sábado, 30 de outubro de 2021

Adega de Monção tinto 2019

Mesmo degustando, há algum tempo, os gloriosos e agradáveis vinhos verdes da região lusitana de mesmo nome, ainda há lugar para gratas novidades para mim. Sou declaradamente um fã confesso dos frescos, joviais e leves vinhos verdes, afinal não há como não gostar do que eles entregam, pois são definitivamente a cara do que os enófilos brasileiros gostam, parece até carregar o DNA de nossas terras, embora algumas propostas mais complexas e barricadas estejam surgindo de forma exponencial por aí.

Mas não há como não gostar daquele verde leve, fresco, agradável, com boa acidez, despretensioso, saboroso etc. E quando você lembra ou fala dos vinhos verdes o que vem a mente? Alvarinho, Loureiro, a minha favorita, castas que elevam que personificam mundo afora, o conceito do vinho verde.

Mas eu falei de novidades, de gratas novidades! Então vamos a ela: Hoje degustarei um vinho verde tinto! Sim, um vinho verde tinto! Não é uma tarefa muito simples encontrar vinhos verdes tintos, haja vista que a proporção de verdes brancos e tintos é quase um absurdo: 85% para 15% apenas! O que é inacreditável! Então o momento chegou! E vou contar brevemente como esse rótulo chegou a minhas mãos!

Eu estava em um evento de degustação muito legal tendo como protagonista os vinhos verdes aqui no Rio de Janeiro chamado Vinho Verde Wine Experience 2020 e lá vi o estande dos vinhos da famosa e tradicional Adega de Monção. Como eu já conhecia alguns rótulos desse excelente produtor, um deles é o excepcional Muralhas de Monção que degustei algum tempo atrás, decidi conferir seus rótulos. 

Lá, além do próprio Muralhas de Monção, havia outros tantos rótulos desse produtor e vi o tinto deles e exclamei: Nunca degustei um tinto desse produtor! O representante da vinícola, vindo de Portugal, disse: “Então encherei a sua taça com prazer e vai gostar”, disse de forma acalentadora e simpática.

Fiquei animado e degustei: Uau! Que vinhaço! Intenso na sua acidez, essa era o seu destaque, além de um bom volume de boca, muito bom vinho e de, quando lá saí, falei taxativo: Se eu o encontrar irei comprar. Eu já tinha degustado um vinho verde tinto, mas foi há muito tempo, não tive uma memória afetiva dessa degustação, não sei dizer ao certo o motivo.

Enfim, quando em uma das minhas incursões nos supermercados da minha cidade, Niterói, observando atenciosamente aos rótulos nas gôndolas, qual foi o vinho que vi? Aquele mesmo vinho verde tinto que tinha degustado no evento. Ah não hesitei e comprei. Estava em um preço aceitável e levei. Estava animado para degusta-lo, agora toda a garrafa!

Sem delongas direi que o vinho que degustei e gostei que veio claro, da região dos Vinhos Verdes, mais precisamente das sub-regiões de Monção e Melgaço, em Portugal, e se chama Adega de Monção composto pelas regionais castas Alvarelhão (40%), Pedral (30%) e Vinhão (30%) e a safra é 2019. Pois é castas regionais, famosas na região dos Vinhos Verdes, mas não globalmente exceto talvez a Vinhão que é uma das mais conhecidas castas tintas para vinho verde. Então vamos, para não perder o costume, falar das sub-regiões Monção e Melgaço e de todas as castas que compõe esse belo vinho!

Monção e Melgaço

Localizada no Noroeste da Península Ibérica, no ponto mais a norte de Portugal, a região de Monção e Melgaço é uma das nove sub-regiões que fazem parte da denominação de Vinhos Verdes, uma das mais conhecidas de Portugal.

Possui um microclima muito particular, no qual a viticultura se desenvolveu desde o vale do Rio Minho e dos seus afluentes, subindo na meia encosta da montanha, ultrapassando os obstáculos do terreno e da altitude.

Monção e Melgaço

Especificamente lá, no ponto mais ao norte do país, os vinhos mais cultuados são os Alvarinhos. Diz-se, aliás, que a origem da casta seria nesse local às margens do Minho, fronteira natural entre Portugal e Espanha.  A cepa é a estrela de uma região marcada por vinhos que, em sua maioria, são produzidos para serem consumidos muito jovens.

A presença do Alvarinho de Monção e Melgaço estende-se desde o vale do Rio Minho e dos seus afluentes, subindo na meia encosta da montanha, adaptando-se a diferentes tipos de terreno e alcançando razoáveis níveis de altitude. O Alvarinho desta sub-região está pouco exposto à influência do mar e tem, como uma das condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a amplitude térmica na maturação, caracterizada por dias quentes e noites frias. Este fator contribui para a proteção dos aromas e para a persistência do sabor, retendo a sua frescura.

Mas a Alvarinho, apesar de também gerar bebidas para consumo imediato, é capaz de dar mais corpo e estrutura e gerar brancos respeitados e com poder de guarda, destoando um pouco do conceito de vinhos ligeiros.

A fama da região de Monção e Melgaço com seus Alvarinhos é relativamente nova, pois somente a partir dos anos 1930 é que surgiram alguns dos principais produtores locais, como Palácio da Brejoeira, Aveleda e Soalheiro, por exemplo, e mais recentemente nomes como Anselmo Mendes se destacaram produzindo brancos excepcionais com a casta.

A estrela das castas locais é claramente o Alvarinho, que aqui teve a sua origem. No microclima desta sub-região, a casta Alvarinho produz um vinho encorpado, complexo, com um carácter mineral e grande potencial de guarda.

Mas este território produz muito mais:

  1- Vinhos Verdes Brancos

  2- Vinhos Verdes Tintos

  3- Vinhos Verdes Rosados

  4- Espumantes de Vinho Verde

  5- Aguardentes de Vinho Verde

Esta elevada qualidade é o produto de castas indígenas da Região, cultivadas em variações de solos maioritariamente graníticos, e de um microclima atlântico temperado com influência continental, combinados com experiência enológica de topo.

Os vinhos verdes de Monção & Melgaço têm aromas e sabores intensos e concentrados, mineralidade pronunciada, notas distintas, grande potencial de guarda e de evolução em garrafa.

Sobre as castas desse rótulo:

Alvarelhão

Apesar de já ter sido amplamente cultivada em toda a península Ibérica, atualmente ela se concentra, praticamente, só no norte de Portugal, onde muito provavelmente é originária, muito cultivada, particularmente no Douro, Trás-os-Montes e Dão Alguns estudos de DNA tem mostrado sua semelhança com a uva Esgana Cão. Foi antigamente cultivada na região da Galícia, na Espanha, onde era conhecida como Alvarello.

É uma casta tinta de qualidade, recomendada na Sub-Região de Monção, onde é mais intensamente cultivada, casta pouco produtiva e dá origem a vinhos de cor rubi a rubi clara, com aroma delicado a casta, harmoniosos e saborosos.

Conhecida também por Brancelhão em Monção, por Alvarelhão no sul da Região e por Pirruivo em Arouca. É o Alvarelhão da Região do Douro e provavelmente o Brancellao da Galiza.

