terça-feira, 19 de maio de 2020

Os formatos das garrafas


A produção de vinho é desde sempre entrelaçada com a necessidade de conservar o ‘‘sagrado néctar’’ num recipiente adequado que seja capaz de mantê-lo em boas condições e também de permitir e facilitar seu transporte. Depois de várias tentativas, a história acabou escolhendo a garrafa de vidro como padrão internacional. Ela teria tido origem nos meados do século XVII, mas foi somente um século depois que a garrafa começou a tomar a aparência atual; e mesmo tendo seus detratores (os adeptos do bag-em-box, os das latas, e até aqueles que querem substituir o vidro com plásticos ou em fibras tecnológicas), hoje em dia a garrafa de vidro continua sendo considerado o recipiente ideal para armazenamento e afinamento do vinho.

As partes das garrafas

O formato das garrafas é modelado para que suas características físicas sejam apropriadas para armazenagem e serviço do vinho. Cada garrafa é formada pelas seguintes partes: gargalo, pescoço, ombro, bojo e base.



A base é obviamente o apoio da garrafa. Ela possui frequentemente uma concavidade inferior (de diferentes volumes, dependendo do caso) que tem uma função útil, sobretudo para a decantação de vinhos maduros sujeitos a formação de sedimentos (borra). Com a garrafa em posição vertical os sedimentos irão se depositar ao longo do círculo criado pela concavidade e dificilmente poderão voltar em suspensão.

O clima é importante para a produção de boas uvas. Enquanto o calor é dos mais agastantes, o inverno é frio e chuvoso. O clima, com toda essa variação, traz as condições perfeitas para o plantio dos vinhedos e a produção de vinhos excepcionais.

O bojo é o corpo principal da garrafa, praticamente o local onde propriamente pegamos a garrafa para começar o serviço.

Os ombros também são importantes para o serviço e decantação do vinho. Eles servem como barreira contra os sedimentos acima citados durante o serviço. Quanto mais acentuados os ombros, mais a borra irá se esbarrar contra o vidro e mais dificilmente os depósitos sairão da garrafa.

O pescoço é logicamente a parte da garrafa que a partir dos ombros vai se estreitando, aquela que favorece o escorrimento do liquido de maneira mais fluida e rápida.

O gargalo é a parte final da garrafa, ficando bem acima do pescoço (seria a cabeça) e tem uma dupla utilidade. A primeira é que seu formato cilíndrico protuberante funciona como bloqueio de segurança, evitando que a garrafa escorregue da mão. A segunda é de dar maior força e estrutura no local onde é colocada a rolha. Ademais, no caso dos espumantes, ajuda a manter firme a gaiola metálica que segura a rolha.

A partir destas ‘’regras’’ existem garrafas de vinho de diferentes formas e podemos perceber que elas variam, muitas vezes, em função da região produtora, tipologia de vinho e variedade de uva utilizada.

Formatos das garrafas clássicas




Garrafas tipo Bordeaux (01), possuem corpo reto, com ombros definidos. Podem ser verdes ou transparentes no caso de vinhos brancos. Um dos tipos de garrafas de vinho mais tradicionais possui bojo cilíndrico, ombros bastante acentuados e pescoço não muito comprido. Serve tanto os vinhos tintos quanto os brancos, mas principalmente Cabernet Sauvignon e Merlot, originários da região de Bordeaux. A coloração pode ser verde ou transparente.

Vinhos do Loire (França) são envazados em garrafas tipo Borgonha (02). Possuem ombros mais suaves e atenuados, com bojo mais largo. Usado mundialmente para sinalizar uvas típicas de Borgonha, como a Pinot Noir e Chardonnay. A cor predominantemente é o verde.

Garrafas Alsácia (03) é típica da região Alsácia na França. Não possui ombros e são bem compridas. Os vinhos alemães seguem este formato também, podendo ser apresentados nas cores verde, preto, caramelo e azul.

Garrafas do tipo Champagne (04) são típicas de Epernay e Reims na França, mas são utilizadas para acondicionar praticamente todos os tipos de espumantes produzidos ao redor do mundo. Muito semelhante à Borgonhesa, mas com ombros mais baixos e longo pescoço. Possui vidro mais espesso para conter a pressão interna.

Garrafas Francônia (05) são típicas de Franken na Alemanha. Daí a origem do nome Francônia. Além de vinhos alemães, essas garrafas são utilizadas também em diversos vinhos portugueses, incluindo vinhos verdes produzidos na região do Minho.

Vinhos Madeira ou Jerez da Espanha, tipicamente possuem formatos de garrafas conforme a garrafa 06 (ver figura). Muitas regiões na Espanha, utilizam garrafas parecidas com as Bordeaux, porém mais longas e com leve inclinação no bojo (07). Os vinhos do Porto, produzidos em Portugal, possuem formatos parecidos com as garrafas de vinhos Jerez e Madeira, sendo que são um pouco menores e seus formatos variam um pouco de produtor para produtor (08 e 09).

Garrafas Contemporâneas:

Muitos formatos são inventados por produtores para promover seus produtos. A garrafa, no entanto, definitivamente não indica a qualidade de um vinho. Há garrafas típicas de vinhos populares na França (13) ou garrafas com desenhos, como o vinho Italiano chamado PesceVino, que possui a garrafa com formato de peixe.

