terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Crios Malbec e Bonarda 2014

 

Há quem diga que para degustar um verdadeiro Malbec é preciso investir nos encorpados, barricados, aqueles “malbecões” corpulentos, complexos e estruturados. Claro que tudo é questão de proposta de vinho, claro que também é muito pertinente degustar um Malbec com essas características tão marcantes, sem dúvida um momento especial. Mas não devemos negligenciar os vinhos dessa cepa mais básica, frutadas, sem passagem por barricas de carvalho. Temos que admitir também que é mais difícil encontrar rótulos com essa proposta, um que expresse com fidelidade a essência de uma casta tão importante e necessária para os paladares dos enófilos mais exigentes.

Mas vamos combinar que degustar um Malbec argentino o nível de dificuldade na escolha reduz significativamente? Todas as propostas de Malbec, independente do que eles possam entregar, o Malbec argentino, de Mendoza, de Luján de Cuyo, que seja, traz toda a tipicidade de um terroir único e especial. E, diante de alguns vinhos dessa cepa que eu degustei ao longo do meu percurso um conseguiu, com maestria, unir o conceito frutado e jovem dos vinhos básicos com a personalidade, a estrutura de um Malbec barricado. É possível? Sim, consegui degustar um vinho frutado, um vinho delicado, com nuances amadeiradas e alguma complexidade. E nessa miscelânea improvável e inusitada partiu da mente emancipada de uma das mulheres mais bem sucedidas da história da vitivinicultura argentina e mundial: Susana Balbo.

E tinha que vir das terras férteis e abençoadas da região emblemática de Luján de Cuyo, onde a Malbec encontra os seus predicados. Então depois de algumas informações esclarecidas e divulgadas e meio caminho andado, nada mais pertinente do que revelar esse vinho que foi importante para a construção da minha percepção para com a Malbec. O vinho que degustei e gostei veio de Mendoza, mais precisamente de Luján de Cuyo, na Argentina, e se chama Crios, que, além da Malbec, com 95%, tem também 5% de outra popular casta dos Hermanos, Bonarda, portanto um corte com a predominância da Malbec e a safra é de 2014.

Susana Balbo: a emancipação feminina do vinho argentino

Nascida em uma família tradicional e desafiando as convenções sociais da era Susana, ela decidiu se profissionalizar na produção de vinho. Dessa forma, em 1981, recebeu seu Bacharelado em Enologia como a melhor pós-graduação, tornando-se a primeira enóloga feminina na Argentina.

Susana Balbo

Em 2012, ela foi a única argentina reconhecida pela revista Drinks Business como uma das mulheres mais influentes do mundo do vinho. Em 2015, a mesma publicação reconheceu a "Mulher do ano" (Mulher do ano de 2015 pela The Drinks Business) e, posteriormente em 2018, a nomeou como uma das "As 10 mulheres mais influentes do mundo da veio”. Sua experiência começou em Cafayate, Salta, responsável pela vinícola Michel Torino Sucession, especializada na produção de Torrontés. Depois, trabalhou em vinícolas muito importantes, como Martins e Catena Zapata. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Susana teve a oportunidade de atuar como consultora em importantes vinícolas internacionais em várias regiões vinícolas, o que lhe permitiu estar sempre na vanguarda das tendências do mercado e estilos de vinho. Ela também foi Presidente da Wines of Argentina (WOFA) três vezes (2006-2008, 2008-2010 e 2014-2016) e assumiu o cargo de vice-presidente de 2010 a 2012, tornando-se um ícone da indústria vinícola argentina e mundial.

Luján de Cuyo: o cantinho da Malbec

O departamento de Luján de Cuyo foi instituído em 11 de maio de 1855 sob o nome de “Villa de Luján” durante o governo do General Pedro Pascual Segura. Seu município foi criado em 1872. O povoado de Luján realizou uma grande contribuição à história da Independência Argentina, desempenhou um papel fundamental na formação do Exército dos Andes. Foi declarada “Cidade” a Villa de Luján, em Outubro de 1949. Em 1964, tanto a cidade quanto o departamento passaram a ser chamados “Luján de Cuyo”. No início, quando os espanhóis por ordem do Governador Garcia Hurtado de Mendoza, sob o comando do capitão Don Pedro del Castillo chegaram ao Vale de Huentota durante uma expedição constituída por sessenta espanhóis, mil e quinhentos índios auxiliares e um capelão, Frei Humberto de la Cueva, encontraram um precário sistema de irrigação artificial. Esse era o qual a população local irrigava suas plantações de batata e milho originários da América e desconhecidos até o momento na Europa. O Capitão del Castillo nomeou o lugar Mendoza – Novo Vale de Rioja. Era 2 de março de 1561. O nome foi uma homenagem ao Governador do Chile Hurtado de Mendoza e à pátria natal de Castillo.

Luján de Cuyo


E agora o tão esperado vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso e brilhante com reflexos violáceos, lágrimas finas e abundantes que teimam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz é intrigante, instigante mostrando aromas de frutas negras, frutas maduras e se destacam cereja preta, groselha, a fruta, como marcante característica da Malbec, se faz presente e evidente no aroma, muito agradável, além de notas de especiarias e baunilha, graças a sua passagem por barricas de carvalho por 9 meses.

Na boca é uma profusão de sabores, uma explosão complexa que envolve, como no quesito olfativo, a fruta negra, madura que se envolve com notas vegetais, de especiarias, um envolvente picante, toque de pimenta explicitado no seu rótulo, com taninos robustos, mas domados, com boa e atraente acidez, com um bom volume de boca e um final cheio, persistente e frutado.

