sábado, 17 de outubro de 2020

OGV (Old Garnacha Vines) 2016

 

Há quem diga que degustar o mesmo rótulo da mesma safra duas ou mais vezes não traz nenhuma novidade, pois, segundo defendem essas pessoas, trata-se do mesmo vinho. Bem, em tese é, claro, afinal, lá está estampado o mesmo rótulo e a mesma safra. Mas não se enganem, estimados leitores, que o ato da degustação limita-se a degustação propriamente dita apenas. A boa degustação está em sintonia com outros fatores ou pelo menos deveria estar que impacta decisivamente no prazer em degustar a nossa poesia líquida. 

Uma boa companhia, o seu estado de espírito, tem todo um contexto que considero preponderante para que o vinho, o ritual da degustação seja agradável, além, é claro, do vinho em questão. E é nesse ponto que eu gostaria de destacar algo que considero de extrema importância e, embora eu não apresente nada que fundamente a minha tese concretamente, eu a defendo veementemente, com a força de uma fé, baseado em sentimentos, experiências e percepções de um enófilo com alguns anos de caminhada: mesmo que o vinho seja o mesmo, seja um rótulo exatamente igual, a safra idêntica, as percepções, as descobertas, as nuances podem ser sim diferentes. 

E o exercício da análise, a experiência podem e muito colaborar para isso. Exemplo: certas características que você não percebeu na primeira degustação, pode ser percebida na segunda degustação ou ainda o que você sentiu no sabor e no aroma na primeira degustação, chegou a conclusão de que não tinha na sua segunda experiência com o mesmo rótulo, entre outros aspectos.

Mas uma coisa se repetiu quando degustei, pela segunda vez, o OGV (Old Garnacha Vines) da região espanhola da Calatayud, da safra 2016: Que eu degustei e gostei! Que belíssimo e autêntico Garnacha espanhol, de uma região emblemática que é considerada o berço da casta na Espanha, a Catalunha. 

Mas eu não quero cair na redundância e anular as minhas teses na minha análise do vinho e também nos aspectos históricos que o rótulo está atrelado. Então, caso queira ler sobre a região da Calatayud, bem como a história da tradicional cepa Garnacha e também fazer a comparação com entre as minhas análises, leia neste link a minha primeira experiência com a OGV (Old Garnacha Vines) 2016

Espero que não fique entediado e com aquela nítida sensação de que já lera isso antes em algum lugar. Tanto que irei direto ao ponto, ao que é mais importante em todo o texto que até agora, estimado leitor, pacientemente você leu: A análise do vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com tons violáceos, diria granada, brilhante e reluzente. Lágrimas grossas e em média intensidade, que desenha lindamente as paredes do copo.

No nariz é evidente as notas frutadas, frutas vermelhas e maduras, como framboesa, amoras, cerejas, até diria morango. Um toque de frescor, de jovialidade se percebe nos aromas, talvez um toque floral.

Na boca é saboroso, um bom volume de boca, de médio corpo tem taninos generosos e macios, com uma ótima acidez que lhe confere o frescor identificado no olfativo. Tem notas de especiarias e um final persistente e frutado.

Não posso deixar de negligenciar uma informação que julgo ser essencial para as características desse belo Garnacha: oriundo de vinhas velhas, entre 70 e 100 anos! Vinhas velhas conferem ao vinho a maciez, o equilíbrio, mas a tal da expressividade que garante personalidade ao vinho, a Garnacha. Um quesito ímpar, apesar das filosofias e metodologias implantadas pelos enólogos, bem como as suas propostas, que só a Garnacha pode proporcionar. O OGV (Old Garnacha Vines) entrega, continua entregando isso com maestria: robustez, estrutura, mas delicadeza, versatilidade. Outro detalhe que faço questão de repetir a exaustão e, desde já, caro leitor, peço-lhe imensas desculpas: é que não podemos passar pela vida decentemente sem degustar um legítimo Garnacha, seja um rótulo 100% da cepa ou em cortes, em blends, a Garnacha sempre será um personagem definitivo na cultura vitivinícola universal! E o forte regionalismo espanhol, da região da Calatayud traz toda a tipicidade da Garnacha que traduz em belíssimos rótulos que conferem expressividade e complexidade. Esse belo vinho harmoniza com massas e pizzas, carnes vermelhas e queijos mais robustos. Tem 14% de teor alcoólico bem integrados e sem passagem por barricas de carvalho que faz com que predomina as características da cepa.

Harmonizando com um belo queijo parmesão

Sobre a Bodega Virgen de la Sierra:

Situada no sopé da Sierra de la Virgen, no vale do rio Ribota, esta adega é a mais antiga de DO Calatayud. É o projeto de uma cidade inteira que deixou de fazer vinho nas vinícolas de sua família para fazer um trabalho cooperativo. Com um trabalho de mais de 60 anos, Virgen de la Sierra, hoje mantém a tradição e a sabedoria que herdou de seus ancestrais. Em processo de modernização, integrou já as mais novas tecnologias, e o resultado delas são os vinhos que hoje se produzem e que já foram inúmeras vezes reconhecidas nos últimos anos.

