sexta-feira, 15 de maio de 2020

Casa Venturini Sauvignon Blanc 2015


O Brasil, apesar dos entraves burocráticos e tributários, segue com esmeros a nos mostrar novos rótulos, nos produtores e novos terroirs para os enófilos. E, graças aos eventos de degustação, que deveriam ser mais democráticos, sobretudo no que tange aos valores dos ingressos, que conheci uma vinícola e alguns dos seus principais rótulos. Lembro-me de como cheguei a rótulo que nesta resenha apresentarei. Estava conversando com um participante do evento e revelei que gostaria de comprar alguns vinhos brancos para abastecer a adega. Ele prontamente me indicou um stand de uma vinícola brasileira dizendo que, além da diversidade das opções, os valores estavam atrativos. Segui, com curiosidade, até o local e era a Casa Venturini e de fato, as opções de brancos tranquilos e espumantes eram muito boas, de valores a propostas de rótulos. Mas um me chamou a atenção: um da casta Sauvignon Blanc, um Sauvignon Blanc brasileiro! Até o momento nunca havia degustado um brasileiro desta casta. Portanto, na hesitei, comprei.

Aos que achavam, como eu, que só existem bons vinhos dessa casta no Chile, França e África do Sul, sim, temos ótimos Sauvignon Blanc nacionais e esse Casa Venturini, da região de Campos de cima da Serra, em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, da safra 2015. Um vinho que verdadeiramente degustei e gostei. Antes de falar do vinho, um breve histórico da Região gaúcha de Flores da Cunha.

Flores da Cunha

Desde o ano de 1876, o território que compõe o atual município de Flores da Cunha, passou a ser colonizado por imigrantes italianos, oriundos especialmente do Norte da Itália. A maior leva de colonizadores estabeleceu-se entre os anos de 1878 e 1890, época em que foi fundado o primitivo povoado de São Pedro e, posteriormente, o de São José, que reunidos, nos idos de 1885, formaram a vila de Nova Trento. Em 1890, por ocasião da elevação da antiga Colônia Caxias a condição de município, Nova Trento tornou-se a sede do 2º Distrito. Todavia, documentos afirmam que desde os primeiros anos do século XX, uma comissão formada por lideranças comunitárias locais, descontentes com a pouca atenção dada pelo município mãe, lutava insistentemente pela emancipação do distrito, o que só foi possível ver concretizado em 17 de maio de 1924. Pouco mais de nove anos depois, em 21 de dezembro de 1935, através de um Decreto Municipal assinado pelo então Prefeito Heitor Curra, com autorização do Conselho Municipal, alterou a denominação do município de Nova Trento para o de Flores da Cunha. Foi uma homenagem ao  então governador do estado General José Antônio Flores da Cunha, que, entre outras iniciativas beneficiou o município com a instalação do telégrafo, do Laboratório Bromatológico e com estudos para a construção de um ramal férreo entre Caxias do Sul e Nova Trento. Flores da Cunha é conhecida como a "Terra do Galo". Tal alcunha advém de um episódio ocorrido por volta do ano de 1934, quando um mágico teria passado pela cidade e prometido, durante o espetáculo, que cortaria a cabeça de um galo, e que com uma mágica, o faria cantar novamente. Porém, na hora da apresentação, o mágico, tendo entre os presentes algumas autoridades, viu-se aos apuros e fugiu deixando os presentes por algum tempo a esperá-lo de volta ao palco. O mágico nunca mais foi visto e o povo foi para casa sem compreender o que havia acontecido. Isso foi motivo de muita vergonha e deboches, advindos muitas vezes de moradores do município vizinho. Somente na década de 1960 foi possível revisitar o passado e recontar a história da vergonha como uma história de graça e de alegria.

Agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha, com aspecto límpido e muito brilhante.

No nariz traz um ataque aromático de frutas cítricas e brancas, notas florais e herbáceas, com muito frescor e jovialidade.

Na taça se reproduz as impressões olfativas, com corpo equilibrado, com acidez proeminente, instigante que lhe confere muito refrescância e um final frutado e de média persistência.

Definitivamente os brancos nacionais são destaques e não se enganem que está restrito aos espumantes. Um Sauvignon Blanc tipicamente brasileiro, com tipicidade, com o nosso DNA, um vinho com frescor, de estilo descompromissado e fácil de degustar. Harmoniza perfeitamente com carnes brancas, frituras, queijos leves e macarrão ao alho e óleo. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Venturini:

Fundada em 1989, a história da vinícola é cercada por tradição e conquistas. A trajetória começou por uma estrutura familiar antiga, surgida na região nos anos 1970. No final dos anos 1980, uma joint-venture de São Paulo juntamente com um enólogo gaúcho assume a vinícola. Com o passar dos anos e a tecnologia chegando a todos os setores, a vinícola passou por uma cuidadosa reestruturação, porém mantendo suas características originais. Tudo de olho na qualidade, mas sem perder a herança cultural, fundamental para a elaboração de bons vinhos. Em 1997, com nova mudança societária, a empresa passa a chamar-se Góes & Venturini. Em 2001, começa a produção da linha de vinhos finos, colocando no mercado produtos que posteriormente passariam a ser premiados em todo o mundo. Em 2009, ao completar 20 anos, o empreendimento inicia uma nova etapa abrindo o parque vitivinícola para visitação turística, entrando para o rol do enoturismo no Brasil. Em 2019, a Casa Venturini renova seu varejo fortalecendo e qualificando ainda mais o atendimento ao turista que visita a vinícola, em Flores da Cunha. A Casa Venturini elabora com esmero vinhos e espumantes de alto padrão a partir de uvas de excepcional qualidade, cultivadas na Serra Gaúcha, Campanha Gaúcha e Campos de Cima da Serra. São uvas cultivadas em terroir específico, reunindo assim um conjunto de fatores propício para a produção de vinhos finos. Esta busca constante por uma elaboração cada vez mais requintada é traduzida em premiações nacionais e internacionais.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2017