Um senhor vinho! Um vinho considerado básico da linha de Susana Balbo mas que revela um vultosa personalidade, um rótulo encorpado, mas com muito equilíbrio, sendo inclusive fácil de degustar. Um vinho gastronômico que harmoniza com comidas picantes, massas e mais pesadas, como churrasco, por exemplo. A linha Crios se enquadra em uma frase que costumo usar como um mantra que diz: “Da nobreza vem a simplicidade’. Assim são os vinhos da rainha da vitivinicultura: Susana Balbo. E aqui vale fazer um adendo, uma curiosidade sobre o nome “Crios” para essa digna linha de vinhos. Susana Balbo decidiu, ao criar essa linha de vinhos mais jovens da vinícola, homenagear seus filhos que na época, eram crianças, daí o nome “crios” que significa “criança”. Vale dizer também que tive uma experiência incrível com o Torrontés dessa linha, o Crios Torrontés 2013. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Susana Balbo Wines:

Em 1999, com quase duas décadas oferecendo seu talento ao aconselhamento de empresas nacionais e internacionais do setor vitivinícola, Susana Balbo decidiu realizar seu sonho de ter sua própria vinícola e foi para que Susana Balbo Wines se enraizasse no coração de Luján de Cuyo Mendoza. Após mais de dez anos de constante crescimento nos mercados internacionais, outro sonho se tornou realidade: seus filhos, José, um enólogo da UC Davis (Califórnia) e Ana, formada em Administração de Empresas pela Universidade de Em San Andrés, eles decidiram continuar com a tradição da família e se juntar à equipe Susana Balbo WInes. Nos últimos anos, Susana e sua equipe trabalharam duro para atender aos mais altos padrões de qualidade em nível internacional, demonstrando seu compromisso com os problemas mais importantes do século XXI: segurança alimentar, sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.

Mais informações acesse:

https://www.susanabalbowines.com.ar/

https://www.criosdesusanabalbo.com.ar/



Referência de pesquisa:

Portal da cidade de Luján de Cuyo, em: https://lujandecuyo.gob.ar/lujandecuyo/

Portal Mendoza Travel, em: https://www.mendoza.travel/pt/resena-historica-8/#:~:text=O%20departamento%20de%20Luj%C3%A1n%20de,do%20General%20Pedro%20Pascual%20Segura.&text=O%20povoado%20de%20Luj%C3%A1n%20realizou,forma%C3%A7%C3%A3o%20do%20Ex%C3%A9rcito%20dos%20Andes.

Portal Experience Mendoza, em: http://www.experiencemendoza.com/pt/vinho-degusta%C3%A7%C3%A3o/visitando-as-vin%C3%ADcolas-de-mendoza/#:~:text=Luj%C3%A1n%20de%20Cuyo,-Com%20vinhedos%20plantados&text=O%20departamento%20faz%20parte%20da,t%C3%AAm%20se%20mostrado%20bastante%20expressivas.

Degustado em: 2017



 


sábado, 23 de janeiro de 2021

Club des Sommeliers Riesling Reserva 2015

 

O melhor Riesling vem da Alemanha! Essa eloquente afirmação ganha sustentabilidade, são os rótulos com esta cepa mais famosos do mundo! São tão famosos que existe uma espécie de associação deste país com esta casta branca. Quando falamos em Riesling lembramos quase que instintivamente da Alemanha. E os germânicos produzem e muito vinhos com a uva Riesling, sobretudo na famosa região de Mosel e há quem diga que a Riesling é a casta branca mais importante do planeta, superando as badaladas Chardonnay e Sauvignon Blanc, talvez por serem bem versáteis, produzindo desde vinhos secos até doces e alguns com vocação para envelhecimento. Os rótulos ofertados no Brasil são poucos e demasiadamente caros. Infelizmente no Brasil, por conta, diria, desses entraves, o enófilo tupiniquim pouco degusta vinhos Riesling. Tive a oportunidade de degustar exatamente um alemão, de nome Rebgarten Riesling 2018 graças ao convite de um grande amigo que foi presenteado com este exemplar e que foi, claro, maravilhoso.

Como eu não sou dotado, ainda, de posses vultosas de dinheiro, para desembolsar cifras e cifras para comprar um Riesling alemão, estabeleci algumas situações para adquirir um Riesling seja alemão ou de outro país: aproveitar raros momentos de promoção de um vinho alemão desta casta para tentar adquirir, garimpar vinhos de outros países da casta Riesling e aqui vale um adendo: temos bons exemplares nacionais, alguns, inclusive, são possíveis para comprar, por conta de preços mais acessíveis ou esperar um momento único e encontrar um de forma inesperada e comprar.

E não é que me deparei com um Riesling sem querer? Ou pelo menos não esperava encontrar por um rótulo dessa casta! Eu explico. Estava, mais uma vez, fazendo as minhas necessárias incursões pelos supermercados na esperança de encontrar aqueles vinhos atraentes que conseguem aliar custo X benefício para compor a minha humilde adega e, entre intervalos de olhares meio perdidos, um tanto quanto desanimado depois de algum tempo à procura de um rótulo que me interessasse, fixei os meus olhos em um rótulo, em destaque, com um valor incrível (R$ 27,90) de um vinho, adivinhem, da casta Riesling, porém do Chile. Mas, não foi apenas o Riesling que me surpreendeu, mas o seu país de origem: Chile. Confesso-lhes que, diante de minha magnânima ignorância, que o Chile produzia Riesling. Todos esses quesitos me interessaram por completo, tudo conspirava a favor para adquirir um exemplar daquele, exceto pelo receio da safra, deveras “antiga” para um vinho branco: 2015. Resolvi correr o risco, o preço atraente, talvez, fosse o motivo por conta da safra, e assim levei. Decidi não levar muito tempo para degusta-lo, até pelo fato da ansiedade que se apossou de mim e hoje o tão esperado dia chegou: o da degustação.

A taça foi inundada do vinho e, na minha primeira degustação, ele gozava de uma plena jovialidade, explodia em expressividade e frescor no auge dos seus 6 anos de vida! Esse vinho que degustei e gostei, da casta Riesling, tão famosa na Alemanha, produzido por uma tradicional vinícola chilena, a Carta Vieja, da Viña del Pedregal, com a marca de um importante Grupo Empresarial do varejo brasileiro, Grupo Pão de Açúcar: o Club des Sommeliers Riesling Reserva, do Valle Central, Chile, da safra 2015. Mas antes de falar do Riesling, contemos um pouco da história do Club des Sommeliers.

