copo. A experiência foi maravilhosa, mas que espero que sejam contínuos, que se prolonguem em várias facetas, estilos, propostas, rituais e momentos, momentos únicos e variados. Um vinho eloquente, de perfil regionalista, a tipicidade, o DNA de Portugal. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo:

Sendo a mais antiga do concelho, a Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo, foi fundada em 1957, com o apoio das extintas, Junta Nacional do Vinho e Junta de Colonização Interna, numa altura em que a região atingiu o seu expoente máximo em área de vinha.

Inserida nos concelhos de Almeirim e de Salvaterra de Magos, tem a maioria das vinhas implantadas em solos de origem calcária e argilosa, pouco produtivos, denominados de Charneca e uma pequena parte em solos de aluvião, muito férteis, na lezíria do rio Tejo. Após décadas de vendas de vinho a granel, passou desde a última, a apostar nos engarrafados, tendo hoje, graças á plantação de novas vinhas e castas, modernização tecnológica e comercial, bem como o grande salto qualitativo da marca TEJO, toda a sua produção destinada a vinhos engarrafados de qualidade. Hoje a Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo, conta com os vinicultores associados, que exploram cerca de 500 hectares de vinha distribuídos por 70% de castas brancas e 30% de castas tintas. As castas brancas predominantes são a incontornável Fernão Pires, seguida da Boal de Alicante, Arinto,Tália e Vital. Nas tintas predominam a Castelão e Tinta Roriz e em menor escala, a Syrah, Cabernet Sauvignon, Alicante Boushet, Tinta Barroca e Touriga Nacional. O empenho dos associados na produção de uvas de qualidade, a determinação da Direção e a dedicação dos colaboradores, contribuíram para um desenvolvimento sadio da Adega. A Adega é hoje uma empresa voltada para as relações maduras e duradouras com os seus clientes e fornecedores, relações baseadas na confiança, respeito e excelência profissional. O seu futuro depende de estar sempre preparada para os desafios que ele lhe coloca.

Mais informações acesse:

https://www.adegadebenfica.pt/

Fontes de pesquisa:

Portal “Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Castel%C3%A3o_(uva)

Portal “Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/castelao

Portal “House of Wine”: http://houseofwine.com.br/por-dentro-vinho/castelao/

Portal “Correio Braziliense”: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2016/01/06/interna_turismo,513036/conheca-a-historia-do-rotulo-periquita-vinho-pioneiro-do-norte-de-por.shtml

 




domingo, 17 de julho de 2022

Pó das Areias Grande Escolha Castelão 2017

 

Tem certas coisas ou situações vividas que ficam na nossa mente e que teimam, insiste em vir à tona, como que nos lembrando de vivenciá-la ou pelo menos nos colocar em reflexão, simplesmente.

Quando tive os meus primeiros contatos com os vinhos portugueses, uma casta teimava em me “acompanhar” nas degustações dos rótulos lusitanos: Castelão! Mas nos primeiros rótulos não me atentei imediatamente com a variedade.

Contudo a constância fez com que eu olhasse, eu percebesse com mais carinho para ela. A minha primeira e inevitável pergunta foi: A cada degustação a Castelão aparece nos blends! Será ela tão importante para Portugal? O que ela tem de especial?

Não importava a região portuguesa, não importava o produtor, não importava a proposta do vinho, lá estava, seja predominando percentualmente falando ou não, a Castelão.

Claro que, estimulado pela curiosidade que me é peculiar neste vasto e atraente universo do vinho, me coloquei a pesquisar sobre a casta, profundamente. E realmente a sua história personifica a história recente e gigantesca da Portugal vitivinícola.

Logo dissecarei, com requintes de detalhes, a magnífica história da Castelão, mas antes seguirei contando a minha história, de forma mais breve possível, com esta especial variedade, autóctone portuguesa.

E quando me vi envolto em curiosidade em degustar um rótulo 100% Castelão me coloquei em uma saga no garimpo de um vinho que entregasse o que eu queria, o que eu necessitava de momento. À época tive a impressão da dificuldade de encontrar um nos sites especializados em venda de vinhos e os pouquíssimos ofertados estavam com um valor muito alto para o meu humilde bolso.

Mas continuei a procurar e estava cada vez mais decidido a procurar até encontrar e quando estive em um site de vendas de vinhos muito popular no Brasil encontrei, quase que despretensiosamente, um que, claro, me chamou a atenção, mas lendo as nuances de sua proposta, percebi se tratar de um vinho mais básico, mas isso não importa! O comprei, degustei e gostei! Ele era o Vinhas do Silvado 2016. Que vinho saboroso! Para a sua proposta entregou até além!

