quarta-feira, 10 de março de 2021

Garibaldi Prosecco Rosé (Glera)

 

Nada mais festivo e solar do que grandes novidades! Aquelas novidades que revolucionam, que mudam a sua vida, que traz impactos positivos a ela, nem que seja por um curto espaço de tempo ou o famoso “que seja eterno enquanto dure”! E não falo de resiliência ou coisas do tipo que parecem ser mais algo institucionalizado, imposto do que espontâneo ou natural a nossas vidas. E no universo do vinho não é diferente: grandes novidades de regiões, aquelas castas diferentes, raras, pouco conhecidas, tudo isso estimula seu interesse pelo mundo do vinho, pois nos possibilita a exercitar, inclusive, as nossas experiências sensoriais.

E nada melhor do que “edificar” essa máxima no mundo do vinho com os nossos dignos espumantes! Sim, os nossos espumantes que, sem sombra de dúvida, são os melhores do mundo no estilo das borbulhas. O espumante brasileiro rivaliza, em iguais condições, com os cavas espanhóis, os proseccos italianos e por que não com os champanhes franceses, sem nenhuma espécie de demagogia ou narcisismo.

E já que falamos nos nossos borbulhas tupiniquins falemos um pouco da emblemática região de Garibaldi, na região da Serra Gaúcha e da vinícola que leva o nome da cidade, orgulhando-a com os seus grandes rótulos: A vinícola Garibaldi. Cada enófilo que se preza já degustou um rótulo desse tradicional produtor ou se não o fez tem de fazer de forma imediata! São vinhos especiais, de excelente custo X benefício, vinhos que despontam com prêmios que ganham no Brasil e ao redor do mundo, em todos os cantos do globo atestando a sua qualidade, levando a tipicidade da Serra Gaúcha, da cidade de Garibaldi às alturas.

E hoje é um dia especial, aqueles dias que nos enche de orgulho por ser brasileiro, degustar o que há de melhor no Brasil, pois degustarei o primeiro Prosecco Rosé do Brasil, quiçá do mundo: O vinho que degustei e gostei veio como disse, da Serra Gaúcha, da cidade de Garibaldi, e é o Garibaldi Rosé Prosecco que leva também a casta Pinot Noir. O primeiro Prosecco Rosé do Brasil!

E na avaliação do presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi, Oscar Ló, o lançamento segue a perspectiva de inovação e atrelar a qualidade aos rótulos da vinícola: “Além de ser o primeiro Prosecco Rosé do Brasil, é possivelmente o primeiro do mundo, ou seja, largamos na frente de países tradicionais na produção de espumantes, como Itália, França e Espanha. Isso significa que a marca tende a ganhar cada vez mais holofotes por sua qualidade, inovação e excelência na elaboração de bebidas derivadas da uva”.

O segredo, de acordo com o enólogo Ricardo Morari, está na adição de uma pequena porcentagem de uvas tintas Pinot Noir à elaboração do Garibaldi Prosecco Rosé Brut. “Um espumante varietal (ou seja, que apresenta o nome da variedade de uva no rótulo), precisa ter no mínimo 75% dessa uva destacada na composição do produto. Como nosso objetivo era que a bebida permanecesse leve e fresca, prevalecendo características da Prosecco, utilizamos um percentual de Pinot Noir em torno de 3 a 5%, somente para dar o toque necessário de cor”, explica. E já que mencionamos a Vinícola Garibaldi e os “artistas” que criaram o Garibaldi Prosecco Rosé, falemos da cidade que acolhe os grandes espumantes: Garibaldi. 

A terra dos espumantes: Garibaldi

O núcleo surge por ato de 24 de maio de 1870. Na data o presidente, Dr. João Sertório, cria as colônias Conde D'Eu e Dona Isabel, inaugurando um novo momento no processo de colonização e economia no estado do Rio Grande do Sul. Garibaldi intitula-se, inicialmente, Colônia Conde D'Eu, denominada assim em homenagem ao genro do imperador, casado com a Princesa Isabel. A colonização aconteceu em 9 de julho de 1870 e eram todos prussianos (alemães), mas entre 1874 e 1875, começaram a chegar novas levas de imigrantes: suíços, italianos, franceses, austríacos e poloneses. Em 31 de outubro de 1900, o governo eleva Conde D'Eu à condição de município, que passa a chamar-se de Garibaldi, em homenagem ao italiano Giuseppe Garibaldi, que participou da Revolução Farroupilha e é considerado "herói dos dois mundos".

O município de Garibaldi (Brasil) localiza-se na Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul, a 110 quilômetros de Porto Alegre, com uma altitude de 640 metros. A população é de 34.684 habitantes. Garibaldi pertence à 1ª Colônia da Imigração Italiana, integrando a Região Uva e Vinho da Serra Gaúcha e o Vale dos Vinhedos. É reconhecida como a Capital Brasileira do Espumante devido ao pioneirismo e qualidade de seus vinhos e espumantes. A cidade, com um charme especial, guarda as características de um ambiente tranquilo, com uma paisagem bucólica que lhe dá um ar particularmente distinto do nosso tempo.

Garibaldi

Tudo é história e encantamento na Capital do Espumante. E é esta história e a experiência de viver no limite entre a paixão e a razão que será encontrado na Rota dos Espumantes, conhecido como a “Rota do Sabor”. O bouquet do espumante exalado pelas caves e pelos corredores que guardam o mosto da uva nos revigora, fazendo com que os sentidos nos transportem para uma dimensão, senão divina, mágica, como é próprio para apreciar esta bebida.

De 1913, ano em que foi elaborado o primeiro espumante brasileiro, aos dias de hoje, Garibaldi vem construindo a história dos vinhos e espumantes do país. Nas grandes empresas e nas cantinas familiares, o visitante poderá visitar e conhecer esta história, bem como acompanhar as técnicas de elaboração charmat e champenoise, participar do processo de engarrafamento e aprender a degustar a bebida.

Quando o monge beneditino Don Perignon, na experiência do prazer de sua descoberta exclamou de estar bebendo estrelas, inaugurou o charme na história da arte de degustar. E quando a cidade de Garibaldi inaugurou a Rota dos Espumantes, criou uma forma alegre e sofisticada de contar histórias sobre o finesse das bebidas nobres. Assim, foi composto um roteiro com 17 vinícolas, a mostrar que a relação íntima entre a alta tecnologia na elaboração de espumantes e os ecos culturais dos séculos são eno-compatíveis.

E agora finalmente o vinho!

Na taça conta com um lindo e delicado rosa claro, ao estilo cor de casca de cebola, mas muito brilhante, com perlages finos, abundantes e com alguma persistência.

