sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Castelo de Borba Antão Vaz 2020

 

O raio não cai duas vezes no mesmo lugar! Lembra daquele ditado tão popular entre nós? Eu pergunto: Será que realmente não cai duas vezes no mesmo lugar? Não acredito que essa frase seja regra no universo dos vinhos e acho que não deveria, dada, claro, as devidas proporções.

Não vejo nenhum problema em degustar, mais de uma vez, o mesmo rótulo, seja a mesma safra ou safras distintas, sobretudo a segunda opção, haja vista que embora o rótulo traga a mesma casta, seja a mesma linha de rótulos, algumas peculiaridades podem ser percebidas nos vinhos, porque temos a influência do clima, do tempo interferindo no produto final, o nosso bom e velho vinho.

E quando falo em devidas proporções, a repetição de degustação de um mesmo rótulo, embora seja safra diferente, pode acarretar na temida e silenciosa zona de conforto. Afinal temos uma gama tão grande de opções, propostas de vinhos que seria no mínimo leviano da nossa parte, nos permitir degustar outros rótulos e expandir as nossas experiências sensoriais.

E decidi levar a repetição a ferro e fogo um vinho que degustei recentemente da minha querida e preferida região lusitana do Alentejo e de uma casta que é típica da região. Uma variedade que, se a ciência derrubar a máxima, só existe no Alentejo: falo da branca mais famosa da região, a Antão Vaz.

E não é só o privilégio e a honra de degustar a Antão Vaz, mas também por um laço afetivo que me une ao Alentejo. Nunca estive na região, mas foi graças aos seus vinhos que os vinhos portugueses entraram na minha vida. Não poderia ter começado da melhor forma!

Então sem mais delongas vamos às apresentações da minha segunda experiência com esse rótulo. Falo do Castelo d’Borba da casta Antão Vaz (100%) da safra 2020. Havia degustado o mesmo vinho da safra 2018, cuja resenha pode ser lida aqui, em 2022. Com quatro anos de garrafa me parecia que estava em algum declínio, mas ainda palatável. As notas frutadas, a acidez, características de quando um branco com essa proposta, ainda é jovem, não estava tão perceptível.

Então decidi, ainda degustando o da safra 2018, comprar o mesmo vinho de uma safra distinta e não levar tanto tempo para fazer o exercício das comparações entre as duas safras, tendo em vista o tempo em que cada um deles foram degustados. Porém antes de tecer tais comentários, falemos um pouco da Antão Vaz e da grande região alentejana.

Alentejo

Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas. As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos.

Alentejo

Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

História (Passado, presente e futuro)

A história do vinho e da vinha no território que é hoje o Alentejo exige uma narrativa longa, com uma presença continuada no tempo e no espaço, uma gesta ininterrupta e profícua que poucos associam ao Alentejo. Uma história que decorreu imersa em enredos tumultuosos, dividida entre períodos de bonança e prosperidade, entrecortados por épocas de cataclismos e atribulações, numa flutuação permanente de vontades, com longos períodos de trevas seguidos por breves ciclos iluministas e vanguardistas.

É uma história faustosa e duradoura, como o comprovam os indícios arqueológicos presentes por todo o Alentejo, testemunhas silenciosas de um passado já distante, evidências materiais da presença ininterrupta da cultura do vinho e da vinha na paisagem tranquila alentejana. Infelizmente, por ora ainda não foi possível determinar com acuidade histórica quando e quem introduziu a cultura da videira no Alentejo.

Mas ainda assim pode-se afirmar que a história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente há 3.000 anos atrás.

Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas.


Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegaram com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseado na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural.


Os gregos, cuja presença é denunciada pelas centenas de ânforas catalogadas nos achados arqueológicos do sul de Portugal, sucederam aos fenícios no comércio e exploração dos vinhos do Alentejo. Por esta época, a cultura da vinha no Alentejo, apesar de incipiente, contava já com quase dois séculos de história. A persistência de uma cultura da vinha e do vinho, desde os tempos da antiguidade clássica, permite presumir, com elevado grau de convicção, que as primeiras variedades introduzidas no território nacional terão arribado a Portugal pelo Alentejo, a partir das variedades mediterrânicas.