Mais informações acesse:

https://www.bodegavirgendelasierra.com/



domingo, 11 de outubro de 2020

Pinhel Colheita tinto 2017

 

Eu não sei quanto aos demais enófilos, mas quando a gente conhece uma vinícola ou ainda uma região e se surpreende positivamente, você quer sempre mais, buscar ainda mais rótulos, conhecer um pouco da história dos vinhos do referido produtor e daquela terra de onde veio. É como se fora um vício, talvez a palavra soe um tanto quanto dramática, mas é algo salutar e, para aqueles que curtem mesclar as degustações com história, cultura, é um prato cheio! Lembro-me como se fosse hoje, quando conheci os vinhos da Adega Cooperativa de Pinhel, oriunda da região lusitana do Beira Interior. Pouco conhecida, é bem verdade, em comparação às emblemáticas e populares regiões portuguesas do Douro, Alentejo, Tejo, por exemplo, foi outro estímulo para conhecer e degustar ainda mais os vinhos dessa região. Li algumas publicações de especialistas do universo do vinho que um vinho chamado D. João I branco foi muito bem posicionado em um ranking de degustação às cegas realizado por especialistas e jornalistas do vinho. E quando falaram que o vinho era muito barato me chamou a atenção, é claro. Em minhas incursões aos supermercados, lembrei-me de ter visto esse rótulo nas gôndolas e não hesitei em voltar lá e compra-lo, o que confesso, não ter feito antes por receio de não ser um bom vinho. Comprei e realmente, ele foi arrebatador e os meus comentários seguem neste link, o D. João I branco. E não satisfeito decidi degustar a versão tinta do D. João I e outra gratíssima surpresa! E claro, não poderia negligenciar as minhas impressões sobre ele e textualizá-las, conforme segue no link também: D. João I tinto. Então, a sorte e o garimpo sorriram para mim de novo e mais um rótulo da Adega Cooperativa de Pinhel apareceu diante dos meus olhos. Não hesitei, precisava fazer a aquisição deste novo vinho e me proporcionar uma nova experiência.

Então o vinho que degustei e gostei, o olha que eu gostei também, veio da minha mais nova queridinha região lusitana, Beira Interior, mais precisamente do Concelho de Pinhel, e se chama Pinhel Colheita, das autóctones castas Rufete e Marufo, da safra 2017. E olha que, com as gratas novidades, vem junto o prazer das descobertas que o vinho proporciona pelo menos para mim! Então, para não perder tempo, falemos um pouco do Concelho de Pinhel, que dá nome ao vinho e as castas que o compõe: Rufete e Marufo.

O Concelho de Pinhel

Pinhel é uma cidade portuguesa pertencente ao distrito da Guarda, na província da Beira Alta, região do Centro (Região das Beiras) e sub-região das Beiras e Serra da Estrela, com aproximadamente 3 500 habitantes.


A origem da cidade de Pinhel é atribuída, sem grande certeza, aos Túrdulos, por volta do ano 500 a.C. O concelho de Pinhel recebeu foral de D. Sancho I em 1209, detendo funções de organização militar e jurisdição. Deve-se a D. Dinis a reedificação do Castelo de Pinhel, constituído por duas torres, e a construção da histórica muralha que rodeava a vila da época (atual zona histórica), constituída por seis portas: Vila, Santiago, S. João, Marrocos, Alvacar e Marialva. Tornou-se sede de diocese e cidade em 1770, durante o reinado de D. José I, por desanexação da Diocese de Lamego, mas em 1881 a Diocese de Pinhel foi extinta pela Bula Papal de Leão XIII e incorporada na Diocese da Guarda. Constitui uma zona de vinhos de altitude, média de 650m. O seu clima é extremamente frio no inverno e quente e seco no período do estio ou verão. O solo é arenoso de origem granítica e de baixa fertilidade. A sub-região de vinhos de Pinhel é ideal para vinhos brancos acídulos. No caso de vinhos tintos, se forem para envelhecimento podemos encontrar grandes surpresas. Dado que as maturações são lentas, é extremamente indicada para produção de espumantes. Os concelhos de Pinhel são: Celorico da Beira, Guarda, Meda, Pinhel e Trancoso. As castas tintas predominantes são: Bastardo, Marufo, Rufete e Touriga Nacional, no conjunto ou em separado, com um mínimo de 80%, Baga, Tinta Carvalha, Pilongo e Trincadeira (Tinta Amarela). Já as brancas são: Bical, Arinto (Pedernã), Fonte Cal, Malvasia Fina, Malvasia Rei, Rabo de Ovelha, Síria (Roupeiro) e Tamarez, no conjunto ou em separado, com um mínimo de 80%. Os tintos costumam ser vinosos, vivos e brilhantes enquanto jovens, intensos e equilibrados, com raro bouquet quando estagiados e envelhecidos. E os brancos são vinhos aromáticos, cheios e persistentes no sabor.

Marufo

A casta Marufo tem origem no nordeste de Portugal e sua denominação não tem tradução. As regiões de maior expansão são, claro, Beira Interior, Trás-os-Montes e a emblemática e tradicional Douro.

A casta Marufo e as suas maiores incidências

Tida como uma das cepas mais antigas de Portugal há referências sobre ela que datam do ano de 1512! E é conhecida como: Abrunhal (Pinhel), Falso Mourisco, Mourisco Tinto (Douro), Marufa, Marujo, Mourico (Beira interior) Uva-rei (Trás-os-Montes), Barrete-de-Padre na região demarcada do Dão e Tinta Grossa no Alentejo. 

Rufete

A casta Rufete é a mais plantada nos encepamentos tradicionais da Beira Interior, sendo popular nas regiões do Douro e Dão. É uma casta caprichosa e exigente, reivindicando condições muito particulares para poder dar o melhor de si.

A casta Rufete e as suas maiores incidências

Sensível ao míldio e oídio, é uma casta produtiva, com cachos e bagos de tamanho médio. Por ser uma variedade de maturação tardia, tem dificuldade em madurar na plenitude, antes das chuvas do equinócio. Porém, quando amadurece bem, compõe vinhos aromáticos, encorpados, frutados e delicados, com um bom potencial de envelhecimento em garrafa. É uma casta utilizada maioritariamente como lote juntamente com a Touriga Nacional e a Tinta Roriz.

E agora o vinho!

Na taça conta com um vermelho escuro, intenso, mas com reflexos violáceos, muito brilhante e com lágrimas grossas e abundantes que teimam em permanecer nas paredes do copo, desenhando-o.

No nariz apresenta agradáveis notas frutadas, frutas vermelhas, como morango e framboesa, com muito frescor e discretos toques de especiarias

Na boca se confirmam as frutas vermelhas, um vinho de leve para corpo médio, muito macio, delicado e redondo, com taninos macios e sedosos, com acidez baixa, quase imperceptível e sútil. Tem um retrogosto de média persistência, lembrando as frutas vermelhas.

