sexta-feira, 30 de junho de 2023

Tormentoso Cabernet Sauvignon 2016

 

Definitivamente me tornou um apaixonado pelos rótulos da África do Sul! E paixão talvez não seja a palavra ideal para definir esse sentimento, afinal, paixão é efêmera e o meu “caso” com os vinhos da terra de Mandela são de intenso amor.

O que era no passado, a cerca de 20 anos atrás, aproximadamente, um cenário de difícil acesso desses rótulos e os poucos que ofertavam no nosso mercado consumidor, eram caros, hoje o cenário é totalmente distinto e para melhor, finalmente!

Coloco a África do Sul como uma das principais regiões vitivinícolas do Novo Mundo, por conta, claro, da tipicidade de seus vinhos, e sem dúvida também por conta do atraente custo X benefício dos seus rótulos que chegam em nossas terras.

E a Pinotage se tornou a casta emblemática do país e que difunde a vitivinicultura daquele país, mas não é apenas da variedade tinta manipulada em laboratório que faz a fama da África do Sul.

Há excelentes rótulos da casta Cabernet Sauvignon e Syrah, por exemplo, entre as tintas e Chenin Blanc, Sauvignon Blanc entre as cepas brancas. Há uma diversidade de castas atualmente sendo produzidas e com tipicidade na África do Sul.

E a vez hoje é da rainha das uvas tintas, a Cabernet Sauvignon! Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! Ele, como disse, é da África do Sul, da Região de Coastal, e se chama Tormentoso, da casta Cabernet Sauvignon da safra 2016! Sim! Um vinho com seus sete anos de garrafa! O que esperar?

De acordo com algumas boas experiências que tive com os rótulos sul-africanos, sim eles evoluem bem com essa idade, sobretudo aqueles que estagiam por um razoável período em barricas de carvalho e claro dependendo também das características da cada cepa.

E há ainda outro detalhe que me chamou atenção, ou melhor dizendo, me animou: a região! Costal é tida como a “pedra fundamental” da produção de vinhos na África do Sul. Então para variar falemos um pouco da região e a sua importância para a cultura vitivinícola da África do Sul que está situada em Western Cape.

Western Cape: a toda poderosa região vinícola sul africana

Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país.

Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país.

Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300 quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais de 150 quilômetros.

Western Cape

O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a Chardonnay e a Sauvignon Blanc.

As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao próprio país.

Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta, inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade.

A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades, a maioria em estilo europeu.

Coastal Region

A indústria vitivinícola da África do Sul tem suas origens na Coastal Region, mais especificamente nas áreas de Constantia e Stellenbosch, onde se iniciou a história vitivinícola do país.

E foi Simon Van Der Stel, segundo governador do Cabo, quem cultivou pela primeira vez uma fazenda vitivinícola em Constantia, além de ser o responsável por fundar a cidade de Stellenbosch em 1679.

Coastal Region é uma referência na viticultura da África do Sul, graças à diversidade de áreas vitivinícolas, à perfeita adaptação das principais variedades e às condições de cultivo.

Essa região é considerada a mais importante em termos de cultivo de vinhedo. E tem uma longa história na elaboração de grandes e prestigiados vinhos. Trata-se de uma das 6 regiões vitícolas inclusas em Western Cape. Que ao mesmo tempo se subclassifica em 7 regiões: Cape Point; Darling; Paarl; Stellenbosch; Swartland; Tulbagh e Tygerberg.

Mesmo sendo seu clima descrito como principalmente mediterrâneo, os ventos dos oceanos Atlântico e Índico, junto com a influência da montanha, combinam-se para produzir condições algo extremas em algumas áreas da região, aproximando mais sua viticultura de um modelo de clima frio, como o da Nova Zelândia ou o do norte da Europa, ampliando a gama de mesoclimas na região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, escuro, com halos atijolados denotando os sete anos de garrafa, com lágrimas grossas, lentas e em profusão.

No nariz traz aromas envolventes de frutas pretas maduras, com destaque para amoras, ameixa preta, quase em compota, com as notas amadeiradas em evidência, mas muito bem integrada, graças aos 15 meses em barricas de carvalho, que entregam chocolate, defumado, leve tosta, com o herbáceo, o pimentão, típico da Cabernet Sauvignon.

Na boca é seco, macio, elegante, graças aos sete anos de garrafa, mostrando-se redondo, mas com muita personalidade, revelando equilíbrio. As notas frutadas são perceptíveis, como no aspecto olfativo, com a madeira protagonizando, trazendo taninos amáveis e domados, mas gulosos, com acidez incrivelmente proeminente e salivante e um final de média persistência e de retrogosto frutado.