É mesmo provável, se atendermos os registros históricos existentes, que a produção alentejana tenha proporcionado a primeira exportação de vinhos portugueses para Roma, a primeira aventura de internacionalização de vinhos portugueses! A influência romana foi tão peremptória para o desenvolvimento da viticultura alentejana que ainda hoje, dois mil anos após a anexação do território, as marcas da civilização romana continuam a estar patentes nas tarefas do dia-a-dia, visíveis através da utilização de ferramentas do quotidiano, como o Podão, instrumento utilizado intensivamente até há poucos anos. Mas foi no aproveitamento das talhas de barro, prática que os romanos divulgaram e vulgarizaram no Alentejo, que a influência romana deixou as suas marcas mais profundas e até hoje é difundida, dada a devida proporção, por alguns abnegados produtores, e claro, a sua população.

Com a emergência do cristianismo, credo disseminado quase instantaneamente por todo o império romano, e face à obrigatoriedade da presença do vinho na celebração eucarística da nova religião, abriram-se novos mercados e novas apetências para o vinho. A fé católica, ainda que indiretamente, afirmou-se como um fator de desenvolvimento e afirmação da vinha no Alentejo, estimulando o cultivo da videira na região.

Com tantas influências culturais o Alentejo sofreu com algumas crises e a primeira se deu exatamente entre os cristãos e muçulmanos. Embora os mulçumanos tenham se mostrando tolerante com os costumes dos povos conquistados, consentindo na manutenção da cultura da vinha e do vinho, sujeitando-a a duros impostos, mas autorizando a sua subsistência, logo nasceu uma intolerância crescente para com os cristãos e os seus hábitos, manifesta no cumprimento rigoroso e vigoroso das leis do Corão.

Inevitavelmente, a cultura do vinho foi sendo progressivamente negada e a vinha gradualmente abandonada, reprimida pelas autoridades zelosas das regiões ocupadas. Com a invasão muçulmana a vinha sofreu o primeiro revés sério no Alentejo. A longa reconquista cristã da península ibérica, riscada de Norte para Sul, geradora de incertezas e inseguranças, com escaramuças permanentes entre cristãos e muçulmanos, sem definição de fronteiras estáveis, maltratou ainda mais a cultura da vinha, uma espécie agrícola perene que, por forçar à fixação das populações, foi sendo progressivamente abandonada.

Foi só após a fundação do reino lusitano, concorrendo através do poder real e das novas ordens religiosas, que a cultura do vinho regressou com determinação ao Alentejo. Poucos séculos mais tarde, já em pleno século XVI, a vinha florescia como nunca no Alentejo, dando corpo aos ilustres e aclamados vinhos de Évora, aos vinhos de Peramanca, bem como aos brancos de Beja e aos palhetes do Alvito, Viana e Vila de Frades.

Em meados do século XVII, eram os vinhos do Alentejo, a par da Beira e da Estremadura, que gozavam de maior fama e prestígio em Portugal. Desventuradamente, foi sol de pouca dura! A crise provocada pela guerra da independência, logo secundada por nova crise despertada pela criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, instituída pelo Marquês de Pombal como justificação para a defesa dos vinhos do Douro em detrimento das restantes regiões, com arranques coercivos de vinhas em muitas regiões, deu matéria para a segunda grande crise do vinho alentejano, mergulhando as vinhas alentejanas no obscurantismo.

A crise foi prolongada. Foi preciso esperar até meados do século XIX para assistir à recuperação da vinha no Alentejo, com a campanha de desbravamento da charneca e a fixação à terra de novas gerações de agricultores. Nasceu então mais uma época dourada para os vinhos do Alentejo, período que infelizmente viria a revelar ser de curta duração. O entusiasmo despertou quando se soube que um vinho branco da Vidigueira, da Quinta das Relíquias, apresentado pelo Conde da Ribeira Brava, ganhou a grande medalha de honra na Exposição de Berlim de 1888, a maior distinção do certame, tendo sido igualmente apreciados e valorizados vinhos de Évora, Borba, Redondo e Reguengos.