Um senhor vinho! Um surpreendente vinho! E mostra a força regionalista de uma região extremamente tradicional, embora pouco conhecida em terras brasileiras, mas que merece toda e qualquer reverência, afinal, não há nada mais expressivo e forte do que o terroir, a tipicidade de um vinho. Um vinho de personalidade marcante, de médio corpo, mas que se revela fresco, jovial, frutado, de um perfeito equilíbrio, harmônico e elegância. Como tem sido aprazível degustar os vinhos da região de Beiras. Um vinho versátil que harmoniza com comidas mais simples, refeições, mas que, ao mesmo tempo com pratos mais gordurosos, como pizza e massas, por exemplo. Um excelente custo X benefício que entregou muito mais do que valeu. Grata experiência! Tem 13% de teor alcoólico.

Pinhel Colheita harmonizado com queijo provolone

Sobre a Adega Cooperativa de Pinhel:

Desde tempos muito antigos que em Pinhel, e seu termo, se praticava a cultura da vinha e se produziam vinhos de alta qualidade; já nos princípios do ano 1500, o Rei D. Manuel I, o Venturoso, concedeu diversas regalias e privilégios em favor dos vinhos de Pinhel. Em 1942 e 1943, houve colheitas abundantes e não havia escoamento para a produção, foi então que a Junta Nacional do Vinho, recentemente criada, como organismo de Coordenação Económica, e que veio substituir a antiga Federação dos  Vinicultores do Centro e Sul de Portugal, instalou em Pinhel uma caldeira móvel de destilação, acionada por uma geradora locomóvel, em que foram destilados milhões de litros de vinho e que veio resolver a crise gravíssima, que afetava os lavradores da Região, que viviam exclusivamente do rendimento do vinho. De todos os Organismos Corporativos, criados pelo Estado Novo, a Junta Nacional do Vinho, era o mais querido, pelos beneficias que trouxe a toda a região vitivinícola, por isso os vinicultores depositavam toda a confiança esperançados que o organismo, quando necessário, lhe resolvesse os problemas respeitantes ao vinho. Os vinhos desta área eram tão bons que as aguardentes vínicas resultantes da destilação ficavam de finíssima qualidade. Quando transportadas para os armazéns da Mealhada não eram misturadas com outras provenientes de outras áreas ficando em depósitos separados. Em 1945, a Junta Nacional do Vinho iniciou a instalação de duas caldeiras fixas de destilação contínua, que trabalhavam de dia e de noite, só paravam cada 15 dias para limpeza. Como era pena destilar vinhos de tão boa qualidade, a Junta Nacional do Vinho, em colaboração com o Grémio da Lavoura de Pinhel, pensou na criação da Adega Cooperativa, nas suas próprias instalações que tinham sido compradas à Câmara Municipal de Pinhel e que tinham ficado devolutas pela saída das Forças Militares, ali aquarteladas, e que se tinham revoltado contra o Governo da Ditadura Militar.Em 1947, construíram-se 6 lagares em granito, no parque utilizado pelas viaturas militares e os tonéis foram montados nas cavalariças depois de devidamente adaptadas. A primeira laboração foi feita por processos artesanais, pois em Pinhel não havia energia eléctrica com potência suficiente e a mesma era desligada à meia-noite; às próprias bombas de trasfega, eram movidas por motores de explosão. Foram 33 sócios, a entregar as uvas nesse ano na Adega; embora com bastantes dificuldades, estava criada e posta a funcionar a Adega Cooperativa. Dos primitivos 33 cooperantes, atingiu-se os 2.300 atuais.

Maiores informações acesse:

http://www.acpinhel.com/index.html

Fontes de pesquisa:

Portal “Infovini”: http://www.infovini.com/classic/pagina.php?codPagina=45&codCasta=76

Portal “Wine to Wine Circle”: https://www.vinetowinecircle.com/castas_post/marufo/

Portal “Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior: http://www.cvrbi.pt/index.php/castas-cvrbi?showall=&start=1

 




 







sábado, 10 de outubro de 2020

Marquês de Casa Concha Merlot 2012


Ah o vinho! Há que diga que vinho é poesia líquida, que é a celebração, que congrega, que traz momentos de alegria. E quando o vinho é emblemático e icônico, são atrativos que agregam aos momentos e estado de espírito que o mesmo proporciona. Bem, essa é a semana no meu aniversário! Até que me provem o contrário ou que a auto estima não te engane com elementos de autoajuda ou fugazes, é um momento de alegria, de celebração, de pleno júbilo. Então o vinho adentra e protagoniza os bons momentos, trazendo o “tempero” para as nossas vidas também nos capítulos duros e difíceis pelas quais passamos. 

E hoje eu olhei com mais carinho para os cantos mais longínquos e esquecidos da minha adega e pensei com uma determinação que há tempos não tinha e disse: Preciso escolher um vinho que me proporcione uma noite aprazível no dia de hoje! E com esse ímpeto, mesclado à sede incontida escolhi um rótulo, e aí faço questão de evocar novamente as palavras aqui citadas, icônico e emblemático. 

Um vinho, cujo rótulo, me norteou a compreensão do que são bons vinhos em muitos sentidos e percepções, tais como: terroir e tipicidade, essas são as primeiras palavras que me vem à cabeça. Acredito que, embora extremamente complexas e, em determinados momentos, até incompreensíveis, são elas que nos faz entender que estamos degustando qualidade, que nos suscita, nos proporciona, aos que tem o desejo, de conhecer e imergir na cultura de um país, da filosofia de uma vinícola ou ainda no que aquele enólogo quis traduzir em cada gota que compõe aquela simples garrafa. Um vinho de uma casta que praticamente me introduziu ao universo vasto e incrível do vinho: a Merlot! E um Merlot atípico, especial, não que os anteriores não tenham sido, mas esse é deveras arrebatador.