quarta-feira, 13 de maio de 2020

O que significa "Cuvée"?



A palavra Cuvée é originária de “cuve” que significa tanque ou cuba. Esse termo é utilizado especialmente na França e se refere ao vinho obtido da primeira prensagem da uva, e geralmente significa se tratar de um vinho de melhor qualidade, e que o produtor acredita ser o melhor ou um dos melhores da sua Maison em uma determinada safra. 

O termo possui dois significados distintos: um quando estamos falando de vinho e outro quando o assunto é espumante. Se você ouvir o termo em uma conversa sobre vinhos, Cuvée estará se referindo a uma mistura particular de vinhos, tipicamente feita com mais de uma variedade de uva ou safras. 

No caso dos espumantes, onde o termo é mais utilizado, Cuvée refere-se ao suco extraído da primeira prensagem da uva, que neste caso deve ser realizada de forma mais leve. É o produto mais desejado quando se fala em prensagem de uvas, já que possui maior acidez, riqueza aromática e coloração mais clara. É uma possibilidade ser utilizado para homenagear uma pessoa, um filho, o próprio enólogo – por exemplo, Cuvée do winemaker.

“Cuvée” é comumente utilizado, tanto para espumantes quanto para vinhos, para se referir a uma mistura que serve de base para a construção sensorial da bebida. Especialmente se tratando de espumantes, procura-se manter um padrão de qualidade ano após ano. Para isso, é essencial conseguir obter, por meio dessas misturas, características que sejam as mais próximas possíveis do último vinho lançado. 

As principais características de um Cuvée

Após o significado de “cuvée”, vamos apresentar as características principais da palavra, lembrando que pode haver especificidades entre um Cuvée de vinho e um de espumante.

É obrigatoriamente uma mistura, que pode ser de mais de um tipo de uva ou da mesma uva, mas geralmente de safras diferentes.

Os sucos ou mostos devem ser da primeira prensagem da uva, que ocorre de forma mais suave, assim garantindo um produto de maior qualidade.

No caso dos espumantes, os sucos obtidos são fermentados em tanques separados, logo são misturados (assemblage) para que sejam refermentados, seja pelo método champenoise (realizado em garrafa) ou pelo charmat (realizado em tanques).

Os "cuvées" de safras excepcionais geralmente comunicam nos rótulos a safra da uva, pois cada ano proporciona um padrão diferente de matéria-prima.

Nos espumantes, especialmente champanhes, o principal objetivo dos Cuvées é conseguir produzir, ano após ano, uma bebida com as mesmas características, como já abordado anteriormente. Afinal, diferente dos vinhos, a maior parte dos espumantes não são identificados por safra, justamente porque a qualidade das uvas varia muito e a mistura ocorre frequentemente.

Apesar de todas estas particularidades, vale lembrar que o uso da terminologia não é regulado, portanto cabe ao consumidor estar atento ao rótulo. Por isso, saber todas as informações que apresentamos aqui é bastante importante. 

Outros significados de Cuvée

O termo também pode adquirir alguns significados diferentes que vale a pena deixar registrado. Esse é um dos conceitos do mundo da enologia que possuem mais variações de significado, conforme a região em que estiver.

·      Cuba ou tanque utilizado para armazenar o vinho;

·      Vinho produzido em uma edição especial;

·      Vinho de um mesmo lote;

·      Vinho elaborado com uvas da primeira prensagem;

·      Vinho elaborado com uma mistura de diferentes sucos ou diferentes tipos de uva.

Entretanto, é importante ressaltar que todos esses significados fazem parte do que é um Cuvée. Eles são algumas vezes aplicados sozinhos, ou os Cuvées poderiam ser o conjunto de todas essas características listadas acima.


Fontes:



Site “Tudo de Vinho”, em: https://tudodevinho.com/2016/04/13/cuvee/



Crios Torrontés 2013


Não é muito fácil para nós, enófilos brasileiros, encontrar vinhos brancos estruturado, com corpo. O nosso mercado, até também pelas características climáticas, consome brancos mais leves, jovens e diretos, para rápida degustação. Claro que são propostas, seria imprudente fazer comparações de qualidade entre os brancos encorpados e leves, ficando apenas no campo monetário, afinal, os brancos mais encorpados são mais caros que os leves, certamente pelo fato dos primeiros passarem por barricas de carvalho encarecendo o produto, além, é claro, com os altos tributos que incidem sobre o vinho no Brasil. Contudo há castas e rótulos que entregam ao fiel e bom degustador dessa poesia líquida, vinhos de estrutura e com um bom custo, permitindo o investimento sem doer no bolso. Falo da Torrontés! Não há como não ter um legítimo Torrontés argentino na adega. É como a Malbec entre as tintas. A qualidade desta cepa precede a fama da Argentina.