Pedral

Casta de pouca expansão na região, sendo recomendada particularmente na sub-região de Monção, onde tem como sinónimos 'Cainho dos Milagres' e 'Alvarinho tinto'.

Aparece esporadicamente noutras sub-regiões com outros nomes como 'Perna de Perdiz' em Ponte do Lima, 'Castelão' em Amarante e 'Pardal' em Castelo de Paiva.

São uvas de tamanho médio, de cor azul avermelhada e com sabores frutados particulares. Possui bons níveis de teor de fenólicos, taninos, álcool e ácidos. Não é muito resistente à seca e se adapta a solos frios com alto teor de argila. Prefere poda longa para obter rendimentos aceitáveis. É misturado com outras uvas embora também existam monovarietais.

São uvas que, por si só, dão origem a vinhos bastante rosados. Quando totalmente maduros, tendem a apresentar tons escuros, mas não totalmente pretos. Apresenta vinhos de qualidade, aromáticos, leves, suaves, frutados, harmoniosos e de cor rubi, de médio teor alcoólico, complexos no nariz, com aromas a especiarias, ervas, abrunhos, frutos secos e frutos silvestres. Acidez média a alta. São vinhos que dão bons resultados quando envelhecidos em barricas.

Vinhão

A Vinhão, também conhecida como Sousão ou ainda Sauson é uma uva de pele escura com origens que remontam a oeste da Península Ibérica. A variedade se estabeleceu na região do Douro, onde se estabeleceu e se chama apenas Sousão.

A Vinhão ou Sousão apresenta bagos com tamanho mediano e casca com coloração negro-azulada, com uma excelente capacidade de pigmentar os exemplares. Além disso, a polpa desta variedade tem coloração levemente rosa, onde acaba sendo confundida com outras cepas tintureiras, ou seja, uvas com polpa vermelha e pele escura.

Os vinhos elaborados a partir da uva Vinhão apresentam tons de violeta e conseguem ser muito opacos e escuros que, quando despejados em taças, podem quase ser impenetráveis à luz. Estes exemplares exibem um caráter único, excelentes níveis de acidez, taninos leves e alto teor alcoólico. Os vinhos Sauson, normalmente, possuem aromas mais frutados e amadeirados, podendo exibir também notas de passas.

Apesar de todas estas características, a Vinhão pode produzir também vinhos muito diferentes entre si, ou seja, o estilo dos exemplares dependerá quase que, exclusivamente, da região onde a uva é vinificada e cultivada. Na região portuguesa do Minho, é responsável pela elaboração da maior parte dos vinhos tintos Verdes – rústicos e com elevados níveis de acidez.

Ainda em Portugal, no Douro, a variedade é utilizada na produção dos tradicionais e fortificados vinhos do Porto, onde a mesma é responsável por adicionar excelente coloração e acidez aos exemplares – características essenciais para que os vinhos exibam uma boa capacidade para envelhecer. Também é utilizada na elaboração de vinhos de corte ao lado de outras castas portuguesas, dando origem a vinhos tintos de alta qualidade, que também podem envelhecer muito bem durante anos. Atingem o ápice qualitativo em áreas vinícolas com temperaturas mais quentes, enquanto fora de Portugal, encontra-se o cultivo da Vinhão na Espanha, Austrália, África do Sul e Califórnia.

E agora finalmente o vinho!

Na taça nota-se um vermelho rubi vivo, intenso, escuro, profundo, com nuances arroxeadas, com lágrimas finas e rápidas.

No nariz explode em complexidade aromática, com notas evidentes de frutas vermelhas maduras, muita fruta, com aromas de bosque, terrosos, algo de rústico.

Na boca é extremamente seco, mas saboroso, com bom volume, um vinho cheio, mas redondo, macio, com uma excelente acidez, além daquela famosa “agulha” que faz cócegas na ponta da língua, com taninos pronunciados que traz novamente a sensação de rusticidade. Final longo e prolongado.

Uma grata experiência! Um grato momento degustar um vinho verde tinto com castas com apelo tão regionalista. Um vinho vívido, pleno, fresco, jovem, saboroso, com a sua acidez intensa que nos estimula a degustar, a degustar e a degustar de forma ávida e descontrolada. Aqui não há espaço para o famoso “beba com moderação”. A parcimônia passa longe. Mesmo que diante de seu frescor, leveza de delicadeza, é um vinho de personalidade, pois entrega muito além do que esperei. Excelente! Tem 10,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Monção:

Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho é mais bem representada.

A matéria-prima, aliada à cuidada seleção das uvas à entrega da Adega, conjugada com a tecnologia moderna de vinificação e um contato de proximidade com os clientes, são o garante da qualidade dos seus produtos, produtos estes reconhecidos em Portugal, mas também em grande parte dos países da Europa, África, América do Norte e do Sul.

Entre 1986 e 2004 a Adega de Monção melhorou as condições tecnológicas de resseção de uvas e o processo de vinificação, a capacidade de armazenamento, estabilização e engarrafamento dos vinhos.

Em 1999 aumentou as suas instalações com a criação de um novo centro de receção de uvas e vinificação – o polo de Melgaço, cobrindo assim de melhor forma toda a área geográfica da sub-região em que se encontra.

Entre 2004 e 2006, teve início às obras de criação de modernas estruturas físicas que permitiram alargar a comercialização a nível nacional e internacional, perfazendo um investimento total de 6,5 milhões de euros, infraestrutura que acolheu os novos serviços administrativos, zona de receção de uvas e nova linha de engarrafamento, obra inaugurada em 2008 aquando da comemoração dos 50 anos.

Na antiga casa do Adegueiro e silos do bagaço, em 2005, foi criado o Espaço Histórico e Cultural da Adega de Monção e levou à sua integração na Rota dos Vinhos Verdes, Itinerário do Minho.

Tanto em 1997, como em 2007, a Revista “Vinhos” galardoou-a como a “Cooperativa do Ano”, e, em 2008, o Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e Pescas distinguiu-a com o Prémio Empreendedorismo e Inovação. Em 2009 foi galardoada, pelo IAPMEI, com o estatuto de PME Excelência, estatuto que desde então tem sido renovado todos os anos.

Atualmente a Adega de Monção apresenta uma faturação anual superior a 15 milhões de euros, sendo reconhecida de forma unânime como uma das melhores Adegas Cooperativas do País, assumindo assim um papel de grande importância na economia local. Possui 1720 produtores associados, que somam uma área de vinha de 1237 Ha e produções na ordem dos 8.000.000 Kg anuais, dos quais 60% dizem respeito à casta Alvarinho.

Para ser possível o desenvolvimento desta atividade a Adega de Monção, como previamente mencionado, possui dois polos de produção, que no conjunto tem uma capacidade de receção de uvas de 700.000 kg por dia. Possui ainda uma capacidade de armazenamento de vinhos de 10.328.648 litros. A Adega de Monção possui capacidade de vinificação e engarrafamento da totalidade dos vinhos produzidos, tendo sido para o efeito adquirida em 2005 uma nova linha de engarrafamento com uma capacidade de produção de 6000 garrafas/hora.

