sábado, 30 de julho de 2022

Famiglia Castellani Chianti Riserva 2015

 

Clássico! Quando degustamos história engarrafada! Quando degustamos o mais puro e genuíno conhecimento. A cultura e o vinho andando juntas em prol do deleite humano. Merecemos? Me conduzo à reflexão, às vezes, e me pergunto se merecemos degustar vinhos tão especiais que trafegam pela história em seus enredos mais tenebrosos, sombrios, solares em outros momentos.

Quis o tempo ser benfeitor comigo, apesar de longo e por vezes tortuoso, para me proporcionar a degustação de um clássico italiano que atravessou o tempo e que personifica a cultura vitivinícola de um país tido como referência da produção de vinhos do planeta, então, o vinho de hoje definitivamente é sinônimo de vinho!

Não há como negligenciar que somente a Itália consegue a proeza de produzir verdadeiros clássicos! Nomes de peso que reverencia o conceito da poesia líquida no mundo. Barolo, Brunello di Montalcino, Amarone, Valpolicella Ripasso...

A lista parece ser infindável, bem como as suas castas, as suas variedades autóctones, que sintetiza, de forma singular, cada pedaço de terra, cada terroir. A tipicidade se faz viva e plena e narra a história da Itália.

Sempre olhei com reverência a esses vinhos, mas com uma distância quase que intransponível, algo nos separava, talvez a questão financeira fosse o fator primordial, predominante, porém não era apenas isso. Não sei, nunca soube traduzir em palavras os motivos pelas quais jamais conseguiria degustar os clássicos italianos: a incapacidade de entende-los, de descrevê-los, de inseri-los, por consequência, em minha realidade de simples e humilde enófilo.

Teria eu me subestimado? Será que a gente, com a preocupação de “institucionalizar” determinados rótulos e propostas de vinhos e regiões, busca afirmação e entendimento demasiado de algo tão heterogêneo no que tange às percepções? Da diversidade busca-se a avidez pela particularidade, para entender.

Conhecer, entender não é demérito para ninguém, pelo contrário, mas transformar disso em obsessão, beira, penso, ao patológico. Acredito que tenha superado esse obstáculo, embora a razão ou pelo menos uma das razões de ser deste blog seja a descrição organoléptica de cada rótulo degustado, mas nunca criar um muro por achar que determinados rótulos, sejam eles excepcionais, simples, complexos, entre outros, não sejam possíveis de inundar as nossas taças.

Depois de superado esse obstáculo, me coloquei a garimpar e busquei aqueles mais conhecidos, populares, apesar de clássico: CHIANTI.

Com o transborde de opções de Chianti que temos ofertados no Brasil a minha missão parecia ser impossível para encontrar aquele rótulo que me arrebatasse, mas sem destruir o meu orçamento. Continuei a buscar, o caminho era longo e árduo, mas a oportunidade surgiu da forma, como sempre, mais despretensiosa possível. E veio um Chianti Riserva! Há cerca de dois anos, no Brasil, como qualquer produto, inflaciona, sobretudo o vinho, o rótulo escolhido, de um produtor emblemático, encontrei um Chianti Riserva, pasmem, a R$ 44,90 com alguns cupons de desconto e fretes grátis.

Claro que, de imediato, vem a incredulidade da procedência, mas não hesitei muito e fiz a tão aguardada aquisição. Mas mais aguardada era a degustação! Descansou por mais dois anos na adega e gostaria que ficasse um pouco mais, mas a ansiedade gritou mais alto!

E o dia tão esperado chegou! O ápice de um momento tão aguardado, o rompimento de alguns tabus particulares, fantasmas exorcizados. O vinho inunda a taça, o ritual se faz e que maravilha! Que especial! O vinho que degustei e gostei veio da emblemática e tradicional Toscana, da região de Chianti, e se chama Famiglia Castellani Chianti Riserva composto pelas castas Sangiovese (85%), Canaiolo (10%) e Cabernet Sauvignon (5%) da safra 2015. E como não pode faltar história e Chianti transborda história, vamos à viagem para a região de Chianti.

Chianti, Toscana

Desde a queda de Roma até o Risorgimento, por volta de 1850, o esfacelamento dos estados italianos em pequenas repúblicas e reinos ditou a vida de sua população e também o tom de seus vinhos. Foi nesse longo período conturbado que nasceu um dos vinhos mais famosos da Itália, o Chianti.

Geograficamente falando, Chianti é uma terra montanhosa que se estende por cerca de 60 km a 70 km na sua extensão, cujo ponto mais alto é Monte San Michele, a 893 metros. Existem 5 rios que cruzam e definem a área com: os rios Pesa, Greve, Ombrone, Staggia e Arbia.


Chianti

O começo da história remonta ao século XIII, quando os Médici dominavam a cidade de Firenze (Florença), na Toscana, e lá criaram uma das repúblicas mais influentes de seu tempo – basta lembrar que eles foram patronos das artes que culminaram com o Renascimento. Em meados do século XIII, os fiorentinos eram uma potência e viviam guerreando com vizinhos.

Para garantir uma boa defesa de suas terras, eles as dividiram em ligas militares de cidades. Uma delas, criada em 1384, foi a Lega del Chianti, que compreendia as vilas de Radda, Gaiole e Castellina (até hoje o centro da região que se denomina Chianti Classico), e durou até 1774, atuando ativamente durante as batalhas entre Firenze e Siena.

Aliás, a principal lenda em torno do vinho de Chianti vem dessas longas disputas medievais entre fiorentinos e sieneses. Acredita-se que, um dia, cansados de guerrear, os governantes das duas cidades decidiram por um outro tipo de disputa para estipular sob qual bandeira ficaria a região. Assim, concordaram que dois cavaleiros sairiam ao cantar do primeiro galo da madrugada, um partindo de Firenze em direção à Siena e o outro no sentido contrário. Onde eles se encontrassem, seria demarcado o limite dos domínios.

Assim nasceu a lenda do Gallo Nero, o galo negro que até hoje serve de emblema dos vinhos de Chianti Classico. Diz-se que os sieneses escolheram um belo e forte galo branco para dar o sinal ao seu cavaleiro. Já os fiorentinos teriam escolhido um galo negro raquítico, que ficou confinado sem comida. Por isso, o galo de Firenze teria acordado mais cedo, ainda durante a noite, faminto, e começado a cantar, fazendo com que seu cavaleiro tivesse grande vantagem sobre o rival de Siena, cujo galo só acordaria para cantar já nos primeiros raios de sol da manhã.