O vinho que degustei e gostei é o excelente Crios da casta Torrontés (100%) da Susana Balbo Wines (Dominio del Plata) da safra 2013, que veio das regiões de Salta, em Cafayate e em Mendoza, no Vale do Uco, sendo um “corte de Torrontés, pois veio de duas regiões distintas, apesar de ser um vinho varietal. A região de Mendoza é mais famosa e emblemática, onde a Argentina é exportada, mas Salta é pouco comentada entre nós brasileiros, então, vamos, antes de falar do vinho, traçar um breve histórico da região.

Salta

Salta é uma sub-região da região do Norte. Tem uma área de vinhos que equivale, em hectare, a 2.919,10, com altitude de seus vinhedos de 1.280 a 3.005 msnm. Suas principais localidades são: Cachi, Molinos (Colomé), Angastaco, San Carlos, Yacochuya e a mais conhecida, Cafayate.


A produção de vinhos em Cafayate é antiga, e a cidade ficou famosa desde 1950 pela qualidade dos seus Torrontés. Essa uva tem uma tendência de produzir um amargor no paladar devido à presença de potássio no solo, e exatamente os solos da região de Cafayate são pobres em potássio, evitando essa característica indesejável nos vinhos de Torrontés. A altitude e as noites frias típicas do local contribuem então para um estilo elegante e delicado dos Torrontés de Salta. Na altitude de Salta o clima desértico oferece intensa luz ultravioleta ao longo do dia e uma importante diferença de temperatura durante a noite, uma variação de mais de 25ºC, constituindo um clima único e especial para a vinicultura. Em algumas localidades não chove nada ao longo do ano, então as águas dos rios de degelo são fundamentais para a vinicultura e para outras culturas locais. Salta teve produção de vinhos desde o século 19, apesar das dificuldades de transporte na região montanhosa e árida. O Torrontés local mereceu especial atenção dos produtores por suas qualidades típicas.

Vamos ao vinho!

Na taça exibe um amarelo ouro, muito brilhante e reluzente com algumas finas lágrimas já denunciando certa estrutura, mas que logo se dissipa.

No nariz um exuberante aroma de flores brancas, com toques generosos de frutas brancas, onde se nota abacaxi, maçã verde, pêssego.

Na boca é untuoso, estruturado, pois é conservado por três meses sobre as borras, mas muito fresco, jovem, frutado, com toques cítricos, rica acidez e um final persistente e agradável.

Um Torrontés que alia complexidade, estrutura, mas que não renuncia seu frescor, jovialidade, sendo macio, fácil de degustar e muito versátil, sobretudo no quesito harmonizações que vai de massas como pizza a carnes brancas. Tem 13% de teor alcoólico. Vale uma curiosidade sobre o nome da linha de vinhos “Crios”: Susana Balbo decidiu, ao criar essa linha de vinhos mais jovens da vinícola, seus filhos que na época, eram crianças, daí o nome “crios” que significa “criança”.

Sobre a enóloga Susana Balbo:

Nascida em uma família tradicional e desafiando as convenções sociais da era Susana, ela decidiu se profissionalizar na produção de vinho. Dessa forma, em 1981, recebeu seu Bacharelado em Enologia como a melhor pós-graduação, tornando-se a primeira enóloga feminina na Argentina. Em 2012, ela foi a única argentina reconhecida pela revista Drinks Business como uma das mulheres mais influentes do mundo do vinho. Em 2015, a mesma publicação reconheceu a "Mulher do ano" (Mulher do ano de 2015 pela The Drinks Business) e, posteriormente em 2018, a nomeou como uma das "As 10 mulheres mais influentes do mundo da veio”. Sua experiência começou em Cafayate, Salta, responsável pela vinícola Michel Torino Sucession, especializada na produção de Torrontés. Depois, trabalhou em vinícolas muito importantes, como Martins e Catena Zapata. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Susana teve a oportunidade de atuar como consultora em importantes vinícolas internacionais em várias regiões vinícolas, o que lhe permitiu estar sempre na vanguarda das tendências do mercado e estilos de vinho. Ela também foi Presidente da Wines of Argentina (WOFA) três vezes (2006-2008, 2008-2010 e 2014-2016) e assumiu o cargo de vice-presidente de 2010 a 2012, tornando-se um ícone da indústria vinícola argentina e mundial.

Sobre a Susana Balbo Wines:

Em 1999, com quase duas décadas oferecendo seu talento ao aconselhamento de empresas nacionais e internacionais do setor vitivinícola, Susana Balbo decidiu realizar seu sonho de ter sua própria vinícola e foi para que Susana Balbo Wines se enraizasse no coração de Luján de Cuyo Mendoza. Após mais de dez anos de constante crescimento nos mercados internacionais, outro sonho se tornou realidade: seus filhos, José, um enólogo da UC Davis (Califórnia) e Ana, formada em Administração de Empresas pela Universidade de Em San Andrés, eles decidiram continuar com a tradição da família e se juntar à equipe Susana Balbo WInes. Nos últimos anos, Susana e sua equipe trabalharam duro para atender aos mais altos padrões de qualidade em nível internacional, demonstrando seu compromisso com os problemas mais importantes do século XXI: segurança alimentar, sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.