Mais informações acesse:

http://adegademoncao.pt/

Referências:

“Centro de Promoção e Interpretação do Vinho Verde”: https://www.cipvv.pt/pt/castas/alvarelhao-brancelho/

“Blog Tribuna do Norte”: http://blog.tribunadonorte.com.br/vinodivinovino/77338

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/conheca-moncao-e-melgaco-e-seus-vinhos-brancos_12910.html

“Vinho Verde”: https://www.vinhoverde.pt/pt/moncao-melgaco

“Centro de Promoção de Interpretação do Vinho Verde”: https://viticultura.cvrvv.pt/pt/casta-pedral

“Vinho do Vinho da Galícia”: https://museovinogalicia.xunta.gal/es/el-vino/uvas-y-vinos-de-galicia/pedral

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/sauson

 





 

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Tyrrell's Old Winery Syrah 2009

Tem certas castas que ganham identidade fora de seu berço de origem. Embora tenham algumas peculiaridades, de acordo com os terroirs espalhados pelo mundo determinadas castas são lembradas, sobretudo no quesito qualidade e credibilidade com determinados países e terras lendárias e emblemáticas na produção do vinho.

Já degustei alguns rótulos que quando pensamos em comprar sempre vem à tona determinados países e quando falamos da grande Syrah não podemos negligenciar a importância da Austrália.

Não posso sequer negligenciar a Syrah australiana da minha enófila vida. Lembro-me dos meus primeiros Syrahs da Austrália, só não consigo lembrar-me como descobri a importância da Syrah australiana. Os primeiros Syrahs que degustei foram os chilenos, os próprios franceses, alguns poucos desse país e quando me vi estava com a taça cheia do Shiraz australiano.

Acredito que foi com a intenção de descobrir os próprios vinhos australianos e não como dissociar a Shiraz da Austrália. E de algo eu posso lembrar com grande nitidez: Quando estava à procura de alguns bons vinhos australianos me recomendaram uma casa no Rio de Janeiro, vizinha da minha querida cidade de Niterói que gozava de alguma popularidade e tradição na venda de rótulos pouco usuais, difíceis de encontrar em qualquer lugar a preços convidativos. E lá fui!

Lá cheguei e logo um senhor, muito simpático e prestativo, me perguntou se tinha algum vinho em especial que procurava e logo disse que gostaria de alguns rótulos australianos com um bom custo X benefício.

Ele olhou com um olhar meio perdido, a princípio e disse: “Meu filho não é fácil encontrar um australiano assim, mas é possível”! E de fato, lembro-me que, em tempos de outrora, era difícil encontrar um bom rótulo australiano com um bom preço, a maioria era muito cara e ainda o é, mas essa situação está, mesmo que vagarosamente, revertendo.

Ele andou para o lado, para o outro, demorou um pouco para encontrar um vinho que pudesse contemplar os meus anseios e finalmente encontrou um e o tomou em suas mãos e logo me entregou. Disse que era um bom vinho e contemplava de forma singular o Syrah australiano.

Olhei e hesitei um pouco: seria um papo de vendedor? Sabe como é, para vender falam qualquer coisa sem sequer se preocupar com os anseios daquele que vai degustar o vinho.

Mas à época achei um bom preço, “pagável” e decidi levar, literalmente paguei para ver. Não levei muito tempo para degusta-lo e logo escolhi o dia tão importante para degustar aquele Syrah australiano. E não é que o vinho era maravilhoso? Espetacular vinho! Então sem mais delongas apresento o vinho: O vinho que degustei e gostei é um Syrah australiano e oriundo de várias regiões emblemáticas da Austrália, um blend de Syrah, um blend de regiões da Austrália e se chama Tyrrell’s Old Winery Syrah da safra 2009. E já que falamos, até aqui, tanto da Syrah e da sua aventura na Austrália, falemos também da história da casta.

No século XIII, o cavaleiro Gaspard de Stérimberg, retornou das Cruzadas e estabeleceu-se ao sul da cidade de Lyon, perto do entroncamento dos rios Rhône e Isère. Lá, ergueu uma capela para São Cristóvão e viveu como ermitão, isolado do mundo. Acredita-se que ele ou talvez outros cruzados, ao retornarem para a França depois das batalhas no Oriente Médio, teriam trazido consigo mudas de vinhas da cidade de Shiraz (ou Chiraz), na Pérsia, então um importante centro comercial da antiguidade.

Outra lenda dá conta de que os imigrantes gregos da cidade de Foceia (atualmente Foça, na Turquia) teriam criado relações comerciais no Mediterrâneo e também fundado portos e cidades, entre elas Massalia (Marselha). Assim, eles teriam trazido as mudas adquiridas em Shiraz, na Pérsia, e as implantado na região ainda no século VI a.C. Há chances ainda de a variedade ter sido originada no mar Egeu, numa das ilhas gregas das Cíclades chamada Siro (ou Syra).

No entanto, alguns acreditam que a origem da uva Syrah no Rhône é ainda anterior, remontando a 310 a.C. Na época, Agathocles, tirano que reinava na ilha siciliana de Siracusa (Syracusa) teria trazido consigo mudas de vinhas quando esteve no Egito. Da ilha, as vinhas teriam se espalhado pelo sul da França.

Agathocles

Outros ainda cogitam a ideia de que, nos primeiros anos depois de Cristo, Plínio, o Velho, filósofo e naturalista romano, teria descrito a variedade Syriaca, uma versão escura da uva Aminea, que crescia na Síria, como uma ancestral da Syrah. Há quem sugira que São Patrício, patrono da Irlanda, foi quem plantou as primeiras mudas de Syrah no Rhône quando fazia seu trajeto para a abadia de Lérins, na ilha de Saint-Honorat, perto de Cannes.

Plínio, o velho

São Patrício

Já os viticultores albaneses creem que a Syrah tenha se originado em suas terras. Lá, cresce uma variedade tinta chamada Serina e Zezë e outra dita Shesh i zi, que teriam parentesco com a Syrah. Sérine, por sinal, é um dos nomes pela qual a variedade é conhecida.

As origens da variedade estão mesmo diretamente ligadas ao norte do vale do rio Rhône, mais especificamente na área ao norte do rio Isère e à leste do Rhône, até o lago de Genebra, entre a França e a Suíça, no departamento de Isère.

Essa hipótese foi levantada devido a uma análise de DNA feita em 1998 pela UC Davis e pelo INRA (instituto de pesquisas agronômicas) em Montpellier, no sul da França. O levantamento surpreendeu os cientistas e mostrou que a Syrah é um cruzamento natural entre a Mondeuse Blanche, branca, e a Dureza, tinta. A Mondeuse, natural da região de Savóia, próxima ao Rhône, costumava ser cultivada também em Ain e Isère. A Dureza, natural de Ardèche, logo a oeste do rio Rhône, costumava ser cultivada em Drôme e também em Isère. Portanto, os ampelógrafos concluíram que o nascimento da Syrah deve ter se dado em um local em que essas duas variedades eram plantadas, portanto, mais provavelmente em Isère por volta do século XII.