Então, sem delongas e muito papo, o vinho que degustei e gostei vem da tradicionalíssima região do Vale do Cachapoal, de uma comuna chamada Peumo e é nada mais, nada menos que o Marquês de Casa Concha Merlot, da safra 2012. E não se enganem, caros e estimados leitores, já tive experiências singulares com essa linha de rótulos e uma pode ser conferida, com requintes de detalhes, em uma resenha que fiz sobre o Marquês de Casa Concha Carmènere 2011. Então, para variar, vamos às histórias de Cachapoal e Peumo, no Chile.

Vale do Cachapoal e Peumo

O Valle del Cachapoal – Valle del Rapel, é uma sub-região da região de Valle Central. Ocupa a parte sententrional do vale de Rapel, enquanto o vizinho meridional é Colchágua. Embora por muito tempo se tenha falado só de Rapel, pouco a pouco ambos foram se desligando dessa vizinhança a ponto de já muitos poucos rótulos falarem em um Rapel genérico.

Existe lógica por trás dessa divisão, porque as diferenças são importantes, tanto em clima quanto em topografia. Boa parte dos produtores mais importantes de Cachapoal tem seus vinhedos aos pés dos Andes, local chamado de Alto Cachapoal.

Nessa região a Cabernet Sauvignon brilha com seu frescor e elegância, mas, também, aproveitando a influência fria da cordilheira e dos pedregosos solos aluviais de média fertilidade, conseguiram-se interessantes resultados com a Viognier em brancos e  Cabernet Franc em tintos.

O poente, nos arredores de Peumo, as temperaturas aumentam, especialmente nos setores protegidos da influência marítima, como em Las Cabras. Nesse setor, o estilo delicado e elegante transforma-se em maior potência de álcool, maturidade e doçura. Isso explica por que, na região ocidental do vale, a Carménère alcance sua completa maturação sem dificuldades. Em Peumo, na margem setentrional do rio Cachapoal, são produzidos alguns dos mais interessantes Carménère do Chile, é tida como a terra da Carménère.

As brisas frescas da costa que deslizam pela bacia do rio banham os vinhedos de frescor e, ao mesmo tempo, moderam as altas temperaturas do setor. Isso explica, por exemplo, que os tintos tenham essas notas de ervas e frutas vermelhas maduras proporcionadas pelas brisas frescas.

A comuna de Peumo, localizada por volta de 100 quilômetros ao sul de Santiago, está inserida na parte norte do Vale del Cachapoal, mais precisamente às margens do rio que leva o mesmo nome. Foi nesse lugar de paisagens bucólicas e de próspera produção agrícola que a Carménère encontrou as condições climáticas e de solo desejadas para se desenvolver plenamente e se tornar uma das uvas emblemáticas do Chile.

Peumo e as demais comunas de Cachapoal

Pode-se concluir que as condições da zona de Peumo são desejadas e necessárias para se cultivar quaisquer uvas, porém os resultados obtidos com a Carménère mostram que essa zona é das melhores, senão a melhor para o seu plantio em todo Chile.

E agora o tão esperado vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e escuro, mas brilhante, com lágrimas em profusão, grossas e que teimam em se dissipar das paredes do copo e nota-se também, graças a sua intensa coloração vermelha, um líquido caudaloso, que já denuncia um vinho intenso e estruturado.

No nariz entrega uma explosão aromática de frutas negras maduras como ameixa, notas de especiarias, pimentão, talvez, com um toque de baunilha e a madeira que lhe confere alguma complexidade, graças aos 18 meses de passagem por barrica de carvalho.

Na boca se confirma as notas frutadas, de tosta, torrefação mesmo, chocolate, com taninos de ótima textura, presentes, mas domados, com boa acidez que lhe confere um frescor e até jovialidade, apesar dos oito anos de safra. Um vinho redondo, estruturado, mas fácil de degustar, sendo equilibrado e bem versátil.

Um vinho saboroso! Embora seja uma palavra um tanto quanto genérica e usual, ela define bem, muito bem, o meu sentimento para com o excelente Merlot da linha Marquês de Casa Concha. Um vinho que no auge dos seus oito anos de safra, de vida,  está vivo, pleno e jovial. Suculento, predomina as notas da madeira, mas integrado ao conjunto do vinho, privilegiando as características da cepa, sem negligenciar as suas mais marcantes essências. O dia pediu esse momento que, como o vinho, tem e deve ser emblemático que, independente de questões existenciais e pontos de vista, a vida se faz presente e o tempo se torna mero detalhe quando é vivida em todas as suas nuances e em todos os seus dramas. Façamos isso tudo com vinho como o nosso mais fiel companheiro de todas as horas. Vida longa e próspera para mim, a todos que leem essa resenha e que o vinho seja um presente, uma dádiva para a história de todos nós. Tem 14,5% de teor alcoólico muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Harmonizando com um queijo gruyère

Sobre o Marques de Casa Concha

Em 1718 o Rei Filipe V de Espanha concedeu o nobre título “Marques de Casa Concha” a José de Santiago Concha y Salvatierra pelo seu meritório trabalho como Governador do Chile e Cavaleiro de Calatrava. Nasce o fundador da vinícola, Don Melchor de Santiago Concha y Toro, o sétimo Marques de Casa Concha.

Don Melchior de Santiago Concha y Toro

Em homenagem ao título hereditário e refletindo tais valores nobres e tradicionais, um Cabernet Sauvignon de 1972 de Puente Alto foi lançado em 1976. Carregava o distinto rótulo Marques de Casa Concha e era o principal vinho da Viña Concha y Toro na época. Em 1990 os avanços no vinhedo, nas práticas de produção de vinho e nos melhores equipamentos levaram a uma melhora na qualidade do vinho e tornaram o rótulo Marques de Casa Concha procurado em todo o mundo. Marques de Casa Concha é a linha de vinhos chilena que abrange a completa diversidade do Chile, com vinhedos onde a complexa relação entre as condições naturais, a planificação do vinhedo, e os anos que as parreiras demoraram a crescer, proporcionam um caráter único para a linha inteira.