Assim, dos pouco mais de 60 quilômetros que separam as duas cidades, o cavaleiro sienês conseguiu percorrer somente cerca de 12 antes de encontrar o oponente nas proximidades de Fonterutoli, pouco ao sul de Castellina.

Em 1716, Cosimo III de Médici delimitou a região para a produção dos vinhos de Chianti. Lendas à parte, a verdade é que a demarcação da área de Chianti como pertencente à Firenze ocorreu em um tratado de 1203. Na época, os fiorentinos eram leais ao Papa e Siena, ao Sacro-Império Romano.

Primeira Denominação de Origem

As primeiras documentações que tratam do vinho de Chianti remontam a 1398 e o descrevem como um vinho branco vendido pelo comerciante Francesco di Marco Datini. No entanto, o nome do vinho ficaria definitivamente gravado na história a partir de 1716, quando Cosimo III de Médici, o penúltimo de sua família a ser Grão-Duque da Toscana, apontou que as três cidades da Lega del Chianti, mais uma parte da vila de Greve, estavam aptas a produzir o vinho de nome Chianti.

Francesco di Marco Datini

Esta teria sido a primeira demarcação territorial, ou seja, a primeira Denominação de Origem, conhecida no mundo (os portugueses, porém, alegam que a primeira DO teria sido instituída pelo Marquês de Pombal em 1756, quando estabeleceu os marcos pombalinos na região que produzia o Vinho do Porto). Apesar de o reinado de Cosimo III ter sido desastroso para a região, que se viu diante de uma enorme crise econômica e social, a demarcação durou até 1932, quando a área foi gradualmente expandida (a última expansão seria em 1967).

No entanto, mesmo demarcado, sabe-se que o vinho de Chianti obedecia a poucas regras. Historiadores apontam que, na época, uma das principais uvas usadas na produção do vinho era a Canaiolo, a mais cultivada na região, juntamente com a Sangiovese, Mammolo e Marzemino. Seria somente durante o Risorgimento italiano no século XIX, que o vinho tomaria uma forma, muito próxima do que tem hoje.

O grande nome por trás do estabelecimento de Chianti e também um dos principais responsáveis pela unificação italiana em 1961 foi o barão Bettino Ricasoli, cuja origem familiar remonta aos tempos de Carlos Magno. O “Barão de Ferro” (alcunha ganha por sua intransigência moral e econômica) foi um dos grandes pilares da unificação de seu país com sua atuação política no Ducado da Toscana. Não à toa, ele chegou a ser primeiro ministro italiano quando o rei Vitório Emanuele assumiu o poder.

Barão Bettino Ricasoli

Além de ser a criadora do Chianti, a família Ricasoli produz vinhos desde o ano 1141, quando adquiriu o legendário Castello de Brolio. Essa longa história faz da Barone Ricasoli a vinícola mais antiga da Itália e a segunda mais antiga do mundo. O Castello de Brolio estava em ruínas na época. Determinado a dar novos rumos à produção local, o Barão de Ricasoli viajou para a França e a Alemanha, onde aprendeu novas maneiras de cultivo, além de importar variedades e experimentar maquinários. Assim, em 1872, ele teria criado a “fórmula” do Chianti e assim escreveu:

“Os resultados obtidos já nas primeiras experiências confirmam que o vinho recebe do Sangioveto a principal dose de seu perfume (o que eu particularmente procuro) e um certo vigor de sensação; do Canajuolo, a amabilidade que tempera a dureza do primeiro, sem tolher em nada seu perfume; a Malvagia, a qual se pode colocar menos nos vinhos destinados a envelhecer, tende a diluir o produto das duas primeiras uvas, não acrescenta sabor, e o torna mais leve e mais prontamente usável na mesa cotidiana”.

A “fórmula do Chianti” escrita na famosa carta endereçada ao professor Cesare Studiati da Universidade de Pisa, na qual exaltava os aromas e a estrutura da Sangiovese, a maciez da Canaiolo e a tendência da Malvasia a diluir o vinho, fez com que o Barão sugerisse que esta uva não fizesse parte do corte dos vinhos de guarda da sua região. A receita do Barão era 70% Sangiovese, 15% Canaiolo e 15% Malvasia Bianca. Em 1967, sua “fórmula” foi ratificada pela regulamentação da DOC (com acréscimo da Trebbiano).

Renascimento

O Chianti então surgiu como uma versão do “clarete” francês – sem variedades internacionais, contudo. Foi durante o Risorgimento que ele alcançou a glória, quando Firenze se tornou capital da Itália e Ricasoli primeiro ministro. No entanto, apesar dos esforços do barão, com o tempo, a fama do vinho tornou-se ruim, muito devido às condições econômicas precárias da região, especialmente depois das pragas que chegaram à viticultura em meados do século XIX e também muito devido ao contrato de uso das terras entre agricultores e os donos das propriedades.

A mezzadria (sistema feudal em que os camponeses dividiam a sua colheita com os senhores de terras) e a agricultura promiscua (diversas culturas em um mesmo terreno) perdurou na Toscana até praticamente os anos 1970 e atrasou o desenvolvimento do vinho na região – já que a colheita ia ser dividida, era melhor, para o agricultor, plantar mais quantidade do que pensar em qualidade.

Clante

A origem do nome Chianti é incerta. Para alguns, ela vem de clangor, que nada mais é do que o som dos instrumentos metálicos, mais especificamente das trombetas. No entanto, também pode designar o atrito entre objetos de metal, como espadas. Daí, acredita-se que o nome possa ter surgido devido a esse barulho das trombetas de caça ou então das batalhas. Outra possibilidade, muito mais aceita, é o termo ter vindo da palavra etrusca clante, que significaria água (abundante na região) ou então seria apenas um nome de família muito comum na área.

Movimento dos vinhos “Super Toscanos” fez com que Chianti aprimorasse suas normas. Nos anos 1960, alguns produtores estavam desapontados com os rumos que Chianti havia tomado. Apesar de a DOC ter finalmente estabelecido uma regra para seus vinhos em 1967 (e talvez por isso também), muitos passaram a experimentar com novas variedades, especialmente as francesas, no intuito de produzir um vinho melhor e mais caro (desde o fim da II Guerra Mundial, Chianti era considerado um vinho simples e barato).