No nariz apresenta uma explosão aromática de frutas cítricas e vermelhas, que se destacam framboesa, cereja e, sobretudo morango, além de notas florais que traz uma agradável sensação de frescor e leveza.

Na boca é elegante e muito delicado, com a confirmação das expressões frutadas, como identificado no aspecto olfativo, dotado de um frescor e jovialidade evidente, graças a sua acidez equilibrada, mas com alguma personalidade por conta de seu bom volume de boca e um final pouco persistente, mas agradável.

Os ventos da mudança, os ares das gratas novidades também devem chegar às taças dos enófilos que tem a mente aberta e que deseja fugir das armadilhas da zona de conforto. Um grande vinho, um Prosecco com a cara e coragem de desbravar dos brasileiros, bravos e de personalidade, com esse belíssimo rótulo inovador que deixou para trás grandes e tradicionais produtores do Velho Mundo. Um vinho delicado, elegante, frutado, fresco, mas de personalidade e que marca em definitivo a história de uma região emblemática e que catapulta para o mundo o saber fazer do Brasil no que tange aos espumantes. Excepcional espumante! Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Cooperativa Vinícola Garibaldi:

Situada em Garibaldi (120 Km de Porto Alegre) no coração da Serra Gaúcha, a maior região vitivinícola do Brasil, a  empresa nasceu como Cooperativa Agrícola Garibaldi na quinta-feira, 22 de janeiro de 1931, na sede do Club Borges de Medeiros. Naquele dia, Monteiro de Barros reuniu representantes de 73 famílias para criar uma das mais importantes cooperativas da região. O sucesso da empreitada foi tanto que, em 1935, o grupo já contava com 416 associados.

A prosperidade, contudo, estancou no começo dos anos 1970. Em 1973, a empresa sofreu uma intervenção que durou cinco anos. O processo, porém, deu resultado e, no começo dos anos 1980, a Garibaldi passou a se modernizar. No entanto, o grande passo só seria dado no início dos anos 2000. No passado, a cooperativa trabalhava muito com vinho de mesa e até a granel, e isso não rentabilizava o produto. Era uma commodity. Então, teve a necessidade de agregar valor. Desde 2004, investiu-se fortemente na elaboração de espumantes para dar essa guinada, rentabilizar os produtos e remunerar a uva dos associados. Foi feito um intenso trabalho no campo de reconversão, tecnologia em produto, para chegar a esse reconhecimento de mercado que a vinícola tem hoje, como referência na produção de espumante. A cooperativa tem hoje 400 famílias associadas, que juntas formam um total de 900 hectares em 12 municípios diferentes do Rio Grande do Sul. Gerenciar tudo isso é um trabalho complexo. O departamento técnico visita todas as propriedades pelo menos três vezes ao ano. Tem um contato direto como produtor tanto na orientação técnica quanto reconversões, conforme os interesses da cooperativa. As 380 famílias são responsáveis pela produção da uva. Elas elegem um conselho para cuidar do negócio e cada área tem um responsável, um profissional contratado para gerir. É cooperativa, mas tem que ser profissional no que faz. Em 2010, a Garibaldi adquiriu os direitos de produção e comercialização da marca Granja União, que estava sob domínio da Vinícola Cordelier. Mais recentemente, lançou a linha Acordes. A vinícola hoje apresenta índices de crescimento superiores aos da média nacional. Resultado de uma história de investimentos, de profissionalização, de união e de uma trajetória que carrega em sua bagagem o trabalho e a vida de milhares de pessoas. O investimento é permanente em manutenção e melhoria dos processos produtivos e na qualidade dos produtos. Com uma área de 32 mil metros quadrados de construção e capacidade de processamento que ultrapassa os 20 milhões de quilos, utilizando tecnologia e equipamentos europeus para a elaboração de nossos vinhos e espumantes. Uma identidade marcante, personalidade e características próprias, aliadas ao terroir da Serra Gaúcha, fez com que os seus espumantes acumulassem uma série de premiações em concursos no Brasil e no exterior.







domingo, 7 de março de 2021

Quinta do Casal Monteiro Rosé 2018

 

Ter referências de um vinho, de um produtor, de uma linha de rótulos é tudo! Mas pode ser um tiro no pé também! Eu explico: Você pode ter degustado toda a linha de rótulos de um determinado produtor e quando se depara com outro rótulo que ainda não havia degustado e decide, de forma imediata compra-lo, pelo fato de já ter degustado outros vinhos do produtor e apreciado, torna-se natural, é verdade, mas isso não é garantia de que você se identifique com aquele novo rótulo, porque não é só o histórico do produtor que conta, apesar de importante, mas a proposta do vinho também é preponderante.

Mas no caso desse vinho, admito, sou um réu confesso, me animei pelo fato de ter degustado a versão tinta e branca dessa linha de rótulos oriundo do Tejo. Já tendo como porta de entrada sendo da emblemática região lusitana do Tejo se torna válida a compra, mas foi o produtor que me chamou a atenção e claro o valor extremamente atrativo, em torno, pasmem, de R$24,90.

Primeiro foi o excepcional e surpreendente o Quinta do Casal Monteiro branco da safra 2016, depois o Quinta do Casal Monteiro tinto da safra 2018, agora o vinho que degustei e gostei foi a versão rosé da linha de rótulos Quinta do Casal Monteiro composto pelas castas Touriga Nacional (50%) e Tinta Roriz (50%) da safra 2018. A “trilogia” estava pronta, a degustação feita de todos e o resultado não poderia ser melhor. O Quinta do Casal Monteiro rosé me surpreendeu de tal forma que, diante de sua simplicidade, entregou o que um rosé deve entregar: leveza, muita fruta e frescor. Mas antes de tecer maiores comentários do rótulo de hoje, falemos um pouco do Tejo, região que venho descobrindo graças a cada rótulo tão especial.

Tejo

Nesta região vitivinícola, situada no Centro de Portugal, a arte de produzir vinho remonta a 2000 a.C., quando os Tartessos iniciaram a plantação da vinha junto às margens do rio que lhe dá o nome. Reza a História que já Afonso Henriques fez referência aos vinhos da região no Foral de Santarém, datado de 1170, e que o Cartaxo terá exportado 500 navios com tonéis de vinho que, em apenas um ano, terão atingido o valor de 12.000 reis. As histórias continuam pela cronologia fora, com o ano de 1765 a destacar-se pelo desaparecimento da vinha nos campos do Tejo, como consequência de uma ordem imposta por Marquês de Pombal.