Mais informações acesse:






Fonte do histórico de Salta: Academia do Vinho, em: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SALTA

Degustado em: 2018



Baron de Bordeaux tinto 2012


Degustar um vinho da emblemática e histórica região de Bordeaux é como se estivéssemos recintando poesias líquidas. Não há como passar pelo mundo do vinho sem o protagonismo de seus rótulos, a experiência se torna indispensável. Claro que os mais complexos e famosos vinhos dessa região está muito distante da realidade econômica e social de muitos brasileiros com salários com baixíssimo poder de compra e tantas outras responsabilidades que requer financiamentos ou custeios. Mas há uma variedade de vinhos, nas mais diversas e distintas propostas que, com um pouco de interesse e dedicação, encontra aquele vinho que você se identifica, que você deseja, seja ele tinto, branco, mais frutado, jovem ou encorpado. Ler Guia definitivo dos vinhos de Bordeaux

E por falar em valores e garimpagem de rótulos descobri um com valor surpreendente! Porém da mesma forma que o valor baixo seduz pode nos trazer certos receios, questionamentos quanto a sua qualidade, embora valor não seja demérito para rótulos e propostas de vinhos. Pesquisei um pouco sobre o mesmo e, com um espírito “aventureiro” resolvi compra-lo. O vinho surpreendeu! O vinho que degustei e gostei, como disse, veio de Bordeaux e se chama Baron de Bordeaux, com o típico blend da região com as castas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc da safra 2012.

Na taça tem um vermelho rubi escuro, com discretos toques acastanhados, atijolados, talvez pelo tempo de safra (o degustei em 2019, com sete anos de vida!), com lágrimas finas com razoável abundância e que brevemente se dissipam das paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas, mas não muito em evidência, com notas de especiarias e pimenta.

Na boca reproduz as impressões olfativas, com certa complexidade, mas harmonioso, com taninos sedosos, pouca acidez e um final de média persistência.

Apesar da safra o vinho se revelou pleno, a presença da fruta não era tão evidente, abundante, talvez pelo tempo de vida, de safra, mas ainda mostrava uma “jovialidade” e uma personalidade marcante adquirido pela “idade”, mas um vinho equilibrado, de corpo médio, garantido pela predominância da casta Merlot, afinal, este vinho foi produzido na margem direita do rio Gironde e que, de acordo com o produtor o mesmo veio de encostas montanhosas, na fronteira com as margens retas do Garonne e Dordogne, com condições ideais da incidência solar. A vinha está espalhada por todo o departamento de Gironde, com a natureza de seu magnífico terroir.


O mesmo tem 13% de teor alcoólico bem integrados, quase imperceptíveis e teve passagem por tanques de aço inoxidável e concreto.

Sobre o rótulo “Baron de Bordeaux”:

O nome “Baron de Bordeaux” foi inspirado pela aristocracia francesa do século XVIII. O famoso Barão Montesquieu, filósofo de Bordeaux, fazia parte da corrente do Iluminismo e foi determinante na história da França. Nascido em 18 de janeiro de 1689 no Brède, ele escreveu a melhor parte de seu trabalho lá.

Sobre a Producta Vignobles:

A Producta Vignobles é um grupo de produtores, de caves cooperativas, que foi fundada em 1949, na região de Bordeaux. Especialistas em vinhos nas áreas de compras, qualidade, marketing, logística e comércio, as missões da vinícola são: Desenvolver vinhos de qualidade em perfeita harmonia com a promessa da denominação, criar um elo entre o enólogo e o consumidor, é a representação da vinha na taça dos consumidores, ser uma garantia de qualidade para o consumidor, ser parceiro dos clientes, com boa distribuição dos rótulos, oferecendo vinhos com terroir de Bordeaux. A Producta Vignobles também ostenta algumas facetas de pioneirismo na cultura vitivinícola francesa, tais como: pioneira na venda de marca própria, em 1980, aquisição de certificação ISO 9001 em 1990, desenvolvimento da abordagem Agri Confiance por vinícolas cooperativas, para viticultura responsável e sustentável, em 2010, em 2011 foi pioneira no design ecológico de uma nova garrafa "gravada", 100% reciclável e com pegada leve e uma abertura de escritório na China, em 2014 foi a primeira empresa na categoria de marketing de vinhos eleita por LA TRIBUNE OBJECTIF AQUITAINE e em 2015 introduziu-se ao mundo arte com sua série de obras de Product’Art. Produzem cerca de mais de 20 milhões de garrafas por ano. Tudo começa no coração da vinha e nos cuidados que os vinicultores trazem para a vinha durante todo o ano, desde o tamanho das vinhas até a colheita da safra.

