Sabe quando um vinho faz parte da nossa vida, da nossa
história enquanto enófilo? Aquele vinho que nos acompanha que nos transforma?
Ah só quem degusta vinhos sabe o que estou dizendo. Alguns vinhos, alguns
rótulos foram e ainda são muito importantes, por exemplo, na minha transição de
vinhos suaves, aqueles doces de garrafão para os vinhos finos, aqueles
produzidos com castas vitiviníferas. Está aí um momento de suma importância
para qualquer enófilo brasileiro. Atirem a primeira pedra quem não passou por
esse momento na história de degustação, de um bom e fiel apreciador da poesia
líquida. Posso aqui elencar alguns vinhos e produtores que foram essenciais em
minha vida nesse momento: Miolo, Almadén, foram sim, os vinhos brasileiros que
me iniciaram há mais de 23 anos atrás. Parece que foi ontem!
Mas não posso esquecer-me de um produtor que praticamente vimos “nascer” para o mundo nas terras brasileiras, que praticamente foi um dos pioneiros, aqueles que desbravaram um terroir que parecia improvável cultivar cepas e fazer vinhos: o Nordeste brasileiro, o semiárido, uma região desértica, praticamente, onde há séculos, bravas gentes sofrem com a escassez de água e que são esquecidos pelo Poder Público. Uma porção de terra que se destaca com uma vegetação plena, que belamente destoa abundantemente: Falo da Rio Sol. Apesar de estar em solo brasileiro, a Rio Sol é uma concepção da Global Wines, um conglomerado português que se instalou no Brasil com uma ideia arrojada e determinada a trazer, a edificar um novo terroir: os vinhos do Velho Chico, os vinhos do Rio São Francisco que irrigam os parreirais e que entregam, para nosso deleite, vinhos frescos, maravilhosos e, ao mesmo tempo, dotados de uma marcante personalidade em todas as suas propostas.
E por falar em personalidade, não posso deixar de falar de um
rótulo que degusto há pelo menos desde 2013 e que agora torno a degusta-lo em
uma nova safra. O vinho que degustei e gostei veio do Vale do São Francisco e é
o Rio Sol da casta Tempranillo, safra 2017. Pois é, caros leitores, não se
enganem e saiam da “caixinha”, não é apenas o Tempranillo espanhol que tem
feito sucesso por aí: O Rio Sol Tempranillo, bem como outros rótulos de outros
produtores, vem dando o ar da sua graça. A propósito o Rio Sol Tempranillo
ganhou, vem ostentando alguns prêmios significativos no Brasil e no mundo
certificando a sua qualidade, safra após safra, tais como ouro no Concurso
Mundial de Bruxelas, em 2016 e o prêmio de melhor Tempranillo do Brasil na oitava
edição da Grande Prova de Vinhos do Brasil em 2019. Então, amigos, o vinho é
bom, tão bom que já degustei algumas safras ao longo do tempo. O primeiro foi o
da safra 2013! Foi arrebatador! Eu ainda engatinhando no universo dos vinhos,
aprendendo, foi ótimo.
Depois foi o Rio Sol Tempranillo da safra 2015! Que vinho
espetacular! Parece que, a cada safra, o vinho ganha em qualidade e tipicidade.
O design do rótulo, sóbrio, também melhorou a olhos vistos, reforçando a força
da Rio Sol que, a cada ano, ganhava em participação de mercado.
Então sem mais delongas, falemos um pouco neste novo terroir
brasileiro que vem dando muitas alegrias aos degustadores de vinhos neste
Brasil: Vale do São Francisco.
O Vale do São Francisco: os vinhos do Velho Chico
A vitivinicultura do semiárido brasileiro é uma
excepcionalidade no mundo, uma vez que está localizada entre os paralelos 8º e
9o S e produz, com escalonamento produtivo, uvas o ano todo totalizando duas
safras e meia em condições ambientais adversas como alta luminosidade,
temperatura média anual de 26oC, pluviosidade aproximada de 500mm, a 330m de
altitude, em solo pedregoso.
