sábado, 25 de setembro de 2021

Rilievo Pinot Nero 2019

 

Por isso que sempre digo que o universo do vinho é vasto e inexplorado. Há muito a se falar, há muito que descobrir, há muito que conhecer e melhor: Há muito para degustar! Eu recebi do clube de vinhos que faço parte, alguns rótulos bem interessantes, mas um me chamou verdadeiramente a atenção.

Pinot Nero era a casta estampada em um dos rótulos que recebi e que eu confesso no ápice de minha ignorância vínica, não conhecia. Mas quando sou “provocado” nesse sentido eu me ponho a pesquisar e quando descobri a resposta, fui tomado por uma grata surpresa: trata-se apenas da emblemática e maravilhosa Pinot Noir como é chamada no país da Bota, a velha e necessária Itália.

A palavra italiana “Nero” significa “escuro” e também aparece em castas autóctones e tradicionais da Itália como a Nero d’Avola que significa a casta escura de Ávola, uma região italiana.

Muito prazeroso para mim, que faz questão de degustar história, pois vinho é assim, degustar história e cultura de um país, de um povo, de uma região, descobrir esses pequenos grandes detalhes de rótulos que degustamos. E o que também me surpreendeu foi encontrar um Pinot Noir produzido na Itália. Uma maravilha, principalmente levando em consideração que a casta tão difícil para se cultivar.

E logo quando o vinho chegou não hesitei em demorar e logo me coloquei à disposição, que não sou bobo nem nada, a degusta-lo. A tarde, com sol brilhando e com temperatura agradável foi o pano de fundo para degustação desse Pinot Nero e quando desarrolhei a garrafa e os primeiros sinais de fruta e de um aroma floral começaram a se manifestar, meus sentidos logo ficaram aguçados.

A taça inundada do líquido me animou ainda mais. As papilas receberam o bombardeio de sabores do vinho e que maravilha! Que belo e interessante Pinot Noir italiano. Então vamos às apresentações. O vinho que degustei e gostei veio do Vêneto (IGT Trevenezie), na Itália e se chama Rilievo da casta Pinot Nero, safra 2019. Antes de falar do belo vinho falemos um pouco da importante região do Vêneto.

Vêneto

O Veneto é a terra natal de algumas das mais conhecidas denominações italianas, como Prosecco, Valpolicella e Bardolino. Um dos maiores vinhos italianos produzidos nesta região é o encorpadíssimo Amarone. Situada no nordeste da Itália, a região do Veneto apresenta uma área total um pouco menor do que as demais áreas vinícolas de Piemonte, Lombardia, Toscana, Puglia e Sicília, no entanto, possui um volume de produção maior do que tais regiões italianas.

Vêneto

Embora as regiões da Puglia e Sicília fossem, por um longo tempo, as principais produtoras de vinho na Itália, a partir da metade do século XX esse cenário passou por notáveis mudanças. Na década de 1990, o Vêneto conquistou cada vez mais espaço e reconhecimento com a produção de alguns dos melhores vinhos italianos, como os tintos Valpolicella e Amarone, além do maravilhoso vinho branco Soave e do espumante Prosecco.

Na região do Vêneto encontra-se Valpolicella e sua sub-região Valpatena. Tal área é a responsável pela produção de meio milhão de hectolitros de vinho por ano e, em termos de volume, Valpolicella é a única DOC italiana capaz de competir com a famosa DOC Chianti, na Toscana. Ao leste do Veneto encontra-se Soave, responsável por abrigar o vinho branco seco que carrega o mesmo nome e encontra-se entre os vinhos italianos mais apreciados.

Apesar de as uvas mais cultivadas no Vêneto serem da casta Merlot e Prosseco, as videiras que deram origem aos vinhos com certificação de Denominação de Origem Controlada (DOC) são, na verdade, das castas Pinot Grigio, Riesling, Garganega, Pinot Nero, Barbera e Corvina, atualmente, as uvas de maior importância para a produção dos vinhos do Veneto apreciados e cultuados mundo afora.