Tejo

Em 1989, são fundadas seis Indicações de Proveniência Regulamentada para vinhos da região do Ribatejo e, em 1997, é criada a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, à qual se sucede a constituição por lei da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, em 2008, seguindo-se a Rota dos Vinhos do Tejo.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um rosa clarinho, translúcido, mas brilhantes, reluzentes, com uma discreta concentração de lágrimas finas e que logo se dissipavam.

No nariz entrega aromas intensos de frutas vermelhas como morango, framboesa e cereja, diria também notas de frutas brancas como melão e manga, talvez, além de um agradável toque floral.

Na boca confirma toda a fruta presente no olfato, com uma acidez na medida que confere ao vinho todo o frescor e leveza que é a tônica desse rótulo, com um final agradável e presistente com um retrogosto frutado.

Sabe aquele vinho que te remete a um dia de sol, na beira da piscina? Pode parecer meio clichê essas observações e sensações, mas é a pura realidade. Um vinho descomplicado, simples, mas que entrega, em todas as suas nuances, o que o vinho se propõe a entregar e diria até além, fazendo deste um rótulo de incrível custo X benefício. Um vinho do Tejo que tem tudo a ver com a cara de um país tropical como o Brasil. Tem teor alcoólico de 12,5%.

Sobre a Quinta do Casal Monteiro:

Fundada em 1979, a Quinta do Casal Monteiro engarrafa safras limitadas de produção exclusivamente a partir de sua propriedade de 80 hectares. Com idade média de 35 anos, as vinhas estão localizadas em solo arenoso aluvial fértil, enraizando-se em uma combinação incomum e resultando em uma produção de baixo rendimento de vinho de alta qualidade. Além disso, a característica do clima temperado sub-mediterrânico e a sua proximidade ao rio Tejo conferem aos vinhos uma identidade singular, revelada tanto nos aromas exuberantes como no paladar complexo, revestido por uma excelente acidez - são excelentes companheiros de comida. Em 2009, a nova geração / família assumiu a empresa e, desde então, uma reestruturação da vinícola e da vinha vem ocorrendo. Foram feitos investimentos consideráveis ​​em equipamentos modernos e a reabilitação das vinhas tem sido uma tarefa contínua. Como tal, todos os anos nossa qualidade tem aumentado e esperamos fazê-lo continuamente ao longo da década atual. O crescente número de prêmios internacionais e análises da imprensa internacional são uma prova da nossa qualidade contínua de produção.

Mais informações acesse:

http://www.casalmonteiro.pt/

 




El Misionero Crianza Tempranillo 2015

 

Sempre tive dificuldades para encontrar bons vinhos espanhóis. Não sei dizer exatamente o motivo, talvez pelo fato de que eu não tinha conhecimento dos lugares certos, ideais para compra-los ou desconhecia alguns fatores como região, castas autóctones ou coisas que o valham, confesso que o meu interesse por esses quesitos dos vinhos era praticamente nulo. O meu leque aumentou e consequentemente a minha adega com vinhos espanhóis se deram graças a incessante busca, de minha parte, por novas regiões, novas castas, novos pontos de compra. Claro! Era tudo isso que gerava a minha dificuldade para comprar bons rótulos espanhóis com preços mais convidativos e qualidade atestada para o meu humilde palato.

E graças a esse empenho descobri, muito tardiamente, que há uma legislação que regem alguns vinhos, ou melhor, os vinhos espanhóis nas suas mais diversas propostas. E no que tange a proposta, um termo que sempre faço questão de enfatizar, a Espanha delimita esse quesito com honra, com um requinte de detalhe simplesmente incrível! E são vinhos jovens, crianza, reserva, gran reserva, cada um com suas particularidades, seus terroirs na mais pura e evidente essência, regido por uma lei que foi sancionada recentemente, pasmem, no início dos anos 2000. Veja em classificação dos vinhos espanhóis.

E o melhor que essas nomenclaturas são as propostas dos vinhos: amadeirados, complexo nos aromas, no paladar, estruturados, elegantes.... Muitos deles com vocação para guarda, vinhos evoluídos, do jeito que eu gosto, sou um réu confesso dos vinhos evoluídos: penso que tem história para contar, são singulares, diferentes e interessantes. Vinhos espetaculares de um país que é um verdadeiro polo de produção de vinhos.

Hoje, com a cortesia de meu grande e estimado amigo Paulo, meu confrade amigo, teremos um contato imediato com um “crianza”, da casta emblemática da Espanha, Tempranillo, que escreverá uma humilde página em nossa humilde vida de enófilos. O vinho que degustei e gostei veio da região de Castilla La Mancha, um DO, da Espanha, um “crianza” chamado El Misionero, 100% Tempranillo, da safra 2015. Agora o que significa “crianza”? Não se enganem que tenha haver com algo relacionado a “criança”, em uma tradução literal. Então desvendemos.

Crianza

O termo “Crianza”, encontrado em alguns dos rótulos dos vinhos espanhóis, ainda causa muita confusão. Ao contrário do que muitos imaginam, a palavra não está relacionada à jovialidade do vinho (não tem nada a ver com criança). A questão principal ao falar sobre um vinho Crianza é a sua maturação. O termo Crianza em espanhol é aplicado para determinar que àquele vinho passou por um processo em barrica de carvalho, desse modo, entrando em contato com madeira, e com isso, adquirindo corpo.

Geralmente um crianza estagia, no mínimo, seis meses em barrica de carvalho. E o que isso representa? Que é um vinho mais elaborado e que, por ter amadurecido em contato com a madeira, ganhou mais complexidade de aromas e sabores quando comparado a vinhos que não passam por este estágio.

Como todos os vinhos que passam por madeira – e podemos incluir os vinhos Reserva e Gran Reserva – os vinhos Crianza são vinhos com maior volume de aromas, complexidade e sabores. São indicados para uma apreciação paciente e para acompanhar pratos que exijam uma presença de vinhos aromáticos.

Castilla La Mancha, a terra de Dom Quitoxe e os seus Moinhos de Vento

Bem ao centro da Espanha, país com a maior área de vinhas plantadas em todo o mundo e o terceiro maior mercado produtor de vinhos, está localizada a região vitivinícola de Castilla La Mancha. Um território com grande extensão de terra quase que completamente plana, sem grandes elevações.  É nessa macrorregião que se origina quase 50% do total de litros de vinho produzidos anualmente na Espanha.

“Em um lugar em La Mancha, cujo nome eu não quero lembrar, existiu há não muito tempo um cavaleiro, do tipo que mantinha uma lança nunca usada, um escudo velho, um galgo para corridas e um cavalo velho e magro”.

“Dom Quixote de La Mancha ou o Cavaleiro da triste figura” de Miguel de Cervantes.