A saga continuaria! Claro que não iria parar por aí e encontrei outro, da região do Tejo, de nome Adega Grande Reserva Castelão 2017, esse, com uma proposta diferenciada, em relação ao primeiro rótulo, com passagem por madeira e a experiência foi ótima também! Estava com sorte! Os vinhos 100% Castelão estavam me entregando qualidade, tipicidade.

E com esse panorama favorável não poderia parar! Afinal o universo é vasto e temos a obrigação de explorá-lo. E no mesmo site que havia comprado o meu primeiro rótulo 100% Castelão achei outro da região de Setúbal, que tem uma relação histórica forte com a Castelão, mais precisamente da sub-região de Palmela, terra dos moscatéis de Setúbal, com uma proposta no mínimo arrojada: passagem por 12 meses em depósitos de cimento! Não me lembro de ter degustado um vinho com passagem por cimento! Então foi chegada a hora de degusta-lo! Depois de dois anos na adega desde a sua compra, o desarrolhei! E voilá!

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio da região portuguesa de Setúbal, de Palmela, e se chama Pó das Areias Grande Escolha 100% Castelão da safra 2017. Então antes de falar do vinho, falemos um pouco da região de Setúbal e Palmela, bem como a artista do momento: Castelão!

Setúbal


A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal.

De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico.

Situada no litoral oeste, a sul de Lisboa, esta região vitivinícola tem um terroir específico para a produção do famoso e tão apreciado vinho licoroso. “Esta região pode dividir-se em duas zonas orográficas completamente distintas: uma a sul e sudoeste, montanhosa, formada pelas serras da Arrábida, Rosca e S. Luís, e pelos montes de Palmela, S. Francisco e Azeitão, estes recortados por vales e colinas, com altitudes entre os 100 e os 500 m. A outra, pelo contrário, é plana, prolongando-se em extensa planície junto ao rio Sado.

Península de Setúbal

A área delimitada abrange no total uma superfície de 9.210 hectares de vinha, admitindo-se que, dessa área, cerca de 2075 hectares estão afeto à produção de vinhos com Denominação de Origem. Uma grande parte dos vinhos é exportada. Existem grandes empresas vitivinícolas na região utilizando tecnologias avançadas de transformação, da uva ao vinho. O Vinho Regional “Península de Setúbal” produz-se em todo o distrito de Setúbal. Já no que respeita aos vinhos com Denominação de Origem, temos duas regiões distintas: Setúbal, para a produção do vinho generoso, e Palmela, onde se produzem vinhos brancos, tintos e rosados, vinhos frisantes e espumantes rosados e vinhos licorosos.

O clima é misto, subtropical e mediterrânico. Influenciado pela proximidade do mar, pelas bacias hidrográficas do Tejo e do Sado e pelas serras e montes da região, tem fracas amplitudes térmicas e um índice pluviométrico entre os 400 a 500 mm. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.

As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

DO Palmela

Abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e, ainda, a freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra, a D.O. Palmela cobre a mesma área que a D.O. Setúbal, mas exclui a produção de Moscatel de Setúbal. Aqui, tanto nos tintos como nos brancos, há uma utilização predominante de certas castas que permitem produzir vinhos carismáticos, com personalidades fortes.

Setúbal e Palmela mais ao norte

Os vinhos tintos D.O. Palmela devem conter a casta Castelão, conhecida tradicionalmente por Periquita, em pelo menos 67% da sua produção. São, na sua maioria, vinhos tranquilos, ou seja, não são gaseificados. São caracteristicamente bastante aromáticos, com grande capacidade de envelhecimento e estruturados. Os jovens e os mais velhos distinguem-se pelo perfil e aromas. Enquanto que os primeiros são caraterizados por aromas como a cereja, a groselha e a framboesa, os mais velhos abarcam outros aromas mais secos, como a bolota e o pinhão.

Castelão: O DNA de Portugal

A uva Castelão é uma variedade de uva de casca escura que é usada no processo de fabricação de vinho tinto e encontrada mais exclusivamente em Portugal. Ela é utilizada para a produção não só de vinhos varietais, mas também vinhos mistos.

A Castelão é extremamente popular graças à sua robustez. Essa uva tende a crescer bem em solos arenosos e inférteis e resiste à maioria das doenças. Embora essa uva prefira os climas mais quentes, ela produz qualidade decente de vinho, mesmo a partir de uvas cultivadas em partes mais frias e úmidas de Portugal.