Seus vinhos possuem público crescente, porque são jovens
“vinhos do sol”, peculiares nos aromas e sabores, considerados como fáceis de
beber e apresentando boa relação comercial qualidade/preço. Aliado a essas
particularidades, diretamente associadas à produção de vinhos finos, o Vale é
ainda cenário de diversas belezas naturais, históricas e culturais. Estudos já
publicados permitem identificar que a região conta com diversas características
que comprovam o seu potencial turístico para o desenvolvimento da atividade,
como é o caso da sua história, riquezas ambientais e diversificada cultura
regional. Esses fatores estão relacionados à diversidade observada na região.
Isso é notado, principalmente, em decorrência da sua extensão. A Bacia do São
Francisco é a terceira maior bacia hidrográfica do país e a única que está
totalmente inserida no território nacional. Nela estão localizados 506
municípios contando com, aproximadamente, 13 milhões de habitantes, que
representa 9,6% da população brasileira.
Bem antes do Vale do São Francisco se consolidar como polo de
vitivinicultura, quem já exercia esse papel no Brasil era a região Sul. No
século 19, o Rio Grande do Sul, mesmo com as condições climáticas
desfavoráveis, passou a ser considerado um polo crescente nesse meio – e até
hoje segue inserido no ramo. Mas, a chegada de imigrantes estrangeiros no país
trouxe o conhecimento técnico e a noção de mercado, o que fez com que outras
regiões brasileiras também mostrassem a sua capacidade produtiva. É na década
de 1960 que o Nordeste entra em cena e o Vale do São Francisco inicia a sua
trajetória na produção de uvas e vinhos, com a implantação das primeiras
videiras. Nos anos de 1963 e 1964, foram instaladas duas estações
experimentais, nos municípios de Petrolina, no Sertão de Pernambuco e Juazeiro,
na Bahia, onde seriam implantados, respectivamente, o Projeto Piloto de
Bebedouro e o Perímetro Irrigado de Mandacaru.
Apesar da escassez de chuva, o clima quente e seco do
semiárido mostrou-se terreno fértil para a vitivinicultura e, na mesma década,
outras cidades do Sertão de Pernambuco passam a fazer parte da cadeia
produtiva. O pioneirismo da vitivinicultura no Nordeste é representado pelo
Sertão Pernambucano, que iniciou a sua trajetória na vitivinicultura na década
de 1960, produzindo vinhos base para vermutes, na cidade de Floresta, uvas de
mesa em Belém do São Francisco e em Santa Maria da Boa vista, localidade que na
época se chamava Coripós. Entre os anos 80 e 90, a região banhada pelo Rio São
Francisco passa a ser conhecida também pela produção de vinhos finos, e em 1984
é produzido o primeiro vinho no Vale do Submédio São Francisco, com a marca
Boticelli. O fortalecimento da vitivinicultura no Vale do Submédio São
Francisco se deu com a instalação de vinícolas na Fazenda Milano, em Santa
Maria da Boa Vista – PE e Fazenda Ouro Verde, em Casa Nova, na Bahia, que
passaram a produzir vinhos finos. Ao longo da década de 1990, ganha destaque a
vitivinicultura tecnificada e a produção de uvas sem sementes. É também nessa
época, que cresce o investimento de grupos empresariais na região. A instalação
de uma infraestrutura física, como construção de packing houses, melhoria no
sistema rodoviário e portuário, e, sobretudo, a organização dos produtores em
associações e cooperativas, desempenharam um importante papel na consolidação
das exportações de uvas de mesa do Vale do Submédio São Francisco. A partir dos
anos 2000, a produção se fortalece ainda mais com a implantação de outras
vinícolas e vitivinícolas e também com as iniciativas públicas. Ações
governamentais e de ensino, pesquisa e inovação, a partir do ano 2000,
trouxeram novas tecnologias de produção e processamento de uvas e o
reconhecimento de atores internacionais. É nessa época que surge a Escola do
Vinho do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, do Instituto
Federal do Sertão Pernambucano.