O nome “La Mancha” tem origem na expressão “Mantxa” que em árabe significa “terra seca”, o que de fato caracteriza a região. Neste território, o clima continental ao extremo provoca grandes diferenças de temperaturas entre verão e inverno. Nos dias quentes de verão os termômetros podem alcançar os 45°C, enquanto nas noites rigorosas de frio intenso do inverno, as temperaturas negativas podem chegar a até -15°C. A irrigação torna-se muitas vezes essencial: além do baixo índice pluviométrico devido ao caráter continental e mediterrâneo do clima, o local se torna ainda mais seco graças ao seu microclima, que impede a entrada de correntes marítimas úmidas. A ocorrência de sol por ano é de aproximadamente 3.000 horas. Esta macrorregião é composta por várias regiões menores, incluindo sete “Denominações de Origem”, das quais se pode destacar La Mancha e Valdepeñenas.


Castilla La Mancha

La Mancha: é a principal região dentre elas, sendo considerada a maior DO da Espanha e a mais extensa zona vinícola do mundo.  O território abrange 182 municípios, distribuídos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo. As principais uvas produzidas naquele solo são a uva branca Airen e a popular tinta espanhola Tempranillo, também conhecida localmente como Cencibel.

Valdepeñenas: localizada mais ao sul, mas com as mesmas condições climáticas, tem construído sua boa reputação graças à produção de vinhos de grande qualidade, normalmente varietais da uva Tempranillo ou blends desta com castas internacionais.

A DO La Mancha conta mais de 164.000 hectares de vinhedos plantados. Com isso, é a maior Denominação de Origem do país e a maior área vitivinícola contínua do mundo, abrangendo 182 municípios, divididos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo.

As castas mais cultivadas em Castilla de La Mancha são: Airén, Viúra, Sauvignon Blanc e Chardonnay entre as brancas e as tintas são: Tempranillo, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Grenache.

Classificação dos rótulos da DO de Castilla La Mancha:

Jóven: Categoria mais básica, sem passagem por madeira, para ser consumido preferencialmente no mesmo ano da colheita.

Tradicional: Sem passagem por madeira, porém com mais estrutura do que o Jóven.

Envelhecimento em barris de carvalho: Envelhecimento mínimo de 90 dias em barris de carvalho.

Crianza: Envelhecimento natural de dois anos, sendo, pelo menos, seis meses em barris de carvalho.

Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 12 meses em barris de carvalho e 24 meses em garrafa.

Gran Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 18 meses em barris de carvalho e 42 meses em garrafa.

Espumante: Produzidos a partir do método tradicional (segunda fermentação em garrafa), com no mínimo nove meses de autólise.

E agora o grande momento: Sobre o vinho!

Na taça goza de um intenso vermelho rubi, mas com entornos violáceos e uma grande concentração de lágrimas finas que teimavam em se dissipar das paredes da taça.

No nariz a predominância de frutas negras era latente, tais como ameixa, amora e cereja negra, com notas de tabaco, de couro e estrebaria. Não é tão aromático, mas um vinho perfumado, elegante ao olfato.

Na boca é redondo, equilibrado, seco e elegante. Percebe-se também as notas de especiarias, a percepção de pimentão e baunilha é notável, bem como discretas notas amadeiradas, graças aos 10 meses de passagem por barricas de carvalho e mais 15 meses evoluindo na garrafa antes de ser comercializado, conferindo-lhe taninos domados e uma boa acidez revelando um vinho fresco e vivo, além de uma marcante personalidade. Um final de média persistência e retrogosto frutado.

Estudos, cultura, conhecimento, degustações de vinho, novas experiências sensoriais, o vinho é uma múltipla celebração, celebração em todos os seus aspectos, em tudo que essa poesia líquida pode proporcionar, em todos os seus âmbitos. El Misionero Tempranillo, está no auge, vivo, pleno com seus 6 anos de safra, 6 anos de vida, característico desses grandes vinhos, especiais e singulares. A busca incessante pelos vinhos espanhóis me brindou com esses vinhos ricos em aromas, complexos no paladar e com marcante personalidade. Grandioso! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre as Bodegas Fernando Castro:

As Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a vinícola mais antiga de Castilla La Mancha sob a direção da mesma família. A família Castro começou a produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas das suas próprias vinhas em Santa Cruz de Mudela, utilizando os métodos artesanais e tradicionais inerentes à região. Desde 1895, a Bodegas Fernando Castro está presente nos pontos mais importantes do território nacional, graças ao conhecido “Comboio do Vinho”, e posteriormente através da sua rede de transportes própria, conquistando a confiança dos grandes centros de compras. Com uma situação geográfica imbatível, estando no centro de Espanha e centro nevrálgico da Denominação de Origem Valdepeñas, os seus produtos chegam a qualquer ponto da geografia. Esta localização facilitou a expansão de seu mercado para mais de 70 países. Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham em conjunto, contando com o inestimável apoio de profissionais de referência que têm contribuído na vinificação, envelhecimento e comercialização dos nossos vinhos, dispondo para o efeito de instalações modernas, sólidas e funcionais. Bodegas Fernando Castro está localizado no coração da Denominação de Origem Protegida Valdepeñas . Situada no extremo sul do planalto ibérico e claramente delimitada pelas planícies de La Mancha ao norte, os campos de Montiel a leste, os de Calatrava a oeste e a Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela preserva a cultura patrimônio e as tradições culinárias de La Mancha. Nesta região, existem solos calcários abundantes, franco-arenoso e argiloso vermelho-amarelado. Essas terras de clima continental podem ultrapassar as temperaturas máximas de 40 ° C e as mínimas de -10 ° C, e ainda mais baixas, com uma média anual de 16 ° C. Viticultores de tradição familiar, Bodegas Fernando Castro possui 380 hectares de vinhedos, localizados no entorno da Finca Los Altos, supervisionados pessoalmente pela Família Castro. Os seus vinhos expressam a personalidade de uma região única. Localizados a 705 metros acima do nível do mar, os solos são pobres em matéria orgânica e baixa fertilidade, circunstância ideal para o cultivo da uva. Com mais de 2.500 horas de sol por ano, estas características climáticas potenciam o amadurecimento da uva, resultando numa produção de vinho com maior intensidade de cor, ótima estrutura e poder aromático.

Mais informações acesse:

https://bodegasfernandocastro.es/en/

Referências de pesquisa:

“Vinho Blog”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

“Blog Vinho Tinto”: https://www.blogvinhotinto.com.br/curiosidades/desvendando-vinhos-crianzas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote

“Blog Lovino”: https://blog.lovino.com.br/o-que-e-um-vinho-crianza/

Blog “Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote#:~:text=Este%20livro%2C%20universalmente%20famoso%2C%20trata,no%20centro%2Fsudeste%20da%20Espanha.&text=Os%20primeiros%20escritos%20da%20cultura,vinhas%20foram%20introduzidas%20pelos%20romanos.