Garrafas para vinhos de sobremesa: 

Muitos vinhos de sobremesa são envazados em garrafas com 375 ml (15) e 500 ml (16). Geralmente são vinhos de colheita tardia, ou feitos a partir de uvas botritizadas. Alguns vinhos do Porto, Jerez, Tokaji e Marsala também podem vir em garrafas como estas. Muitas vezes os vinhos de sobremesa são apresentados em garrafas menores, porque são geralmente vinhos mais alcoólicos, que devem ser ingeridos em menor quantidade. Como estes vinhos são elaborados com uvas especiais e apenas em algumas safras, outro fator que contribui para a redução do conteúdo, é o preço.

Tamanhos especiais:

Hoje em dia, é comum encontrarmos garrafas com menor capacidade, para serem consumidas por uma ou no máximo duas pessoas. A vantagem é que não há desperdício de vinho, que oxida rapidamente após sua abertura. Garrafas com capacidade de 375 ml são chamadas de meia garrafa (17 e 18). Garrafas com 187,5 ml são chamadas de quarto de garrafa (19).  

Qual a diferença entre garrafas brancas e verdes?

Embora a maioria das garrafas de vinhos tintos seja verde e as de vinho branco e rosé seja transparente, a cor pode variar de acordo com as tradições de cada região (as do Reno, região da Alemanha, por exemplo, são marrons). Mas isso é exceção. Verde porque impede o contato direto da luz com o vinho (manter a distância da iluminação, natural ou artificial, é um dos princípios do bom acondicionamento da bebida se quiser preservar a qualidade dela por anos). Os vinhos acondicionados em garrafas transparentes – brancos e em rosés, em sua maioria – são feitos para consumo rápido, por isso a questão do contato com a luz não é tão relevante. É comum encontrar alguns brancos em garrafas verdes, e isso pode ser um indicativo sobre o potencial de guarda do vinho.

Por que o tamanho padrão de garrafas de vinho é 750 ml, e não um litro?

A gigantesca maioria das garrafas de vinho é fabricada no tamanho padrão de 750 ml – não nos outros 13 tamanhos existentes. Mas acredite, elas podem variar de 187 ml até 30 litros. Existem muitas lendas sobre o porquê do padrão ser 750 ml, mas o mais aceito é que o tamanho foi definido numa época em que os vinhos de Bordeaux eram comercializados pelos ingleses na própria barrica (ainda não eram vendidos na garrafa!). Além de eles não utilizarem o mesmo sistema métrico da França (um galão correspondia a 4,5 L), as barricas bordalesas tinham desde aquela época 225 litros, o que resulta em um total de 300 garrafas de 750 ml.


Para que serve o buraco no fundo das garrafas de vinho?

O buraco no fundo da garrafa, definitivamente, não deveria ser utilizado para ajudar na hora de servir o vinho em taça. Apesar de muitos o utilizarem com essa finalidade, foi criado para ajudar a empilhar as garrafas em um contêiner e facilitar o transporte da bebida por longas distâncias.

Existem garrafas de 30 litros de vinho? Quais são todos os tamanhos de garrafas de vinho?

Sim, existem garrafas de vinho com 30 litros de capacidade. E elas são raríssimas. A maioria das garrafas é feita em tamanho de 750 ml. Em outros tamanhos, é mais comum encontrar 375 ml ou 1,5 L. Os tamanhos menores surgiram para evitar a oxidação de um vinho para consumidores que não vão acabar com uma garrafa. Já as de tamanhos grandes são mais comuns em festas e celebrações (não à toa, é mais comum encontrar Champanhes em tamanhos maiores do que vinhos de outras regiões).

Confira abaixo uma lista com os diferentes tamanhos de garrafas de vinho (e quantas taças de vinho cada garrafa serve!):

Um quarto: 187 mL (serve 1,25 taça)
Meia garrafa: 375 mL (serve 2,5 taças)
Sobremesa: 500 mL (serve 3,3 taças)
Garrafa: 750 mL (serve 5 taças)
Magnum: 1,5 L (serve 10 taças)
Jeroboam (Jeroboão): 3 L (serve cerca 20 taças)
Réhobam (Roboão): 4,5 L (serve 30 taças)
Imperial ou Matusalém: 6 L (serve 40 taças)
Salmanazar ou Mordecai: 9 L (serve 60 taças)
Baltazar: 12 L (serve 80 taças)
Nebuchodonosur: 16 L (serve 100 taças)
Melchior: 18 L (serve 120 taças)
Salomão: 20 L (serve 133 taças)
Melquisedeque: 30 L (serve 200 taças)

Certamente, os formatos das garrafas contribuem para a beleza e apresentação do vinho, em conjunto com seus rótulos, rolhas, etiquetas e cápsulas, mas devemos tomar muito cuidado para que não sejamos induzidos a beber um vinho de baixa qualidade só porque foi envazado em uma garrafa bonita. Lembre-se: Não beba rótulo. Beba vinho!