Club des Sommeliers

Lançada em 2000, “Club des Sommeliers”, marca de vinhos exclusiva do Grupo Pão de Açúcar, possui mais de 60 rótulos de 10 países selecionados pelo enólogo e consultor de vinhos Carlos Cabral. Os vinhos Club des Sommeliers são selecionados nas melhores regiões vinícolas do mundo: França, Itália, Portugal, Espanha, Chile, Argentina, Brasil, África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Em 2011, foi lançada a linha Reserva Club des Sommeliers, com vinhos que passam por um processo de envelhecimento em barricas de carvalho. O contato da bebida com a madeira torna-a mais saborosa e encorpada. A grande variedade de rótulos oferece a você vinhos de qualidade a preços acessíveis, com opções para o dia a dia e também para grandes celebrações. Club desSommeliers é a maior marca de vinhos no Brasil em número de rótulos, com mais de 90 rótulos de 11 nacionalidades.

Riesling

A Riesling tem uma longa história. Há muitos registros sobre ela datados já do século XV. O mais antigo é de 1435, quando o inventário de um armazém de um nobre em Rüsselsheim, uma pequena cidade alemã, relatava a presença de uma tal uva chamada Rießlingen. A denominação se repete em diversos outros documentos da época, e apenas em um de 1552 surgiu o nome atual da uva: Riesling. A maioria dos principais críticos de vinho aponta a Riesling como a principal uva branca do mundo, suplantando até mesmo a famosíssima Chardonnay e a clássica Sauvignon Blanc. Por quê? Porque essa casta de origem alemã, cujos primeiros registros são da Idade Média, é capaz de produzir grandes vinhos desde secos até doces, sendo boa parte deles com enorme potencial de envelhecimento.

Outro fator que encanta os críticos é a capacidade dessa cepa de traduzir o terroir em que está plantada. Ela reflete o vinhedo com transparência, de uma forma que nenhuma outra variedade é capaz. Por esse motivo, definir aromas e sabores não é tarefa simples, mesmo em lugares onde seu cultivo é tradicional, como nos vales dos rios Reno e Mosel, na Alemanha e na Alsácia, regiões muito próximas, mas que produzem Rieslings com personalidades bastante diversas.

Os alemães costumam ser mais leves e com tons florais. Já os franceses tendem a um vinho mais denso e complexo. Contudo, a Riesling pode apresentar aromas minerais bem marcados, algo terroso, muitos tons florais e até algumas especiarias e notas apimentadas. Na boca, pêssego e maçã-verde, além de frutas cítricas, costumam aparecer. Rieslings doces terão um aroma de mel maravilhoso, além de sugerir damascos, marzipã e uva-passa. Com o envelhecimento em garrafa, muitos vão apresentar um aroma de petróleo bastante típico.

A Alemanha é o berço da Riesling, mas ela se espalhou pelo mundo, pois é uma vinha muito estável. Mesmo havendo mais de 60 clones diferentes disponíveis, eles não apresentam grandes diferenças entre si, e a capacidade de produzir vinhos desde secos até doces (incluindo espumantes) é um grande atrativo. Suas principais regiões produtoras dentro da Alemanha são: Mosel, Pfalz, Rheingau e Nahe. Depois da Alemanha, a Alsácia é a zona mais tradicional da casta. Em seguida, podemos encontrar grande produção de Riesling na Austrália, Áustria, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos, com presença em algumas regiões do Chile.

Essa cepa é considerada de maturação precoce, especialmente em climas quentes. A madeira de sua vinha é bastante dura, o que faz com que ela seja extremamente resistente ao frio invernal de lugares como Canadá e norte da Alemanha, por exemplo. Frio, aliás, que é capaz de congelar seus grãos, que vão gerar os famosos Icewines, os vinhos do gelo.

A Riesling raramente é vista em blends. Um dos motivos é a tradição alemã e alsaciana de fazer vinhos varietais, mas outro é o fato de ela ser considerada uma variedade completa em si mesma, que não precisa de adições de outras, pois, nas misturas, pode perder aroma, complexidade e elegância.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo amarelo palha brilhante, reluzente, límpido com reflexos esverdeados com lágrimas finas e lentas, que desenham as paredes do copo.

No nariz revelou-se um agradável aroma de frutas brancas, tais como maçã verde, pera e frutas cítricas, talvez frutas secas e notas florais, flores brancas. Sente-se também um discreto e instigante tostado, em decorrência de sua curta passagem por 3 meses em barricas de carvalho.

Na boca é um vinho leve, redondo e equilibrado, mostrando ainda frescor e jovialidade, apesar de seus 6 anos de vida. Repetem-se as notas olfativas, sobretudo no quesito frutado, trazendo ainda um pouco coco, certa cremosidade que enche a boca, graças ao aporte da breve passagem por madeira, uma boa acidez e um final excepcional, muito persistente.

Tudo conspirou a favor ao degustar esse belo e surpreendente Club des Sommeliers Riesling Reserva, até mesmo a safra que poderia ser um entrave, um problema, revelou-se mais um atrativo que agregou valor a esse belíssimo rótulo chileno dessa excepcional casta branca chamada Riesling que vem me conquistando aos poucos, apesar da curta história com esta cepa. Conspirou tão divinamente que até o calor das últimas semanas que imperam impiedosamente em terras brasileiras harmonizou maravilhosamente com esse belo exemplar ou teria sido o contrário? Mas não se enganem que é um vinho fresco, jovem e leve apenas, ele entregou personalidade, expressividade, um vinho com untuosidade, um vinho de grande volume na boca, de persistência, mas que se mostrou equilibrado e fácil de degustar. Me falaram por aí que Riesling não passa e não pode estagiar em barricas de carvalho, mas esse, em especial, com uma carta passagem por madeira, cerca de 3 meses, mostrou alguma estrutura, uma elegante textura e o principal: manteve, com fidelidade, as características essenciais da cepa. Ótimo! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Harmonizando com os queijos Gruyere e Gouda

Sobre a Viña Del Pedregal, que produziu o Club des Sommeliers Rieling Reserva:

1825 marca o início da tradição vinícola da família Del Pedregal. Naquele ano, Carlos Del Pedregal chega ao Chile das Astúrias, com suas convicções, por um lado, e com variedades europeias, por outro, para realizar seu sonho de fundar uma vinha no vale Maule. A área de Loncomilla foi escolhida por esse pioneiro espanhol que percebeu as excelentes condições do Chile, ideais para o cultivo de videiras e a elaboração de vinhos. Já há várias gerações ligadas ao comércio familiar, quase 200 anos dedicado à elaboração de vinhos nobres, adaptando-se à história e às mudanças ao longo do tempo. Todos os membros da família estão envolvidos em diferentes tarefas e, de várias maneiras, contribuem com seu conhecimento, paixão e amor pela terra, transmitidos de pais para filhos.

