quinta-feira, 19 de março de 2020

Casillero del Diablo Reserva Privada tinto 2008


A vinícola é famosa, tem uma Market share invejável. Tem um império que personifica a sua força mercadológica, um “case” de sucesso, de grandiosidade e ainda assim tem seus vinhos questionados por muitos? Por quê? Como que uma vinícola com essas credenciais ainda cria um ambiente de rejeição, questionamentos por parte, sobretudo, de alguns críticos e especialistas de vinho? Muito li e ouvi, por parte desses profissionais, a quem respeito e muitos deles eu sigo nas suas redes sociais, dizendo que, por se tratar de uma vinícola que produz, em larga escala, tem vinhos muito “comerciais”, sem a tipicidade que se espera de vinhos que vem de uma emblemática e importante região vitivinícola como o Chile. Certamente não tenho a técnica necessária para diagnosticar essas questões, sou apenas um enófilo que me informo, tento agregar conhecimento e degustar vinhos que me arrebatam de certa maneira. Essa é o meu termômetro de qualidade. E foi qualidade que percebi em um vinho da gigante Concha y Toro.

O vinho que degustei e gostei é o chileno Casillero del Diablo Reserva Privada das castas Cabernet Sauvignon (65%) e Syrah (35%) do Valle del Maipo, da safra 2008. A gigante Concha Y Toro se fez gigante neste rótulo. Esse corte é elaborado a partir de uvas selecionadas de vinhedos nas áreas de Pirque e Peumo. A Cabernet Sauvignon vem de Pirque, lugar de origem da Casillero del Diablo, no Vale do Maipo e o Syraz provém dos cerros de Peumo, no Vale de Rapel.

No aspecto visual se mostra um vinho com vermelho rubi intenso com matizes violáceas, brilhantes, vívido e límpido, com lágrimas abundantes, finas e de lenta dissipação.

No olfato traz frutos negros, com notas de chocolate amargo e café, tostado bem evidente, graças aos 14 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca repetem-se as notas olfativas, sendo um vinho fresco, fácil de degustar, mas com personalidade, estrutura e corpo, muito versátil, com taninos presentes mas redondos com uma boa acidez que confirma a sua frescura, com aportes de madeira e baunilha, tudo muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Um vinho generoso, que entrega uma grande tipicidade e que, apesar do seu título de famoso, de produção de larga escala e de uma vinícola de renome global, não impede que o vinho seja bom e que certamente a tecnologia de que o referido produtor dispõe seja uma ferramenta imprescindível para um rótulo excelente. Com 14,5% de teor alcoólico.

Sobre a Concha y Toro:

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.


Curiosidade sobre a linha “Casillero del Diablo” e a lenda que gerou o nome:


Uma história que aterrorizou muitas pessoas daquela região nos séculos XIX e XX e que até os dias de hoje intriga pessoas em todo o mundo. Diz à lenda que em 1883, D. Melchor Concha y Toro deu início a maior Vinícola hoje encontrada no Chile. Naquela época seus vinhos já eram considerados de alta qualidade e muito, muito cobiçados. E o que isso significava? Exatamente, muitos interesseiros e ladrões, claro. As melhores bebidas fabricadas em sua vinícola ficavam guardadas em sua adega particular. Isso para que ninguém pudesse se apropriar delas de forma indevida. Infelizmente para o Sr. Concha y Toro, nem mesmo essa adega particular era capaz de impedir que ele fosse saqueado. Ao perceber que algumas das garrafas de seus melhores vinhos estavam desaparecendo, ele teve uma grande ideia. Melchor Concha y Toro difundiu entre os trabalhadores de sua propriedade que o próprio “diabo” habitava em sua adega particular. Como naquela época era comum ouvir histórias tenebrosas sobre criaturas diabólicas que matavam e esquartejavam as pessoas, essa história ganhou um grande peso sobre os moradores daquela região. Com isso os problemas com furtos acabaram.

Mais informações acesse:



Degustado em: 2014



2 comentários:

  1. Confrade Bruno que excelente vinho, nunca vi esse rótolo por aqui e fiquei bem curioso, os vinhos dessa vinícola são maravilhosos, com 14 meses de carvalho isso aí é uma maravilha de vinho, sua reseva deixa qualquer um aguçado kkkk, uma ótima partilha saúde!!

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    1. Fico feliz que as minhas análises tragam um estímulo para a sua degustação. Essa é uma das intenções de se fazer tais análises: de informar e estimular ao que lê um interesse em degustar tais vinhos. Lembro-me deste vinho com muito carinho, pois o degustei em um natal, talvez de 2014, acho. Um vinho estruturado, mas macio, um vinho de personalidade, versátil e com ótimo potencial de guarda. Tenho o rótulo em minha adega da casta Cabernet Sauvignon. Espero degustá-lo logo. Saúde!

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