Basicamente, as formas das garrafas de vinhos variam em função da região produtora, tipologia de vinho e variedade de uva utilizada. Reconhecê-las permite dizer muito sobre os conteúdos, sem sequer a leitura do rótulo. Um bom exercício para quem está começando a se inteirar dos mistérios do mundo dos vinhos, não acha?






sábado, 16 de maio de 2020

Veritas tinto 2015


Conhecimento agrega e muito em nossa vida. Remove montanhas e nos proporciona um mundo novo a cada aprendizado. E no mundo do vinho não é diferente. E não se restringe aos profissionais, enólogos e críticos de vinhos, mas também aos simples apreciadores da nobre bebida de Baco, aos enófilos, sobretudo aqueles que de fato buscam informações e incrementam em suas degustações boas doses de conhecimento. E essa afirmação está se manifestando exatamente hoje! Foi graças a minha incessante busca pelo conhecimento, a minha avidez pela informação, mesclada a curiosidade, que estou degustando um rótulo de uma região portuguesa que até pouco tempo atrás não conhecia no que tange ao seu potencial vitivinícola. E quando conheci foi por intermédio de outra emblemática região: Lisboa. Gosto muito dos vinhos lisboetas, sobretudo aqueles mais básicos, de entrada, sem tanta intervenção humana, mas muito bem feitos. E, ao olhar um mapa vitivinícola de Portugal na internet avistei a Península de Setúbal, próxima a de Lisboa. Pensei: Nunca degustei nenhum vinho dessa região. Comprei os meus primeiros rótulos e tive ótimas e agradáveis surpresas. Mas este foi muito especial! Surpreendente pelo custo X benefício.

O vinho que degustei e gostei, veio, como disse da Península de Setúbal, da sub-região de Palmela, e se chama Veritas, da SIVIPA, um corte das castas Castelão (70%), típica da região e de toda Portugal, também conhecida como “Periquita” e Cabernet Sauvignon (30%), casta mundialmente famosa, oriunda de terras francesas, da safra 2015, um DOC (Denominação de Origem Controlada) da sub-região de Palmela. E já que falei de aprendizado e conhecimento adquirido não pode passar despercebida uma breve história sobre a Península de Setúbal e da sua igualmente famosa sub-região de Palmela, considerada uma denominação de origem (DO) juntamente com Setúbal e também os vinhos regionais (IG).

Península de Setúbal

A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal. De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.


As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

DO Palmela:

Abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e, ainda, a freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra, a D.O. Palmela cobre a mesma área que a D.O. Setúbal, mas exclui a produção de Moscatel de Setúbal. Aqui, tanto nos tintos como nos brancos, há uma utilização predominante de certas castas que permitem produzir vinhos carismáticos, com personalidades fortes. Os vinhos tintos D.O. Palmela devem conter a casta Castelão, conhecida tradicionalmente por Periquita, em pelo menos 67% da sua produção. São, na sua maioria, vinhos tranquilos, ou seja, não são gaseificados. São caracteristicamente bastante aromáticos, com grande capacidade de envelhecimento e estruturados. Os jovens e os mais velhos distinguem-se pelo perfil e aromas. Enquanto que os primeiros são caraterizados por aromas como a cereja, a groselha e a framboesa, os mais velhos abarcam outros aromas mais secos, como a bolota e o pinhão.


Agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, razoavelmente escuro, com tons violáceos e lágrimas em abundância demorando a se dissipar, desenhando as paredes do copo.

No nariz uma profusão aromática de frutas maduras com toques discretos, mas evidentes, da baunilha e do tostado, evidenciado pela breve passagem por barricas de carvalho por 6 meses.

Na boca é seco, traz também muita fruta, com alguma estrutura, taninos presentes, mas sedosos, possivelmente pela passagem por madeira e pelo tempo de safra, com boa acidez, vivaz para um tinto, e um final prolongado, persistente.

Um vinho que, para muitos talvez, não aparenta drincabilidade, admito que não é um vinho “corriqueiro”, percebi até certa rusticidade, mas não tenho tanta certeza, afinal, apesar de ter um corpo médio, é um vinho que tem equilíbrio e até fácil de degustar. Vale também o registro quanto ao seu alto teor alcoólico, de 14%: ao desarrolhá-lo e ter me servido da primeira taça, de forma imediata, senti um tanto quanto alcoólico, mas deixei o mesmo respirando na taça por 5 minutos, aproximadamente, ficando mais redondo. Setúbal não é apenas dos Moscatéis, é também dos tintos! Harmoniza bem com comidas mais condimentadas e encorpadas como massas e carnes gordas.  Cabe aqui mais uma curiosidade: como disse a Castelão, que compõe 70% deste vinho e se encontra com facilidade nos vinhos produzidos em Setúbal e Lisboa, por exemplo, também se chama “Periquita”. Mas por quê? Foi em 1830 que José Maria da Fonseca a plantou na sua propriedade de Azeitão – Cova da Periquita – e cujos vinhos ganharam tanta fama, que difundiram o nome por toda a região.

Sobre a SIVIPA:

A SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, SA foi criada no ano de 1964 por um grupo de vitivinicultores que se uniram para formarem esta sociedade com o objetivo de engarrafar os vinhos das suas produções e de os colocarem no mercado. O objetivo seria conseguir obter uma mais valia através do mercado de vinhos engarrafados, pois nesta altura pretendia-se acabar com a comercialização de vinhos a granel e vinhos em barril. Entretanto na década de 90 entrou para o capital da sociedade uma das famílias com maiores tradições na produção de vinhos da região de Palmela, a família Cardoso, que através dos seus 400 ha de vinhas e com produções na ordem de 2 milhões de litros anuais assegurava uma maior homogeneidade na qualidade dos vinhos. Nesta altura começou-se a apostar nos vinhos certificados e de maior qualidade. Hoje em dia a Sivipa é uma sociedade com grande reputação na produção de vinhos e moscatéis.