Pouco anos mais tarde, decorria o ano de 1895, edificou-se a primeira Adega Social de Portugal, em Viana do Alentejo, pelas mãos avisadas de António Isidoro de Sousa, pioneiro do movimento associativo em Portugal. Desafortunadamente, este período de glória viria a terminar abruptamente. Duas décadas passadas, já na primeira metade do século XX, sobreveio um conjunto de acontecimentos políticos, sociais e econômicos que contribuíram decidida e decisivamente para a degradação da viticultura alentejana.

Antônio Isidoro de Sousa

Ao embate da filoxera, somou-se a primeira das duas grandes guerras mundiais, as crises econômicas sucessivas, e, sobretudo, a campanha cerealífera do estado novo que suspendeu e reprimiu a vinha no Alentejo, apadrinhando a cultura de trigo na região que viria a apelidar como "celeiro de Portugal". A vinha foi sendo sucessivamente desterrada para as bordaduras dos campos, para os terrenos marginais em redor de montes, aldeias e vilas, para as pequenas courelas em redor das povoações, reduzindo o vinho à condição de produção doméstica para autoconsumo. Em poucos anos o vinho no Alentejo, salvo raras exceções, desapareceu enquanto empreendimento empresarial.

Foi sob o patrocínio solene da Junta Nacional do Vinho, já no final da década de 1940, que a viticultura alentejana ganhou a primeira oportunidade de recobro, ainda que de forma titubeante.

O movimento associativo foi preponderante para o ressurgimento da atividade vitícola no Alentejo. Em 1970, sob os auspícios da Comissão de Planeamento da Região Sul, foi anunciado o estudo "Potencialidades das sub-regiões alentejanas", coadjuvado dois anos mais tarde pelo estudo "Caracterização dos vinhos das cooperativas do Alentejo. Contribuição para o seu estudo", do professor Francisco Colaço do Rosário, ensaios acadêmicos determinantes para o reconhecimento regional e nacional do potencial do Alentejo. Associando várias instituições ligadas ao setor e tirando proveito das sinergias criadas, o Alentejo conseguiu estabelecer um espírito de cooperação e entreajuda entre os diversos agentes.

Com a criação do PROVA (Projeto de Viticultura do Alentejo), em 1977, foram criadas as condições técnicas para a implementação de um estatuto de qualidade no Alentejo, enquanto a ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), fundada em 1983, foi arquitetada para promover a cultura da vinha nos diferentes terroirs do Alentejo.

Em 1988 regulamentaram-se as primeiras denominações de origem alentejanas, fundamento para o estabelecimento, em 1989, da CVRA (Comissão Vitivinícola Regional Alentejana), garante da certificação e regulamentação dos vinhos do Alentejo.

Antão Vaz

A uva Antão Vaz é uma das variedades brancas de Portugal e é cultivada principalmente em torno da região do Alentejo, com clima quente e seco. É uma das mais importantes da região, considerada o orgulho branco do Alentejo.

É uma das mais importantes da região, considerada o orgulho branco do Alentejo. A variedade é utilizada por inúmeros produtores, visto que se adapta e consegue expressar muito bem suas características no terroir de Alentejo. Os bagos da Antão Vaz são bem agrupadas e apresentam pele espessa, aumentando sua resistência contra doenças, bem como em regiões de seca.

Assim como a uva Chardonnay, a Antão Vaz é uma variedade extremamente versátil, dando origem a diferentes estilos de vinho. O tempo da colheita é um importante fator nesse contexto: se as bagas forem colhidas mais cedo, os vinhos originados apresentarão notas cítricas e boa acidez; se deixadas na videira por mais tempo, dão origem a exemplares com excelente capacidade de envelhecimento. De um modo geral, a Antão Vaz gera vinhos com notas cítricas e de frutas tropicais maduras, além de toques minerais (às vezes, alguma salinidade).

A maior parte dos vinhos são produzidos para consumo imediato, no entanto, alguns dos melhores vinhos Antão Vaz podem ser envelhecidos durante anos, permitindo que as notas e aromas florais evoluam da melhor maneira, tornando-se exemplares complexos e únicos.