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Degustado em: 2019






sábado, 9 de maio de 2020

Panizzon Ancellotta 2015


Algumas discussões vêm se tornando recorrente entre os enófilos brasileiros: a disseminação da cultura do vinho, democratizando-a, a qualidade crescente do vinho brasileiro e o seu reconhecimento pela crítica especializada internacional, o custo Brasil que encarece os vinhos para os brasileiros etc. Por que falo tudo isso? Acredito que precisamos discutir tais temas e entender como e em que circunstâncias o vinho nacional enche as nossas taças. Não quero parecer ufanista e tão pouco ser um espírito de porco chato que critica os problemas pela qual a nossa cultura (ou falta de) viticultura brasileira passa. O fato é que os nossos vinhos ganha, a cada dia, em qualidade, adquirindo tipicidade, expressando o que há de mais genuíno de nossos mais significativos terroirs, embora o consumo per capita, por ano, insiste em não passar dos dois litros. Então prefiro unir o que há de bom e ruim na nossa viticultura.

Toda essa introdução é para dizer que o vinho que degustei e gostei é brasileiro, veio da famosa região gaúcha de Flores da Cunha, em Altos Montes, e é de uma casta que se notabilizou na Itália, é oriunda de lá, a Ancellotta. Falo do Panizzon da safra 2015.

Na taça revela um vermelho intenso, profundo, escura, proporcionando uma bebida caudalosa com lágrimas finas que se dissipam rapidamente.

No nariz aromas intensos de frutas maduras, com toques de baunilha e tostado, graças a passagem por 6 meses por barricas de carvalho.

Na boca é seco, com bom volume de boca, preenche maravilhosamente a boca, com taninos presentes, mas sedosos, em virtude da breve passagem por madeira, fazendo do vinho macio, equilibrado e fácil de degustar. Tem boa acidez e um final frutado de média persistência.

Um vinho de personalidade, porém refinado, equilibrado, harmonioso e elegante e apesar da cor intensa e escura não é nem um pouco encorpado, mas, como disse, macio e fácil de beber. Harmoniza muito bem com massas em geral, como macarrão e pizza, por exemplo. Uma curiosidade: as mudas que produziram este vinho vieram da Itália e aqui encontrou as condições naturais ideais para ser vinificado, para ser feito com a tipicidade brasileira. Um vinho nacional que, como muitos rótulos, premiados em todos os cantos do mundo, que, como costumo dizer, precisam ser conhecidos e reconhecidos por todos os brasileiros sem distinção de raça, cor, credo e, sobretudo nível social. E por falar em reconhecimento, o Panizzon Ancellotta da safra 2015 foi premiado no famoso “Grande Prova Vinhos do Brasil 2019” como o melhor Ancellotta do evento tão importante. Veja: https://blogs.oglobo.globo.com/luciana-froes/post/grande-prova-vinhos-do-brasil-premia.html. Embora não “bebamos prêmios” é um reconhecimento em tanto corroborado pela sua atestada qualidade. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Panizzon Vinhos:

Foi em 1960 que Ricardo Panizzon e seus filhos decidiram apostar em sua produção própria de vinhos. Com vasta experiência como fornecedores de matéria-prima para vinícolas da região, a família Panizzon teve a visão empreendedora de investir em um novo negócio. E foi a partir deste importante passo que nasce a Sociedade de Bebidas Panizzon Ltda., surgida e instalada até hoje no Travessão Martins, interior de Flores da Cunha, e atualmente capitaneada pela terceira geração da família. Até 1990, as atividades da empresa se concentravam na produção de vinhos de mesa. Em 1991, inicia-se a produção de vinagres, sob a marca Rosina, em homenagem à nona Rosina, esposa do fundador Ricardo. Ainda na primeira metade da década de 90, a Sociedade amplia seu mix de produtos com o lançamento de bebidas quentes e vinhos compostos. Com o aquecimento do mercado e a grande demanda por novos produtos, em 1999 a Panizzon lança seus primeiros vinhos finos e, em 2002, passa a fazer parte também do nicho de espumantes finos. Mas foi no ano 2003 que a empresa ampliou ainda mais sua atuação, apresentando ao mercado linhas de vinagre balsâmico e suco de uva. Um marco no setor produtivo da Panizzon foi a implementação de técnicas, equipamentos e infraestrutura de última geração aplicada na produção de suco de uva concentrado, no ano de 2006. s vinhedos Durans são o berço da produção das uvas dos Vinhos Panizzon. A produção de vinhos e espumantes realizada a partir de vinhedos próprios é garantia de excelência, devido ao controle rigoroso de qualidade que é feito desde o plantio, que é realizado em espaldeiras, até a vintage. Esses diferenciais únicos garantem reconhecimento aos Espumantes e Vinhos Finos Panizzon, premiados em concursos nacionais e internacionais. Hoje, presente há mais de 59 anos no mercado brasileiro de bebidas, a Panizzon se configura como referência por sua excelência, fruto da tradição do legado da família e do constante aprimoramento técnico e produtivo. A sua postura inovadora, responsável pela introdução de novos gêneros de produtos em território nacional evidencia a maturidade da empresa, que possui mais de 50 anos de mercado. Além da tradição e do legado da família, o que impulsiona a Panizzon é a responsabilidade de aprimorar constantemente os conhecimentos adquiridos, formar técnicos, investir em tecnologia e novos projetos como o plantio de grandes áreas de vinhedos próprios. O resultado deste incansável trabalho são os espumantes, vinhos finos, vinhos de mesa, vinagres, sucos e bebidas quentes, todos os produtos referência no mercado por sua excelência em qualidade.