Assim, entre o final dos anos 1960 e começo dos 1970, duas poderosas famílias decidiram fazer vinhos mesclando Sangiovese com variedades francesas. Tanto o Marquês Mario Incisa della Rochetta quanto seu sobrinho, Piero Antinori, lançaram respectivamente Sassicaia e Tignanello, os primeiros Super Toscanos de que se tem notícia, vinhos que mudariam para sempre o cenário na região. “O fenômeno houve novas mudanças nas regras, com a introdução de variedades francesas no blend de Chianti. Dez anos depois, as variedades brancas foram proibidas em Chianti Classico, que já passava a aceitar Sangiovese “in pureza”, ou seja, 100%. Hoje, além do Classico, Chianti possui outras sete sub-regiões, cada uma com regras específicas. As mudanças de regras foram constantes nos últimos 40 anos. As últimas modificações em Chianti Classico, por exemplo, ocorreram em 2013, quando, entre outras coisas, criou-se uma nova classificação, com um nível qualitativo acima dos Riserva: os Gran Selezione.

Os diferentes Chianti

O simples termo “Chianti” diz muito pouco sobre o vinho. Muito resumidamente, indica que se trata de um tinto italiano, produzido na região da Toscana, em uma área que se estende entre as cidades de Florença e Siena, a partir de, principalmente, Sangiovese. Ainda que Chianti seja uma Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG) e, portanto, existam regulamentações tratando de sua produção, a variedade é grande.

Além da “denominação genérica” Chianti DOCG, há outras denominações específicas que levam em consideração a proveniência geográfica das uvas: Chianti Classico (a mais antiga, famosa e tradicional), Chianti Colli Aretini, Chianti Colli Fiorentini, Chianti Colline Pisane, Chianti Colli Senesi, Chianti Montalbano, Chianti Montespertoli e Chianti Rufina. Também, os termos Chianti Superiore (não permitido para Chianti Classico) e Chianti Riserva servem para nomear vinhos que tenham atendido períodos de envelhecimento determinados, dentre outros fatores.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo e brilhante vermelho rubi com tons granada, conferido pela longa passagem por barricas de carvalho, com lágrimas em profusão, finas e lentas.

No nariz traz as frutas vermelhas maduras, com destaque para ameixa e cereja, mas discretamente, além de um toque terroso, de terra molhada, algo de folhas secas, com notas de especiarias (pimenta preta) e amadeiradas, percebendo o tabaco, couro e café, afinal os longos 24 meses em barricas de carvalho atestam tais características.

Na boca toda a pujança da Sangiovese no blend, com a fruta vermelha madura igualmente discreta, como percebida no aspecto olfativo, sendo ainda seco, volumoso, cheio e quente, garantido pela presença do álcool, mas sem agredir e pela acidez vivaz, com taninos marcantes, mas domados e integrados, com a madeira, embora discreta, protagonizando entregando notas de chocolate, torrefação, de defumado e caramelo. Tem um final longo e persistente.

Tradição, história, mesmo que ao custo de guerras, sangue, mortes, disputas pelo poder político e econômico. As redenções pavimentadas por todos esses eventos e intenções. O vinho foi e é um veículo de tais manifestações da sociedade, independente do contexto e cronologia. O que nos resta, no entanto, é permitir contemplar e entender esses momentos históricos com o olhar crítico, mas separando-os do prazer, do deleite em degustar um bom e velho vinho, porque é um elixir ao corpo e a alma, sobretudo daqueles que o ama. Toscana e a sua região mais importante em todos os aspectos, é sinônimo de renome no mundo todo por causa de Chianti e de suas grandes e espetaculares histórias que, de uma forma ou de outra, corroboraram na sua importância e qualidade que até hoje busca a excelência. O Chianti Riserva da Famiglia Castellani definitivamente carrega esses preceitos, como um produtor de igual tradição e história. Um vinho encorpado, de personalidade, dada a sua complexidade atribuída ao “Sangue de Júpiter” chancelando Chianti como um dos mais emblemáticos vinhos da história. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Castellani:

O negócio de Castellani foi estabelecido em Montecalvoli no final do século 19 quando Alfred, um viticultor de longa data, decidiu começar a engarrafar e vender seu vinho. O filho de Alfredo, Duilio, junto com seu irmão Mario dá início ao período de expansão da empresa. Duilio, homem meticuloso e diligente, participa ativamente de todas as etapas do trabalho.

A vinha mais importante é aquela situada em Santa Lúcia, no fértil vale do Arno, onde se produz um vinho tinto vivo e apto para envelhecer e engarrafado em típicos frascos com palha, conquistando o interesse dos mercados transalpinos. Nos anos seguintes, o filho primogênito de Duilio, Giorgio, homem determinado e ambicioso, inicia a exportação em grande escala. A enchente de 1966 causa grandes danos à vinícola Montecalvoli.

Decide-se então transferir temporariamente o negócio para a Fazenda Burchino, nas colinas da vila de Terricciola. O irmão de Giorgio, Roberto, brilhante jornalista do jornal “Il Giornale del Mattino”, de Florença, corre para ajudar a retirar lama da vinícola da família. Ele então decide ficar e contribui para a evolução da empresa. Roberto, homem culto e cosmopolita, inicia uma atividade pioneira em mercados longínquos, tornando-se um dos defensores do sucesso internacional do Chianti.

A aquisição da vinha Poggio al Casone coincide com a ampliação da adega da Quinta Travalda em Santa Lúcia. Durante a noite do dia de Ano Novo em 1982, um incêndio queimou quase completamente as instalações da empresa. Parece ser o fim. Mas em poucos meses os irmãos Castellani adquirem a Fazenda Campomaggio e, graças à contribuição de Piergiorgio, filho de Roberto, o negócio ganha força. As pesquisas vitivinícolas e tecnológicas são promovidas por especialistas como o enólogo Sabino Russo e o agrônomo Carlo Burroni. Hoje esta empresa centenária persegue com grande entusiasmo o objetivo de produzir vinhos, que são a expressão de uma das maiores regiões enológicas do mundo: a Toscana.

Mais informações acesse:

https://www.castelwine.com/

Referências:

“Blog História com Gosto”: https://historiacomgosto.blogspot.com/2019/11/a-regiao-do-chianti-classico-toscana.html

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/todos-os-chianti_10196.html

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/chianti/#:~:text=Chianti%20%C3%A9%20um%20tipo%20de,Chianti%20Cl%C3%A1ssico%20a%20mais%20famosa

 

 

 

 




 


 








sexta-feira, 29 de julho de 2022

Dom Bernardino Marselan

 

Já que defendo, de forma consistente e insistente, que o universo do vinho é vasto e inexplorado, vamos enaltecer tal máxima, explorando, garimpando essa vastidão de rótulos personificados em regiões, castas e tudo o mais.