Mais informações acesse:


Fonte para pesquisa sobre a Península de Setúbal: Vinhos da Península de Setúbal, em: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/



sexta-feira, 15 de maio de 2020

Casa Venturini Sauvignon Blanc 2015


O Brasil, apesar dos entraves burocráticos e tributários, segue com esmeros a nos mostrar novos rótulos, nos produtores e novos terroirs para os enófilos. E, graças aos eventos de degustação, que deveriam ser mais democráticos, sobretudo no que tange aos valores dos ingressos, que conheci uma vinícola e alguns dos seus principais rótulos. Lembro-me de como cheguei a rótulo que nesta resenha apresentarei. Estava conversando com um participante do evento e revelei que gostaria de comprar alguns vinhos brancos para abastecer a adega. Ele prontamente me indicou um stand de uma vinícola brasileira dizendo que, além da diversidade das opções, os valores estavam atrativos. Segui, com curiosidade, até o local e era a Casa Venturini e de fato, as opções de brancos tranquilos e espumantes eram muito boas, de valores a propostas de rótulos. Mas um me chamou a atenção: um da casta Sauvignon Blanc, um Sauvignon Blanc brasileiro! Até o momento nunca havia degustado um brasileiro desta casta. Portanto, na hesitei, comprei.

Aos que achavam, como eu, que só existem bons vinhos dessa casta no Chile, França e África do Sul, sim, temos ótimos Sauvignon Blanc nacionais e esse Casa Venturini, da região de Campos de cima da Serra, em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, da safra 2015. Um vinho que verdadeiramente degustei e gostei. Antes de falar do vinho, um breve histórico da Região gaúcha de Flores da Cunha.

Flores da Cunha

Desde o ano de 1876, o território que compõe o atual município de Flores da Cunha, passou a ser colonizado por imigrantes italianos, oriundos especialmente do Norte da Itália. A maior leva de colonizadores estabeleceu-se entre os anos de 1878 e 1890, época em que foi fundado o primitivo povoado de São Pedro e, posteriormente, o de São José, que reunidos, nos idos de 1885, formaram a vila de Nova Trento. Em 1890, por ocasião da elevação da antiga Colônia Caxias a condição de município, Nova Trento tornou-se a sede do 2º Distrito. Todavia, documentos afirmam que desde os primeiros anos do século XX, uma comissão formada por lideranças comunitárias locais, descontentes com a pouca atenção dada pelo município mãe, lutava insistentemente pela emancipação do distrito, o que só foi possível ver concretizado em 17 de maio de 1924. Pouco mais de nove anos depois, em 21 de dezembro de 1935, através de um Decreto Municipal assinado pelo então Prefeito Heitor Curra, com autorização do Conselho Municipal, alterou a denominação do município de Nova Trento para o de Flores da Cunha. Foi uma homenagem ao  então governador do estado General José Antônio Flores da Cunha, que, entre outras iniciativas beneficiou o município com a instalação do telégrafo, do Laboratório Bromatológico e com estudos para a construção de um ramal férreo entre Caxias do Sul e Nova Trento. Flores da Cunha é conhecida como a "Terra do Galo". Tal alcunha advém de um episódio ocorrido por volta do ano de 1934, quando um mágico teria passado pela cidade e prometido, durante o espetáculo, que cortaria a cabeça de um galo, e que com uma mágica, o faria cantar novamente. Porém, na hora da apresentação, o mágico, tendo entre os presentes algumas autoridades, viu-se aos apuros e fugiu deixando os presentes por algum tempo a esperá-lo de volta ao palco. O mágico nunca mais foi visto e o povo foi para casa sem compreender o que havia acontecido. Isso foi motivo de muita vergonha e deboches, advindos muitas vezes de moradores do município vizinho. Somente na década de 1960 foi possível revisitar o passado e recontar a história da vergonha como uma história de graça e de alegria.

Agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha, com aspecto límpido e muito brilhante.

No nariz traz um ataque aromático de frutas cítricas e brancas, notas florais e herbáceas, com muito frescor e jovialidade.

Na taça se reproduz as impressões olfativas, com corpo equilibrado, com acidez proeminente, instigante que lhe confere muito refrescância e um final frutado e de média persistência.

Definitivamente os brancos nacionais são destaques e não se enganem que está restrito aos espumantes. Um Sauvignon Blanc tipicamente brasileiro, com tipicidade, com o nosso DNA, um vinho com frescor, de estilo descompromissado e fácil de degustar. Harmoniza perfeitamente com carnes brancas, frituras, queijos leves e macarrão ao alho e óleo. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Venturini:

Fundada em 1989, a história da vinícola é cercada por tradição e conquistas. A trajetória começou por uma estrutura familiar antiga, surgida na região nos anos 1970. No final dos anos 1980, uma joint-venture de São Paulo juntamente com um enólogo gaúcho assume a vinícola. Com o passar dos anos e a tecnologia chegando a todos os setores, a vinícola passou por uma cuidadosa reestruturação, porém mantendo suas características originais. Tudo de olho na qualidade, mas sem perder a herança cultural, fundamental para a elaboração de bons vinhos. Em 1997, com nova mudança societária, a empresa passa a chamar-se Góes & Venturini. Em 2001, começa a produção da linha de vinhos finos, colocando no mercado produtos que posteriormente passariam a ser premiados em todo o mundo. Em 2009, ao completar 20 anos, o empreendimento inicia uma nova etapa abrindo o parque vitivinícola para visitação turística, entrando para o rol do enoturismo no Brasil. Em 2019, a Casa Venturini renova seu varejo fortalecendo e qualificando ainda mais o atendimento ao turista que visita a vinícola, em Flores da Cunha. A Casa Venturini elabora com esmero vinhos e espumantes de alto padrão a partir de uvas de excepcional qualidade, cultivadas na Serra Gaúcha, Campanha Gaúcha e Campos de Cima da Serra. São uvas cultivadas em terroir específico, reunindo assim um conjunto de fatores propício para a produção de vinhos finos. Esta busca constante por uma elaboração cada vez mais requintada é traduzida em premiações nacionais e internacionais.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2017

quarta-feira, 13 de maio de 2020

O que significa "Cuvée"?



A palavra Cuvée é originária de “cuve” que significa tanque ou cuba. Esse termo é utilizado especialmente na França e se refere ao vinho obtido da primeira prensagem da uva, e geralmente significa se tratar de um vinho de melhor qualidade, e que o produtor acredita ser o melhor ou um dos melhores da sua Maison em uma determinada safra. 

O termo possui dois significados distintos: um quando estamos falando de vinho e outro quando o assunto é espumante. Se você ouvir o termo em uma conversa sobre vinhos, Cuvée estará se referindo a uma mistura particular de vinhos, tipicamente feita com mais de uma variedade de uva ou safras. 

No caso dos espumantes, onde o termo é mais utilizado, Cuvée refere-se ao suco extraído da primeira prensagem da uva, que neste caso deve ser realizada de forma mais leve. É o produto mais desejado quando se fala em prensagem de uvas, já que possui maior acidez, riqueza aromática e coloração mais clara. É uma possibilidade ser utilizado para homenagear uma pessoa, um filho, o próprio enólogo – por exemplo, Cuvée do winemaker.

“Cuvée” é comumente utilizado, tanto para espumantes quanto para vinhos, para se referir a uma mistura que serve de base para a construção sensorial da bebida. Especialmente se tratando de espumantes, procura-se manter um padrão de qualidade ano após ano. Para isso, é essencial conseguir obter, por meio dessas misturas, características que sejam as mais próximas possíveis do último vinho lançado. 

As principais características de um Cuvée

Após o significado de “cuvée”, vamos apresentar as características principais da palavra, lembrando que pode haver especificidades entre um Cuvée de vinho e um de espumante.

É obrigatoriamente uma mistura, que pode ser de mais de um tipo de uva ou da mesma uva, mas geralmente de safras diferentes.

Os sucos ou mostos devem ser da primeira prensagem da uva, que ocorre de forma mais suave, assim garantindo um produto de maior qualidade.

No caso dos espumantes, os sucos obtidos são fermentados em tanques separados, logo são misturados (assemblage) para que sejam refermentados, seja pelo método champenoise (realizado em garrafa) ou pelo charmat (realizado em tanques).

Os "cuvées" de safras excepcionais geralmente comunicam nos rótulos a safra da uva, pois cada ano proporciona um padrão diferente de matéria-prima.

Nos espumantes, especialmente champanhes, o principal objetivo dos Cuvées é conseguir produzir, ano após ano, uma bebida com as mesmas características, como já abordado anteriormente. Afinal, diferente dos vinhos, a maior parte dos espumantes não são identificados por safra, justamente porque a qualidade das uvas varia muito e a mistura ocorre frequentemente.

Apesar de todas estas particularidades, vale lembrar que o uso da terminologia não é regulado, portanto cabe ao consumidor estar atento ao rótulo. Por isso, saber todas as informações que apresentamos aqui é bastante importante. 

Outros significados de Cuvée

O termo também pode adquirir alguns significados diferentes que vale a pena deixar registrado. Esse é um dos conceitos do mundo da enologia que possuem mais variações de significado, conforme a região em que estiver.

·      Cuba ou tanque utilizado para armazenar o vinho;

·      Vinho produzido em uma edição especial;

·      Vinho de um mesmo lote;

·      Vinho elaborado com uvas da primeira prensagem;

·      Vinho elaborado com uma mistura de diferentes sucos ou diferentes tipos de uva.

Entretanto, é importante ressaltar que todos esses significados fazem parte do que é um Cuvée. Eles são algumas vezes aplicados sozinhos, ou os Cuvées poderiam ser o conjunto de todas essas características listadas acima.


Fontes:



Site “Tudo de Vinho”, em: https://tudodevinho.com/2016/04/13/cuvee/



Crios Torrontés 2013


Não é muito fácil para nós, enófilos brasileiros, encontrar vinhos brancos estruturado, com corpo. O nosso mercado, até também pelas características climáticas, consome brancos mais leves, jovens e diretos, para rápida degustação. Claro que são propostas, seria imprudente fazer comparações de qualidade entre os brancos encorpados e leves, ficando apenas no campo monetário, afinal, os brancos mais encorpados são mais caros que os leves, certamente pelo fato dos primeiros passarem por barricas de carvalho encarecendo o produto, além, é claro, com os altos tributos que incidem sobre o vinho no Brasil. Contudo há castas e rótulos que entregam ao fiel e bom degustador dessa poesia líquida, vinhos de estrutura e com um bom custo, permitindo o investimento sem doer no bolso. Falo da Torrontés! Não há como não ter um legítimo Torrontés argentino na adega. É como a Malbec entre as tintas. A qualidade desta cepa precede a fama da Argentina.