Revista Adega: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinhos-dos-moinhos_4580.html

Blog “VinhoSite”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

 






Terra Boa tinto 2018

Definitivamente Portugal é um celeiro de grandes vinhos! Um universo inexplorado de propostas, das mais diversas, de vários e vários rótulos e que personifica o universo do vinho, gigante e muito ainda a ser desbravado. E em virtude de tudo isso, tenho, claro, como um cavaleiro errante, a andar, a garimpar, por intermédio dos vinhos que enchem generosamente as minhas taças, vários rótulos lusitanos, dando prioridade as regiões desconhecidas para mim, blends inusitados, rótulos especiais, castas pouco populares etc. Enfim, novas percepções, novas experiências para diversificar o nosso leque sensorial.

E já que falei de Portugal, um país, geograficamente, tão pequeno, mas tão gigantesco em terroirs tão singulares, não posso deixar de falar de uma região, em especial que descobri, quase que uma forma despretensiosa, que são as Terras da Beira. O nome pode não soar muito familiar a alguns enófilos brasileiros, haja vista que, diante dos badalados Alentejo, Douro e Porto, por exemplo, Beiras se resume a condição de coadjuvante, em termos comerciais, mas só sob o aspecto comercial. Trata-se de uma região especial, peculiar e com vinhos muito bons. Claro que, com os poucos rótulos que degustei, uma afirmação de sua qualidade, de forma tão veemente, pode parecer leviano, mas, os poucos que degustei, me arrebatou por inteiro!

Quando falei que os descobri despretensiosamente, foi em uma das minhas visitas as redes sociais e vi um especialista e crítico de vinhos muito conhecido, de nome Didu Russo, que, em sua página na referida rede social, publicou um vinho, da Adega Cooperativa de Pinhel chamado D. João I, um branco da sub-região de Pinhel. Ele disse, eufórico, que o vinho ficou em segundo lugar em uma degustação às cegas com vários outros rótulos brancos portugueses, inclusive à frente de muitos vinhos caros! Claro que a curiosidade prevaleceu e o comprei! De fato, um vinho surpreendente! E depois desse, sempre quando vejo um vinho das Terras da Beira, não hesito em comprar.

A minha última aquisição dessas terras, veio de um produtor gigante, em todos os sentidos e que atua em todo o Portugal, a Bacalhôa, e seu vinho vem do alto, literalmente do alto, os chamados “vinhos de altitude” e se chama Terra Boa, composto pelas castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, da safra 2018. E sem mais delongas, falemos um pouco dos “vinhos de altitude” e da minha nova queridinha: Terras da Beira.

Vinhos que vem do alto: “Vinhos de altitude”:

A dificuldade mais comum é apontar uma cota a partir da qual estamos em presença de um vinho de altitude. Bastará uma colina ou apenas poderão ser consideradas aqueles cujas cepas se encontram a mais de 2000 ou 3000 metros de altitude, tal como as que existem em Colomé na zona de Salta, Argentina ou no Monte Etna na Sicília?

Ao longo dos anos, os enólogos que produziam vinhos em regiões mais altas apercebeu-se que tinham sido confrontadas com condições muito particulares de luz (maior intensidade e radiação ultravioleta), temperatura (grandes amplitudes térmicas), ar (menor percentagem de oxigénio e de dióxido de carbono) e de maturação (níveis mais elevados de taninos e antocianos). Essas diferenças, conjugadas com as caraterísticas geológicas, originariam vinhos mais frescos e com uma acidez mais elevada.

A temática revestiu-se de tanto interesse que no início do milénio foi organizado, na Califórnia, o primeiro simpósio internacional dedicado ao tema da viticultura em altitude. Neste evento, o climatologista, Greg Jones, explicou a diferença entre relevo relativo (as diferenças de altitude num ponto baixo e num ponto alto de uma colina) e relevo absoluto (diferença de altitude desde o nível das aguas do mar). Para Jones, o relevo relativo tem influência real sobre o clima e condições meteorológicas, assim para as vinhas também terá. No entanto, os encepamentos que se encontram a uma maior altitude, quando comparadas com outras ao nível do mar, apresentam diferenças significativas no clima e nas condições meteorológicas.

As Terras da Beira

No interior da região atualmente delimitada com a designação Terras da Beira está inserida a DO (Denominação de Origem) Beira Interior e estas áreas faziam parte de uma região vitivinícola bastante extensa, então designada como IG (Indicação Geográfica) Beiras. Foi a sede do povo Lusitano, onde o seu rei Viriato foi assassinado em 139 a. C. pelos Romanos que depois tomaram posse desta terra. Cerca de 600 anos depois, surgiram os Visigodos, últimos dois povos com grande ligação à viticultura. Os monges de Cister, a partir do séc. XII revitalizaram a viticultura após a Reconquista. Os árabes muçulmanos dedicaramse menos a esta cultura. Situada no coração do interior Norte, perto da fronteira com Espanha, na região mais escarpada e montanhosa de Portugal Continental, abarca no seu interior a Serra da Marofa, a Serra da Gardunha e parte da Serra da Estrela.

Terras da Beira

No que diz respeito à DO Beira Interior, as suas subregiões são: Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, que sempre se notabilizaram por vinhos de elevado valor enológico, expresso num aroma mais rico e distinto das outras regiões. A elevada altitude das vinhas, acima de 400 até 700 m, num total de 16.000 hectares, lembra a situação do país vizinho com as grandes regiões vitivinícolas de Castela. Noites frescas no Verão, e mesmo frias na fase da vindima e da fermentação, já antes da introdução das novas tecnologias de fermentação controlada permitiam a produção de vinhos maduros frescos e aromáticos. O vinho rosado, na época das grandes exportações deste tipo de vinho, em meados do séc. XX, especialmente para os EUA e o norte de Europa, sempre foi considerado o melhor e trouxe alguma prosperidade a esta região.

Os verões são curtos, mas muito quentes e secos, os invernos prolongados e gélidos. Os solos são maioritariamente graníticos, com alguma presença de xistos e, embora menos comum, alguma componente arenosa. As três subregiões partilham sensivelmente as mesmas especificidades materiais, apesar de se encontrarem separadas por cadeias montanhosas com picos de mais de mil metros de altitude, onde a combinação de solos pobres, acidez elevada e maturações robustas garante um futuro promissor para toda a região. A Cova da Beira apresenta características divergentes e alternativas, espraiandose desde os contrafortes orientais da Serra da Estrela até ao vale do Tejo, a sul de Castelo Branco. As adegas cooperativas produzem grande parte do vinho da região, apesar de, cada vez mais, surgirem no mercado vinhos de pequenos e médios produtores.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um lindo vermelho rubi com reflexos violeta e muito brilhante dando-lhe vivacidade, com uma boa concentração de lágrimas finas e de certa persistência.