Mais informações acesse:

http://www.delpedregalwines.com/about-us--eng.html

Referências de pesquisa:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-riesling/?doing_wp_cron=1611064247.0428109169006347656250

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/riesling-os-sabores-da-uva-branca-alema_11870.html






segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Kumala Merlot e Pinotage 2014

Lembro-me como se fora ontem, mas há 5 anos atrás, quando decidi, ao sair de casa, que não queria comprar um vinho óbvio ou de um país já “manjado” como do Brasil, Chile, Argentina e Portugal. Claro, deixo aqui a minha devida explicação, que não desgostei dos rótulos desses países, mas queria mudar um pouco de ares, sair um pouco da zona de conforto e degustar um vinho de uma região, de um país pouco comum, menos rotineiro. Então, saí de casa para garimpar e materializar as minhas pretensões. Estive em uma tradicional loja especializada em vinhos no Rio de Janeiro chamada “Lidador” e pensei: Aqui eu acredito que consiga encontrar um vinho que possa saciar as minhas necessidades de momento. E como uma importante boutique de vinhos, traz uma diversidade de rótulos, um leque de muitos terroirs, de muitos países! Comecei a procurar, foram vários vinhos examinados, procurei cada canto da sua imponente adega e, meio que em uma posição discreta, avistei um da África do Sul, tinha um rótulo bonito, chamativo, mas sem ser espalhafatoso, e logo tomei o mesmo em minhas mãos. Antes desse vinho sul africano eu havia degustado alguns, mas apenas da casta emblemática daquela região: Pinotage. E esse era um corte, um assemblage, com a própria Pinotage e a francesa Merlot. Nunca havia, até então, degustado um vinho da terra de Mandela com esse corte. Já me animou! Procurei o vendedor, um simpático senhor que demonstrava conhecer um pouco sobre vinhos e logo perguntei: O que o senhor me diz desse vinho? Talvez tenha sido um argumento de vendedor, mas ele demonstrou conhecer plenamente as características do vinho e pôs a falar: “O vinho é muito bom, frutado, de personalidade...etc”. Aquilo criou dentro de mim um estímulo para leva-lo. Não hesitei muito e o rótulo já estava sob meus domínios.

Não degustei o vinho de imediato, levou alguns meses para desarrolhá-lo, mas não muito. Parecia que precisava de um mínimo tempo para maturar o meu desejo por esse rótulo, por esse sul africano e eis que o dia chegou. Lembro-me com clareza que estava eufórico para degusta-lo, o momento havia chegado. E a espera, a expectativa convergiu com a realidade ou derramar as primeiras doses em minha humilde taça! Que vinho! Então vos apresento o vinho que degustei e gostei que veio da região sul africana de Western Cape, chamado Kumala, com um corte das seguintes castas: Merlot (50%) e Pinotage (50%), da safra 2014. E podemos atribuir ao Mr. Jack Bruce esse momento especial e que cuja filosofia está na democratização do vinho, o vinho para todos os bolsos e camadas sociais, privilegiando, preconizando a qualidade. Mas antes falemos um pouco da região vinícola mais importante da África do Sul: Western Cape.

Western Cape, a toda poderosa região vinícola sul africana

Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país. Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país. Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300 quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais de 150 quilômetros.

Western Cape

O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao próprio país. Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta, inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade.

A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades, a maioria em estilo europeu.

Kumala e seu criador: Jack Bruce

Localizada no entorno da “Table Montain”, na Cidade do Cabo, a Kumala é uma das mais importantes e maiores vinícolas do país. Comandada pelo experiente produtor Bruce Jack, a vinícola transmite em seus vinhos toda a delicadeza e caráter que conquistaram paladares mundo afora, sendo uma das marcas mais exportadas da África do Sul.

A linha de rótulos “Kumala”, apelidada de “Core” (núcleo), é uma linha de vinhos bi-varietais que busca expressar as virtudes de duas variedades de uva e o talento enológico da equipe do Bruce Jack para produzir vinhos de excelente relação preço-qualidade. Bruce entende que o vinho deve ser algo simples, que proporcione prazer e encantamento aos momentos e às refeições da vida cotidiana. E, é com esse propósito que os vinhos Kumala são produzidos. Vinhos esses que conquistaram paladares mundo afora e hoje estão entre os mais exportados da África do Sul. Não por acaso, os vinhos da Kumala são os sul-africanos mais consumidos no Reino Unido. Bruce nasceu na Cidade do cabo e é filho de um arquiteto visionário e um músico e escritor brilhante.

A história de Jack Bruce, em detalhes!

E agora o vinho!

Na taça o vinho revela um vermelho rubi intenso e muito brilhante com reflexos violáceos e uma razoável proliferação de lágrimas, finas e que persistia em sumir das bordas do copo.

No nariz o destaque fica para o aroma frutado, frutas negras maduras, como amora e ameixa, com notas de chocolate meio amargo bem discreto e toques de especiarias o que se deduz que o vinho passara por madeira, mas não consegui confirmar tal informação junto ao produtor, apenas que o mesmo passou por tanques de aço inox, que privilegia as características essenciais das cepas o que de fato foi percebido, sobretudo no palato.