O vinho que degustei e gostei é o excelente Crios da casta Torrontés (100%) da Susana Balbo Wines (Dominio del Plata) da safra 2013, que veio das regiões de Salta, em Cafayate e em Mendoza, no Vale do Uco, sendo um “corte de Torrontés, pois veio de duas regiões distintas, apesar de ser um vinho varietal. A região de Mendoza é mais famosa e emblemática, onde a Argentina é exportada, mas Salta é pouco comentada entre nós brasileiros, então, vamos, antes de falar do vinho, traçar um breve histórico da região.

Salta

Salta é uma sub-região da região do Norte. Tem uma área de vinhos que equivale, em hectare, a 2.919,10, com altitude de seus vinhedos de 1.280 a 3.005 msnm. Suas principais localidades são: Cachi, Molinos (Colomé), Angastaco, San Carlos, Yacochuya e a mais conhecida, Cafayate.


A produção de vinhos em Cafayate é antiga, e a cidade ficou famosa desde 1950 pela qualidade dos seus Torrontés. Essa uva tem uma tendência de produzir um amargor no paladar devido à presença de potássio no solo, e exatamente os solos da região de Cafayate são pobres em potássio, evitando essa característica indesejável nos vinhos de Torrontés. A altitude e as noites frias típicas do local contribuem então para um estilo elegante e delicado dos Torrontés de Salta. Na altitude de Salta o clima desértico oferece intensa luz ultravioleta ao longo do dia e uma importante diferença de temperatura durante a noite, uma variação de mais de 25ºC, constituindo um clima único e especial para a vinicultura. Em algumas localidades não chove nada ao longo do ano, então as águas dos rios de degelo são fundamentais para a vinicultura e para outras culturas locais. Salta teve produção de vinhos desde o século 19, apesar das dificuldades de transporte na região montanhosa e árida. O Torrontés local mereceu especial atenção dos produtores por suas qualidades típicas.

Vamos ao vinho!

Na taça exibe um amarelo ouro, muito brilhante e reluzente com algumas finas lágrimas já denunciando certa estrutura, mas que logo se dissipa.

No nariz um exuberante aroma de flores brancas, com toques generosos de frutas brancas, onde se nota abacaxi, maçã verde, pêssego.

Na boca é untuoso, estruturado, pois é conservado por três meses sobre as borras, mas muito fresco, jovem, frutado, com toques cítricos, rica acidez e um final persistente e agradável.

Um Torrontés que alia complexidade, estrutura, mas que não renuncia seu frescor, jovialidade, sendo macio, fácil de degustar e muito versátil, sobretudo no quesito harmonizações que vai de massas como pizza a carnes brancas. Tem 13% de teor alcoólico. Vale uma curiosidade sobre o nome da linha de vinhos “Crios”: Susana Balbo decidiu, ao criar essa linha de vinhos mais jovens da vinícola, seus filhos que na época, eram crianças, daí o nome “crios” que significa “criança”.

Sobre a enóloga Susana Balbo:

Nascida em uma família tradicional e desafiando as convenções sociais da era Susana, ela decidiu se profissionalizar na produção de vinho. Dessa forma, em 1981, recebeu seu Bacharelado em Enologia como a melhor pós-graduação, tornando-se a primeira enóloga feminina na Argentina. Em 2012, ela foi a única argentina reconhecida pela revista Drinks Business como uma das mulheres mais influentes do mundo do vinho. Em 2015, a mesma publicação reconheceu a "Mulher do ano" (Mulher do ano de 2015 pela The Drinks Business) e, posteriormente em 2018, a nomeou como uma das "As 10 mulheres mais influentes do mundo da veio”. Sua experiência começou em Cafayate, Salta, responsável pela vinícola Michel Torino Sucession, especializada na produção de Torrontés. Depois, trabalhou em vinícolas muito importantes, como Martins e Catena Zapata. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Susana teve a oportunidade de atuar como consultora em importantes vinícolas internacionais em várias regiões vinícolas, o que lhe permitiu estar sempre na vanguarda das tendências do mercado e estilos de vinho. Ela também foi Presidente da Wines of Argentina (WOFA) três vezes (2006-2008, 2008-2010 e 2014-2016) e assumiu o cargo de vice-presidente de 2010 a 2012, tornando-se um ícone da indústria vinícola argentina e mundial.

Sobre a Susana Balbo Wines:

Em 1999, com quase duas décadas oferecendo seu talento ao aconselhamento de empresas nacionais e internacionais do setor vitivinícola, Susana Balbo decidiu realizar seu sonho de ter sua própria vinícola e foi para que Susana Balbo Wines se enraizasse no coração de Luján de Cuyo Mendoza. Após mais de dez anos de constante crescimento nos mercados internacionais, outro sonho se tornou realidade: seus filhos, José, um enólogo da UC Davis (Califórnia) e Ana, formada em Administração de Empresas pela Universidade de Em San Andrés, eles decidiram continuar com a tradição da família e se juntar à equipe Susana Balbo WInes. Nos últimos anos, Susana e sua equipe trabalharam duro para atender aos mais altos padrões de qualidade em nível internacional, demonstrando seu compromisso com os problemas mais importantes do século XXI: segurança alimentar, sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.

