sábado, 25 de junho de 2022

Santa Ema Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2017

 

Têm castas que já estão inseridas em nossas vidas de enófilo desde sempre. Está tão inserida que nos traz a sensação de que a conhecemos profundamente, todas as suas nuances e características, cada detalhe. Nem tanto, nem tanto...

Claro que, dependendo da uva, da variedade, se adapta em vários solos, em vários terroirs, ganhando uma personalidade única, com nuances e peculiaridades inerentes a cada região.

A Cabernet Sauvignon, por exemplo, é tida, por muitos, como a rainha das uvas tintas. Não é para menos, claro, se adapta em vários climas e solos, é uma das cepas mais cultivadas do planeta, é a mais consumida também. Tem a sua nobreza pela sua história e representatividade. É digna de sua fidalguia.

Mas ainda há possibilidades de se surpreender com a Cabernet Sauvignon, sobretudo quando se conhece algumas regiões onde ela reina, em termos de qualidade. Falo da emblemática região chilena chamada Vale do Maipo.

E por que estou associando o Maipo com a Cabernet Sauvignon? Exatamente pela qualidade, pela referência dessa região para o cultivo da variedade, conhecida por ser a melhor região para a produção da cepa e de rótulos de plena representatividade em todo o Cone Sul.

A degustação de Cabernets do Maipo felizmente para mim não é novidade. Já havia tido uma experiência e tanto com um rótulo tradicional do Chile, além da região em si, que é o Marquês de Casa Concha Cabernet Sauvignon da safra 2014 e que experiência maiúscula, intensa, plena. De fato, não há o que contestar em degustar um Cabernet Sauvignon do Maipo.

E a segunda oportunidade me veio com outro rótulo de um produtor promissor, expoente em qualidade e tipicidade, que vem ganhando a predileção do enófilo brasileiro, falo da Santa Ema. Eu já tive o prazer de degustar o Merlot, de proposta intermediária da vinícola, o Santa Ema Select Terroir Merlot da safra 2018, e me surpreendeu pela personalidade e a representação do terroir que se confirma, inclusive, no nome.

E este rótulo de hoje se apresenta como um Gran Reserva, um Cabernet Sauvignon, do Vale do Maipo! Algumas combinações no mínimo instigante. Eu o mantive na adega por um tempo desde a compra. A intenção inicial foi deixa-lo por algum tempo na adega e degusta-lo com alguns anos de vida, mas a ansiedade venceu a paciência e a decisão de desarrolhá-lo foi dada.

Mas acredito que esteja no seu auge, no ápice de sua condição. E voilá! Um vinho estupendo, intenso, complexo, mas elegante, redondo, envolvente. Não preciso dizer, mas direi, para não perder o costume. O vinho que degustei e gostei veio do Vale do Maipo, Chile, e se chama Santa Ema Gran Reserva Cabernet Sauvignon da safra 2017. Então antes da descrição organoléptica do rótulo vamos às apresentações da tradicional Vale do Maipo.

Vale do Maipo

O Vale de Maipo é a única região vinícola do mundo com vinhedos nos limites urbanos de uma capital, Santiago, de 5,5 milhões de habitantes. O vale abriga o maior número de vinícolas do Chile, muitas delas com uma longa tradição vinícola que remonta ao início da produção chilena, e caves do século 19. Os vinhedos se estendem pelo Andes, onde são produzidos os melhores Cabernets, até o planalto central.

Maipo está localizado no extremo norte do Valle Central, onde a faixa costeira separa a costa do Oceano Pacífico e, no lado oriental a Cordilheira dos Andes se divide, separando a região de Mendoza do Vale do Maipo. As primeiras vinhas cultivadas na região chilena datam de 1540, contudo, foi apenas em 1800 que a cultura vinícola começou a se expandir notoriamente, tornando-se uma referência entre os vinhos sul-americanos.

Maipo Valley

A região pode ser dividida em três sub-regiões, Maipo Bajo, Central Maipo e Alto Maipo. Os vinhedos cultivados em Alto Maipo, ou Maipo Superior, percorrem a borda oriental da Cordilheira dos Andes, se beneficiando de altitudes entre 400 e 760 metros. Nesta altura, os dias são quentes e as noites frias, proporcionando uma lenta maturação das uvas, isto é, uvas com maiores índices de acidez.

Central Maipo, conhecida também como Maipo Médio, é uma sub-região de clima mais quente do que no Alto Maipo, bem como solos com maiores composições de argila, dando origem a vinhos mais refinados e elegantes.

A uva Cabernet Sauvignon continua sendo a variedade mais cultivada na região, apesar de existirem pequenos cultivos da Carmenère, casta beneficiada graças as temperaturas mais quentes, bem como Merlot, Syrah, Cabernet Franc, Malbec, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Semillón.