Na boca reproduz as percepções olfativas, sendo muito frutado, com alguma estrutura conferida pela Pinotage envolta em uma textura macia, um vinho de personalidade, mas fácil de degustar, sendo equilibrado. O toque de chocolate e de especiarias também é percebido em boca. Tem taninos polidos e acidez correta com um final persistente.

Um senhor vinho! Uma proposta simples sim, que valoriza a filosofia de um enólogo visionário e que valoriza a democratização da bebida, na sua mais alta nobreza, a todos, indistintamente. Um vinho frutado, jovem, fresco, mas com marcante personalidade, que mostra a robustez da Pinotage e a maciez frutada da Merlot, trazendo toda a versatilidade e a vocação gastronômica que esse vinho ostenta. Valeu e muito a pena fugir do convencional e Kumala, mesmo sendo um vinho exportado em todo o mundo, um vinho global, mostra a força do regionalismo, do terroir sul africano, com muita tipicidade. Tem 14% de teor alcoólico muito bem integrados.

Sobre a Jack Bruce Wines:

Bruce Jack Wines é uma empresa global de vinhos que valoriza todos os níveis de preço. São obcecados em fazer a coisa certa para os seus vinhos, vinhedos e clientes. São um amálgama independente, familiar e controlado de marcas interessantes que celebram a autenticidade e a proveniência. São diferentes na forma como compram as uvas, comunicam sobre os seus vinhos, se relacionam com os seus clientes e os distribuem por todo o mundo. É uma equipe pequena e dinâmica com escritórios em todo o mundo. Em última análise, acreditam que o vinho é um produto básico histórico, sofisticado, intrigante e alegre em um mundo confuso e caótico.

Sobre a Accolade Wines (Dona da marca Kumala):

Embora a Accolade Wines seja uma empresa jovem, nossa história é profunda, com uma herança orgulhosa que inclui algumas das primeiras vinícolas estabelecidas na Austrália. Hardys, uma marca que foi pioneira na grande tradição de mistura de vinhos, esmagou suas primeiras uvas em 1853, enquanto as raízes de sua principal marca da Austrália Ocidental, Houghton, remontam a meados da década de 1830. Essa rica herança os ajudou a construir uma das empresas líderes de vinho do mundo, que hoje entrega aproximadamente 27 milhões de caixas para 132 países em todo o mundo todos os anos.

Mais informações acesse:

https://brucejack.com/

https://www.accoladewines.com/

Referências de pesquisa:

“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/western-cape-a-gigante-sul-africana/?doing_wp_cron=1611015613.7245669364929199218750#:~:text=Localizada%20a%20sudoeste%20da%20%C3%81frica,alguns%20de%20seus%20principais%20destaques.

Vinho degustado em: 2016

 

 

 

 







 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Terranova Brut

A vida é construída por elos emocionais. Embora soe um tanto quanto passional, a realidade é essa e, convenhamos, mais do que necessária! São nossos “carimbos históricos”, que conta um pouco do nosso percurso, da nossa vida com algo ou alguém. Um dos momentos emblemáticos da minha vida, como enófilo, sobretudo naquela transição de que todo brasileiro apreciador de vinho passa, que é do vinho de mesa para as uvas vitis vinífera, foi ter degustado alguns rótulos da vinícola Miolo. A Miolo, com seus rótulos, foram os primeiros vinhos nacionais que eu degustei quando as minhas estruturas sensoriais estavam sendo construídas para o vinho, fizeram e fazem parte da minha história. Mas, há muito tempo eu não degustava um vinho desse produtor que hoje é líder de mercado neste segmento e que ganhou o mundo graças a sua expertise e sua grande capacidade de saber fazer, com qualidade, grandes rótulos, de muita tipicidade expressando grandemente o nosso terroir. Eu havia deixado, meio lado, os seus rótulos nesses últimos anos, a adega estava vazia da Miolo. Não sei dizer o motivo, exatamente, talvez os valores altos, uma oportunidade, não sei. Não quero especular o que de fato não importa muito, porque, depois de muito tempo eis que surge em minha adega, em minhas mãos, em minha taça um vinho da Miolo, para rememorar os bons tempos de outrora nos dias de hoje.

E o vinho que degustei e gostei não poderia ser melhor: um espumante brasileiro! Um grande espumante que veio de terras inusitadas para o cultivo do vinho que hoje, é uma grata realidade, de terras banhadas pelas águas de nosso patrimônio natural: o Vale São Francisco, o Velho Chico, no Vale são Francisco, na Bahia: É o Terranova brut, produzido pelo método charmat, não safrado, com um blend composto pelas castas: Chenin Blanc, Sauvignon Blanc e Verdejo, um “Blanc des Blancs”, um corte bem interessante que faz do vinho muito especial, a assinatura da Miolo para a produção dos melhores espumantes brasileiros. E com esse rótulo, vem também as histórias para contar, as informações que, agregados a nossa vida, se transforma em conhecimento adquirido. O que significa “Blanc des Blancs”? O Vale são Francisco e sua história...Muito para se contar!

Branco dos brancos

O termo “blanc de blancs” encontrado nas garrafas e publicidades de espumantes, é um termo bastante utilizado na região de Champagne na França e posteriormente estendeu-se a diversas outras regiões do mundo, incluindo o Brasil. Mas o que significa “blanc de blancs”? Blanc de blancs significa: espumante branco elaborado somente de uvas brancas.

Um espumante pode ser branco e ser elaborado de uvas tintas, como classicamente da uva Pinot Noir ou de uvas brancas, como por exemplo, da uva Chardonnay. Pode também ser elaborado de uma mistura (assemblage, corte ou blend) de uvas brancas e tintas, mesmo sendo um vinho espumante branco. A indicação “blanc de blancs” serve para que o consumidor saiba, que aquele espumante, ou aquele champagne, se for oriundo da região de Champagne na França, foi elaborado apenas com uvas brancas.