A data, porém, pode ser anterior, já que alguns estudiosos acham que a Syrah pode ter sido citada pelos primeiros naturalistas romanos como Columella e Plínio, o Velho, no século I da era cristã. Em seus escritos, eles apontavam uma variedade chamada de Allobrogica, cultivada na terra dos Alóbroges, que vai do lago de Genebra até Grenoble e do norte de Savóia até Vienne, cidade que faz parte de Côte Rôtie, logo ao sul de Lyon. Essa uva era usada para o picatum, um vinho resinoso feito perto de Vienne. Segundo Plínio, era uma casta de maturação tardia cultivada em terras frias. Daí também poderia ter surgido o nome Syrah, que seria uma derivação de Sérine, que viria do latim “serus” (tardio).

A Syrah, por sinal, possui diversos nomes e não apenas a sua variação mais comum Shiraz, que ficou famosa devido ao boom dos vinhos australianos. Aliás, até mesmo na Austrália ela possui ainda outro nome e pode ser chamada de Hermitage. Mas, suas variações mais comuns são: Sira, Sirac, Sirah, Syra, Syrac, além de, como já foi visto, Sérine, que também apresenta diversas possibilidades como: Sérène, Serine e Serinne. Ela também pode ser chamada de Petite Sirrah (não confundir com Petite Sirah, que é outra casta), Candive e Marsanne Noire.

A primeira citação conhecida sobre a Syrah é de 1781, pelo geólogo e naturalista Barthélemy Faujas de Saint-Fond, que a chamou de “‘la Sira de l’Hermitage”. Ele descreve: “produz um vinho agradável, generoso, apetitoso e que pode envelhecer bem: nós podemos misturar com uma pequena quantidade de uvas brancas, como é feito em Tain. Serine e Vionnier de Côte Rôtie também seriam adequadas”.

Como se pode perceber, a variedade ganhou sua fama no norte do vale do Rhône, especialmente em Hermitage e Côte Rôtie, onde serve de base para os principais tintos, sendo muitos varietais, mas também contendo pequenas parcelas de Roussanne e Marsanne (Hermitage), ou Viognier (Côte Rôtie). Nos vinhos de Crozes-Hermitage e Saint-Joseph, a Syrah também é majoritária, e, em Cornas, ela deve ser monovarietal.

Contudo, apesar de seu berço francês, a fama do nome Syrah, mais precisamente Shiraz, deu-se com o boom dos vinhos australianos entre os anos 1980 e 1990. Parte do prestígio veio com o Penfolds Grange Hermitage. Lançado em 1952 pelo enólogo Max Schubert, este Shiraz tornou-se mundialmente conhecido, ganhando o prêmio de vinho do ano da revista Wine Spectator em 1995 (já sem Hermitage no rótulo), e levou o nome da casta às alturas, tornando-a tão conhecida quanto outras tintas já fartamente decantadas como Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, por exemplo.

A Syrah chegou à Austrália em 1832, com James Busby, considerado o pai da indústria de vinhos no país. Ele teria trazido mudas em Montpellier, que na época eram conhecidas como Scyras, e mais tarde se provaram idênticas às de Tain, em Hermitage, daí o nome com que a uva ficou conhecida (Shiraz e Hermitage) por lá.

Apesar de a França ter a maior quantidade de área plantada, com quase 70 mil ha, a Austrália vem logo atrás com cerca de 42 mil ha. Os outros principais produtores são: Espanha (20 mil ha), Argentina (12,8 mil), África do Sul (10,1 mil), Estados Unidos (9,1 mil), Itália (6,7 mil), Chile (6 mil) e Portugal (3,5 mil).

Apesar de a Austrália ter ficado com a fama, um dos primeiros lugares fora da França em que a variedade foi cultivada foi na África do Sul, onde teria chegado em meados do século XVII. Todavia, ela permaneceu uma casta pouco importante no cenário sul-africano até o boom dos anos 1980 promovido pelos australianos. Em 1878, a cepa chegou aos Estados Unidos e, apesar de não ter o mesmo sucesso da Cabernet Sauvignon e Pinot Noir, levou um grupo de viticultores a criar, nos anos 1980, a associação “Rhône Ranges”, para promover as uvas do Rhône em solo norte-americano. A organização conta, hoje, com mais de 170 membros.

A Syrah é uma uva de personalidade forte. Os vinhos feitos a partir dela normalmente apresentam bom corpo, são potentes e cheios de sabor. Suas notas mais características variam entre frutas negras (como mirtilos e amoras), violetas e azeitonas pretas, além de especiarias picantes, muitas vezes pimenta preta, às vezes branca. Com o tempo, esses aspectos aromáticos evoluem e costumam surgir notas terrosas ou mesmo de carne – alguns associam ao defumado, couro e trufas.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi escuro, profundo, mas com um intenso e lindo brilho, com lágrimas finas, lentas e em profusão, prevendo o corpo e a estrutura.

No nariz prevalecem as notas frutadas, de frutas negras maduras tais como groselha, amora, com toques discretos, em perfeita sincronia com a fruta, da baunilha, de chocolate, de notas amadeiradas, graças a uma curta passagem por madeira, não informado pelo produtor.

Na boca prevalecem as notas frutadas em abundância, com estrutura, um vinho cheio, de bom volume de boca, mas com um frescor evidente, muito típica da Syrah australiana: complexidade e frescor garantido pela fruta. É expressivo, marcante, de taninos presentes, gordos, mas equilibrados, com boa acidez que corrobora o frescor e um final longo e prolongado.

Quando falamos em terroir e tipicidade torna-se algo meio comum, meio clichê no universo dos vinhos, mas para este caso, para este rótulo merece, pois tem muita tipicidade, entrega grandemente as características genuínas de um Syrah australiano. Um vinho voluptuoso, carnudo, com aquela picante típico da casta, com o frescor, a maciez e elegância, mostrando-se um vinho versátil e fácil de degustar, apesar da sua excelente estrutura. Que a Austrália se revele sempre com os seus rótulos para o mundo, para a minha mesa. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Tyrrell’s Wines:

Em 1889, aos 18 anos, Edward George “Dan” Tyrrell, o filho mais velho entre os dez filhos de Edward Tyrrell, assume como enólogo. Carinhosamente conhecido como “Tio Dan”, ele iria oficiar mais de 69 safras surpreendentes. Seus esforços são auxiliados por seu irmão mais novo, Avery, cuja abordagem meticulosa da gestão dos vinhedos fornece os frutos excepcionais que constituem a espinha dorsal dos vinhos de Dan e dos vinhos que a Tyrrell's faz hoje.

Em 1959 Murray Tyrrell, filho de Avery, assume as funções de vinificação na Tyrrell's, após ter servido na Segunda Guerra Mundial e administrado um negócio de gado. Ele rapidamente formaliza os esforços para construir o valor dos vinhos da Tyrrell, ao mesmo tempo em que promove visitas à vinícola para degustação e venda, abrindo caminho para a Cellar Door como a conhecemos hoje. Em 1961, cria o sistema Private Bin, onde os frutos dos melhores blocos de vinha são amadurecidos em barricas ou cubas individuais de carvalho, sendo os vinhos resultantes os nomes das cubas de onde provêm. Quatro anos depois, com a ajuda da lenda do vinho australiano Len Evans, ele cria a linha Winemaker's Selection, que representa os melhores vinhos de cada safra, começando com o Vat 5 e o Vat 9 Shirazes, o Vat 8 Shiraz Cabernet e o Vat 11 Dry Red .