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Fonte do histórico de Salta: Academia do Vinho, em: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SALTA

Degustado em: 2018



Baron de Bordeaux tinto 2012


Degustar um vinho da emblemática e histórica região de Bordeaux é como se estivéssemos recintando poesias líquidas. Não há como passar pelo mundo do vinho sem o protagonismo de seus rótulos, a experiência se torna indispensável. Claro que os mais complexos e famosos vinhos dessa região está muito distante da realidade econômica e social de muitos brasileiros com salários com baixíssimo poder de compra e tantas outras responsabilidades que requer financiamentos ou custeios. Mas há uma variedade de vinhos, nas mais diversas e distintas propostas que, com um pouco de interesse e dedicação, encontra aquele vinho que você se identifica, que você deseja, seja ele tinto, branco, mais frutado, jovem ou encorpado. Ler Guia definitivo dos vinhos de Bordeaux

E por falar em valores e garimpagem de rótulos descobri um com valor surpreendente! Porém da mesma forma que o valor baixo seduz pode nos trazer certos receios, questionamentos quanto a sua qualidade, embora valor não seja demérito para rótulos e propostas de vinhos. Pesquisei um pouco sobre o mesmo e, com um espírito “aventureiro” resolvi compra-lo. O vinho surpreendeu! O vinho que degustei e gostei, como disse, veio de Bordeaux e se chama Baron de Bordeaux, com o típico blend da região com as castas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc da safra 2012.

Na taça tem um vermelho rubi escuro, com discretos toques acastanhados, atijolados, talvez pelo tempo de safra (o degustei em 2019, com sete anos de vida!), com lágrimas finas com razoável abundância e que brevemente se dissipam das paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas, mas não muito em evidência, com notas de especiarias e pimenta.

Na boca reproduz as impressões olfativas, com certa complexidade, mas harmonioso, com taninos sedosos, pouca acidez e um final de média persistência.

Apesar da safra o vinho se revelou pleno, a presença da fruta não era tão evidente, abundante, talvez pelo tempo de vida, de safra, mas ainda mostrava uma “jovialidade” e uma personalidade marcante adquirido pela “idade”, mas um vinho equilibrado, de corpo médio, garantido pela predominância da casta Merlot, afinal, este vinho foi produzido na margem direita do rio Gironde e que, de acordo com o produtor o mesmo veio de encostas montanhosas, na fronteira com as margens retas do Garonne e Dordogne, com condições ideais da incidência solar. A vinha está espalhada por todo o departamento de Gironde, com a natureza de seu magnífico terroir.


O mesmo tem 13% de teor alcoólico bem integrados, quase imperceptíveis e teve passagem por tanques de aço inoxidável e concreto.

Sobre o rótulo “Baron de Bordeaux”:

O nome “Baron de Bordeaux” foi inspirado pela aristocracia francesa do século XVIII. O famoso Barão Montesquieu, filósofo de Bordeaux, fazia parte da corrente do Iluminismo e foi determinante na história da França. Nascido em 18 de janeiro de 1689 no Brède, ele escreveu a melhor parte de seu trabalho lá.

Sobre a Producta Vignobles:

A Producta Vignobles é um grupo de produtores, de caves cooperativas, que foi fundada em 1949, na região de Bordeaux. Especialistas em vinhos nas áreas de compras, qualidade, marketing, logística e comércio, as missões da vinícola são: Desenvolver vinhos de qualidade em perfeita harmonia com a promessa da denominação, criar um elo entre o enólogo e o consumidor, é a representação da vinha na taça dos consumidores, ser uma garantia de qualidade para o consumidor, ser parceiro dos clientes, com boa distribuição dos rótulos, oferecendo vinhos com terroir de Bordeaux. A Producta Vignobles também ostenta algumas facetas de pioneirismo na cultura vitivinícola francesa, tais como: pioneira na venda de marca própria, em 1980, aquisição de certificação ISO 9001 em 1990, desenvolvimento da abordagem Agri Confiance por vinícolas cooperativas, para viticultura responsável e sustentável, em 2010, em 2011 foi pioneira no design ecológico de uma nova garrafa "gravada", 100% reciclável e com pegada leve e uma abertura de escritório na China, em 2014 foi a primeira empresa na categoria de marketing de vinhos eleita por LA TRIBUNE OBJECTIF AQUITAINE e em 2015 introduziu-se ao mundo arte com sua série de obras de Product’Art. Produzem cerca de mais de 20 milhões de garrafas por ano. Tudo começa no coração da vinha e nos cuidados que os vinicultores trazem para a vinha durante todo o ano, desde o tamanho das vinhas até a colheita da safra.