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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Matilda Plains Tinto 2011


Definitivamente os vinhos australianos ganharam seu espaço no mundo. Também não é à toa, são vinhos exuberantes, frescos, de personalidade, complexos e elegantes. São vinhos versáteis, que proporciona harmonizar com pratos leves, simples, condimentados ou pode se degustar sozinho. São informais, frescos, mais complexos e austeros. Porém, no Brasil, apesar de ter uma boa diversidade de rótulos, ainda está um pouco distante da realidade de um simples enófilo, como eu, por exemplo. Explico: os valores são muitos altos para a maioria da população brasileira, assalariada, com pouco poder de compra. Não é uma novidade esse cenário, afinal o custo Brasil é alto, os tributos são altos, a burocracia encarece o produto e continuamos a mercê dessa situação. Enófilo brasileiro e pobre sofre! Mas os rótulos australianos são mais caros ainda! Não quero entrar nos pormenores, mas mencionei isso para falar em um excepcional vinho da terra do canguru com um surpreendente custo X benefício, tendo como comparação outros rótulos que atingem 3 ou até 4 dígitos no seu valor! Lembro-me bem que fui a busca de um vinho australiano, mas não queria gastar tanto. Entrei em uma loja especializada e me foi apresentado um vinho que o vendedor falou maravilhas. Com certo receio, comprei, afinal, pelo menos o valor estava convidativo.

O vinho que degustei e gostei é o Matilda Plains tinto da emblemática região de  Langhorne Creek, que conta com um blend das castas Cabernet Sauvignon (64%), Syrah (24%) e Merlot (12%) da safra 2011. Mencionei a região de Langhorne Creek e gostaria de falar um pouco sobre ela, antes de comentar o vinho.

Langhorne Creek

Esta região, que fica no sul da Austrália, que é simplesmente uma das mais tradicionais regiões produtoras de vinhos australianos da atualidade, também é conhecida pela cultura em torno do vinho, que reina por lá e que dá o tom da atmosfera do local.


Langhorne Creek produz alguns dos melhores rótulos vindos de um país emergente da atualidade e rivaliza com regiões tradicionais de centros importantes, como a França, por exemplo. A maior parte da produção de vinhos australiana se dá no sudeste do país. Cerca de 98% do que é produzido pelo país vem de lá. A região de Langhorne Creek é extremamente propícia ao cultivo de vinhas e à produção de bons vinhos muito por conta de seu solo diferenciado, que é considerado por muitos um solo altamente privilegiado. Isto se dá pelo fato de ser um tipo de solo muito bem drenado, que é rico em compostos minerais, que favorecem o desenvolvimento dos mais variados tipos de vinhas da atualidade. Seu clima é considerado perfeito pelos especialistas, já que privilegia o amadurecimento de uvas, especialmente durante o alto verão, a estação em que incidência de chuvas é muito baixa. Durante o inverno, o famoso rio Bremer, o maior rio que serpenteia pela região, inunda os campos cultivados, dando o suplemento de água altamente valioso para o desenvolvimento das videiras, fazendo com que os produtores tenham condições de fazer uma reversa hídrica. As principais vinhas cultivadas na Austrália são a Cabernet Sauvignon, a Shiraz, a Chardonnay e a Merlot. Estas vinhas correspondem a mais da metade do que é cultivado no país.

Agora o vinho

Na taça mostra um vermelho rubi intenso com tons violáceos brilhantes, lindamente reluzentes, com lágrimas finas e abundantes, desenhando as paredes do copo.

No nariz é uma explosão aromática que remetem a frutas vermelhas maduras, com notas de baunilha, chocolate, diria um toque de especiarias.

Na boca se reproduz as impressões olfativas, tendo certa estrutura, complexidade, personalidade marcante, mas se revelando também, ao mesmo tempo, macio, fácil de degustar. Acredito que essa versatilidade se dá graças ao blend, típico da Austrália que, graças ao Cabernet Sauvignon que dá o corpo e ao Syrah e, sobretudo ao Merlot, que traz a leveza ao vinho. Tem taninos pronunciados, presentes, mas domados, o que se deve a passagem por barricas de carvalho por 10 meses, com uma acidez equilibrada e instigante e final frutado.

O Matilda tinto sintetiza muito bem a proposta dos vinhos australianos para exportação que são flexíveis, versáteis, mostrando equilíbrio, harmonia, frescor e personalidade graças ao corpo estruturado. Um vinho excelente, arrebatador. Tem robustos 14,5% de teor alcoólico, mas muito bem integrados, tornando-o quase que imperceptível.