Em 1961 o Private Bin Club da Tyrrell, o primeiro clube de vinho da Austrália por correspondência, abre para negócios. Após tempestades de granizo devastadoras em 1958 e 1960, que destruíram a maior parte da safra, Murray começa a providenciar para que as pessoas visitem a vinícola, provem os novos vinhos em barris e os pré-encomendem. Esse processo acabou dando origem ao Private Bin Club, por meio do qual os membros passaram a ter acesso a vinhos de pequena produção disponíveis apenas na vinícola.

Em 1968 Murray planta as primeiras vinhas Chardonnay na propriedade da Tyrrell usando estacas da vinha HVD de propriedade da Penfolds. O vinho resultante, Vat 47 Chardonnay, se torna o primeiro Chardonnay comercial da Austrália quando é lançado três anos depois. A Tyrrell's envia sua primeira remessa de exportação para os EUA - um contêiner de 1.000 dúzias. Hoje, a Tyrrell's exporta 17.000 caixas de dúzia de garrafas para mais de 30 países a cada ano.

Em 1974, Bruce Tyrrell, filho de Murray, ingressou na empresa aos 23 anos, graduado em Economia Agrícola pela University of New England no ano anterior. Em 2000, ele substitui seu pai como diretor administrativo da Tyrrell's.

Em 1979 A Tyrrell's vence a primeira Olimpíada do Vinho em Paris, organizada pela revista francesa de gastronomia e vinhos Gault-Millau. O 1976 Vat 6 Pinot Noir é aclamado o melhor vinho do mundo, superando cerca de 330 vinhos de 33 países. O prêmio é uma justificativa particular, pois a Tyrrell's foi pioneira na variedade na Austrália, plantando dois acres de Pinot Noir em 1972 - entre as primeiras plantações comerciais da variedade na região de Hunter.

Mais informações acesse:

https://tyrrells.com.au/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/sinonimos_10240.html

Degustado em: 2016

 

 





 

domingo, 24 de outubro de 2021

Família Silotto Merlot 2019

 

Nessas minhas andanças na estrada do vinho eu já degustei muitos rótulos! Viajei, por intermédios das taças cheias da poesia líquida, por regiões, países, histórias, naveguei por muitas culturas e comportamentos que impactaram nas tipicidades de muitos vinhos, mas para alguns rótulos em especial eu sempre mantive uma postura de distanciamento, algo intransponível, difícil de ter em minha mesa, em minha taça.

Claro que em algum momento de nossa vida podemos ter a alegria de degustar aquele vinho caro, de uma região que sempre quis ter em nossa taça, aquela proposta de vinho raro, difícil de encontrar por aí. Talvez seja um pessimismo da minha parte dizer que um vinho seja inalcançável para mim, mas a impressão é essa para mim, quando olho alguns rótulos e um exemplo eram os vinhos artesanais.

Sempre vi alguns especialistas eufóricos falar dos vinhos artesanais, caseiros mesmo, naturais, biodinâmicos, entre outros e eu sempre pensei: Nossa nunca terei acesso a esses vinhos, parece ser difícil encontra-los, de tê-los em minha adega, devem ser caros demais!

Como deve ser bom degustar um vinho de pequeno produtor, que produz vinhos em baixa escala. Que legal deve ser valorizar os pequenos produtores que ajudam e muito a alavancar a nossa cultura vitivinífera e que geralmente são esses pequenos produtores, esses produtores de vinhos artesanais que personificam a história vinífera do Brasil com os imigrantes italianos e portugueses, que são os pilares, o sustentáculo de nossa ainda nova indústria do vinho.

E o rótulo, especial, de hoje é um vinho artesanal que descobri da forma mais despretensiosa do mundo! Estava eu navegando pelas redes sociais, sem nenhum tipo de pretensão, olhando as publicações de forma aleatória sem a pretensão de achar nada e vi uma publicação de um produtor artesanal expondo o seu rótulo da casta Merlot e aquilo me fez parar e olhar com mais atenção.

Olhei de cara que era um vinho artesanal, que estava estampado no rótulo, e que vinha de uma cidade chamada Serra Negra, em São Paulo. Aquilo já me contaminou de interesse incontido! Mas esbarrei em uma questão: onde comprar? Comentei na publicação sobre detalhes do vinho e também perguntei onde poderia compra-lo e com um link de site eu tive a resposta: Pemarcano Vinhos.

Logo acessei o site, mas com aquele sentimento de incredulidade, pensando em encontrar valores demasiadamente altos, mas acessei mesmo assim. Lá estava o vinho e pasme, ele custava R$ 35,00! Não acreditei, não esperava que fosse encontrar um vinho artesanal por esse preço. Há sim vinhos artesanais com esse valor. Depois fui descobrindo, emaranhando nos vinhos da região de São Paulo, do interior desse estado, e descobri que há várias adegas artesanais e pequenas que produzem e vendem seus vinhos artesanais e coloniais a preços muito competitivos.

Então vamos às apresentações: O vinho que eu degustei e gostei veio do Brasil, da região de Serra Negra, São Paulo, e se chama Família Silotto da casta Merlot e a safra é 2019. O vinho é muito bem feito, saboroso, como um Merlot brasileiro tem de ser e faz com se desaba quaisquer preconceitos que possa existir com os vinhos artesanais e este rótulo é um grande representante desta quebra de paradigma. Mas antes de falar do vinho falemos um pouco da região de Serra Negra e também da breve história do Brasil vitivinícola que nos ajudará e muito a entender o conceito do vinho artesanal.

Serra Negra, o circuito das águas.

Encravada na Serra da Mantiqueira a 150 quilometros da capital, em uma região de 927 metros de altitude com picos de até 1.300metros está localizada a Estância Turística Hidromineral de Serra Negra.

A cidade é cercada por montanhas da Serra da Mantiqueira, a vegetação é exuberante, compondo um cenário de extraordinária beleza natural. Em meio ao Circuito das Águas Paulista, Serra Negra possui um ambiente seguro e agradável. Aqui a tranquilidade e qualidade de vida estão presentes por meio da boa estrutura turística.

Serra Negra

A cidade possui uma das maiores redes hoteleiras da região do Circuito das Águas Paulista e por isso pode abrigar milhares de pessoas que fazem a população de visitantes aumentar durante as férias e feriados oferecendo total comodidade e conforto.

Além da exuberante riqueza natural, a cidade possui diversidade e amplos tesouros culturais, como a produção rural e a produção artesanal de queijos e bebidas.

Quem procura uma experiência única a Rota do Café, do Queijo e do Vinho excelente e rica opção de passeio. São 8 km de extensão, a estrada leva os visitantes para conhecer as delícias tradicionais e artesanais produzidas na cidade. Cada sítio é especializado em um produto, seja ele café, queijos ou vinhos.

Serra Negra vista de cima

Breve história do Brasil vitivinícola e o conceito de vinho artesanal

O Brasil foi descoberto pelos Portugueses em 1500, e em 1532 Martim Afonso de Souza chegou com as primeiras mudas de videiras vitis viníferas que foram plantadas na Capitania de São Vicente, porém sem sucesso em função do clima e do solo. Mas Brás Cubas membro da expedição de Martim Afonso de Souza transfere as plantações do litoral para o Planalto Atlântico e em 1551 consegue elaborar o primeiro vinho brasileiro, mas sem muito sucesso, sua iniciativa não teve sequência devido as condições de solo e clima não serem adequados ao cultivo das videiras.