Formado pelas sub-regiões de Veneza, Belluno, Verona e Rovido, o Veneto extrai a maior parte de sua produção de Verona, contabilizando anualmente cerca de dois milhões de hectolitros de vinhos italianos. O destaque dessa sub-região vai além do volume de produção local, Verona é o berço dos reverenciados, famosos e cultuados exemplares de Bardolino e Valpolicella.

Uma curiosidade a respeito do Vêneto é sua forte ligação com a vinicultura do Brasil, que recebeu muitos imigrantes italianos desta região na Serra Gaúcha, hoje a melhor área de elaboração de vinhos do nosso país. Não por acaso, a maioria das vinícolas de sucesso do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, pertence a famílias de descendentes desses imigrantes de Vêneto, no nordeste da Itália.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi com reflexos violáceos muito brilhantes, com curtas e rápidas lágrimas finas.

No nariz o destaque são os aromas frutados, de frutas vermelhas como morango, cereja e groselha, algo de geleia em compota, sem soar enjoativo, um toque floral bem delicado, além de notas de especiarias tais como cravo, canela.

Na boca é seco, equilibrado, harmonioso, elegante e fresco. A fruta também tem destaque, mas não tanto quanto no aspecto olfativo. É levemente tânico, percebe-se alguma adstringência, porém nada que desagrade ou incomode, com uma incrível acidez que entrega o frescor tão típico da Pinot Noir (Pinot Nero). Tem um final curto.

Um belo Pinot Nero, um Pinot Nero da Itália, de uma região emblemática italiana, o Vêneto. Um vinho fresco, extremamente frutado, mas sem ser enjoativo, com toques de especiarias, diria terroso, aroma delicado, um floral elegante, típico da casta. O nome pode se revelar diferente para com o resto do mundo, mas entrega o que há de melhor das essenciais características da Pinot Noir. Um vinho versátil, aquele que podemos degustar com pratos leves, mais condimentados, uma refeição simples ou sozinho, sem acompanhamentos. Um vinho de personalidade, com alguma expressão, de bom volume de boca, acidez marcante para um tinto, também típica da casta. Uma grata surpresa, sem contar que o aspecto visual também deixa o seu recado, que linda garrafa! Que o universo continue a conspirar a nosso favor e que revele grandes e novas experiências. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Botter:

A vinícola Botter foi fundada por Carlo Botter e sua esposa Maria em 1928 em Fossalta di Piave, uma pequena cidade perto de Veneza. Começou como um pequeno negócio de venda de vinhos locais em barricas e garrafões.

Na década de 60 os dois filhos, Arnaldo e Enzo, ingressaram na Companhia e passaram a comercializar vinhos em garrafas. Aumentaram a presença da Empresa no mercado italiano e - o mais importante - deram vida a um processo gradual de expansão para outros países, que se tornaria a principal fonte de receitas da Empresa.

Na década de 70, a Botter conseguiu acompanhar o crescimento do mercado internacional e expandir sua variedade. Alguns de seus vinhos do Veneto vieram dos vinhedos da família, localizados perto de Treviso.

Nos anos 80, graças a várias colaborações estreitas com produtores locais, Botter começou a fornecer novos vinhos de Abruzzo, Campânia, Puglia e Sicília, oferecendo uma ampla gama de produtos feitos com uvas de vinhas nativas; este foi apenas o ponto de partida da abordagem multiterritorial de Botter que mais tarde se desenvolveria e se espalharia por todo o país, do norte ao sul da Itália.

No final dos anos 90, a terceira geração - Annalisa, Alessandro e Luca - entrou na Companhia e Botter passou a testemunhar uma nova evolução. Foi adotado um modelo de negócio totalmente novo, mais adequado às necessidades de um mercado dinâmico e global.

Hoje, Botter é um dos maiores produtores e exportadores de vinhos italianos:1 em cada 35 garrafas de vinho italiano exportadas para o mundo é produzida por Botter.

Mais informações acesse:

https://www.botter.it/

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/veneto

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/regioes/veneto-entre-amores-e-vinhos/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/veneto

 

 

 

 




Nenhum comentário:

Postar um comentário