Sobre a Bremerton Wines:

Bremerton Wines & Bremerton Vineyards fazem parte da empresa familiar Willson, Bremerton Vintners Pty Ltd, na região geográfica de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Langhorne Creek é único, pois fica no solo rico da planície de inundação do rio Bremer e é conhecida como uma região de clima frio, relativamente livre de doenças e produtora de frutas de qualidade excepcionalmente alta e consistente. A brisa fresca e fresca do lago Alexandrina proporciona um microclima de dias de verão ameno a quente e noites frias, perfeitas para o longo amadurecimento das uvas, produzindo sabores de clima intenso e procurado. A área foi estabelecida pela primeira vez na década de 1850, quando Frank Potts, um construtor de navios inglês, pegou uma trilha de terra e plantou uvas. O distrito cresceu para 450 hectares de vinha até 1990, quando a expansão começou, levando-o a aprox. 6000 ha - a segunda maior região de cultivo de uvas do sul da Austrália. Quando compramos a propriedade "Bremerton Lodge", de 40 ha, em 1985, era uma fazenda irrigada de Lucerna (Alf-alfa). Os vinhos Bremerton evoluíram em 1988, quando nosso primeiro vinho, 57 dúzia de um Cabernet Sauvignon foi feito com uvas compradas de um vizinho. Continuamos experimentando pequenos lotes de frutas nos próximos cinco anos, lançando um Shiraz em 1991. Após três anos de vinificação experimental, uma análise da produção agrícola foi realizada e dois blocos foram identificados como adequados para o cultivo de uvas e oferecendo um melhor retorno por hectare. As primeiras uvas foram plantadas em 1991 - 2 hectares de Cabernet Sauvignon e 1,5 ha de Shiraz, seguidos por 2 hectares de Cabernet e 2 ha de Shiraz em 1992. Uma grande inundação ocorreu em 18 de dezembro de 1992, afogando a lucerna e causando grandes danos à fazenda e aos edifícios. Isso exigiu uma revisão do futuro e, portanto, foi aqui que foi tomada a decisão de prosseguir com a indústria da uva para vinho, pois a propriedade estava em uma área vinícola tão renomada. Um plano estruturado foi realizado para transformar a fazenda de lucerna em vinhedos e expandir lentamente a produção de vinho. Em 1992, 1993 e 1994, foram plantados mais 40 hectares de videiras, constituídos por Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec, Merlot, Verdelho, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 1993, foi tomada a decisão de se tornar vinicultores comerciais, com a abertura da porta da adega em 1994 e o lançamento de dois vinhos brancos e um terceiro tinto - uma mistura de Cabernet / Shiraz / Merlot. Hoje, a variedade pode variar até 18 vinhos, um terço dos quais são exclusivos da Cellar Door e da Bremerton Wine Society. Agora, com 120 hectares de vinhedos de alta qualidade e uma vinícola moderna, nossa produção de vinho aumentou de 680 dúzias em 1993 para 23.000 dúzias em 2005 e agora varia entre 34-40.000 dúzias. As vendas abrangem todos os principais estados da Austrália, com exportações para o Reino Unido, Hong Kong, Canadá, Suíça, Alemanha, Cingapura, Brasil, Holanda, China, Filipinas e Dubai. A enóloga Rebecca Willson e a gerente de marketing, Lucy Willson, focaram a gama de vinhos da família em vinhos individualizados e de alta qualidade. Eles deram a Bremerton uma posição forte no mercado de vinhos altamente competitivo, com o primeiro rótulo de Rebecca aos anos - o Cabernet Sauvignon de 1997 conquistando um troféu e classificado como o terceiro melhor Cabernet na Austrália pela revista Winestate. Desde então, as Willson Sisters levaram a Bremerton a se tornar uma das marcas mais conhecidas da região vinícola de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Nos últimos 11 anos, a Bremerton Wines foi premiada com a vinícola James Halliday 5 estrelas, que nos classifica entre os 5% melhores de todas as vinícolas australianas.

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Degustado em: 2016

quarta-feira, 6 de maio de 2020

D. João I branco


Qual o seu conceito, a sua percepção dos vinhos baratos? O que pesa na sua decisão ao comprar um vinho, quais as suas prioridades na escolha? É claro que, em tempos bicudos, de incerteza econômica, degustar vinhos baratos pode ser a alternativa para continuar degustando, mas o prazer de explorar rótulos desconhecidos, de produtores pouco badalados, de custo baixo, pode, para muitos, parecer um risco desnecessário, comparando valores com qualidade, não nego essa possibilidade, mas não se enganem de que podem trazer surpreendentes e gratas surpresas. Contudo, é deveras essencial você, caso se interesse por esses rótulos, antes fazer uma pesquisa, acessar o site do produtor e conhecer um pouco da história do vinho e da vinícola. Acredite isso pode fortalecer, para mais ou para menos, na sua decisão de compra do vinho, afinal, comprar no escuro é um risco que pode ser mitigado, mas se você não tiver as informações que precisa e estiver interessado em comprar, siga seu coração e não hesite na compra.

E um exemplo de retorno extremamente favorável, agradável, satisfatório e todos os sinônimos enaltecedores possíveis, foi um tinto da região portuguesa de Beira Interior, pouco conhecida por aqui no Brasil, principalmente se levamos em consideração, em termos de popularidade como Alentejo e Douro, por exemplo, de uma vinícola chamada Adega Cooperativa de Pinhel, chamado D. João I branco da casta Síria, conhecida como Roupeiro, no Alentejo e na Península de Setúbal. O mesmo não é safrado, é considerado, em Portugal, como um “vinho de mesa”. Mas não se enganem o conceito de vinho de mesa em Portugal, a título de informação, é diferente daqui do Brasil. Enquanto por aqui vinhos de mesa são produzidos por uvas não vitiviníferas, em Portugal vinho de mesa é considerado como um vinho básico, de cotidiano, que não tem uma classificação DOC ou “Regional” e que são produzidos com castas locais, denotando, mesmo assim um vinho de caráter regional, embora não ostente tais classificações, em minha opinião. Como disse que a região é pouco conhecida, convém fazer um breve histórico da mesma, antes de analisar o vinho.