“Tormentoso” faz referência ao Cabo da Boa Esperança que, primitivamente era conhecido como “Cabo das Tormentas”, sendo batizado por Bartholomeu Dias, devido as várias tempestades (tormentas) que aconteciam e ainda, claro, acontecem nesse ponto no Sul da África do Sul. Tudo indica que a Rainha de Portugal não gostou do nome, mudando para o que conhecemos hoje. Mais uma vez a prova cabal de que a história anda de mãos dadas com o vinho, a cultura não é só da vinificação. Um vinho macio, elegante, complexo, com notas frutadas, de frutas maduras, como tem de ser os bons sul-africanos com essa característica. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a MAN Family Wines:

"Tudo começou como um plano simples: fazer um vinho que adoraríamos comprar", assim começa a história da MAN Family Wines com a missão dos irmãos Tyrrel e Philip Myburgh, além de José Conde, que começaram a fazer vinho juntos em 2001.

Eles também são apoiados por um grupo de viticultores da região de Agter-Paarl. Das primeiras 300 caixas feitas em um galpão de trator, a empresa cresceu para produzir mais de 175.000 caixas por ano e exportar para 25 países. Seus vinhos mais vendidos são Chenin blanc e Cabernet Sauvignon, mas a área também é conhecida por Shiraz e Pinotage.

Depoimentos dos fundadores:

Como jovens produtores de vinho em 2001, às vezes lutávamos para encontrar vinhos decentes que pudéssemos pagar. Meu irmão Philip e eu estávamos envolvidos com a vinícola de nossa família (Joostenberg Wines) e José estava ocupado com a dele (Stark-Condé Wines).

Não estávamos procurando garrafas de rockstar que custam uma fortuna. Mas tínhamos padrões bastante elevados (em nossa opinião) e queríamos vinhos que pudéssemos desfrutar com nossos amigos, a maioria dos quais também trabalhava na indústria do vinho.

Nós éramos geeks do vinho que precisavam de um vinho todos os dias. Vimos um nicho no mercado e começamos a trabalhar, mas primeiro tivemos que pensar em um nome para este novo projeto. Para manter a paz nas famílias, pegamos as iniciais de nossas esposas (cada um de nós tem uma esposa!) — e foi assim que explicamos a Marie, Anette e Nicky que estaríamos “ocupados” na maioria dos fins de semana. "É para você!" Nós dissemos a eles. Imediatamente começamos a trabalhar em um antigo galpão de trator e naquele primeiro ano fizemos um total de 600 caixas de Pinotage.

Tyrrel Myburgh, co-fundador.

Desde o início, nos concentramos em buscar as melhores uvas. Nunca se tratou de um equipamento novinho em folha ou de uma adega sofisticada. Tyrrel e eu costumávamos passear olhando os vinhedos todo fim de semana, conversando com os viticultores.

Na verdade, foi Tyrrel quem fez a maior parte das primeiras negociações - fiquei para trás no caminhão porque, como um americano com sotaque forte, não era a pessoa mais adequada para convencer os fazendeiros de que merecíamos suas uvas. Era importante ganhar sua confiança se quiséssemos ganhar seus melhores frutos.

Quando finalmente encontramos nosso fundamento, o projeto MAN tornou-se uma colaboração com os produtores de uva, e hoje eles são acionistas de nossa empresa. Temos muita sorte de estar em parceria com agricultores experientes que cultivam coletivamente algumas das melhores vinhas velhas de Chenin Blanc do país. Estou muito otimista sobre o potencial dos vinhos sul-africanos no mercado mundial.

José Conde, co-fundador.

Mais informações acesse:

https://manwines.com/

Referências:

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_da_Boa_Esperan%C3%A7a

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2017/02/coastal-region-origem-da-viticultura-na-africa-do-sul/

“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/regioes-12-Coastal-Region

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/quais-sao-principais-areas-vinicolas-da-africa-do-sul_11990.html

“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/western-cape-a-gigante-sul-africana/?doing_wp_cron=1611015613.7245669364929199218750#:~:text=Localizada%20a%20sudoeste%20da%20%C3%81frica,alguns%20de%20seus%20principais%20destaques.

“Wine ZO”: https://wine.co.za/wine/wine.aspx?WINEID=41878

 

 

 

  




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