Sobre a Concha Y Toro

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.

Mais informações acesse:

http://www.marquesdecasaconcha.com/?lang=pt-pt

https://conchaytoro.com/holding/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=RAPELCACHAPOAL

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/uva-merlot-quando-a-popularidade-encontrou-a-elegancia/

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2011/11/09/o-vale-de-cachapoal/

 

 




quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Monte Velho tinto 2014

 

Já falei, diria até declamei, em verso e prosa, o quão os vinhos do Alentejo são importantes para a minha simples e humilde vida de enófilo. Certamente a minha região preferida da terra dos lusitanos, diante de uma gama diversa e rica de terras maravilhosas, é muito difícil escolher, mas o Alentejo, talvez pelo fato de ser a minha preferida, tem também um valor sentimental. Os meus primeiros rótulos portugueses, vieram do Alentejo. Uma região que, geograficamente falando, é pequena, um estado federativo do Brasil é maior que o Alentejo, mas que guarda, que abriga uma diversidade de rótulos e propostas com todas as suas peculiaridade e expressividade, com vinhos para todo e qualquer momento: dos mais informais e descontraídos aos momentos mais austeros.

O vinho que degustei e gostei, é claro, veio do Alentejo, mais precisamente de uma região chamada Monsaraz, da Herdade do Esporão, e se chama Monte Velho, o tinto, composto pelas castas Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional e Syrah da safra 2014. E, apesar do Alentejo ter uma presença vívida na minha história de um simples degustador, convém falar um pouco da região de onde veio esse rótulo: Monsaraz.

Monsaraz

Monsaraz é uma freguesia portuguesa do concelho de Reguengos de Monsaraz, na região do Alentejo. Antiga sede de concelho, transferida pela primeira vez em 1838 e definitivamente em 1851 para a então vila de Reguengos de Monsaraz, hoje cidade. É importante não confundir Reguengos de Monsaraz com Monsaraz. São duas localidades distintas separadas por cerca de 15 quilômetros. 

A vila medieval de Monsaraz foi eleita uma das “7 Maravilhas do Alentejo” pelos leitores do jornal Margem Sul. O Município de Reguengos de Monsaraz aderiu a esta iniciativa que teve mais de 80 mil votos através do site do periódico e que pretendeu contribuir para a promoção do Alentejo, mobilizando os cidadãos para a defesa e a redescoberta do patrimônio material e imaterial. A outra candidatura do Município foi a paisagem do Grande Lago Alqueva no concelho de Reguengos de Monsaraz. Este concurso organizado pelo jornal Margem Sul com o apoio dos governos civis de Évora, Beja, Portalegre e Setúbal recebeu 30 candidaturas municipais. Para além de Monsaraz, a lista vencedora das “7 Maravilhas do Alentejo” integra o Castelo de Evoramonte (Estremoz), Fortaleza de Marvão, Lago de Alqueva (Portel), Tapeçarias de Portalegre, Portas de Beja (Serpa) e Terreiro do Paço (Vila Viçosa). A vila medieval de Monsaraz (Monumento Nacional) é uma das mais antigas vilas de Portugal. Localizada numa região habitada desde os tempos pré-históricos, existindo na sua envolvente muitos monumentos megalíticos, Monsaraz é um primitivo castro que foi mais tarde romanizado e ocupado sucessivamente por visigodos, árabes, moçárabes e judeus, até ser definitivamente cristianizado no século XIII. Em 1167 foi conquistada aos muçulmanos por Geraldo Sem Pavor, caindo em 1173 para os almóadas na sequência da derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz. Em 1232 voltou a ser conquistada aos árabes e em 1385 foi invadida pelas tropas castelhanas, mas cedo foi reconquistada por D. Nuno Álvares Pereira. Depois da restauração da independência, em 1640, foi construída uma nova linha de fortificações, tornando Monsaraz numa vila praticamente inexpugnável. Monsaraz foi sede de concelho até 1851, ano em que se fixou definitivamente em Reguengos de Monsaraz. Em termos de património é importante destacar a Torre de Menagem, a Casa da Inquisição, a Porta da Vila, a Porta de Évora, a Porta da Alcoba, a Igreja Matriz de Nossa Sra. da Lagoa, o Pelourinho, a Igreja de Santiago, a Ermida de S. João Baptista, o edifício do Hospital do Espírito Santo e Casa da Misericórdia, a Ermida de S. José, os Antigos Paços da Audiência, a Cisterna e todo o casario característico da vila.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso com reflexos violáceos com lágrimas finas e em média intensidade que logo se dissipam das paredes do copo.

No nariz tem notas frutadas mais frescas, agradáveis com uma nítida sensação de frescor e uma elegância proeminente. As notas florais também são sentidas e que intensifica o aroma.

Na boca é um vinho leve para médio, mas vibrante, de alguma complexidade, com toques de especiarias, de ervas e notas amadeiradas e de baunilha bem discretas, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho. Com taninos macios, mas presentes e uma correta acidez. Final persistente e redondo.

Um vinho intenso, mas harmonioso, equilibrado, mostrando uma bela densidade da fruta, sem soar enjoativo, como deve ser um típico e bom alentejano: um vinho fácil e com personalidade marcante. Um vinho para todas as ocasiões, das mais descontraídas aos momentos de uma celebração, afinal, qualquer momento com um bom vinho como o Monte Velho, sempre será uma grande celebração. Alentejo significa vinhos de caráter e identidade. Tipicidade é a palavra que define os vinhos da Herdade do Esporão. Tem 14% de teor alcoólico muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a Herdade do Esporão

A Herdade do Esporão está localizada em Reguengos de Monsaraz, cidade situada no Alentejo, região do centro-sul de Portugal que, apesar de ter uma produção bastante recente, com pouco mais de 40 anos, é a maior exportadora de vinhos de Portugal e uma das maiores do mundo. A Herdade tem 700 hectares de vinhas e olivais, além de alguns pomares e hortas. As cerca de 40 castas produzem uma variada gama de brancos, rosés e tintos, além de um excelente espumante e um peculiar colheita tardia. Já as 4 variedades de azeitona dão origem a um dos mais famosos e prestigiados azeites no mercado internacional.