No nariz traz uma explosão aromática de frutas vermelhas como groselha, cereja, framboesa, com um toque floral, lembrando flores vermelhas, trazendo a impressão de frescor e leveza.

Na boca é seco, ainda jovem, expressando todas as sua notas frutadas como percebida no aspecto olfativo, além de fresco, macio, mas com a personalidade que as castas que compõe o blend é capaz de entregar. Tem taninos macios e delicados, acidez correta e muito versátil e equilibrado.

O nome faz jus ao vinho! A terra definitivamente é boa! Tudo nesse básico, mas especial vinho, é soberbo! Versátil te entrega um vinho frutado, saboroso, aromático, floral, flores vermelhas, mas com a personalidade que vem do alto, das vinhas velhas, amansadas pelo tempo, bem marcante, mas tudo em um contexto harmônico e muito equilibrado, com um excelente potencial gastronômico, pode ser harmonizado com simples refeições ou pratos mais complexos e condimentados. A pseudo condição de coadjuvante na região, revela um vinho especial, básico sim, mas que entrega além do que valeu, além de sua proposta. Que venham mais vinhos da emblemática Terras da Beira! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta da Bacalhôa:

Bacalhôa Vinhos de Portugal foi  fundada em 1922, sob a denominação João Pires & Filhos, daí o nome do vinho “JP Azeitão”. Em 1998 o controle da empresa foi comprado por José Berardo, que adquiriu novas propriedades e celebrou um acordo de parceria com o grupo Lafitte Rothschild. No ano de 2008 o grupo Lafitte Rothschild adquiriu uma participação na empresa, que adquiriu mais propriedades e uma participação maioritária na vinícola Aliança. Sua sede está localizada na histórica. O Comendador José Berardo, sendo o principal acionista, prosseguiu com a missão da empresa, investindo no plantio de novas vinhas, na modernização das adegas e na aquisição de novas propriedades, junto com a imprescindível parceria com o Grupo Lafitte Rothschild na Quinta do Carmo. Em 2007 a Bacalhôa tornou-se a maior acionista na Aliança, um dos produtores mais prestigiados nas categorias de espumantes de alta qualidade, aguardentes e vinhos de mesa. No ano seguinte, a empresa comprou a Quinta do Carmo, aumentando assim para 1200ha de vinhas a sua exploração agrícola. A Bacalhôa dispõe de adegas nas regiões mais importantes de Portugal: Alentejo, Península de Setúbal (Azeitão), Lisboa, Bairrada, Dão e Douro. O projeto implementado nas diversas quintas sob o tema “Arte, Vinho, Paixão” visa surpreender as expectativas mais exigentes. Das vinhas ao vinho, todo o processo vitivinícola é envolvido em vários cenários que incluem a tradição e modernidade, com exposições artísticas diversas, da pintura à escultura, nunca esquecendo as magníficas obras naturais. Com uma capacidade total de 20 milhões de litros, 15.000 barricas de carvalho e uma área de vinhas em produção de cerca de 1.200 hectares, a Bacalhôa Vinhos de Portugal prossegue a sua aposta na inovação no sector, tendo em vista a criação de vinhos que proporcionem experiências únicas e surpreendentes, com uma elevada qualidade e consistência. A Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A., uma das maiores e mais inovadoras empresas vinícolas em Portugal, desenvolveu ao longo dos anos uma vasta gama de vinhos que lhe granjeou uma sólida reputação e a preferência de consumidores nacionais e internacionais. Presente em 7 regiões vitícolas portuguesas, com um total de 1200ha de vinhas, 40 quintas, 40 castas diferentes e 4 centros vínicos (adegas), a empresa distingue-se no mercado pela sua dimensão e pela autonomia em 70% na produção própria. A cada uma das entidades que constituem a Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A. - Aliança Vinhos de Portugal, Quinta do Carmo e Quinta dos Loridos - corresponde um centro de produção com características próprias e um património com intrínseco valor cultural. É à dinâmica gerada pelo cruzamento destas várias identidades, explorada com recurso à tecnologia mais atual e aos conhecimentos de uma equipa de renome, que a Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A. deve a sua capacidade única no competitivo mercado português de oferecer o vinho perfeito para qualquer ocasião.

Mais informações acesse:

https://www.bacalhoa.pt/

Referências para pesquisa:

“Wine to Wine Circle”: https://www.vinetowinecircle.com/regioes/terras-da-beira/#:~:text=Regi%C3%A3o%20vitivin%C3%ADcola%3A%20TERRAS%20DA%20BEIRA&text=Foi%20a%20sede%20do%20povo,foi%20assassinado%20em%20139%20a.&text=Cerca%20de%20600%20anos%20depois,a%20viticultura%20ap%C3%B3s%20a%20Reconquista

 




 

Monte da Ribeira branco 2018

 

Dizem que o mais importante é degustar o vinho! Essa não é nenhuma novidade, a razão de ser do vinho é degusta-lo! Mas atualmente, com alguma modesta bagagem, neste universo vasto e logo inexplorado, de que existe uma espécie de “pré degustação”, um deleite digno aos enófilos, modéstia à parte, que vislumbra uma leitura dos rótulos, de uma visitação ao portal do produtor para conhecer o vinho, ter todas as nuances do vinho e se identificar com cada característica que ele possa te oferecer, das experiências sensoriais à ficha técnica com a região, teor alcoólico, se passou ou não por barricas de carvalho, nada, penso eu, deve passar pelo olhar clínico de um dedicado e bom enófilo.

E pensando nisso eu não posso deixar de falar, não posso negligenciar sobre os vinhos da região de Setúbal, em Portugal. Bem sei, é verdade, que os descobri tardiamente, mas, como diz aquele velho dito popular: antes tarde do que nunca! Uma região emblemática, tradicional e que, a cada experiência, a cada degustação, me surpreendente de uma maneira quase que arrebatadora, como se fora um fenômeno da natureza e não deixa de ser.

Hoje, tornou-se ponto determinante de escolha, de decisão de escolha, optar pela compra quando vem estampado em letras garrafais: “Vinho da Península de Setúbal”! Claro que não podemos generalizar e, em um momento demasiadamente emocional, apaixonado, comprar todos os vinhos de Setúbal achando que seja excepcional, temos que apurar sob todos os aspectos. Mas Setúbal virou um caso de amor, a emoção não pode se esvair totalmente, temos de coloca-la como peso na decisão de escolha.