E o melhor de todas essas experiências sensoriais é o contato latente com a cultura e a história de regiões, dos países e dos terroirs com os seus comportamentos que diretamente influenciam nas variedades que degustamos e que também influenciam no modo de produção, de vinificação de todos os vinhos que degustamos diariamente.

Sempre ouvi dizer que São Paulo, por exemplo, foi uma região proeminente na produção de vinhos e mais, com certo protagonismo na história vitivinícola brasileira. Mas nunca parei para pensar na dimensão dessa informação, na relevância disso tudo e consequentemente nunca me atentei para a possibilidade de degustar quaisquer vinhos das regiões contempladas pela natureza nas terras paulistas.

E de uma forma quase que despretensiosa que a região de São Roque entrou em meu caminho enófilo e que, para a minha simples e humilde realidade de degustador de vinhos, está até mais intensa com algumas degustações surpreendentes, positivamente falando.

E o mais importante de tudo: a valorização dos pequenos e médios produtores! Dos produtores artesanais que, diante de sua importância para o cenário vitivinícola brasileiro, se tornam grandes, embora pouco valorizados e boicotados pela indústria do vinho. Mas isso é outra história...

Quando descobri um site chamado Pemarcano Vinhos os rótulos de São Roque, conhecida como a “terra do vinho”, vem se tornando, razoavelmente constante, em minha realidade e, depois das primeiras experiências, tenho sido agraciado por alguns vinhos especiais pelo amigo Luciano, dono da Pemarcano, com rótulos especiais.

E um desses produtores pequenos que vem me surpreendendo é a Bella Aurora. Alguns já foram, claro, degustados e que realmente gostei. Comecei pelo Dom Bernardino Touriga Nacional 2018! Um Touriga Nacional de São Roque! Jamais esperaria que isso fosse acontecer! Claro que as uvas são oriundas do Rio Grande do Sul, porém vinificadas nas dependências da Bella Aurora.

Depois veio outra surpresa inacreditável: Dom Bernardino Riesling 2020! Um vinho leve, frutado, uma acidez salivante. Resumindo: um vinho saboroso. Então, diante disso, nada mais do que natural buscar novos rótulos ou torcer para que o amigo Luciano, no ápice de sua gentileza, me trouxesse algo novo dessa vinícola. E não é que veio?!

E veio com mais uma surpresa! Aquela que veio de forma arrebatadora. Não demorei muito a degusta-lo diante da ansiedade que me tomava de assalto. Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio, claro, de São Roque, São Paulo, e se chama Dom Bernardino da casta Marselan não safrado.

E como nas resenhas dos rótulos degustados anteriormente deste produtor, devo, preciso exaltar a nobreza histórica dessa região tão importante para a cultura vitivinícola brasileira, claro, falo de São Roque e também da casta Marselan.

São Roque: “A terra do vinho”

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva.

Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e por fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras.

Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antonio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho.

Dr. Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Pode-se dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

Marselan

A Marselan é uma uva tinta que vem aparecendo, cada vez mais, nos rótulos na versão varietal, ganhando em notoriedade. Ela faz parte do seleto grupo das 6 uvas já aprovadas pelo INAO (Institut National de L’Origine et de La Qualité) para compor a lista das uvas em Bordeaux e Bordeaux Superiéur. Juntam a esse time as tintas Castets, Arinarnoa, Touriga Nacional, bem como as brancas Alvarinho e Liliorila.

A Marselan não surgiu naturalmente. Nasceu pelas mãos do ampelógrafo parisiense Paul Truel, criador de mais de 12 outras variedades de uvas, em 1961, no sul da França. O nome da casta foi inspirado na cidade de Marseillan próxima a Montpellier. É lá onde fica localizado o INRA – centro de pesquisa agronômica, onde ele trabalhou até se aposentar em 1985.

Paul Truel

Quando Paul idealizou a Marselan ele tinha em mente potencializar, unir e melhorar as características de duas uvas conhecidas: a Cabernet Sauvignon e a Grenache. Da Cabernet Sauvignon, Truel queria preservar a potência, com rendimentos maiores, por outro lado, da Grenache – uva que se adaptou muito bem aos climas quentes – ele queria uma uva que tivesse resistência às altas temperaturas e, claro, uma nova casta resistente às doenças.

No início, ela não ganhou destaque e não foi o sucesso esperado, devido à baixa produtividade e aos pequeninos bagos. Com o aumento da demanda por uvas resistentes às moléstias – oídio, ácaros e podridão cinzenta, por exemplo -, ela foi incluída na listagem oficial de registros quase 30 anos depois, em 1990. Atualmente, é possível encontrá-la em terroirs com características distintas e ela deixa sua marca talentosa em diversos estilos, seja em um blend ou mesmo reinando sozinha em um varietal.

Muitos a utilizaram por anos apenas em pequenas porções em vinhos de corte, até que em 2002 surgiu o primeiro vinho 100% Marselan do mercado, o francês Domaine Devereux. De lá para cá, a Marselan começou a ser exportada para diferentes países, e vem ganhando espaço na Califórnia, Brasil e até na China, onde o Chateau Lafite Rotschild implantou vinhedos de Marselan mirando o mercado interno chinês.

Falando em países produtores, a Marselan vem sendo muito cultivada no Brasil, e a cada safra que passa novos produtores lançam seus rótulos. A Marselan é muito interessante para os produtores nacionais, especialmente os da Serra Gaucha, por sua boa resistência a doenças fúngicas, que aparecem ao menor sinal de umidade. Vinificada, a uva apresenta bebidas muito agradáveis e com grande potencial de guarda.

Uma característica é o ótimo equilíbrio entre taninos e acidez, além do álcool sempre bem incorporado. Estas características fazem com que os vinhos sejam de fácil consumo tanto com um ano de garrafa quanto com 5 ou 6. O estágio em barris de carvalho deixa os vinhos de Marselan ainda mais interessantes, dando um aspecto de vinhos da Toscana – com estrutura, corpo, mas muita elegância.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi, com alguma intensidade e halos granada, com lágrimas finas e em média intensidade.

No nariz é o destaque, trazendo aromas de frutas vermelhas maduras, como groselha, cereja, morango, além de notas de especiarias que lembram ervas, com um toque de terra molhada e couro.