A Herdade conta com uma vastíssima programação de enoturismo, especialmente interessante no verão (junho a setembro), mas suficientemente variada para atrair novos fãs em qualquer época do ano. Aliás, o refinado restaurante da vinícola conta com cardápios distintos para cada estação. São duelos entre o Douro e o Alentejo, verticais, elaboração do próprio blend, refeições harmonizadas, até passeios de um dia inteiro entre as maravilhas naturais da linda propriedade. Você pode escolher a melhor programação para a sua viagem enviando um e-mail para a vinícola.

Castelão de Esporão

A Adega Monte Velho

Com esta modernização do espaço e dos processos, o Esporão aumenta a capacidade de produção e potencializa a qualidade dos vinhos tintos produzidos, principalmente a do icónico Monte Velho. Desde cedo a Herdade do Esporão investiu na modernização e separação dos processos de produção. A coexistência de três adegas – a adega de vinhos tintos, onde se produz principalmente Monte Velho, a adega de vinhos brancos e a Adega dos Lagares, construída para vinhos topo de gama – é um garante de eficiência produtiva para todos os vinhos que saem da Herdade. O projeto da nova Adega Monte Velho resulta da experiência e do conhecimento acumulados ao longo de três décadas: a tecnologia mais avançada e adaptada exclusivamente à produção de Monte Velho tinto, uma maior flexibilidade e controlo para a total rastreabilidade e separação dos vinhos certificados em produção biológica, foco nas questões da gestão de temperatura e energia. A automatização e digitalização dos processos e circuitos permite também uma extraordinária eficiência de recursos.

Mais informações acesse:

https://www.esporao.com/pt-pt/

Fontes de pesquisa sobre a região de Monsaraz:

“Blog Enofilia”: http://www.blogenofilia.com.br/2016/11/ao-alentejo-e-alem-herdade-do-esporao.html

Portal “Viagem e Turismo”: https://viagemeturismo.abril.com.br/blog/portugal-lisboa/herdade-do-esporao-o-maravilhoso-mundo-dos-vinhos-no-alentejo/

“Blog Cipriano Alves”: https://ciprianoalves.blogs.sapo.pt/portugal-historico-alentejo-monsaraz-19134

Portal Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Monsaraz

Degustado em: 2016

 




 




domingo, 4 de outubro de 2020

Quais os principais aromas do vinho?

 


Para muitos enólogos, os aromas do vinho são mais importantes que o seu sabor. Eles são resultado de alguns dos processos de vinificação, e para identificá-los, utilizamos referências comuns ao nosso cotidiano. Todos os vinhos têm seus próprios aromas, sendo com mais ou menos complexidade. Podem incluir notas de frutas, vegetais, ervas, minerais, entre outras.

Porém muitas pessoas, sobretudo aqueles que estão iniciando no universo dos vinhos ou aqueles mais preguiçosos que não querem enveredar nas suas percepções de aroma e sabor, por exemplo, pensam, avaliam o vinho usando apenas as palavras “gostoso” e “perfumado” para descrevê-lo. Seria praticamente impossível transmitir a sua avaliação daquele vinho para terceiros, afinal gosto é gosto e não se discute. Foi justamente em busca de comunicar as sensações que o vinho proporcionava que se desenvolveu um vocabulário muito particular aos que da bebida desfrutam. E é graças à volatilidade do vinho (ligada ao seu teor alcoólico) que evaporam moléculas com carga aromática semelhante a de outros aromas que carregamos em nossa memória.

Por isso falamos, por isso é possível sentir morangos frescos, menta e pétalas de violeta ao se aproximar o nariz da taça, por exemplo. Afinal o grande atrativo dos vinhos, em relação a qualquer outra bebida, é que ele é capaz de apresentar uma surpreendente gama de aromas, levando em consideração que o vinho parte de uma mesma matéria-prima.

O aroma e a memória

Armazenamos mais informações em nosso cérebro do que utilizamos em nosso dia-a-dia. Com os aromas é a mesma coisa: somos capazes de associar o cheiro de algum lugar à casa de um parente, de lembrar-se de um antigo amor somente pelo perfume e de não gostar de um alimento apenas pelo aroma que ele tem.

Todos esses cheiros fazem parte da nossa memória afetivoolfativa e são revividos por nosso cérebro em uma questão de milésimos de segundo. Quando degustamos um vinho, obrigamos o cérebro a buscar aqueles aromas em nossa memória. Para facilitar a vida de quem degusta profissionalmente e têm, muitas vezes, de atribuir notas e pontuação aos vinhos, os aromas são classificados e, portanto, seguem um padrão para que qualquer degustador – seja ele chinês ou polonês – fale a mesma língua.

O processo científico, o processo natural

Resultado da transformação do açúcar natural das uvas em álcool através da fermentação, o vinho tem seus aromas, em parte, resultantes desse processo. Celito Guerra, enólogo pesquisador da Embrapa, explica que os aromas primários dos vinhos são provenientes de compostos químicos voláteis como os carotenóides, terpenóis e pirazinas. “O termo ‘primários’, nesse caso, quer dizer os aromas de cada variedade de uva e do suco que ela produz que será o mosto a ser fermentado. Essas uvas contêm compostos orgânicos voláteis”, diz Guerra. Isso quer dizer, por exemplo, que, em muitos vinhos Cabernet Sauvignon, quando as uvas são colhidas mais verdes do que deveriam, a pirazina (um dos produtos orgânicos da uva) pode não completar seu processo químico, dando ao vinho um aroma de pimentão verde (a pirazina existe no pimentão de cozinha, mas, nesse caso, este cheiro o identifica quando fresco). Os aromas que os degustadores reconhecem não resultam, portanto, de ideias aleatórias, mas, sim, de compostos orgânicos bem conhecidos. A divisão dos aromas para a degustação obedece a uma regra básica: aromas primários – aqueles que vêm das uvas; aromas secundários – oriundos do processo de fermentação; e aromas terciários – formados na maturação e envelhecimento do vinho.