E, para não perder o costume, um vinho que degustei e gostei veio, é claro, da Península de Setúbal, e é de um tradicional produtor que, com mais de dois séculos de existência, tem o seu nome gravado nos anais da vitivinicultura lusitana, a José Maria da Fonseca, e o vinho se chama Monte da Ribeira, um corte, bem interessante das castas Fernão Pires e Moscato Giallo, da safra 2018. E, para não perder o fio da meada, vamos de história, afinal, vinho e cultura, harmonizam maravilhosamente. Falemos de Setúbal.

Península de Setúbal

A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal. De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.

Setúbal

As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

Agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha quase ouro talvez destacado pelo reluzente brilho e uma razoável concentração de finas lágrimas que logo se dissipavam.

No nariz é uma verdadeira explosão de aromas de frutas brancas, amarelas e cítricas com destaque para pera, maçã verde, limão, lima, melão e melancia, além de agradáveis notas florais.

Na boca é seco, fresco, leve, jovial, descomplicado, com um bom volume de boca, dando-lhe caráter, alguma personalidade, graças também a sua excelente acidez e citricidade, trazendo também as notas frutadas percebidas no aspecto olfativo, com um final longo e persistente.

O mapa do vinho, a viagem a cada pedacinho de chão das regiões por intermédio das taças cheias faz do vinho algo além da degustação, é cultura, é história, é conhecimento e todos esses incrementos faz criamos uma espécie de elo, de identificação que nos ajuda a escolher o vinho, que fomenta as nossas experiências sensoriais nos estimulando, mais e mais, a imergir no universo lindo e inexplorado do vinho. O Monte da Ribeira, para variar e sem nenhum tipo de influência de fã, de fanatismo, é um grande vinho dentro de sua proposta: um vinho básico, fresco, leve, refrescante e que entrega muito, muito além que vale. E essa foi uma cortesia do meu confrade amigo Paulo que proporcionou este rótulo para a nossa digna degustação em um encontro mais do que agradável. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a José Maria da Fonseca:

Um negócio de família com quase dois séculos de história que, sem nunca repousar sobre as glórias conquistadas, tem sabido modernizar-se. A José Maria da Fonseca exerce a atividade vinícola desde 1834, fruto da paixão partilhada de uma família que tem sabido preservar e projetar a memória e o prestígio do seu fundador. Consciente da responsabilidade der ser, na atualidade o mais antigo produtor de vinho de mesa e de Moscatel de Setúbal em Portugal, a José Maria da Fonseca obedece a uma filosofia de permanente desenvolvimento, o que a leva a investir sempre mais em suportes de investigação e de produção, aliando as mais modernas técnicas ao saber tradicional. Exemplo disso mesmo é a Adega José de Sousa Rosado Fernandes, em Reguengos de Monsaraz, no Alentejo, onde a tradição romana de fermentar em potes de barro se mantém a par da última tecnologia.

Continuando a investir em produtos de referência a nível internacional, sempre pautados pela qualidade, a José Maria da Fonseca tem contribuído de forma decisiva para a divulgação e o prestígio dos vinhos nacionais. Dos quase 650 hectares de vinhas, e de uma adega dotada de tecnologia de última geração que rivaliza com as melhores do mundo, resultam vinhos que aliam a experiência acumulada ao longo da sua história com as mais avançadas técnicas de vinificação. Além de todos estes recursos utilizados na produção dos seus vinhos, o que mais caracteriza o trabalho na José Maria da Fonseca é uma enorme paixão pela arte de fazer vinho. É esta paixão, geradora de emoções, que a José Maria da Fonseca partilha com o consumidor de cada vez que este prova um dos seus vinhos.

Mais informações acesse:

https://www.jmf.pt/index.php?id=8

Referências de pesquisa:

“Vinhos da Península de Setúbal”: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/

 





terça-feira, 2 de março de 2021

Vale do Rico Homem Rosé 2018

 

É muito bom ter grandes amigos, mas é tão bom, ou melhor, ter grandes amigos que te presenteiam com vinhos! Não pensem, portanto, que, com este comentário esteja sendo interesseiro ou que pensa apenas na amizade materializada com interesses finitos ou produtos. Mas um amigo e amante dos vinhos une, ainda mais, os laços fraternais, cria vínculos emocionais que circunda em gostos em comum. Digo-lhes isso pois ganhei uma amizade que vem do outro lado do oceano, que os mares ou o avião mesmo me trouxe há alguns anos atrás quando o conheci pessoalmente.

O amigo com o típico nome lusitano, Manoel, veio de Portugal e trouxe consigo na mala, além da simpatia e muito carisma, alguns rótulos dos vinhos de sua terra. Quando o conheci pessoalmente parecia que o tínhamos uma relação antiga de amizade e os vinhos que trouxe verdadeiramente me cativou também. Não posso negar, amigos, sou enófilo e é natural que me anime ao me deparar com alguns rótulos. E direi que o bom amiga do além-mar me trouxe eu nunca tinha visto em terras brasilis.

Mas um, em especial, me chamou deveras a atenção. Além, é claro, da região que muito amo, que muito me cativa, o Alentejo, foi a cor do vinho. Um rosé do Alentejo! Um rosé inebriante, uma cor rosada brilhante e linda, que hipnotiza qualquer um enófilo desavisado. Então, resolvi tomar posse dele e logo o desarrolhei, com o consentimento do meu estimado novo amigo. Então o vinho que degustei e gostei, como já apresentado, veio do Alentejo, de uma região chamada Reguengos de Monsaraz, e se chama Vale do Rico Homem, composto pelas castas Syrah e Touriga Nacional e safra 2018. Nunca é demais falar do Alentejo e suas sub regiões e então contemos um pouco da história de Reguengos de Monsaraz.

Monsaraz

Monsaraz é uma freguesia portuguesa do concelho de Reguengos de Monsaraz, na região do Alentejo. Antiga sede de concelho, transferida pela primeira vez em 1838 e definitivamente em 1851 para a então vila de Reguengos de Monsaraz, hoje cidade. É importante não confundir Reguengos de Monsaraz com Monsaraz. São duas localidades distintas separadas por cerca de 15 quilômetros.