Em 1626 os Jesuítas chegaram à região das Missões e impulsionam a vitivinicultura no Sul do Brasil. O Padre Roque Gonzales de Santa Cruz recebeu os créditos pela introdução das videiras no Rio Grande do Sul, com ajuda dos Índios foi elaborado vinho utilizado nas celebrações religiosas.

Em 1640 foi promovida a primeira degustação no Brasil. A intenção foi de melhorar os vinhos comercializados no país. Em 1732, os Portugueses da Região do Açores, povoaram o litoral do Rio Grande do Sul e formaram-se colônias em Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, plantaram mudas de videira provenientes do Açores e da Ilha da Madeira, mas as plantações não se desenvolveram adequadamente.

Em 1789 a corte portuguesa percebeu o grande interesse do Brasil pela vinicultura e proibiu o cultivo de uva no país, como forma de proteger a sua produção em Portugal. A medida inibiu a comercialização da bebida nas colônias e restringiu a atividade ao âmbito familiar.

Em 1808, quando da transferência da coroa portuguesa para o Brasil é derrubada à proibição ao cultivo da uva e são estimulados os hábitos no entorno do vinho, inclusive degusta-lo junto às refeições, encontros sociais e festas nas comunidades religiosas.

Em 1817, os gaúchos são considerados pioneiros na vinicultura e esse pioneirismo se materializa no lendário Manoel Macedo, produtor da cidade de Rio Pardo, até o ano de 1835 todo o vinho que produzia era documentado, em um dos anos ficou registrado a elaboração de 45 pipas, o que lhe rendeu a primeira carta patente para a produção da bebida no país.

Em 1824 tem início a colonização alemã e os mesmos tinham muito interesse em vinhos. Na mesma época o italiano João Batista Orsi se estabelece na Serra Gaúcha e recebe de Dom Pedro I a concessão para o cultivo de uvas europeias, torna-se um dos precursores do ramo na região.

Em 1840 pelas mãos do inglês Thomas Messiter, são introduzidas no Rio Grande do Sul as uvas Vitis Lambrusca e vitis Bourquina, de origem americana que são mais resistentes a doenças. Inicialmente foram plantadas na Ilha dos Marinheiros, na lagoa dos Patos e logo se espalharam pelo Estado.

Em 1860 a uva Isabel, uma das variedades americanas introduzidas no Rio Grande do Sul, ganha rapidamente a simpatia dos agricultores. Há registros de que, por volta de 1860 a uva Isabel formava vinhedos nas cidades de Pelotas, Viamão, Gravataí, Montenegro e municípios do Vale dos Sinos.

Em 1875 ocorre o grande salto na produção nacional de vinhos em função da chegada em massa dos imigrantes italianos, pois, trouxeram de sua terra natal o conhecimento técnico de elaboração dos vinhos e a cultura do consumo, os italianos elevaram a qualidade da bebida e conferem importância econômica à atividade.

Em 1881 foi elaborado 500 mil litros de vinho na cidade de Garibaldi no Rio Grande do Sul, este número consta em um relatório feito em 1883 pelo cônsul da Itália, Enrico Perrod, após sua visita à região. Em 1928 é criado o Sindicato do Vinho, essa iniciativa foi articulada por Oswaldo Aranha, então secretário estadual do Governador Getúlio Vargas.

Em 1929 o associativismo é adotado pelos agricultores e em um período de 10 anos, 26 cooperativas são fundadas, algumas como a Cooperativa Garibaldi atuam até hoje. O modelo da competitividade entre os pequenos produtores os direciona a uma situação de equilíbrio, tal equilíbrio é alcançado na década seguinte.

Em 1951 a vinícola Georges Aubert é transferida da França para o Brasil e marca o início de um novo ciclo. O interesse de empresas estrangeiras no país se consolida na década de 70 e trouxe novas técnicas para os vinhedos e para as cantinas, além de ampliar as áreas de cultivo da uva.

Em 1990 temos as vinícolas melhoradas, pois ao longo da década de 80 os vinhedos passaram por uma tremenda reconversão, e à partir da abertura econômica do Brasil a produção de vinho ganha impulso. O acesso a diferentes estilos de vinhos e a concorrência com os importados levaram os produtores a melhorar a qualidade.

Em 2002 a vitivinicultura está consolidada em diferentes regiões, do Sul ao Nordeste do país, cada zona produtiva investe no desenvolvimento de uma identidade própria. O pioneiro é o Vale dos Vinhedos, que conquista a Indicação de Procedência em 2002.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, mas com brilhantes reflexos violáceos, com lágrimas finas que marcam no bojo do copo e em razoável intensidade.

No nariz se destacam os aromas frutados, frutas vermelhas e pretas maduras, tais como framboesa, ameixa, amora, morango, as notas amadeiradas se destacam também, mas em sinergia com a fruta e um delicado e agradável toque floral.

Na boca é leve, redondo, equilibrado, a madeira se destaca também no paladar, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho, a fruta também está em evidência, a acidez é equilibrada e dita o frescor do vinho, com taninos aveludados e um final curto.

Mais um sonho atingido com êxito! Sempre quis degustar um vinho artesanal! Esse longa distância se encurtou com o esforço, o interesse que, mesmo diante de olhar pessimista que nutri, ele veio de forma despretensiosa, de uma formal atípica, mas que construí com base no interesse que sempre pautou a minha enofilia. A história desse rótulo, da Família Silotto é a personificação da rica, da prolífica história do Brasil dos imigrantes, do Brasil sofrido, de seu povo batalhador que, em um intercâmbio histórico, edificou a sua história vinífera. Degustar o Família Silotto Merlot é como se estivéssemos degustando a história do Brasil e seus desdobramentos vínicos, mas com os pés calcados no presente, vislumbrando um olhar no futuro. Há sim lugar para os vinhos artesanais, para os vinhos produzidos por pequenos produtores que, apesar de pequenos, são gigantes para a construção de uma indústria do vinho em ascensão. Família Silotto Merlot traz as frutas maduras no aroma e no paladar, traz as notas amadeiradas, com taninos maduros, mas domados, traz personalidade, traz história de um povo que sabe sim fazer vinho! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Família Silotto:

A História da família Silotto em Serra Negra começou quando o italiano da região de Treviso, Pietro Silotto, comprou suas terras no bairro das Três Barras, pois achou muita semelhança com as terras da Itália.

Neste bairro se iniciou a cidade de Serra Negra (O bairro das Três Barras seria inicialmente o centro de Serra Negra, porém pela região extremamente montanhosa, subiram a serra até chegar a um local mais plano, onde é o centro atual).

Veio acompanhado de seus irmãos, Fortunato, Ângela e Henrique. Aqui construiu sua família com treze filhos, dez homens (Basílio, Ermínio, José, Olívio, Quinto, Atílio, aqui todos lavoravam. Cada filho criou sua família, sempre juntos morando na casa acima construída em 1934 por Pietro Silotto. Já mais velho resolveu dividir suas terras entre seus filhos, sendo assim, cada um teve seu sítio e sua casa. Continuou aqui onde tudo começou Quinto Silotto, seu 5º filho.

