A vinícola é
famosa, tem uma Market share
invejável. Tem um império que personifica a sua força mercadológica, um “case”
de sucesso, de grandiosidade e ainda assim tem seus vinhos questionados por muitos?
Por quê? Como que uma vinícola com essas credenciais ainda cria um ambiente de
rejeição, questionamentos por parte, sobretudo, de alguns críticos e
especialistas de vinho? Muito li e ouvi, por parte desses profissionais, a quem
respeito e muitos deles eu sigo nas suas redes sociais, dizendo que, por se
tratar de uma vinícola que produz, em larga escala, tem vinhos muito “comerciais”,
sem a tipicidade que se espera de vinhos que vem de uma emblemática e
importante região vitivinícola como o Chile. Certamente não tenho a técnica necessária
para diagnosticar essas questões, sou apenas um enófilo que me informo, tento
agregar conhecimento e degustar vinhos que me arrebatam de certa maneira. Essa
é o meu termômetro de qualidade. E foi qualidade que percebi em um vinho da
gigante Concha y Toro.
O vinho que
degustei e gostei é o chileno Casillero del Diablo Reserva Privada das castas
Cabernet Sauvignon (65%) e Syrah (35%) do Valle del Maipo, da safra 2008. A
gigante Concha Y Toro se fez gigante neste rótulo. Esse corte é elaborado a
partir de uvas selecionadas de vinhedos nas áreas de Pirque e Peumo. A Cabernet
Sauvignon vem de Pirque, lugar de origem da Casillero del Diablo, no Vale do
Maipo e o Syraz provém dos cerros de Peumo, no Vale de Rapel.
No aspecto
visual se mostra um vinho com vermelho rubi intenso com matizes violáceas,
brilhantes, vívido e límpido, com lágrimas abundantes, finas e de lenta
dissipação.
No olfato
traz frutos negros, com notas de chocolate amargo e café, tostado bem evidente,
graças aos 14 meses de passagem por barricas de carvalho.
Na boca repetem-se
as notas olfativas, sendo um vinho fresco, fácil de degustar, mas com
personalidade, estrutura e corpo, muito versátil, com taninos presentes mas
redondos com uma boa acidez que confirma a sua frescura, com aportes de madeira
e baunilha, tudo muito bem integrado ao conjunto do vinho.
Um vinho
generoso, que entrega uma grande tipicidade e que, apesar do seu título de
famoso, de produção de larga escala e de uma vinícola de renome global, não
impede que o vinho seja bom e que certamente a tecnologia de que o referido
produtor dispõe seja uma ferramenta imprescindível para um rótulo excelente. Com
14,5% de teor alcoólico.
Sobre a
Concha y Toro:
Em 1883 Don
Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña
Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se
nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a
ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de
1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a
produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em
vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”,
homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias
vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais
como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.
Curiosidade
sobre a linha “Casillero del Diablo” e a lenda que gerou o nome:
Uma história
que aterrorizou muitas pessoas daquela região nos séculos XIX e XX e que até os
dias de hoje intriga pessoas em todo o mundo. Diz à lenda que em 1883, D.
Melchor Concha y Toro deu início a maior Vinícola hoje encontrada no Chile.
Naquela época seus vinhos já eram considerados de alta qualidade e muito, muito
cobiçados. E o que isso significava? Exatamente, muitos interesseiros e
ladrões, claro. As melhores bebidas fabricadas em sua vinícola ficavam
guardadas em sua adega particular. Isso para que ninguém pudesse se apropriar
delas de forma indevida. Infelizmente para o Sr. Concha y Toro, nem mesmo essa
adega particular era capaz de impedir que ele fosse saqueado. Ao perceber que
algumas das garrafas de seus melhores vinhos estavam desaparecendo, ele teve
uma grande ideia. Melchor Concha y Toro difundiu entre os trabalhadores de sua
propriedade que o próprio “diabo” habitava em sua adega particular. Como
naquela época era comum ouvir histórias tenebrosas sobre criaturas diabólicas
que matavam e esquartejavam as pessoas, essa história ganhou um grande peso
sobre os moradores daquela região. Com isso os problemas com furtos acabaram.
Mais
informações acesse:
Degustado em: 2014
Confrade Bruno que excelente vinho, nunca vi esse rótolo por aqui e fiquei bem curioso, os vinhos dessa vinícola são maravilhosos, com 14 meses de carvalho isso aí é uma maravilha de vinho, sua reseva deixa qualquer um aguçado kkkk, uma ótima partilha saúde!!
ResponderExcluirFico feliz que as minhas análises tragam um estímulo para a sua degustação. Essa é uma das intenções de se fazer tais análises: de informar e estimular ao que lê um interesse em degustar tais vinhos. Lembro-me deste vinho com muito carinho, pois o degustei em um natal, talvez de 2014, acho. Um vinho estruturado, mas macio, um vinho de personalidade, versátil e com ótimo potencial de guarda. Tenho o rótulo em minha adega da casta Cabernet Sauvignon. Espero degustá-lo logo. Saúde!
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