sexta-feira, 15 de maio de 2020

Casa Venturini Sauvignon Blanc 2015


O Brasil, apesar dos entraves burocráticos e tributários, segue com esmeros a nos mostrar novos rótulos, nos produtores e novos terroirs para os enófilos. E, graças aos eventos de degustação, que deveriam ser mais democráticos, sobretudo no que tange aos valores dos ingressos, que conheci uma vinícola e alguns dos seus principais rótulos. Lembro-me de como cheguei a rótulo que nesta resenha apresentarei. Estava conversando com um participante do evento e revelei que gostaria de comprar alguns vinhos brancos para abastecer a adega. Ele prontamente me indicou um stand de uma vinícola brasileira dizendo que, além da diversidade das opções, os valores estavam atrativos. Segui, com curiosidade, até o local e era a Casa Venturini e de fato, as opções de brancos tranquilos e espumantes eram muito boas, de valores a propostas de rótulos. Mas um me chamou a atenção: um da casta Sauvignon Blanc, um Sauvignon Blanc brasileiro! Até o momento nunca havia degustado um brasileiro desta casta. Portanto, na hesitei, comprei.

Aos que achavam, como eu, que só existem bons vinhos dessa casta no Chile, França e África do Sul, sim, temos ótimos Sauvignon Blanc nacionais e esse Casa Venturini, da região de Campos de cima da Serra, em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, da safra 2015. Um vinho que verdadeiramente degustei e gostei. Antes de falar do vinho, um breve histórico da Região gaúcha de Flores da Cunha.

Flores da Cunha

Desde o ano de 1876, o território que compõe o atual município de Flores da Cunha, passou a ser colonizado por imigrantes italianos, oriundos especialmente do Norte da Itália. A maior leva de colonizadores estabeleceu-se entre os anos de 1878 e 1890, época em que foi fundado o primitivo povoado de São Pedro e, posteriormente, o de São José, que reunidos, nos idos de 1885, formaram a vila de Nova Trento. Em 1890, por ocasião da elevação da antiga Colônia Caxias a condição de município, Nova Trento tornou-se a sede do 2º Distrito. Todavia, documentos afirmam que desde os primeiros anos do século XX, uma comissão formada por lideranças comunitárias locais, descontentes com a pouca atenção dada pelo município mãe, lutava insistentemente pela emancipação do distrito, o que só foi possível ver concretizado em 17 de maio de 1924. Pouco mais de nove anos depois, em 21 de dezembro de 1935, através de um Decreto Municipal assinado pelo então Prefeito Heitor Curra, com autorização do Conselho Municipal, alterou a denominação do município de Nova Trento para o de Flores da Cunha. Foi uma homenagem ao  então governador do estado General José Antônio Flores da Cunha, que, entre outras iniciativas beneficiou o município com a instalação do telégrafo, do Laboratório Bromatológico e com estudos para a construção de um ramal férreo entre Caxias do Sul e Nova Trento. Flores da Cunha é conhecida como a "Terra do Galo". Tal alcunha advém de um episódio ocorrido por volta do ano de 1934, quando um mágico teria passado pela cidade e prometido, durante o espetáculo, que cortaria a cabeça de um galo, e que com uma mágica, o faria cantar novamente. Porém, na hora da apresentação, o mágico, tendo entre os presentes algumas autoridades, viu-se aos apuros e fugiu deixando os presentes por algum tempo a esperá-lo de volta ao palco. O mágico nunca mais foi visto e o povo foi para casa sem compreender o que havia acontecido. Isso foi motivo de muita vergonha e deboches, advindos muitas vezes de moradores do município vizinho. Somente na década de 1960 foi possível revisitar o passado e recontar a história da vergonha como uma história de graça e de alegria.

Agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha, com aspecto límpido e muito brilhante.

No nariz traz um ataque aromático de frutas cítricas e brancas, notas florais e herbáceas, com muito frescor e jovialidade.

Na taça se reproduz as impressões olfativas, com corpo equilibrado, com acidez proeminente, instigante que lhe confere muito refrescância e um final frutado e de média persistência.

Definitivamente os brancos nacionais são destaques e não se enganem que está restrito aos espumantes. Um Sauvignon Blanc tipicamente brasileiro, com tipicidade, com o nosso DNA, um vinho com frescor, de estilo descompromissado e fácil de degustar. Harmoniza perfeitamente com carnes brancas, frituras, queijos leves e macarrão ao alho e óleo. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Venturini:

Fundada em 1989, a história da vinícola é cercada por tradição e conquistas. A trajetória começou por uma estrutura familiar antiga, surgida na região nos anos 1970. No final dos anos 1980, uma joint-venture de São Paulo juntamente com um enólogo gaúcho assume a vinícola. Com o passar dos anos e a tecnologia chegando a todos os setores, a vinícola passou por uma cuidadosa reestruturação, porém mantendo suas características originais. Tudo de olho na qualidade, mas sem perder a herança cultural, fundamental para a elaboração de bons vinhos. Em 1997, com nova mudança societária, a empresa passa a chamar-se Góes & Venturini. Em 2001, começa a produção da linha de vinhos finos, colocando no mercado produtos que posteriormente passariam a ser premiados em todo o mundo. Em 2009, ao completar 20 anos, o empreendimento inicia uma nova etapa abrindo o parque vitivinícola para visitação turística, entrando para o rol do enoturismo no Brasil. Em 2019, a Casa Venturini renova seu varejo fortalecendo e qualificando ainda mais o atendimento ao turista que visita a vinícola, em Flores da Cunha. A Casa Venturini elabora com esmero vinhos e espumantes de alto padrão a partir de uvas de excepcional qualidade, cultivadas na Serra Gaúcha, Campanha Gaúcha e Campos de Cima da Serra. São uvas cultivadas em terroir específico, reunindo assim um conjunto de fatores propício para a produção de vinhos finos. Esta busca constante por uma elaboração cada vez mais requintada é traduzida em premiações nacionais e internacionais.

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Degustado em: 2017

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