Os aromas primários do vinho

Os aromas primários surgem das próprias uvas. Alguns dos compostos presentes no fruto são ativados naturalmente durante a fabricação do vinho, e dão à bebida essas características. Os ésteres, por exemplo, são substâncias presentes em diversas frutas, como cereja, abacaxi, banana, morango e maçã. Assim, se estiverem presentes na uva usada para a fabricação do vinho, poderão remeter a esses aromas. Entre os aromas de vinho primários, estão: florais, vegetais, frutadas, de especiaria e minerais.


Floral: rosa, violeta, cravo, jasmim, madressilva, flor de laranjeira, flores secas ou murchas.

Frutas cítricas: lima, limão, laranja e tangerina.

Frutas brancas e de caroço: maçã, pera, marmelo e uva; pêssego, damasco e nectarina.

Frutas tropicais: Abacaxi, maracujá, banana, manga e melão.

Frutas vermelhas: Groselha, cereja, morango e framboesa.

Frutas negras: Ameixa, amora, groselha negra e cereja negra.

Vegetal: Pimentão verde e aspargo.

Herbáceo: Ervas, chá e menta.

Especiarias: Pimenta, tomilho, louro, cravo e noz-moscada.

Terroso: Terra, barro e cogumelos.

Mineral: Pedra, giz e petróleo.

Os aromas secundários do vinho

São originados da fermentação, ou seja, durante esse processo, ocorrem reações químicas que geram substâncias com essas fragrâncias. Podem depender do método de fermentação ou do tipo de levedura utilizado. Podem incluir aromas lácteos, fermentados, entre outros (banana).


Fermentação malolática: Leite, manteiga e iogurte.

Segunda fermentação: Fermento, pão, levedura, brioche e bolacha.

Barrica de carvalho: Chocolate, grafite, tostado, tabaco, amêndoa, caramelo, café e mel.

Os aromas terciários do vinho

Por fim, os terciários (também conhecidos como bouquet) são gerados a partir do envelhecimento em barrica ou do amadurecimento em garrafa. Costumam ser mais complexos e precisam que o vinho seja aerado para aparecer.

Floral: Flores secas e flor de macieira.

Frutas: Frutas secas e em compota.

Frutos secos: Avelã, noz e amêndoa.

Balsâmico: Café e madeira (carvalho, pinheiro, eucalipto).

Animal: Pele de animal, couro, carne e caça.

Vegetal: Floresta, cogumelo e trufa.

Especiarias: Pimenta, alcaçuz, baunilha, alcatrão e cravinho.

Reconhecendo os principais aromas

Existe uma dica importante que poucos degustadores passam adiante: aspirar com muita intensidade os aromas na boca da taça só vai trazer para sua narina o cheiro de álcool. Ele é, sim, o mais forte e o mais volátil. Por isso, aspire com delicadeza, sempre. No caso dos espumantes, a taça não deve ser girada. Esse movimento, que equivale a colocar uma colher no refrigerante, faz as borbulhas desaparecerem, e são precisamente as bolhas que permitem aos aromas dos espumantes alcançarem nossos narizes. Se for difícil identificar o buquê do espumante, pode ser porque o vinho está gelado demais (isso fecha os aromas) ou por ser muito sutil, feito com uvas pouco aromáticas (as uvas brancas são divididas em aromáticas e não aromáticas). Ajuda tampar a taça com a palma da mão por alguns segundos e depois aspirar novamente. O fato de uma uva ser classificada como “não aromática” não tem nenhuma influência na qualidade final dos vinhos. Tal classificação, aliás, não quer dizer que não tenha aroma algum, apenas que seus cheiros são menos pronunciados. Chardonnay, Riesling e Pinot Grigio são exemplos de nãoaromáticas, e Moscato e Sauvignon Blanc, das aromáticas. Antes de degustar, leve em consideração alguns detalhes: o local deve estar livre de outros cheiros, como os de desinfetante e insenso. Para fumantes, são necessárias algumas horas sem o cigarro para que as narinas voltem a captar os aromas e pode ser até mesmo necessária a troca de roupas, pois elas retêm o odor do tabaco. Evite consumir café, chá preto e leite por duas horas antes da degustação e não use perfume e nem creme para as mãos. Depois, verifique se as taças estão com algum aroma. Certas vezes, quando guardadas ainda úmidas em armários de madeira, elas cheiram a madeira. Limpe-as com um pano branco e um borrifador com medidas iguais de água e álcool. Lembre-se de que sentimos os aromas de duas maneiras: a direta, pela aspiração através das narinas; e a retronasal, percebida quando engolimos a bebida (percepção comum quando se está resfriado). Para auxiliá-lo em sua próxima degustação, veja alguns dos aromas mais associados a vinhos brancos e tintos. Perceba como quase todos eles fazem parte de nossa memória olfativa cotidiana e isso facilitará sua apreciação dos vinhos. Importante é repetir essa experiência, pois, assim, o cérebro se encarregará de deixar essas memórias olfativas prontas para a sua próxima degustação.