A Castelão é conhecida, na região de Setúbal, como “Periquita”, também chamada João de Santarém ou Castelão Francês. Embora seja cultivada por todo o país, destaca-se, sobretudo nas regiões costeiras a sul e por vezes entra na constituição do Vinho do Porto.

O Termo “Periquita” está associado ao emblemático vinho, de mesmo nome, criado por José Maria da Fonseca, da vinícola de mesmo nome lá na região de Setúbal. A vinícola, fundada em 1834, tinha a alcunha de “Periquita” por causa do local onde estava instalado, conhecido como “Cova da Periquita”, nome dado pelos moradores da região.

José Maria da Fonseca

Na costa sul de Portugal, onde os solos são arenosos, as vinhas de Castelão produzem vinhos que não são apenas tânicos, mas também encorpados e extremamente rústicos, com um toque de sabor frutado que parece o sabor de uma fruta silvestre. Estes vinhos são frequentemente envelhecidos no carvalho por um período de cinco a dez anos e uma vez feito, o vinho produzido é de qualidade extremamente premium.

No caso dos vinhos produzidos a partir de uvas cultivadas na parte central de Portugal, devido à natureza calcária do solo, produz vinhos mais leves e frutados, que não precisam ser envelhecidos devido ao sabor equilibrado e podem ser consumidos precocemente. Este vinho é frequentemente misturado com variedades como Tinta Roriz e Touriga Nacional.

Quando misturado com outros vinhos, as bordas ásperas do Castelão tendem a amolecer um pouco, tornando o vinho muito mais acessível, principalmente quando não passa pelo processo de envelhecimento.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo e intenso vermelho rubi com reflexos violáceos muito brilhantes, com lágrimas finas e em média intensidade que logo se dissipam do copo.

No nariz entrega um rico aroma de frutas vermelhas frescas com destaque para groselha, cereja e morango, com notas florais, de flores vermelhas, além de especiarias, como pimenta e toques herbáceos e de couro.

Na boca é redondo, elegante, fácil de degustar, muita fruta protagonizando também no palato. Muito equilibrado, graças aos seus taninos aveludados, mas envolventes, com uma acidez muito boa, apesar dos cinco anos de safra, e álcool bem integrado, revela todas as características da variedade Castelão, se devendo também aos 12 meses que estagiou em tanques de cimento que valoriza a essência da casta. Tem final médio.

Mais uma experiência excepcional com a Castelão! Muitas novidades foram impostas a mim com a degustação deste especial rótulo. Os depósitos de cimento, onde o vinho estagiou por doze meses, trouxe um vinho mais puro, enfatizando a essência da cepa, potencializando o seu terroir, com muita tipicidade. Tem taninos redondos, macios e faz do vinho algo suculento, fresco, vivo, mas com personalidade marcante por exatamente expor todas as suas nuances e características desta cepa que, a cada dia, me ganha.

E ainda tem uma curiosidade estampada no rótulo: Grande Escolha! O que significa? “Grande Escolha” é uma denominação de qualidade, mas que não é uma denominação de origem, mas se assemelha a um reserva ou grande reserva, por exemplo. Significa que obteve uma qualificação, uns pontos acima do “normal”, dos vinhos regionais, por exemplo, pelo organismo ou instituição que certifica o vinho.

E mais uma curiosidade, agora sobre o nome que ostenta em seu rótulo: “Pó das Areias”! Pó das Areias faz alusão aos solos arenosos e ao clima mediterrâneo no qual a uva Castelão foi cultivada.

O que corrobora, definitivamente, a sua qualidade, personificando o seu terroir. Enfim, um vinho repleto de tipicidade. Tem 13.5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Fernão Pó:

A Adega Fernão Pó é uma empresa familiar de Fernando Pó, concelho de Palmela, como resultado da junção das famílias Freitas & Palhoça. Ligadas à viticultura e produção de vinho há gerações, reúnem assim dois ramos da história vinícola de Fernando Pó.

Os Freitas são antigos proprietários da região e, por outro lado, os Palhoças, descendentes da cultura “caramela”, vindos do norte de Portugal, se estabeleceram em “Foros” na região. Anteriormente, nos anos 50, Aníbal da Silva Freitas fundou a Adega. Só posteriormente, em 1990, foi lançado o primeiro vinho de marca própria. Hoje, produz cerca de 660 mil litros de vinhos de vinhas próprias.