Estruturação de IG (Indicação Geográfica)
A estruturação da Indicação de Procedência Vale do São
Francisco para vinhos está vinculada a projeto financiado pelo MCT/Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico - CNPq. A ação do projeto,
voltada para a estruturação da IG, tem as seguintes instituições de CT&I
como executoras: Embrapa Uva e Vinho (coordenação) em parceria com a Embrapa
Semiárido, Embrapa Clima Temperado, UCS, UFLA, UFP e IF Sertão. O setor
vitivinícola da região é representado pelo “Instituto do Vinho do Vale do São
Francisco” (Vinhovasf). O projeto conta, ainda, com outras instituições que
participam em diversas pesquisas para apoiar o desenvolvimento tecnológico da
vitivinicultura da região do Vale do São Francisco. Os produtos IP Vale do São
Francisco incluem os vinhos finos tranquilos brancos, rosados e tintos, o
espumante fino e o moscatel espumante.
E agora o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi intenso com reflexos
violáceos bem brilhantes. Com lágrimas grossas e abundantes.
No nariz predomina os aromas frutados, de frutas vermelhas
como cereja e framboesa, uma verdadeira compota de frutas, mas sem ser enjoativo,
sendo muito equilibrado.
Na boca é seco, de médio corpo para estruturado, reproduzindo
as notas frutadas percebidas no olfativo, com taninos presentes, mas domados e
sedosos, com um agradável toque de especiarias, algo herbáceo, diria. Tem
persistência no seu final, um retrogosto frutado.
O Rio Sol Tempranillo fez e faz parte da minha história! E,
com a safra 2017, a história continua sendo escrita, seguindo o seu curso de
maravilhas. Ele continua espetacular! Um vinho versátil, fresco, jovem,
descontraído, informal, mas que revela sua personalidade, sua expressividade,
dando-lhe certa complexidade. Que venham mais Rio Sol Tempranillo, que venham
mais vinhos do Vale do São Francisco e que essas terras continuem férteis e
enchendo as nossas taças e abrilhantando as nossas mesas com muita celebração.
Tem 13% de teor alcoólico.
Sobre a Vinícola Santa Maria:
Localizada no Vale do São Francisco com 120 hectares de área
plantada, a Rio Sol produz 1,5 milhão de quilos de uva anualmente. Entre as
espécies plantadas estão uvas tintas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonês,
Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tempranillo e Merlot, além das brancas
Chenin Blanc, Viognier e Moscatel. Este é o único lugar do mundo que produz,
hoje, duas safras de uvas por ano, resultado das características naturais da
região e do conhecimento de seus produtores. É no mesmo local onde se situa a
indústria da Rio Sol, onde toda a linha de produtos da empresa é produzida e
engarrafada, seguindo os mais modernos conceitos de qualidade. A empresa conta
com modernos tanques com controle de temperatura e pressão, sala de barricas
para estágio dos vinhos em barris de carvalho francês e uma linha de
engarrafamento e rotulagem que utiliza tecnologia importada, semelhante a
utilizada nas outras vinícolas do grupo na Europa. Anualmente são produzidas,
aproximadamente, 2 milhões de garrafas, entre vinhos e espumantes, distribuídos
para todo o Brasil. Toda essa produção é acompanhada de perto pela equipe de
qualidade da Rio Sol, que atua tendo como foco a melhoria contínua da qualidade
e a adequação dos produtos às tendências de mercado, sempre visando a
sustentabilidade e a segurança do processo. A Rio Sol possui certificação
internacional ISO 9001, que atesta os rigorosos controles de qualidade da
produção de uvas e elaboração de vinhos.
Sobre a Global Wines:
O Grupo Global Wines nasceu em 1990 no Dão, com o nome Dão Sul. A sua missão era ser a maior empresa da mais antiga região de vinhos tranquilos de Portugal, o Dão. Quando o objetivo foi atingido, partiram para outros sonhos, outras aventuras, outras regiões e outros países. Ainda são a empresa de vinhos líder do Dão. Mas também são uma empresa de vinhos da Bairrada, do Alentejo, de Portugal e até o Brasil. Tem atualmente 5 Espaços de Enoturismo, 3 dos quais com restaurante, onde procuram conjugar o vinho e a gastronomia, despertando como as melhores sensações, na experiência perfeita. Recebem, diariamente, pessoas de todas as partes do mundo, a quem procuram dar a melhor experiência de vinho e gastronomia. Atualmente estão presentes nos 5 continentes e as suas marcas chegam a mais de 40 países.
Mais informações acessem:
https://www.vinhosriosol.com.br/principal/
https://www.globalwines.pt/#globalwines
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