Por regra, dá origem a vinhos estruturados, firmes e encorpados. Os vinhos estremes anunciam aromas exuberantes, com notas de fruta tropical madura, casca de tangerina e sugestões minerais, estruturados e densos no corpo. A uva Antão Vaz também é permitida na elaboração dos vinhos do Porto brancos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha límpido e brilhante com discretos tons esverdeados e algumas concentrações de lágrimas finas e razoavelmente lentas.

No nariz é extremamente aromático e com destaque para as frutas brancas, tropicais, tais como limão, pera, abacaxi, maracujá e frutos amarelos maduros como pêssego, com delicados toques florais, que traz uma agradável sensação de frescor e um ligeiro especiado, talvez, com um quê de mineralidade.

Na boca é fresco, leve e cativante, sobretudo pelo aspecto frutado que protagoniza como no quesito olfativo. Tem marcante personalidade, é volumoso, cheio e suculento, por ser também alcoólico, mas sem agredir ao palato, mostrando-se equilibrado. Tem ótima acidez que saliva e um final longo e persistente com retrogosto frutado.

É notável a diferença entre os rótulos! Não tão somente pelas safras, que também pode ser predominante para as características dos vinhos, mas também pelo tempo em que cada um foi degustado: o primeiro levou quatro anos na garrafa e o segundo apenas dois anos! Mas ainda assim não esconde uma característica bem comum aos dois rótulos: vinho maduro, com aquelas frutas brancas maduras que lhe confere a já personalidade que precede os rótulos do velho Alentejo, que de velho nada tem, pois nos entregam vinhos contemporâneos que inundam as taças mais versáteis, dos que gozam de uma vasta litragem, os exigentes e aqueles que se aventuram a pouco tempo no universo cativante do vinho. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Borba:

Fundada em 1955, as raízes da Adega de Borba remontam a um passado ainda mais longínquo no qual Portugal não era considerado reino.

A vinha está presente no Alentejo há mais de 3.000 anos. Foi a partir do século XVIII que a produção de vinho em Borba floresceu, contribuindo para um acentuado crescimento econômico e social da região. Desde então, vários acontecimentos marcaram o setor vitivinícola: uns de forma positiva, como a implementação de técnicas mais modernas de produção, e outros de forma negativa, nomeadamente a destruição provocada pela Guerra da Restauração e Invasões Napoleônicas.

Já nessa época existia uma produção pulverizada em pequenas adegas tradicionais, com talhas, ocupando parte de inúmeras casas de habitação dispersas pelas vilas e lugares.

Era esta a realidade quando, no dia 24 de abril de 1955, um conjunto de produtores insatisfeitos com as condições que eram praticadas no mercado controlado por “intermediários” em termos de preços e margens, cientes da necessidade de ganharem escala e massa crítica para investirem em novas tecnologias e em marcas comerciais fortes, decidiu unir-se para fundar a Adega Cooperativa de Borba.

Independentemente destas oscilações, a importância da vinha em Borba nunca se dissipou e foi sempre a grande cultura agrícola da região.

Já nessa época existia uma produção pulverizada em pequenas adegas tradicionais, com talhas, ocupando parte de inúmeras casas de habitação dispersas pelas vilas e lugares. Era esta a realidade quando, no dia 24 de abril de 1955, um conjunto de produtores insatisfeitos com as condições que eram praticadas no mercado controlado por “intermediários” em termos de preços e margens, cientes da necessidade de ganharem escala e massa crítica para investirem em novas tecnologias e em marcas comerciais fortes, decidiu unir-se para fundar a Adega Cooperativa de Borba.

Mais informações acesse:

https://adegaborba.pt/

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/antao-vaz

“Vinha”: https://www.vinha.pt/wikivinha/section/casta-vinho/antao-vaz/

“Soul Wines”: https://www.soulwines.com.br/uvas-de-vinhos/antao-vaz

“Mesa Completa”: https://www.mesacompleta.com.br/descubra-a-antao-vaz/

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/turismo/roteiros/vinhos-da-sub-regiao-da-vidigueira-denominacao-de-origem-alentejo/

“Rota dos Vinhos de Portugal”: http://rotadosvinhosdeportugal.pt/enoturismo/alentejo-2/borba/

“Vinhos do Alentejo”: https://www.vinhosdoalentejo.pt/pt/vinhos/historia-dos-vinhos/

 

 
















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