Família Silotto

Pietro viveu aqui até o final de seus dias, deixando a sede para Quinto Silotto. Quinto também trabalhou muito, teve dez filhos, sete mulheres (Nera, Maria Inês, Dalva, Maria Alice, Elza, Julietta, Bertina) e três homens (Décio, mais conhecido como Neno, Alfeu e José Carlos);

Dois de seus filhos começaram a trabalhar na lavora com sete anos e continuam até os dias de hoje. Cuidam das terras com muito amor, pois foi esse amor que veio desde o começo.

Aqui cuidam da videira centenária plantada por Pietro Silotto, do cultivo da cana e do café e da produção de bebidas artesanais, com a mesma tradição e dedicação de seus antepassados. Tudo isso com muito suor e orgulho.


Mais informações acesse:


Referências:

“Clube do Vinho Artesanal”: https://clubedovinhoartesanal.com.br/vinho-caseiro

“Em algum lugar do mundo”: https://emalgumlugardomundo.com.br/o-que-fazer-em-serra-negra/








sábado, 23 de outubro de 2021

Viñas del Vero Cabernet Sauvignon e Merlot 2018

 

Novos terroirs, novas regiões, novas experiências, percepções... Pois é, nada mais excitante, com o perdão da emoção da palavra, do que ter essas grandes novidades no universo do vinho. Por isso sempre uso o termo “universo” para definir a alegria de degustar vinhos, porque ele é inexplorado, dada a diversidade cultural, regional entre outros quesitos.

E o rótulo de hoje vem da Espanha, justo da Espanha que, em um passado razoavelmente distante, eu tinha dificuldades de escolher vinhos, talvez por uma visão pré-concebida construída pela questão do tal custo X benefício. O que era um mundo intransponível no passado, atualmente se tornou um leque de possibilidades com direito a desbravar novas regiões e experiências.

E esse rótulo se enquadra perfeitamente nessa proposta bem atraente, diria. Uma região pouco conhecida, mas que, aos poucos, vem ganhando alguma notoriedade, graças aos seus rótulos modernos, arrojados, que entregam vinhos mais joviais, mais frutados e com personalidade.

E não para por aí! Esse rótulo, pelo menos para mim, traz outra novidade: trata-se de um blend, um corte tipicamente bordalês, sim, um clássico corte de uma das regiões emblemáticas da França e do mundo: Bordeaux. Um blend de Cabernet Sauvignon e Merlot oriundo de uma região chamada Somontano, na Espanha.

Imaginem a minha animação, a minha euforia em degustar esse vinho. Claro que tais castas tem se adaptado com maestria em terras espanholas, mas a combinação, o casamento das duas em um rótulo para mim é uma novidade.

Sem mais delongas vamos as apresentações. O vinho que degustei e gostei veio, como disse, da região de Somontano, na Espanha e se chama Viñas del Vero, com o famoso corte bordalês das castas Cabernet Sauvignon e Merlot da safra 2018. O vinho de fato é muito, muito bom. Um vinho frutado, saboroso, expressivo, versátil. Mas não entrarei, ainda, em detalhes, pois falarei antes da região de Somontano. Ah cabe lembrar que já tive uma gratíssima oportunidade de degustar um vinho, deste mesmo produtor que vale a pena conferir, o Viñas del Vero Garnacha e Syrah 2018.

DO Somontano

Localizada no nordeste da Espanha, aos pés da Cordilheira dos Pirineus, no coração da província de Huesca, a região de Somontano conta com mais de 440 hectares de vinhas cultivadas. Entre uvas brancas e tintas, prevalecem as de coloração escura, ocupando cerca de 75% dos vinhedos.


Somontano

Com elevados índices pluviométricos, Somontano é conhecida internacionalmente pela capacidade de seus produtores em elaborar vinhos equilibrados com a marcante presença de aromas frutados. A altitude da região - entre 350 e 650 metros– beneficia as videiras com uma conveniente variação de temperatura ao longo do dia, alta enquanto ainda há luz do sol e baixa ao anoitecer, oferecendo às uvas um cenário ideal para que desenvolvam o equilíbrio entre açúcar e acidez.

O nome da região referencia sua principal característica topográfica e quer dizer “sob as montanhas”. Somontano é uma comunidade autônoma da região de Aragão, na Espanha, onde se cultivam mais de 15 variedades de uvas. Os vinhos elaborados nesta área são longevos e frescos, com aromas delicados e coloração intensa, evidenciando a dinamicidade de caráter dos exemplares produzidos na região.

Além disso, Somontano tem um grande apelo turístico ligado à vinicultura local, que oferece não só as belas paisagens, mas principalmente uma notável relevância histórica da comunidade produtora de vinhos.

Aragón

Ainda que a região tenha ganhado o mundo do vinho recentemente, oficializando-se Denominação de Origem Espanhola em 1984, as primeiras documentações sobre a vinicultura em Somontano datam de 500 A.C.. Os tipos de uva tinta mais recorrentes na região são Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah, Tempranillo, Pinot Noir, Garnacha Tinta, Moristel e Parraleta, enquanto no caso das variedades brancas, que representam 25% do cultivo na região, as castas de maior destaque são Sauvignon Blanc, Riesling, Garnacha Blanca, Macabeo, Gewürztraminer e Alcañón.

Somontano dispõe de grande prestígio quando o assunto é inovação técnica vitivinícola. Essa renovação se deve à devastação dos vinhedos franceses pelo inseto filoxera, que impeliu os produtores da região espanhola a fundarem “La Cooperativa Comarcal de Somontano” para suprir a demanda do mercado francês e finalmente se lançar ao mundo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, vivo, com reflexos violáceos brilhantes com lágrimas finas dispersas com média persistência.

No nariz no início mostrou-se um pouco fechado, mas com alguns minutos na taça logo se abriu, apresentando frutas negras maduras onde se destacam a ameixa e amora. Um discreto tostado e amadeirado também foi sentido, mas em perfeita sintonia com a fruta.

Na boca é seco, suculento, com certa estrutura, mas equilibrado, redondo, versátil e muito fácil de degustar. Afinal a Cabernet Sauvignon traz a personalidade ao vinho e o Merlot a maciez. As notas frutadas reaparecem em evidência em perfeito sincronismo com as notas amadeiradas e de baunilha, graças aos 4 meses de barricas de carvalho que lhe conferem elegância, mas alguma complexidade. Tem taninos presentes, mas domados, acidez correta e final médio.

Um vinho nobre, porque mesmo simples na proposta é gigante no que entrega e surpreende porque ultrapassa todas as expectativas. Da simplicidade vem a nobreza! Definitivamente é uma região que preciso me aventurar, a viajar nas taças, nos rótulos. É uma pena que não somos ofertados com tantos vinhos dessa região, mas quem sabe o tempo descortina a oportunidade, o eldorado de uma região que vem crescendo a olhos vistos no cenário vitivinícola espanhol. As informações que coletei na grande Web dão conta de que o ano de 2018 foi desafiador por conta da intensa chuva que caiu na primavera e verão. Mas o enólogo conseguiu desenvolver um vinho expressivo, intensamente aromático e muito equilibrado. E faço jus a essas observações. Um vinho de personalidade, a fruta explode em aromas e é muito versátil, pois, além de marcante é fácil de degustar. Belo vinho! Bela Somontano! Tem 13,5% de teor alcoólico imperceptível.