Fonte:

Portal “Rimag Vinhos”: https://rimagvinhos.com.br/blogs/beneficios-do-vinho/aromas-do-vinho-primarios-secundarios-e-terciarios

Portal “Grand Cru”: https://blog.grandcru.com.br/aromas-vinho-bebida-frutado-herbaceo-porque-como-degustar/

Portal “Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/aprenda-a-identificar-os-aromas-do-vinho_2606.html

Blog “Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/aromas-do-vinho/ 

 







sábado, 3 de outubro de 2020

Conde de Foucauld brut Riesling

 

Definitivamente degustar os espumantes brasileiros, em todas as suas nuances de propostas e características, é uma viagem as mais expressivas e fiéis manifestações culturais e naturais do nosso país. A tal da tipicidade tão mencionada entre os especialistas e enófilos que, é claro, tem, e muito, a ver com a cultura de uma região, de um povo. De fato, ufanismos à parte, a prioridade na degustação do vinho de borbulhas, sempre será o Brasil, os nossos rótulos. E não se enganem caros leitores, que os valores influenciam na qualidade dos seus rótulos. Não! Nunca encaremos como qualidade, mas apenas como propostas. E há espumantes para muitos momentos e bolsos, apesar dos altos valores que incidem sobre os nossos vinhos, tais como os tributos e o enfadonho Custo Brasil. Mas não é sobre isso, pelo menos agora, que gostaria de falar sobre isso, mas sobre os nossos espumantes no que tange a qualidade. E não podemos negligenciar a história e a participação na construção e edificação de sucesso e reconhecimento internacional dos nossos espumantes como a Cooperativa Vinícola Aurora. Foram poucos, admito os rótulos que degustei da Aurora, de seus espumantes, mas os poucos que tive a oportunidade de fazê-lo foram de uma alegria incontida, experiências fantásticas. Precisava retomar as minhas degustações de espumantes, preciso me abastecer desses momentos tão especiais de degustação e o momento chegou e pasmem: Um vinho com um excepcional custo X benefício entregou um vinho simplesmente sensacional, incrível! Vinhos que são facilmente localizados em supermercados, mas que são especiais, ótimos. Mas não vou me adiantar nos comentários ainda e, como prazer, apresenta-lo.

O vinho que degustei e gostei veio da famosa e tradicional Vinícola Cooperativa Aurora, da Serra Gaúcha, um espumante chamado Conde Foucauld brut, produzido pelo método Charmat (se quiser saber um pouco mais sobre as diferenças entre o método charmat e champenoise, leia neste link) sem safra da casta Riesling. Mas, como não podem faltar curiosidades aliado ao aprendizado, qual o significado da palavra “brut” que aparece sempre nos rótulos dos nossos tão amados espumantes? O que essa simples palavra pode influenciar na nossa degustação? Vamos a ela.

Brut

Sabemos bem a confusão dos termos mencionados para designar o açúcar residual de champagnes e espumantes. Ao contrário do significado literal, o grau de doçura crescente passa pelos termos brut, sec e demi-sec. Portanto, brut é o espumante seco, sec é meio seco, e demi-sec é doce. Seguem abaixo as especificações, segundo o indispensável site www.champagne.fr

Vamos aos residuais de açúcar por tipo de espumantes:

Brut: inferior a 12 gramas por litro de açúcar residual

Extra-dry: 12 a 17 gramas por litro

Sec ou Dry: 17 a 32 gramas por litro

Demi-sec: 32 a 50 gramas por litro

Doux: acima de 50 gramas por litro (pouco elaborado)

Dentro da especificação Brut, podemos encontrar ainda uma subdivisão em Extra-brut e Dosage zéro. O Extra-brut pode ser usado quando o açúcar residual não ultrapassar seis gramas por litro. Já o Dosage zéro, o açúcar deve ser inferior a três gramas por litro. Este última termo tem como sinônimos as expressões Pas dosé ou Brut nature. Neste caso, não há licor de expedição após o dégorgement (operação para retirada das leveduras e colocação da rolha definitiva). No entanto, a utilização dos termos relativos aos espumantes secos não têm uma precisão matemática. Teoricamente, o produtor pode colocar o termo Brut para quaisquer das subdivisões se o champagne contiver menos de doze gramas de açúcar residual por litro. Por fim, a percepção de secura do champagne está intimamente ligada à sua respectiva acidez. Muitas vezes, uma acidez mais branda pode causar uma sensação de maciez ou doçura, mesmo com um açúcar residual relativamente baixo.

E agora o nosso tão esperado comentário do Conde de Foucauld brut!

Na taça um amarelo palha com reflexos esverdeados muito bonito, brilhante com perlages finos e abundantes.

No nariz apresenta aromas de frutas cítricas, lembra maracujá, lima. um toque agradável e delicado e notas florais, flores brancas

Na boca reproduz as impressões olfativas, ou seja, muito frutado, mostrando um incrível volume de boca, com alguma estrutura, diria, além de uma acidez moderada que confere ao vivo jovialidade e muito frescor. Um final persistente, longo e saboroso.

Um espumante predominantemente jovem e refrescante que tem o intuito, a proposta de promover momentos informais, de total descontração com as pessoas que amamos que queremos bem. É uma ode à celebração! Esse é o intuito do vinho: promover as celebrações em momentos mais simples da vida. Como costumo dizer: a nobreza vem da simplicidade e espumantes como o Conde de Foucauld, barato sim, simples sim, mas especial na sua proposta, especial nas suas características organolépticas, afinal, elas também são importantíssimas para todos nós, humildes enófilos! Ficou encucado com esse palavrão: organolépticas? Leia sobre as propriedades organolépticas do vinho. E como todo vinho produzido na Vinícola Cooperativa Aurora, ostenta também prêmios, muitos prêmios ao longo de sua história. Prêmios conquistados em todo o mundo. Um brut elaborado com o método Charmat bem feito, fresco, jovem e saboroso. Harmoniza bem com queijos leves, comidas igualmente leves, com carne branca e simplesmente sozinho, mas ao lado de amigos ou da família. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Cooperativa Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.


Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.


No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa. Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco. Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta. A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.

Mais informações acesse:

http://www.vinicolaaurora.com.br/br

Fonte de pesquisa sobre o espumante brut:

Portal “Vinhos sem Segredos”, em: https://vinhosemsegredo.com/2010/12/19/champagnes-e-espumantes-brut/

Vídeo institucional da Aurora