Vale São Francisco: Os vinhos do sol

A vitivinicultura do semiárido brasileiro é uma excepcionalidade no mundo, uma vez que está localizada entre os paralelos 8º e 9o S e produz, com escalonamento produtivo, uvas o ano todo totalizando duas safras e meia em condições ambientais adversas como alta luminosidade, temperatura média anual de 26oC, pluviosidade aproximada de 500mm, a 330m de altitude, em solo pedregoso.

Cinturão dos vinhos

Seus vinhos possuem público crescente, porque são jovens “vinhos do sol”, peculiares nos aromas e sabores, considerados como fáceis de beber e apresentando boa relação comercial qualidade/preço. Aliado a essas particularidades, diretamente associadas à produção de vinhos finos, o Vale é ainda cenário de diversas belezas naturais, históricas e culturais. Estudos já publicados permitem identificar que a região conta com diversas características que comprovam o seu potencial turístico para o desenvolvimento da atividade, como é o caso da sua história, riquezas ambientais e diversificada cultura regional. Esses fatores estão relacionados à diversidade observada na região. Isso é notado, principalmente, em decorrência da sua extensão. A Bacia do São Francisco é a terceira maior bacia hidrográfica do país e a única que está totalmente inserida no território nacional. Nela estão localizados 506 municípios contando com, aproximadamente, 13 milhões de habitantes, que representa 9,6% da população brasileira.

Bem antes do Vale do São Francisco se consolidar como polo de vitivinicultura, quem já exercia esse papel no Brasil era a região Sul. No século 19, o Rio Grande do Sul, mesmo com as condições climáticas desfavoráveis, passou a ser considerado um polo crescente nesse meio – e até hoje segue inserido no ramo. Mas, a chegada de imigrantes estrangeiros no país trouxe o conhecimento técnico e a noção de mercado, o que fez com que outras regiões brasileiras também mostrassem a sua capacidade produtiva. É na década de 1960 que o Nordeste entra em cena e o Vale do São Francisco inicia a sua trajetória na produção de uvas e vinhos, com a implantação das primeiras videiras. Nos anos de 1963 e 1964, foram instaladas duas estações experimentais, nos municípios de Petrolina, no Sertão de Pernambuco e Juazeiro, na Bahia, onde seriam implantados, respectivamente, o Projeto Piloto de Bebedouro e o Perímetro Irrigado de Mandacaru.

Vale do São Francisco

Apesar da escassez de chuva, o clima quente e seco do semiárido mostrou-se terreno fértil para a vitivinicultura e, na mesma década, outras cidades do Sertão de Pernambuco passam a fazer parte da cadeia produtiva. O pioneirismo da vitivinicultura no Nordeste é representado pelo Sertão Pernambucano, que iniciou a sua trajetória na vitivinicultura na década de 1960, produzindo vinhos base para vermutes, na cidade de Floresta, uvas de mesa em Belém do São Francisco e em Santa Maria da Boa vista, localidade que na época se chamava Coripós. Entre os anos 80 e 90, a região banhada pelo Rio São Francisco passa a ser conhecida também pela produção de vinhos finos, e em 1984 é produzido o primeiro vinho no Vale do Submédio São Francisco, com a marca Boticelli. O fortalecimento da vitivinicultura no Vale do Submédio São Francisco se deu com a instalação de vinícolas na Fazenda Milano, em Santa Maria da Boa Vista – PE e Fazenda Ouro Verde, em Casa Nova, na Bahia, que passaram a produzir vinhos finos. Ao longo da década de 1990, ganha destaque a vitivinicultura tecnificada e a produção de uvas sem sementes. É também nessa época, que cresce o investimento de grupos empresariais na região. A instalação de uma infraestrutura física, como construção de packing houses, melhoria no sistema rodoviário e portuário, e, sobretudo, a organização dos produtores em associações e cooperativas, desempenharam um importante papel na consolidação das exportações de uvas de mesa do Vale do Submédio São Francisco. A partir dos anos 2000, a produção se fortalece ainda mais com a implantação de outras vinícolas e vitivinícolas e também com as iniciativas públicas. Ações governamentais e de ensino, pesquisa e inovação, a partir do ano 2000, trouxeram novas tecnologias de produção e processamento de uvas e o reconhecimento de atores internacionais. É nessa época que surge a Escola do Vinho do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano.

Estruturação de IG (Indicação Geográfica)

A estruturação da Indicação de Procedência Vale do São Francisco para vinhos está vinculada a projeto financiado pelo MCT/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tenológico - CNPq. A ação do projeto, voltada para a estruturação da IG, tem as seguintes instituições de CT&I como executoras: Embrapa Uva e Vinho (coordenação) em parceria com a Embrapa Semiárido, Embrapa Clima Temperado, UCS, UFLA, UFP e IF Sertão. O setor vitivinícola da região é representado pelo “Instituto do Vinho do Vale do São Francisco” (Vinhovasf). O projeto conta, ainda, com outras instituições que participam em diversas pesquisas para apoiar o desenvolvimento tecnológico da vitivinicultura da região do Vale do São Francisco. Os produtos IP Vale do São Francisco incluem os vinhos finos tranquilos brancos, rosados e tintos, o espumante fino e o moscatel espumante.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha, bem claro, mas com reflexos esverdeados e reluzentes, brilhantes. Tem perlage em profusão e bem finas.

No nariz tem um caráter frutado, frutas brancas e cítricas, tais como abacaxi, limão siciliano, maracujá, pera e melão e agradável e delicado toque floral, graças à Chenin Blanc, ressaltados graças a opção da taça: um pouco mais bojuda que privilegia, que ressalta os aromas.

Na boca tem um ótimo frescor e jovialidade graças a sua boa acidez, que acredito seja cortesia da Sauvignon Blanc, com um ótimo equilíbrio e leveza, além de um final frutado e retrogosto persistente.