Por fim, a sub-região do Bajo Maipo está situada em torno das cidades de Talagante e Isla de Maipo, onde apesar de existir o cultivo das vinhas, encontra-se com maior facilidade diversas vinícolas.

Alguns produtores estão localizados perto do rio, onde a brisa fresca proporciona microclimas adequados para o cultivo, principalmente, de uvas brancas, além da Cabernet Sauvignon. Valle del Maipo ganhou sua denominação de origem controlada em 1994, decretada pelo governo chileno.

A região vinícola do Valle del Maipo possui 13 denominações: Alhue (DO), Buin (DO), Calera de Tango (DO), Colina (DO), Isla de Maipo (DO), Lampa (DO), Maria Pinto (DO), Melipilla (DO), Pirque (DO), Puente Alto (DO), Santiago (DO), Talagante (DO) e Til Til (DO).

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um intenso e profundo vermelho rubi, mas com reflexos violáceos que estimula um lindo brilho, com lágrimas finas lentas e em profusão que desenham as bordas do copo.

No nariz explodem em aromas frutados, de frutas pretas bem maduras, onde se destacam amora, ameixa e groselha. As notas amadeiradas estão também em evidência e estabelecem uma bela sinergia com a fruta, com a presença de baunilha, especiarias, como pimenta, pimentão, além do tabaco. Os dez meses em barricas de carvalho aportam tais características.

Na boca é seco, de paladar arredondado, elegante, sofisticado, sendo muito equilibrado. Tem média estrutura, bom volume de boca, carnudo, cheio, alcoólico, mas bem integrado ao conjunto do vinho, com taninos pronunciados, presentes, porém redondos com uma excelente acidez que corrobora ou enfatiza o seu bom volume. A madeira traz também o aporte de tosta média, chocolate meio amargo e torrefação. Final agradável e prolongado.

As descrições do produtor referente a safra de 2017 no Chile e a Cabernet Sauvignon que abrilhantou esse rótulo especial pareceu ter ecoado as minhas percepções sensoriais de uma forma avassaladora e brilhante. Diz:

“A safra de 2017 foi uma das primeiras safras da última década, com pelo menos três semanas de antecedência devido a uma primavera seca e um verão quente, com temperaturas muito quentes. Os rendimentos foram abaixo do esperado, mas de excelente qualidade, com uvas muito saudáveis, aromáticas e altamente concentradas. Vinhos desta safra serão lembrados por sua grande complexidade, redondeza, volume e textura. ”

É o que se resume o Santa Ema Gran Reserva Cabernet Sauvignon: elegância, sofisticação envoltos em uma textura de complexidade e alguma estrutura, com as notas típica da passagem por carvalho.

É a personificação do Maipo, sintetiza a região, com o seu apelo regionalista, explodindo na taça em tipicidade e qualidade. Mais uma vez a Cabernet Sauvignon chilena muito bem representada! Teor alcoólico de 13,5%.

Sobre a Vinícola Santa Ema:

O começo da Santa Ema remonta ao início do século XX, mais precisamente em 1917, quando Pedro Pavone Voglino, imigrante italiano, do Piemonte atleta e empresário, descobriu na Ilha de Maipo um Terroir, onde até hoje, é a sede da vinícola, adquirindo a Fazenda Santa Ema, de 35 ha.

O fundador, juntamente com seu filho Félix Pavone Arbea, um grande empreendedor e visionário, fundou a empresa vinícola, Vinhos Santa Ema, em 1956, proporcionando uma avançada infraestrutura industrial para o desenvolvimento e gerenciamento de vinhos embalados de alta qualidade.

A partir de então, a Santa Ema se abriu para o Chile e para o mundo, iniciando suas exportações, em 1986, com um processo de crescimento sólido e ininterrupto, que hoje atinge a mais de 30 países de destino nas mãos da terceira e quarta geração da família.

Se existe algo que caracteriza o espírito, a missão e a visão dos Vinhos de Santa Ema, que continua pertencendo à Família Pavone, hoje em sua quarta geração, é uma adesão plena e sustentada aos seguintes valores fundamentais: compromisso, qualidade, respeito, honestidade e responsabilidade.

Mais informações acesse:

https://www.santaema.cl/pt-br/?active=S

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-del-maipo

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=MAIPO#:~:text=O%20vale%20abriga%20o%20maior,produzidos%2C%20at%C3%A9%20o%20planalto%20central.

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/colchagua-chile/

“Turistando Chile”: https://www.turistandochile.com.br/tours_ver/valle-del-maipo

“Viagem e Turismo Chile”: https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/valle-del-maipo/

 

 

 

 

 




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