A planície de Fernão Pó é conhecida pela qualidade das suas uvas. Dividida em pequenas quintas desde a chegada do caminho-de-ferro em 1861, distingue-se pela camada de areias macias, a cobrir o solo de barro. O microclima temperado pelos rios Tejo e Sado protege e facilita a maturação perfeita das uvas. O resultado são vinhos conhecidos pela boa estrutura, corpo, cor e principalmente aromas.

Mais informações acesse:

https://fernaopo.pt/

Referências:

“Vinhos da Península de Setúbal”, em: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Castel%C3%A3o_(uva)

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/castelao

“House of Wine”: http://houseofwine.com.br/por-dentro-vinho/castelao/

 “Correio Braziliense”: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2016/01/06/interna_turismo,513036/conheca-a-historia-do-rotulo-periquita-vinho-pioneiro-do-norte-de-por.shtml

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/peninsula-de-setubal/regioes-vitivinicolas-portuguesas-peninsula-de-setubal-2/

 

 

 

 

 

 





 







quarta-feira, 11 de março de 2020

Vinhas do Silvado Castelão 2016



Sou um degustador ávido por vinhos portugueses. Um país de dimensões territoriais pequenas, mas que apresenta diversas regiões com vinhos de tipicidades, características e propostas diferentes, uma diversidade que agrada a todos os bolsos e paladares. Por esse motivo procuro não direcionar apenas o meu radar a vinhos, cujos rótulos são conhecidos ou as vinícolas tem um alcance forte, não só no mercado interno, mas também no mercado externo, mas  também de rótulos que costumo chamar de “underground”, ou seja, pouco conhecidos, de vinícolas pouco badaladas. Eles podem nos entregar grandes e positivas surpresas. E incluo também as regiões, levando em consideração também de que determinadas localidades de potencial vitivinífera em Portugal que infelizmente no Brasil não são tão conhecidos ou as opções de rótulos não chegam por aqui.

E, apesar de degustar vinhos lusitanos há algum tempo, fui conhecer e degustar a região emblemática de Setúbal a pouco tempo e tiver o prazer de degustar um varietal mais importante dessa região e que, no passado era produzida, em profusão, em todo Portugal, a Castelão, que era chamada de Periquita. E o vinho escolhido foi o Vinhas do Silvado da safra 2016, da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões.

No aspecto visual apresenta um vermelho rubi de média intensidade, com entornos violáceos bem definido e muito brilhante.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas frescas, como framboesa, ameixa, e um toque floral muito agradável.

Na boca é frutado, fresco, direto, macio, fácil de degustar, com taninos delicados, sedosos e acidez correta, com final de média persistência, porém agradável.

O vinho me surpreendeu positivamente pela simplicidade sim, mas bem feito, com muita correção, um vinho de caráter, porque entrega muito bem a sua proposta, é honesto, saboroso e com ótima drincabilidade, um excepcional custo X benefício, com teor alcoólico de 12,5%. E digo mais, um varietal português é difícil de encontrar no Brasil, só nisso já vale a atenção.

Sobre a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro:


Foi o grande proprietário rural e industrial de cerveja José Rovisco Pais quem doou as suas herdades de Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Nelas viria a ser executado o maior projecto de Colonização Interna com a fixação de centenas de casais agrícolas e a plantação de 830 hectares de vinha. A Cooperativa Agrícola constituída por Alvará de 7 de Março de 1958 veio fornecer o apoio técnico e logístico à elaboração dos primeiros vinhos de Pegões. Numa primeira fase da sua existência a Cooperativa beneficiou de substanciais apoios financeiros e tecnológicos do sector estatal. Seguiu-se uma fase de ocupação e desequilibrio, consequente do processo revolucionário em curso (1975 – 76). Finalmente nos últimos 15 anos a Cooperativa empreendeu uma estratégia sistemática de modernização e estabilização financeira com o objectivo de melhorar e valorizar os vinhos da sua marca. Neste período a Cooperativa investiu cerca de 15.000.000€ para dotar a Adega com sistemas de vinificação e estabilização a frio, revestimento a “EPOXY” dos primitivos depósitos de cimento, complexo de cubas de INOX para fermentação com controle de temperatura, prensas de vácuo e pneumáticas, modernas linhas de enchimento e rotulagem, ETAR, caves para estágio de vinhos com mais de 3.000 barricas, obras de beneficiação e conservação geral de edifícios e pavimentação dos acessos fabris. No plano da organização interna, avançou-se na informatização da empresa que, neste momento, está certificada na norma NP EN ISO 9001: 2000 e HACCP.

Mais informações acesse:

http://cooppegoes.pt/

Degustado em: 2019