Um espumante excepcional, que expressa, com veemência, as características mais marcantes de um terroir improvável, mas que, com expertise e arrojo por parte de empreendedores do vinho, fizeram acontecer, entregando aos enófilos vinhos frescos, jovens, mas vibrantes. E, depois de tantas histórias, conceitos e conhecimentos agregados, a minha história com a Miolo foi restabelecida, com um caminho longo, mas prazeroso, a se percorrer! Há de se ter mais vinhos, porque sou merecedor deles, como um enófilo, como um apreciador de vinhos. E por falar em merecimento e qualidade, esse Terranova brut é digno de sua história, de seu DNA: um vinho fresco, jovem, direto, mas com a personalidade de uma região que, a cada dia cresce, em estrutura e qualidade. Castas típicas da Espanha, França encontraram em terras brasileiras um cultivo ideal entregando, para nosso deleite, vinhos sensacionais, e que esse Terranova entrega maravilhosamente! Teor alcoólico de 12%.

Terranova Brut harmonizado com um belo queijo Gruyere

Sobre a Vinícola Terranova:

O Grupo Miolo, além de sua presença forte no Rio Grande do Sul, é dona também da Vinícola Terranova, em Casa Nova, na Bahia. Eles adquiriram a Fazenda Ouro Verde, onde hoje está a Vinícola Terranova, no ano 2000. Na época, já existia uma pequena vinícola em funcionamento no local, que foi totalmente restaurada e ampliada. A construção da nova vinícola começou em 2002 e levou dez anos para ser totalmente concluída. Hoje 10% da produção é destinada ao mercado internacional. Desde sua abertura para o público, eles recebem cerca de 2.500 visitantes por mês. São 683 hectares, área que compreenderia uma cidade de 30 mil habitantes. Desses, 200 hectares são dedicados ao plantio das uvas. É horizonte de parreiras a perder de vista.

Vinícola Terranova

Diferentemente da maioria dos vinhedos, a Terranova conta com até duas safras e meia de uvas por ano devido ao controle que faz do ciclo das parreiras. Ou seja, o ciclo normal que leva um ano na maior parte do mundo, ali leva apenas 4 meses. De um lado elas estão verdejantes e carregadas de uvas, do outro lado elas estão nascendo ou ainda na fase de poda. Esta é a região mais seca do Brasil. Anualmente contam com 3.100 horas de sol e apenas 400mm de chuvas anuais. O inverno nunca chega diferentemente da maioria das vinícolas ao redor do mundo (incluindo as brasileiras). O que causa tal milagre é a irrigação contínua e localizada por sistema de gotejamento do Rio São Francisco. A plantação é dedicada à uva perfeita para espumantes, vinhos jovens e frutados, e também do melhor suco de uva integral que você encontrará no mercado.

Sobre a Vinícola Miolo:

A história da família Miolo no Brasil começa em 1897. Entre os milhares de imigrantes italianos que vieram ao país em busca de oportunidades, estava Giuseppe Miolo, um jovem que já tinha nas veias a paixão pela uva e pelo vinho, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto. Ao chegar ao Brasil, Giuseppe foi para Bento Gonçalves, município recém-formado por imigrantes italianos. Entregou suas economias em troca de um pedaço de terra no vale dos vinhedos, chamado Lote 43. Já em 1897, o imigrante começou a plantar uvas, dando início a tradição vitícola da família no Brasil.

Na década de 70, a família foi pioneira no plantio de uvas finas, fazendo com que os netos de Giuseppe Miolo, Darcy, Antônio e Paulo, ficassem muito conhecidos na região pela qualidade de suas uvas. No final da década de 80, uma crise atingiu as cantinas dificultando a comercialização de uvas finas e forçando a família Miolo, a partir de 1989, a produzir o seu próprio vinho para a venda a granel para outras vinícolas. Surge a Vinícola Miolo, com apenas 30 hectares de vinhedos. Em 1992 a primeira garrafa assinada pela família foi um Merlot safra 1990, que na partida inicial teve 8 mil garrafas produzidas. Em 1994 é lançado o Miolo Seleção, que logo se torna o vinho mais distribuído da Miolo.

A paixão pela vitivinicultura e o desejo de levar mundo afora o vinho fino brasileiro foi o que inspirou a família Miolo a tomar a decisão de expandir o negócio. Inicia-se em 1998 o Projeto Qualidade. Desde então o crescimento da empresa foi significativo: com investimentos constantes na terra, tecnologia, recursos humanos e no próprio consumidor, iniciou-se também o Projeto de Expressão do terroir brasileiro.

Instalado na Estância Fortaleza do Seival, localizada no Sul do Brasil, no município de Candiota, próximo à divisa com o Uruguai, o “Projeto Seival”, nos anos 2000. Em 2001 a Família Miolo juntamente com a família Benedetti (Lovara) iniciam o projeto Terranova no Vale do São Francisco, adquirindo a antiga propriedade do Sr. Mamoro Yamamoto chamada Fazenda Ouro Verde. Em 2009 a Família Miolo, juntamente com a família Benedetti e a família Randon, adquirem a Vinícola Almadén pertencente a Pernod Ricard. Sendo também uma das mais importantes do segmento de vinhos no mercado nacional, introduzindo a colheita mecânica, pioneira no Brasil.

Mais informações acesse:

https://www.miolo.com.br/

Referências de pesquisa:

“Enoestilo”: https://www.enoestilo.com.br/dica-de-vinho-do-dia-blanc-de-blancs/

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=BR04

“Revistas Unifacs”: https://revistas.unifacs.br/index.php/rde/article/viewFile/4017/2739

“Blog Vinho Tinto”: https://www.blogvinhotinto.com.br/destaquesdoblog/ja-conhece-os-vinhos-do-vale-do-sao-francisco/

“Enovírtua”: https://www.enovirtua.com/enoturismo/producao-de-uvas-e-vinhos-no-vale-do-sao-francisco-uma-historia-que-comeca-na-decada-de-1960/#:~:text=%C3%89%20na%20d%C3%A9cada%20de%201960,a%20implanta%C3%A7%C3%A3o%20das%20primeiras%20videiras.&text=Ao%20longo%20da%20d%C3%A9cada%20de,produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20uvas%20sem%20sementes.