Na boca é seco, típico da variedade, leve para média estrutura, sedoso, aveludado, graças o equilíbrio entre acidez, média, taninos, domados e álcool, bem integrado, além do protagonismo da fruta, como no aspecto olfativo e final curto.

Degustar regiões pouco “corriqueiras” como São Roque, claro, pelo menos para esse reles enófilo que vos fala, é como se estabelecêssemos um contato com um Novo Mundo e, após esse contato, a necessidade se torna premente de garimpar, descobrir, conhecer e deleitar, como a universo inexplorado e vasto, como sempre costumo falar de forma, confesso, demasiada. Novas experiências são conquistadas! Essa é a nossa conquista! A mais especial e pacífica possível: o direito inalienável de um enófilo à degustação. Dom Bernardino Marselan é simples, mas especial, não apenas por ser de São Roque, não apenas por ser um pequeno produtor, mas pela sinceridade pela qual foi concebido. Um bom vinho! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Bella Aurora:

Vinícola fundada na década de 1920 por Bernardino Pereira Leite imigrante português iniciou sua produção para consumo caseiro. A produção em escala comercial teve início em 1932.

Com mais de 85 anos, Vinhos Bella Aurora mantém sua tradição familiar na produção de saborosos vinhos, contando com uma excelente estrutura de atendimento aos visitantes e uma equipe de representantes comercial em todo estado de São Paulo.

A Vinícola proporciona um passeio turístico para quem busca contato com a natureza. Neste passeio poderá degustar bons vinhos e sucos, além de poder adquirir toda a linha de produtos típicos da Vinícola Bella Aurora. Para melhor atender os clientes, a cantina dos Vinhos Bella Aurora foi montada no interior de um autêntico tonel de madeira com capacidade para 120 mil litros.

Mais informações acesse:

https://www.bellaaurora.com.br/

Video institucional Bella Aurora – link:

https://www.youtube.com/watch?v=pihf88FDhUE

Referências:

“Assembleia Legislativa de São Paulo”: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=301135

“Blog do Lullão”: http://www.lullao.com/p/historia-do-vinho-em-sao-roque.html?m=1

“Sites Google”: https://sites.google.com/site/historiadovinhodesaoroque/home/historia-do-vinho-de-sao-roque

“Tosin Consultoria”: https://tosinconsultoria.com.br/marselan-que-uva-e-essa/

“Enocultura”: https://www.enocultura.com.br/cruzamento-entre-uvas-marselan/

 

 

 

 

 

  










terça-feira, 26 de julho de 2022

Fiuza Native Chardonnay e Arinto 2019

 

Nada melhor do que garimpar, buscar novas experiências sensoriais. Novas castas, novas regiões vitícolas. Tem sido maravilhoso viajar nessas novas percepções organolépticas, mas não podemos negligenciar os clássicos. Nunca!

Até porque os clássicos atingiram tal condição por serem exatamente especiais! A tradição e a credibilidade põem a mesa, na expressão literal da palavra. Os clássicos certamente construíram a minha predileção pela poesia líquida. Quem não começou a degustar um Merlot, Cabernet Sauvignon, Malbec e nunca se encantou?

E quando temos um blend das principais castas brancas dos mais emblemáticos países produtores de vinhos do planeta? Apesar de serem variedades extremamente conhecidas, a primeira muito conhecida em seu país, Portugal, a outra, oriunda da França, é mundialmente conhecida e de fácil adaptabilidade em vários terroirs, em vários climas, ganhando contornos em suas características.

Falo da Arinto, portuguesa, que se adaptou em várias regiões emblemáticas de Portugal e a rainha das uvas brancas, a Chardonnay. E de uma região que não degustava há mais de um ano e que também traz a assinatura da tradição de Portugal: o Tejo.

Apesar de serem castas amplamente conhecidas, o blend me traz grandes novidades! Mesmo que apresentem tradição e uma grande capacidade de cultivo, logo expansão de rótulos ofertados, ainda há brechas para o novo, o novo pelo menos para mim, humilde e reles enófilo.

Então sem mais delongas apresentarei o vinho que degustei e gostei que veio da região emblemática do Tejo, de Almerim, que se chama Fiuza composto pelas castas Arinto e Chardonnay da safra 2019. E para não perder o costume vamos às histórias do Tejo, a sua sub-região, Almerim, de onde veio esse rótulo e depois as descrições desse rótulo que, claro, tinha que me surpreender positivamente.

Tejo



A história da Região do Tejo se confunde com a das suas Terras. Sob o comando do rio Tejo, influenciando economia, paisagem e clima, trata-se de uma das mais antigas regiões produtoras de vinhos de Portugal, cujo patrimônio remonta à presença Romana na antiga Lusitana.

A Região Vitivinícola do Tejo está localizada no centro de Portugal, a pouca distância de Lisboa. O rio não é o que separa, mas o que liga um território vitivinícola com 12.500 hectares de vinhas distribuídos por 21 municípios. Largo e imponente, o Tejo é o maior rio de Portugal. Como elemento primordial da paisagem, moldou a história dos que lá vivem, criam e trabalham, influenciando o clima e o terroir.

Tejo

A arte de produzir vinho, nesta região, remonta a 2000 a.C., quando os Tartessos iniciaram a plantação da vinha junto às margens do rio que lhe dá o nome. Reza a História que já Afonso Henriques fez referência aos vinhos da região no Foral de Santarém, datado de 1170, e que o Cartaxo teria exportado 500 navios com tonéis de vinho que, em apenas um ano, atingira o valor de 12.000 reis. As histórias continuam pela cronologia fora, com o ano de 1765 a destacar-se pelo desaparecimento da vinha nos campos do Tejo, como consequência de uma ordem imposta por Marquês de Pombal.

Em 1989, são fundadas seis Indicações de Proveniência Regulamentada para vinhos da região do Ribatejo e, em 1997, é criada a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, à qual se sucede a constituição por lei da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, em 2009, seguindo-se a Rota dos Vinhos do Tejo.

Muitas das quintas produtoras pertencem às famílias nobiliárquicas. Cada uma com a sua história, em comum têm o objetivo de produzir vinhos de qualidade, que expressem as caraterísticas da região. Como resultado, os vinhos incorporam tradições (o pisa pé, método de esmagar as uvas com os pés), o entusiasmo e empenho das suas gentes, a natureza que predomina nas terras ribatejanas e as mais modernas tecnologias.