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Degustado em: 2019






sábado, 9 de maio de 2020

Panizzon Ancellotta 2015


Algumas discussões vêm se tornando recorrente entre os enófilos brasileiros: a disseminação da cultura do vinho, democratizando-a, a qualidade crescente do vinho brasileiro e o seu reconhecimento pela crítica especializada internacional, o custo Brasil que encarece os vinhos para os brasileiros etc. Por que falo tudo isso? Acredito que precisamos discutir tais temas e entender como e em que circunstâncias o vinho nacional enche as nossas taças. Não quero parecer ufanista e tão pouco ser um espírito de porco chato que critica os problemas pela qual a nossa cultura (ou falta de) viticultura brasileira passa. O fato é que os nossos vinhos ganha, a cada dia, em qualidade, adquirindo tipicidade, expressando o que há de mais genuíno de nossos mais significativos terroirs, embora o consumo per capita, por ano, insiste em não passar dos dois litros. Então prefiro unir o que há de bom e ruim na nossa viticultura.

Toda essa introdução é para dizer que o vinho que degustei e gostei é brasileiro, veio da famosa região gaúcha de Flores da Cunha, em Altos Montes, e é de uma casta que se notabilizou na Itália, é oriunda de lá, a Ancellotta. Falo do Panizzon da safra 2015.

Na taça revela um vermelho intenso, profundo, escura, proporcionando uma bebida caudalosa com lágrimas finas que se dissipam rapidamente.

No nariz aromas intensos de frutas maduras, com toques de baunilha e tostado, graças a passagem por 6 meses por barricas de carvalho.

Na boca é seco, com bom volume de boca, preenche maravilhosamente a boca, com taninos presentes, mas sedosos, em virtude da breve passagem por madeira, fazendo do vinho macio, equilibrado e fácil de degustar. Tem boa acidez e um final frutado de média persistência.

Um vinho de personalidade, porém refinado, equilibrado, harmonioso e elegante e apesar da cor intensa e escura não é nem um pouco encorpado, mas, como disse, macio e fácil de beber. Harmoniza muito bem com massas em geral, como macarrão e pizza, por exemplo. Uma curiosidade: as mudas que produziram este vinho vieram da Itália e aqui encontrou as condições naturais ideais para ser vinificado, para ser feito com a tipicidade brasileira. Um vinho nacional que, como muitos rótulos, premiados em todos os cantos do mundo, que, como costumo dizer, precisam ser conhecidos e reconhecidos por todos os brasileiros sem distinção de raça, cor, credo e, sobretudo nível social. E por falar em reconhecimento, o Panizzon Ancellotta da safra 2015 foi premiado no famoso “Grande Prova Vinhos do Brasil 2019” como o melhor Ancellotta do evento tão importante. Veja: https://blogs.oglobo.globo.com/luciana-froes/post/grande-prova-vinhos-do-brasil-premia.html. Embora não “bebamos prêmios” é um reconhecimento em tanto corroborado pela sua atestada qualidade. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Panizzon Vinhos:

Foi em 1960 que Ricardo Panizzon e seus filhos decidiram apostar em sua produção própria de vinhos. Com vasta experiência como fornecedores de matéria-prima para vinícolas da região, a família Panizzon teve a visão empreendedora de investir em um novo negócio. E foi a partir deste importante passo que nasce a Sociedade de Bebidas Panizzon Ltda., surgida e instalada até hoje no Travessão Martins, interior de Flores da Cunha, e atualmente capitaneada pela terceira geração da família. Até 1990, as atividades da empresa se concentravam na produção de vinhos de mesa. Em 1991, inicia-se a produção de vinagres, sob a marca Rosina, em homenagem à nona Rosina, esposa do fundador Ricardo. Ainda na primeira metade da década de 90, a Sociedade amplia seu mix de produtos com o lançamento de bebidas quentes e vinhos compostos. Com o aquecimento do mercado e a grande demanda por novos produtos, em 1999 a Panizzon lança seus primeiros vinhos finos e, em 2002, passa a fazer parte também do nicho de espumantes finos. Mas foi no ano 2003 que a empresa ampliou ainda mais sua atuação, apresentando ao mercado linhas de vinagre balsâmico e suco de uva. Um marco no setor produtivo da Panizzon foi a implementação de técnicas, equipamentos e infraestrutura de última geração aplicada na produção de suco de uva concentrado, no ano de 2006. s vinhedos Durans são o berço da produção das uvas dos Vinhos Panizzon. A produção de vinhos e espumantes realizada a partir de vinhedos próprios é garantia de excelência, devido ao controle rigoroso de qualidade que é feito desde o plantio, que é realizado em espaldeiras, até a vintage. Esses diferenciais únicos garantem reconhecimento aos Espumantes e Vinhos Finos Panizzon, premiados em concursos nacionais e internacionais. Hoje, presente há mais de 59 anos no mercado brasileiro de bebidas, a Panizzon se configura como referência por sua excelência, fruto da tradição do legado da família e do constante aprimoramento técnico e produtivo. A sua postura inovadora, responsável pela introdução de novos gêneros de produtos em território nacional evidencia a maturidade da empresa, que possui mais de 50 anos de mercado. Além da tradição e do legado da família, o que impulsiona a Panizzon é a responsabilidade de aprimorar constantemente os conhecimentos adquiridos, formar técnicos, investir em tecnologia e novos projetos como o plantio de grandes áreas de vinhedos próprios. O resultado deste incansável trabalho são os espumantes, vinhos finos, vinhos de mesa, vinagres, sucos e bebidas quentes, todos os produtos referência no mercado por sua excelência em qualidade.

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