Sobre a Viñas del Vero:

Viñas del Vero deve seu nome a um rio da região de Somontano, o rio Vero, famoso por suas ravinas, gargantas e desfiladeiros. Viñas del Vero é o melhor e mais reputado produtor da denominação de origem Somontano, localizada aos pés dos Pirineus, perto da fronteira com a França. Fundada em 1986, a bodega rapidamente chamou a atenção da imprensa especializada por seus excelentes vinhos tintos e brancos, que em poucos anos se tornaram vinhos de referência no país.

O produtor foi eleito a “Melhor Bodega de 2002” pelo Guía de Vinos Gourmets, distinção que já havia recebido anteriormente. Os vinhos mais tradicionais de Viñas del Vero, que levam o nome da bodega, são elaborados com uvas nativas e internacionais. A vinícola possui também uma interessante linha de vinhos tintos e brancos varietais. Viñas del Vero também é proprietária da Blecua, que produz dois vinhos de minúscula produção, os maravilhosos Blecua e Secastilla, elaborados apenas com as melhores uvas dos melhores vinhedos de Somontano.

Além dos rendimentos baixíssimos, apenas os melhores barris são selecionados a cada ano. O resultado são vinhos que em pouco tempo se afirmaram entre os melhores e mais disputados vinhos de toda a Espanha. O Blecua 2004 foi indicado ao “Quadro de Honra” do Guía Campsa 2008 como um dos melhores vinhos do país, merecendo 95 pontos. Viñas del Vero é a principal vinícola da região de Somontano, em termos de volume e qualidade dos vinhos produzidos.

A adega possui mais de 700 hectares de vinhedos e elabora, cerca de, 5 milhões de garrafas de vinho por ano. Além disso, seus rótulos são consumidos em mais de 40 países, demonstrando a importância de Viñas del Vero para o mundo do vinho.

Sobre a González Byass, dona da Viñas del Vero:

Em 1835, o jovem Manuel María González Ángel iniciou uma longa carreira dedicada ao mundo do vinho. Tradição, inovação, sustentabilidade e busca pela excelência são seu legado. O jovem empresário Manuel María González iniciou a sua carreira no mundo do vinho como comerciante, associado a Juan Bautista Dubosc e Francisco Gutiérrez de Agüera. Mas o sucesso da sua empresa cresce tão rápido que logo se torna necessário se envolver também na produção. E o faz de mãos dadas com o tio materno, José Ángel, que lhe ensinou tudo o que sabia. Em sua homenagem, batizou a fundadora solera de “Solera del Tío Pepe”.

Assim começa a lenda do Fino mais famoso do mundo, que em 1854, com apenas 20 anos de existência, se tornou uma das referências e o primeiro exportador de vinho xerez, posição privilegiada que manteria por muitos anos. Para aquela lenda que cruzou fronteiras contribuiu o envio das primeiras botas deTio pepeao Reino Unido  por sugestão de Robert Blake Byass, o agente da empresa na Inglaterra, a quem Manuel María recomendou em uma carta para vender um vinho "excepcionalmente pálido".

O sucesso da recepção motivou a associação dos dois empresários a continuar promovendo as exportações. Nesse período, paralelamente à construção da adega La Constancia, a primeira adega de Jerez, foram acrescentadas outras, dentro e fora do território nacional, até hoje, onde a  5ª geração continua a mantê-la como empresa família, mas expandindo nossa paixão por vinhos e bebidas espirituosas para mais de 100 países.

Século 20: diversificação

Embora a primeira aguardente data de 1844 e seja exportada desde os primeiros tempos, a idade de ouro deste "vinho queimado" viria alguns anos depois. Em 1927 a área de envelhecimento do conhaque foi ampliada com a construção da vinícola San Pedro Nolasco e de mais seis vinícolas na mesma área de Jerez, mas foi em 1951 quando lançou o que se tornaria o conhaque mais seleto de González. Byass, o Lepanto. A diversificação de produtos não terminaria com aguardentes. González Byass expande seu compromisso primeiro com o Cognac, comprando uma destilaria na França, e depois com o anis, comprando o Alcoólatra chinchón em 1969, a primeira destilaria de anis e aguardentes da Espanha e a única com indicação geográfica protegida, sendo o início da nossa trajetória no mundo das aguardentes.

Mas a busca por novos produtos e o respeito permanente pela sustentabilidade levaram à criação do primeiro centro privado de pesquisa enológica na Espanha em 1955, CIDIMA (Qualidade, Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Meio Ambiente), que em poucos anos conseguiu demonstrar o que eram. os principais fatores que influenciam a qualidade e é a gênese de inúmeras inovações de produtos, bem como medidas para melhorar o meio ambiente. Mais tarde, eles colocaram o primeiro pé em La Rioja, tornando-se parte da Beronia, uma de suas vinícolas mais emblemáticas da atualidade, e na Catalunha, com a compra da cava Vilarnau, em Sant Sadurní d'Anoia, que produz os vinhos Cavas e Penedés.

Século 21: internacionalização

Na González Byass chegamos à atualidade sendo fiéis às nossas origens, mas avançando para oferecer os melhores vinhos e bebidas espirituosas do mundo. E este compromisso é o que nos levou a crescer para ter 14 vinícolas em terras espanholas, chilenas e mexicanas e uma gama de destilados premium altamente reconhecidos. Assim, como poderia ser diferente, o s. XXI começa com a compra de Finca Moncloa, onde se aposta na tradição de outrora de fazer vinhos tintos de qualidade na província de Cádis e na recuperação da casta autóctone esquecida, Tintilla de rota, seguida da aquisição das Croft, Viñas del Vero e Pazos de Lusco.

Seguindo o espírito inovador do fundador da González Byass, construímos as vinícolas Finca Constanciano coração da província de Toledo. Nos últimos anos, adquirimos a Veramonte no Chile, Pedro Domecq no México e nossa mais recente adição, Domínio Fournier, no coração da Ribera del Duero. Neste período aumentámos a família das bebidas espirituosas com a criação das nossas gamas premium de gins The London Nº 1 e MOM , e Nomad , o nosso whisky, nascido e envelhecido na Escócia, e refinado em Jerez.

Mais informações acesse:

https://www.vinasdelvero.es/vinas-del-vero

https://www.gonzalezbyass.com/

Fontes de pesquisa:

Portal Mistral em: https://www.mistral.com.br/produtor/vinas-del-vero

https://www.mistral.com.br/produtor/vinas-del-vero?adgroupid=111769480760&campaignid=1711766775&gclid=Cj0KCQiAnb79BRDgARIsAOVbhRqVTSvtC82aOMEE45Dj6OnUk5TeQfRxciQOlK4Q6s9RsZDAqlv4DPoaAj7UEALw_wcB

https://www.mistral.com.br/regiao/somontano#:~:text=Ainda%20que%20a%20regi%C3%A3o%20tenha,Somontano%20datam%20de%20500%20A.C..

Portal DO Somontano em: https://dosomontano.com/?lang=en#dop-somontano