O Tejo tem alguns dos mais vibrantes e acessíveis vinhos de Portugal, oferecendo uma gama diversificada e diferenciada de estilos, para todos os gostos, orçamentos e ocasiões. A produção anual, que cresce safra após safra, atingiu, no último ano, 2021, cerca de 23,3 milhões de litros.

Nos brancos, o perfil traduz-se em vinhos muito aromáticos, frescos e elegantes. Os tintos são muito equilibrados, frescos e com taninos distintos. No nariz, sobressai a fruta.  Já nos tintos de guarda a madeira revela-se de forma discreta. A região do Tejo produz também excelentes vinhos rosés, espumantes, frisantes, e ainda licorosos e colheitas tardias.

As castas tintas nativas do Tejo incluem a Touriga Nacional, a casta portuguesa por excelência, bem como a Trincadeira, Castelão e Aragonês. O aromático Fernão Pires e o Arinto produzem alguns dos vinhos brancos mais refrescantes da região. Estas castas autóctones prosperaram em climas quentes e solos complexos da Região do Tejo, mantendo a elevada acidez natural, para produzir vinhos equilibrados com características de frutas ricas.

Na Região do Tejo, a legislação permite a utilização de diversas castas, tanto nacionais como internacionais. As brancas mais comuns são Chardonnay e Sauvignon Blanc. Entre as tintas destacam-se as Cabernet Sauvignon e Merlot.

O terroir da região está profundamente ligado à influência que o rio Tejo inflige às margens, que muitas vezes inunda as vinhas em época de cheias. A sua força e amplitude influenciam o solo e o clima, gerando três áreas produtoras distintas:

Bairro: localizado a norte do rio Tejo, as suas terras altas são compostas por colinas e planícies, ricas em solos de calcário e argila e depósitos de xisto.

Charneca: na margem sul do Tejo, apresenta solos arenosos e temperaturas elevadas, o que leva a um amadurecimento mais rápido das uvas na região.

Campo: localizado nas margens do Tejo, a influência do rio faz-se sentir nas temperaturas mais amenas, resultando vinhos mais frutados, acidez e frescor.

A Região dos Vinhos do Tejo é composta por um total de 17 mil hectares de terreno vinícola, que produzem anualmente cerca de 650 mil hectolitros, o que representa cerca de 10% do total de vinho produzido em Portugal. Destes cerca de 110 mil hectolitros são certificados, dos quais 90% são vinhos com Indicação Geográfica Protegida (IGP) e 10% são vinhos com Denominação de Origem Controlada (DOC).

Almerim

Almeirim é uma cidade que está localizada no Ribatejo e que pertence ao distrito de Santarém, tendo cerca de 11.700 habitantes. Desde 2002 está integrada na região do Alentejo e na sub-região da Lezíria do Tejo, continua, no entanto, a fazer parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

O município é limitado a norte pelo município de Alpiarça, a leste e nordeste pela Chamusca, a sul por Coruche e Salvaterra de Magos, a oeste pelo Cartaxo e a noroeste por Santarém.

A ocupação humana da atual área do concelho de Almeirim é muito antiga. Terão sido a proximidade do rio Tejo e a riqueza natural os fatores que terão contribuído para a instalação de homens nesta região.

Com as suas magníficas coutadas de caça, que se estendiam por uma grande extensão, a vizinhança de Santarém, as proximidades do Tejo e ainda de Lisboa, com fácil acesso, por via fluvial, Almeirim tornou-se, desde logo, no lugar preferido dos reis da II dinastia e a estância de Inverno frequentada por numerosos membros da Corte, de tal maneira que foi considerada a "Sintra de Inverno", no século XVI.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo e brilhante amarelo palha, límpido, diria, com alguma intensidade, com reflexos esverdeados.

No nariz explode em aromas de frutas brancas, frutas de caroço onde se destacam pera, melão, melancia, maçã-verde, abacaxi, com toques cítricos, sendo muito fresco, com um delicado floral.

Na boca é leve, saboroso, com o protagonismo, como no aspecto olfativo, das frutas brancas e cítricas, mas que traz alguma complexidade caracterizada por uma discreta untuosidade, com um acidez equilibrada e final cheio e persistente.

Novidades, garimpos, propostas arrojadas, moderno e clássico. Todos os quesitos são consistentes quando falamos em vinho! Tudo é válido para quem ama a poesia líquida! E o Fiuza Native Arinto e Chardonnay trouxe um pouco de cada um: Castas tradicionais, a classe de suas características, a representatividade histórica da região, o corte arrojado e moderno conspiraram a favor deste belo e surpreendente rótulo de uma vinícola que tem, como filosofia, a junção de variedades autóctones e castas emblemáticas francesas. Um vinho fresco, leve, solar, mas que traz personalidade, sobretudo pelo seu blend. O frescor da Arinto, dada pela sua acidez e a estrutura da Chardonnay entrega esse vinho especial e versátil. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Fiuza & Bright:

A Família Mascarenhas Fiuza dedica-se à vitivinicultura há mais de um século. A empresa iniciou a sua atividade no início do Século XX. Joaquim Mascarenhas Fiuza, filho de D. Luísa Mascarenhas (irmã do 10º Marquês de Fronteira e 9º Marquês de Alorna) começou a produzir vinho com o seu tio nas propriedades da Família Mascarenhas Fiuza que há séculos que tem Quintas na região.

Em 1986, surge a parceria entre o produtor de vinhos Joaquim Mascarenhas Fiuza e o prestigiado enólogo australiano Peter Bright donde nasce a empresa Fiuza & Bright. Pioneira na produção das castas francesas em Portugal, a Fiuza & Bright produz nas suas duas quintas (Quinta da Requeixada e Quinta da Granja) as principais castas portuguesas como a Touriga Nacional, Aragonez, Arinto, Vital, Fernão Pires ou o Alvarinho e também algumas das principais castas francesas como o Alicante Bouschet, o Cabernet Sauvignon, o Merlot, Syrah, o Chardonnay ou o Sauvignon Blanc.

As suas vinhas situam-se na região do Tejo, na região demarcada de Santarém e de lá têm saído alguns dos melhores vinhos portugueses, que são produzidos exclusivamente na sua Adega em Almeirim. Como consequência de todo esse trabalho e cuidado, a Fiuza têm recebido vários prémios e medalhas ao longo dos últimos anos.

Mas não só nos vinhos, Joaquim Mascarenhas Fiuza conquistou medalhas. De fato, o seu dia a dia dividia-se entre a atividade vitivinícola e o famoso desporto náutico, a Vela, na categoria "Star".