Reguengos de Monsaraz

A vila medieval de Monsaraz foi eleita uma das “7 Maravilhas do Alentejo” pelos leitores do jornal Margem Sul. O Município de Reguengos de Monsaraz aderiu a esta iniciativa que teve mais de 80 mil votos através do site do periódico e que pretendeu contribuir para a promoção do Alentejo, mobilizando os cidadãos para a defesa e a redescoberta do patrimônio material e imaterial. A outra candidatura do Município foi a paisagem do Grande Lago Alqueva no concelho de Reguengos de Monsaraz. Este concurso organizado pelo jornal Margem Sul com o apoio dos governos civis de Évora, Beja, Portalegre e Setúbal recebeu 30 candidaturas municipais. Para além de Monsaraz, a lista vencedora das “7 Maravilhas do Alentejo” integra o Castelo de Evoramonte (Estremoz), Fortaleza de Marvão, Lago de Alqueva (Portel), Tapeçarias de Portalegre, Portas de Beja (Serpa) e Terreiro do Paço (Vila Viçosa). A vila medieval de Monsaraz (Monumento Nacional) é uma das mais antigas vilas de Portugal. Localizada numa região habitada desde os tempos pré-históricos, existindo na sua envolvente muitos monumentos megalíticos, Monsaraz é um primitivo castro que foi mais tarde romanizado e ocupado sucessivamente por visigodos, árabes, moçárabes e judeus, até ser definitivamente cristianizado no século XIII. Em 1167 foi conquistada aos muçulmanos por Geraldo Sem Pavor, caindo em 1173 para os almóadas na sequência da derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz. Em 1232 voltou a ser conquistada aos árabes e em 1385 foi invadida pelas tropas castelhanas, mas cedo foi reconquistada por D. Nuno Álvares Pereira. Depois da restauração da independência, em 1640, foi construída uma nova linha de fortificações, tornando Monsaraz numa vila praticamente inexpugnável. Monsaraz foi sede de concelho até 1851, ano em que se fixou definitivamente em Reguengos de Monsaraz. Em termos de património é importante destacar a Torre de Menagem, a Casa da Inquisição, a Porta da Vila, a Porta de Évora, a Porta da Alcoba, a Igreja Matriz de Nossa Sra. da Lagoa, o Pelourinho, a Igreja de Santiago, a Ermida de S. João Baptista, o edifício do Hospital do Espírito Santo e Casa da Misericórdia, a Ermida de S. José, os Antigos Paços da Audiência, a Cisterna e todo o casario característico da vila.

E agora o vinho!

Na taça tem um rosado salmão lindo, intenso e muito brilhante, uma verdadeira porta de entrada para estimular ao enófilo a degustação.

No nariz prevalece o aroma fresco, jovial, descontraído, além, é claro, das notas frutadas que lembram framboesa, morango, uma verdadeira compota de frutas extremamente agradável, mas que, em momento algum, se mostrou enjoativo.

Na boca as impressões olfativas das frutas vermelhas prevalecem de uma forma docemente impetuosa, é muito frutado, delicado e elegante. Tem um bom volume de boca, mostrando alguma personalidade, certa cremosidade, diria, provavelmente graças aos 3 meses que o vinho estagiou “sur-lies”*, seguindo-se depois para o processo de engarrafamento. A acidez também está em evidência, mas em pleno equilíbrio com o conjunto do vinho, fazendo valer o seu frescor, evidenciando também no final de boca.

*”Sur-lies”: A tradução literal para a palavra francesa “lies” seria “borras” ou “sedimentos”. O contato com essas borras de levedura exerce influência sobre a estrutura dos vinhos, sobre o corpo, aroma e estabilidade. A razão, por parte do enólogo, por utilizar esse processo é para dar ao vinho estrutura, corpo, complexidade aromática, profundidade e sabor ao vinho, conferindo ainda mais estabilidade a sua cor.

A verdadeira e mais terna amizade é um acalento à alma, bem como o vinho e quando esses dois se combinam como em uma alquimia não tenha dúvidas de que é um verdadeiro elixir. Eu aguardo uma nova visita desse meu nobre amigo lusitano e espero que ele traga em sua mala, além dos grandes rótulos de sua terra, traga também a certeza da consolidação de nossa boa e salutar cumplicidade. E ele está e estará em minha história graças a esse rosé, esse regional alentejano, que retrata com fidelidade a tipicidade daquelas terras, trazendo um frescor, uma leveza e ao mesmo tempo uma intensidade aromática, uma presença no palato, entregando uma marcante personalidade colocando o Vale do Rico Homem no rol dos grandes rosés que degustei. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre o Monte dos Perdigões:

Na posse da família Granadeiro desde 2001, o Monte dos Perdigões foi em tempos casa de Damião de Góis, humanista Luso do Séc. XVI e grande amigo de Erasmo de Roterdão e gerações mais tarde do ilustre compositor Luis de Freitas Branco, músico que aqui compôs algumas das suas mais marcantes obras. Desde sempre um lugar marcado pela sensibilidade artística e pensamento livre.

Damião de Góis

Na sua moderna adega em que imperam materiais nobres como o mármore alentejano e o carvalho francês são vinificados e engarrafados os vinhos Granadeiro sob o rigoroso controlo de uma dedicada equipa chefiada pelo enólogo Pedro Baptista e inspirados pela visão de autor de Henrique Granadeiro. Com uma longa e reconhecida carreira no setor público e privado, Henrique Granadeiro criou há muito tempo laços com o meio vinícola, nomeadamente através das funções que exerce à frente da Fundação Eugénio de Almeida. Desde 2001 que lançou um projeto próprio e fiel a essa velha paixão: a criação de vinhos. Paixão que hoje leva à sua máxima expressão, no coração da região que o viu nascer, com a criação dos vinhos de autor aos quais dá o seu conhecimento e o seu nome.

Escolhidas a dedo, as uvas fermentam em balseiros de carvalho francês e em lagares de mármore Alentejano, famosos pela sua elevada inércia térmica. Com a sua geometria larga e baixa tendo a ajuda da pisa mecânica, favorecem a extração dos taninos e uma expressão aromática notável. A maturação dos tintos dá-se sur lies em tonéis de carvalho francês Allier, de queima média e grão fino. Após o tempo de estágio adequado em meias barricas, são engarrafados a preceito, sempre com rolha de cortiça nacional, à espera de serem abertos e apreciados pelos mais exigentes entusiastas de vinho.

Mais informações acesse:

https://www.montedosperdigoes.pt/pt/

Referências de pesquisa:

Portal “Viagem e Turismo”: https://viagemeturismo.abril.com.br/blog/portugal-lisboa/herdade-do-esporao-o-maravilhoso-mundo-dos-vinhos-no-alentejo/

“Blog Cipriano Alves”: https://ciprianoalves.blogs.sapo.pt/portugal-historico-alentejo-monsaraz-19134

Portal Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Monsaraz

Portal “Tintos & Tantos”: http://www.tintosetantos.com/index.php/envelhecendo/422-sur-lies-o-que-e-isso

Portal “Sacando a Rolha”: https://www.tuliowig.com/sacando-a-rolha/october-26th-2018

Degustado em: 2019