Beira Interior

É na Beira Interior, identificada geograficamente como prolongamento do sistema central ibérico e histórico e culturalmente pelas matrizes testemunhadas nas suas aldeias medievais e cidadelas fortificadas que, a Denominação de Origem Beira Interior foi criada a 2 de novembro de 1999, resultado da aglutinação das regiões de Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel, que passaram a sub-regiões desde então. Tem um passado histórico vitivinícola que remonta à fundação da nacionalidade portuguesa, está localizada no interior centro de Portugal, tem cerca de 16 000 hectares de vinhas e uma grande variedade de castas. Situada no interior centro/norte de Portugal é a região vitivinícola mais alta de Portugal, com vinhas plantadas entre os 300 e os 700 metros de altitude.


Os vinhos são muito influenciados pela montanha e a orologia da região é dominada pelas serras da Estrela, Gardunha, Açor, Marofa e Malcata. Os solos são de origem granítica (80%), na sua maioria, sendo os restantes essencialmente de origem xistosa, existindo entre o granito e o xisto alguns filões de quartzo. O clima da região é muito agreste, com temperaturas negativas no Inverno e Verões muito quentes e secos. Os encepamentos mais tradicionais são nas brancas a Síria, Fonte Cal, Malvasia, Arinto e Rabo de Ovelha, e Malvasia e nas Tintas, a Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, Trincadeira, Mourisco, Jaen e alfrocheiro.

O vinho:

No aspecto visual mostra um amarelo palha com reflexos esverdeados.

No nariz é fresco, leve, trazendo frutas brancas como abacaxi, maçã verde, maracujá.

Na boca confirma as impressões olfativas sendo muito fresco, leve, equilibrado, é incrivelmente saboroso, com final persistente e frutado.

Vinho honesto, bem feito, correto, com tipicidade e que sintetiza o caráter regional e que, independente dos valores, entregam muito mais do que valem. Com 13% de teor alcoólico. É claro que são diferentes dos vinhos mais emblemáticos, mais caros, com passagem por madeira etc Mas seria injusto comparar tais vinhos com a linha D. João I, pois, antes de qualquer coisa, são vinhos com propostas totalmente distintas.

Sobre a Adega Cooperativa de Pinhel:

Desde tempos muito antigos que em Pinhel, e seu termo, se praticava a cultura da vinha e se produziam vinhos de alta qualidade; já nos princípios do ano 1500, o Rei D. Manuel I, o Venturoso, concedeu diversas regalias e privilégios em favor dos vinhos de Pinhel. Em 1942 e 1943, houve colheitas abundantes e não havia escoamento para a produção, foi então que a Junta Nacional do Vinho, recentemente criada, como organismo de Coordenação Económica, e que veio substituir a antiga Federação dos  Vinicultores do Centro e Sul de Portugal, instalou em Pinhel uma caldeira móvel de destilação, acionada por uma geradora locomóvel, em que foram destilados milhões de litros de vinho e que veio resolver a crise gravíssima, que afetava os lavradores da Região, que viviam exclusivamente do rendimento do vinho. De todos os Organismos Corporativos, criados pelo Estado Novo, a Junta Nacional do Vinho, era o mais querido, pelos beneficias que trouxe a toda a região vitivinícola, por isso os vinicultores depositavam toda a confiança esperançados que o organismo, quando necessário, lhe resolvesse os problemas respeitantes ao vinho. Os vinhos desta área eram tão bons que as aguardentes vínicas resultantes da destilação ficavam de finíssima qualidade. Quando transportadas para os armazéns da Mealhada não eram misturadas com outras provenientes de outras áreas ficando em depósitos separados. Em 1945, a Junta Nacional do Vinho iniciou a instalação de duas caldeiras fixas de destilação contínua, que trabalhavam de dia e de noite, só paravam cada 15 dias para limpeza. Como era pena destilar vinhos de tão boa qualidade, a Junta Nacional do Vinho, em colaboração com o Grémio da Lavoura de Pinhel, pensou na criação da Adega Cooperativa, nas suas próprias instalações que tinham sido compradas à Câmara Municipal de Pinhel e que tinham ficado devolutas pela saída das Forças Militares, ali aquarteladas, e que se tinham revoltado contra o Governo da Ditadura Militar.Em 1947, construíram-se 6 lagares em granito, no parque utilizado pelas viaturas militares e os tonéis foram montados nas cavalariças depois de devidamente adaptadas. A primeira laboração foi feita por processos artesanais, pois em Pinhel não havia energia eléctrica com potência suficiente e a mesma era desligada à meia-noite; às próprias bombas de trasfega, eram movidas por motores de explosão. Foram 33 sócios, a entregar as uvas nesse ano na Adega; embora com bastantes dificuldades, estava criada e posta a funcionar a Adega Cooperativa. Dos primitivos 33 cooperantes, atingiu-se os 2.300 atuais.

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