Enquanto atleta, protagonizando participações vitoriosas nas mais variadas provas e países, destacou-se sobretudo nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, de Londres em 1948 e em 1952, em Helsinque, tendo neste último ganho a merecida Medalha de Bronze. Nesse mesmo ano de 1952, em dupla com Rebelo Carvalho, conseguiu o quarto lugar no Campeonato do Mundo. Em 1957 e 1958, concretizou um sonho de ser Campeão da Europa. Por nove vezes foi ainda Campeão Nacional.

Mais informações acesse:

https://www.fiuzabrightpt.com/

Referências:

“Viva o Vinho”: https://www.vivaovinho.com.br/mundo-do-vinho/regioes-vinicolas/regiao-do-tejo-terra-de-vinhos-e-tradicao/

“Comissão Vitivinícola Regional do Tejo”: https://www.cvrtejo.pt/historia-do-vinho-e-da-regiao

“Conceito Português”: https://www.conceitoportugues.com.br/artigo/regiao-do-tejo

“Wines of Portugal”: https://winesofportugal.com/pt/descobrir/regioes-vitivinicolas/tejo/

 

 

 

 

 



 


sábado, 23 de julho de 2022

Marqués de Toledo Crianza Tempranillo 2016

 

No passado eu tinha certa rejeição, alguma controvérsia com os vinhos espanhóis. Talvez pela visão pré-concebida, preconceituosa acerca dos seus rótulos. Sempre tive a percepção de que os vinhos espanhóis ofertados em terras brasilis eram demasiados caros e pouco atrativos! Os valores altos são reais até os dias de hoje, mas pouco atrativos não, nunca! Estava anestesiado pela ignorância, pela incapacidade de discernimento, de entendimento da relevância histórica e de qualidade dos vinhos da Espanha.

E por que este tom de réu confesso? Porque a Espanha tem muito a oferecer! É de uma diversidade como poucos países podem proporcionar, no que a propostas e valores. Talvez essa visão pré-concebida que eu nutria fosse pelo fato de pouco conhecer os sites, lojas que ofertassem bons rótulos atraentes com bons e justos valores pelo menos para este reles enófilo trabalhador da classe operária.

Até que em um belo dia do ano de 2018 estava eu em mais uma de minhas incursões aos supermercados, em uma conhecida e grande rede de supermercados, inclusive, pois ficara sabendo que estavam fazendo promoções de alguns rótulos e observei um espanhol que me pareceu bem interessante, da safra 2013, sendo ofertado.

O valor, estampado, para que todos pudessem ver, era arrebatador, cerca de R$ 32,90! Bem o valor era ótimo, mas será que o vinho também era? Aquela dúvida martelava a minha cabeça, mas, diante desse meu histórico, diria, inóspito, com os vinhos da Espanha, decidi não hesitar tanto e comprei, afinal, caso não gostasse, eu não perderia tanto dinheiro.

O vinho era um “Crianza”, da gigante vinícola Pinord, chamado Clos de Torribas 2013. Foi por intermédio desse rótulo, que degustei e gostei, que o meu contato com os famosos vinhos amadeirados espanhóis se deu e que atualmente está em um nível quase que patológico de compras.

Depois de rótulo o meu interesse pelos rótulos espanhóis que ostentam os termos “crianza”, “reserva” e “gran reserva” se intensificaram nas compras e, consequentemente, no interesse. Tive, após o Clos de Torribas, outras experiências agradáveis o que, claro, ajudou a fomentar o meu interesse.

E gosto particularmente dos “crianzas” e diria que, dentre esses rótulos espanhóis, eles sejam os mais democráticos entre os paladares, pois entregam elegância, equilíbrio, sobretudo entre as notas frutadas e amadeiradas, trazendo leveza, mas complexidade pelo aporte das barricas, geralmente em curto estágio, de acordo com a legislação vigente que é extremamente rigorosa nesse sentido (Ver: Classificação dos vinhos espanhóis).

E depois de algum tempo, cerca de um ano, aproximadamente, decidi degustar mais um crianza e esse conheci por intermédio de um evento em minha cidade que privilegiou alguns rótulos do Velho Mundo, mais precisamente das regiões do Laguedoc-Roussillon e Castilla La Mancha, terroirs que tem me chamado atenção há algum tempo, sendo que o segundo a pouco menos tempo, graças a essa, digamos, redescoberta do vinho espanhol da minha parte.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei e digo, de cara, que degustei e gostei porque já o degustei no referido evento, motivando a minha compra, veio de Castilla La Mancha, mais precisamente do DO La Mancha, em Albacete, na Espanha, e se chama Marqués de Toledo Crianza, um 100% Tempranillo, da safra 2016. Antes de falar do vinho, contemos um pouco, para variar, a história da minha mais nova queridinha Castilla La Mancha.

Castilla La Mancha

Bem ao centro da Espanha, país com a maior área de vinhas plantadas em todo o mundo e o terceiro maior mercado produtor de vinhos, está localizada a região vitivinícola de Castilla La Mancha. Um território com grande extensão de terra quase que completamente plana, sem grandes elevações.  É nessa macrorregião que se origina quase 50% do total de litros de vinho produzidos anualmente na Espanha.

O nome “La Mancha” tem origem na expressão “Mantxa” que em árabe significa “terra seca”, o que de fato caracteriza a região. Neste território, o clima continental ao extremo provoca grandes diferenças de temperaturas entre verão e inverno. Nos dias quentes de verão os termômetros podem alcançar os 45°C, enquanto nas noites rigorosas de frio intenso do inverno, as temperaturas negativas podem chegar a até -15°C.

A irrigação torna-se muitas vezes essencial: além do baixo índice pluviométrico devido ao caráter continental e mediterrâneo do clima, o local se torna ainda mais seco graças ao seu microclima, que impede a entrada de correntes marítimas úmidas. A ocorrência de sol por ano é de aproximadamente 3.000 horas. Esta macrorregião é composta por várias regiões menores, incluindo sete “Denominações de Origem”, das quais se pode destacar La Mancha e Valdepeñenas.

Castilla La Mancha

Sub-regiões de Castilla

La Mancha: é a principal região dentre elas, sendo considerada a maior DO da Espanha e a mais extensa zona vinícola do mundo.  O território abrange 182 municípios, distribuídos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo. As principais uvas produzidas naquele solo são a uva branca Airen e a popular tinta espanhola Tempranillo, também conhecida localmente como Cencibel.

Valdepeñenas: localizada mais ao sul, mas com as mesmas condições climáticas, tem construído sua boa reputação graças à produção de vinhos de grande qualidade, normalmente varietais da uva Tempranillo ou blends desta com castas internacionais.

A DO La Mancha conta mais de 164.000 hectares de vinhedos plantados. Com isso, é a maior Denominação de Origem do país e a maior área vitivinícola contínua do mundo, abrangendo 182 municípios, divididos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo.

DOs Castilla La Mancha

A regulamentação comunitária permite a produção de vinhos com indicação geográfica (IGP Vinos de la Tierra de Castilla), desde que tenham sido obtidos a partir de determinadas castas e provenham de uma determinada zona de produção. Na Espanha, esses vinhos são chamados de Vinos de la Tierra e podem usar menções em sua rotulagem relacionadas às variedades, safras e nome da vinícola, bem como às condições naturais ou técnicas da viticultura que deram origem ao vinho.

A importância social e econômica do setor na região, bem como o esforço de modernização feito pelos produtores, transformadores, engarrafadores e comerciantes nos últimos anos, exige um instrumento que lhes permita oferecer os seus vinhos de qualidade dignamente rotulados ao mercado.

Os tipos de vinhos que podem ser elaborados no IGP Vinos de la Tierra de Castilla são: vinhos brancos, rosés e tintos; Vinhos espumantes; Vinhos espumantes; vinhos licorosos; e vinhos de uvas maduras. São eles:

Brancas: Airén, Albillo Real, Chardonnay, Gewürztraminer, Macabeo oViura, Malvar, Malvasía Aromática, Marisancho o Pardillo, Merseguera, Moscatel de grano menudo, Moscatel de Alejandría, Parellada, Pedro Ximénez, Riesling, Sauvignon blanc, Torrontés, Verdejo, Verdoncho e Viognier.

Tintas: Bobal, Cabernet-sauvignon, Cabernet-franc, Coloraillo, Forcallat tinta, Garnacha tinta, Garnacha tintorera, Graciano, Malbec, Mazuela, Mencia, Merlot, Monastrell, Moravia agria, Moravia dulce o Crujidera, Petit Verdot, Pinot Noir, Prieto picudo, Rojal tinta, Syrah, Tempranillo o Cencibel, Tinto de la pámpana blanca e Tinto Velasco o Frasco.

As castas mais cultivadas em Castilla de La Mancha, sejam DO ou IGP, são: Airén, Viúra, Sauvignon Blanc e Chardonnay entre as brancas e as tintas são: Tempranillo, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Grenache.

Classificação dos rótulos da DO de Castilla La Mancha:

• Jóven: Categoria mais básica, sem passagem por madeira, para ser consumido preferencialmente no mesmo ano da colheita.

• Tradicional: Sem passagem por madeira, porém com mais estrutura do que o Jóven.

• Envelhecimento em barris de carvalho: Envelhecimento mínimo de 90 dias em barris de carvalho.

• Crianza: Envelhecimento natural de dois anos, sendo, pelo menos, seis meses em barris de carvalho.

• Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 12 meses em barris de carvalho e 24 meses em garrafa.

• Gran Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 18 meses em barris de carvalho e 42 meses em garrafa.

• Espumante: Produzidos a partir do método tradicional (segunda fermentação em garrafa), com no mínimo nove meses de autólise.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, com halos atijolados, em tom granada com lágrimas finas e lentas em média intensidade que desenham as bordas do copo.

No nariz no início mostrou-se fechado, mas, respirando em taça se abriu, entregando notas frutadas, frutas pretas e vermelhas bem maduras, onde se destaca framboesa, amora, ameixa, tendo ainda aromas de especiarias (cravo e açúcar mascavo) e notas herbáceas e terrosas. A madeira, apesar de discreta, se faz notada trazendo baunilha, couro e tabaco.

Na boca é elegante, mas com bom volume de boca, mostrando corpo médio e complexidade. Equilibrado entrega uma sinergia entre a fruta que também protagoniza no paladar com as notas amadeiradas que, graças aos nove meses de passagem por barricas de carvalho, traz toque de torrefação, chocolate meio amargo, um defumado, caramelo, além de álcool bem integrado. Taninos presentes, mas aveludados, acidez média e um final médio com retorgosto da fruta e madeira.

Um vinho austero, como a sua essência sugere, mas que entrega equilíbrio, elegância e que, sem sombra de dúvida, pode agradar aos mais diferenciados paladares. Por mais que seja austero, trazendo a complexidade pelo aporte da madeira, é elegante e redondo, também pelo afinamento na barrica. Um vinho que, aos seis anos de vida, mostra-se em boa forma e com, arrisco dizer, longo potencial de guarda. Marqués de Toledo Crianza Tempranillo é a personificação de que podemos degustar ótimos vinhos espanhóis a preços surpreendentemente atrativos para todos os bolsos. E que venham novos rótulos com a incrível capacidade de nos arrebatar com gratas e arrojadas surpresas. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Lozano:

Em 1853 começa a história da vinícola, quando a família Lozano planta as primeiras vinhas em Villarrobledo (município da Espanha na província de Albacete, comunidade autônoma de Castilla-La-Mancha) formada principalmente pela variedade Aíren, nativa da região. Desde então, foram quatro gerações na gestão da adega, sempre apostando no bom trabalho e no uso de técnicas tradicionais na elaboração.

Em 1985, as instalações existentes foram adquiridas. Desde então, houve muitas melhorias que foram desenvolvidas, proporcionando um aumento considerável na capacidade de vinificação.

Em 2005, a Lozano diversificou o negócio e começou a concentrar-se em sucos e concentrados de uva, formando a empresa CONUVA, usando o mesmo roteiro: para alcançar a mais alta qualidade em todos os seus produtos e para agregar valor diferenciado a todos os clientes, a confiança.

A adega passou por diferentes estágios que forjaram o que é hoje: uma empresa familiar e profissional que é referência no setor vitivinícola que aposta adaptação aos novos tempos através de novos produtos e formatos.

Mais informações acesse:

https://bodegas-lozano.com/es/

Referências:

“Vinho Blog”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote

“Blog “Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote#:~:text=Este%20livro%2C%20universalmente%20famoso%2C%20trata,no%20centro%2Fsudeste%20da%20Espanha.&text=Os%20primeiros%20escritos%20da%20cultura,vinhas%20foram%20introduzidas%20pelos%20romanos.

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinhos-dos-moinhos_4580.html

“Blog VinhoSite”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/