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-em-estruturacao/vale-do-sao-francisco

“Site Terra”: https://chickenorpasta.com.br/2018/enoturismo-na-bahia-visitando-a-vinicola-terranova

 

 

 

 









 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Muralhas de Monção 2015

 

Sabe aquele vinho que “harmoniza” com o clima do Brasil? Um clima quente, tropical, aquele vinho que se assemelha a descontração do povo brasileiro, a sua receptividade? Pois é, com essas linhas iniciais muitos pensariam que estou a falar do nosso espumante que, de fato, se adequa a esses quesitos, sendo ainda uma referência de qualidade e tipicidade para a nossa vitivinicultura. Mas dessa vez eu não falo dos espumantes, mas sim dos vinhos verdes! Os vinhos verdes, oriundo da região de mesmo nome, lá do Minho em Portugal, predominantemente com os seus rótulos, traz todo o frescor, a jovialidade e a leveza de que nós, brasileiros, apreciamos e que tem tudo a ver com o nosso clima e estado de espírito. Claro que, a região dos Vinhos Verdes, representados pelos seus dignos e perseverantes produtores está investindo em rótulos mais complexos, encorpados e com passagens por barricas de carvalho, mas que se configura em uma espécie de confronto, de substituição aos clássicos vinhos verdes mais leves e frescos que, muitas vezes são erroneamente confundidos com vinhos de má qualidade, mas apenas como uma proposta a mais, cabendo ao enófilo escolher o que lhe convém.

Lembro-me que, o meu primeiro contato com o vinho verde, foi, admito, tardiamente, por volta do ano de 2015, quando degustei, segundo meus registros fotográficos, o meu primeiro rótulo, muito por conta da informação que recebi sobre as suas características e que se confundia com os espumantes que eu já degustava há mais tempo. Sempre me falavam: “Você, que gosta de espumante, compre vinho verde!” Mas ainda demorei um tempo para comprar um rótulo. Quando, em uma das minhas incursões ao supermercado, perguntei a um responsável pelo setor do vinho que trafegava pelos corredores se tinha vinho verde, pois me lembrei das dicas e recomendações de tempos atrás, o funcionário do supermercado me indicou um da vinícola Adega de Monção, um rótulo simples que poucos dariam o devido crédito, mas o valor era muito atrativo e eu estava, naquele momento, muito interessado em degustar um vinho verde. O comprei!

Meu primeiro vinho verde da Adega de Monção

O retorno foi maravilhoso! De fato era o que as pessoas diziam. Então, entusiasmado com o resultado, retornei ao supermercado com a intenção de adquirir outro rótulo. Estava determinado! E quando o escolhi, inclusive do mesmo produtor, porém um pouco mais caro, não tinha noção do quão esse vinho iria impactar, de forma tão positiva e avassaladora, a minha vida como enófilo. Então o vinho que degustei e gostei veio da região portuguesa dos Vinhos Verdes, e se chama Muralhas de Monção, um corte das típicas e emblemáticas castas Alvarinho (85%) e Trajadura (15%), da safra 2015. Esse vinho abriu a minha mente, definitivamente, para o mundo dos vinhos verdes, transbordando de conhecimento no que tange a sua região, castas e tipicidade. Então, na mais prudente falar um pouco da região e da sua brilhante participação na edificação da história vitivinícola de Portugal.

Vinhos Verdes, a região.

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C. Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra. No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico. O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região dos Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utiliza-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resulta vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: tem vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde de limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a Regiãoa a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

O uso indiscriminado dos termos “Vinhos Verdes” ou “Vinho Verde” gera muita confusão. Pode parecer uma questão simplesmente ligada ao plural, mas não é. Os termos se referem à Região dos Vinhos Verdes (plural), uma das 14 regiões demarcadas de Portugal e à Denominação de Origem Controlada (DOC) Vinho Verde (singular). Para receber o selo de Denominação de Origem Vinho Verde, os vinhos devem respeitar as normas estabelecidas pela lei. Não há restrição de área de cultivo, toda a produção realizada dentro da Região dos Vinhos Verdes pode receber o selo se respeitarem as diretrizes da DOC. A legislação permite a elaboração de vinhos brancos, rosés e tintos dos tipos tranquilo e espumante. Os tranquilos devem ter um volume alcoólico entre 8,5% e 14% e os espumantes entre 10% a 15% de álcool. Todos são elaborados exclusivamente com castas autóctones da região, são elas: as brancas Alvarinho, Arinto, Avesso, Loureiro, Azal, Batoca, Trajadura, e as tintas Vinhão, Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Pedral e Rabo de Anho. É permitida a criação de varietais e blends. Contanto, varietais de Alvarinho só recebem a certificação DOC Vinhos Verdes quando elaborados na sub-região de Monção e Melgaço. Exemplares de qualquer outra sub-região recebe a certificação de Vinho Regional do Minho.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho. Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação. Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação. A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha com tons brilhantes muito intensos, além de um gaseificado que indica frescor.

No nariz traz um toque exuberante de frutas brancas, frutas frescas e cítricas, como pêssego, graças a Alvarinho e sua predominância, pera, maracujá, abacaxi e um intenso floral, flores brancas, além daquelas inconfundíveis notas minerais que diria ser por conta da influência atlânticas das terras do Minho.

Na boca é leve, fresco, uma belíssima jovialidade, mas com uma personalidade forte e marcante, sendo expressivo que preenche a boca, graças também a sua boa acidez, o toque cítrico, frutado, mineral, com um final persistente e fresco.

Um vinho espetacular que adentrou a minha vida de enófilo de uma forma avassaladora, como um furacão vinífero e deixou, até hoje deixas consistentes em minha vida de enófila, quase 5 anos depois de degustado. Um vinho versátil e que entrega, além do tradicional frescor e leveza de um típico vinho verde, uma personalidade marcante e poderosa aos sentidos. Sempre me lembrarei desse vinho como o de fato inaugural nas minhas degustações de vinho verde. De todos os vinhos verdes que entraram e saíram da minha adega, de todos aqueles que degustei e degustarei, ele sempre será a minha referência, o meu fator de gratas e inesquecíveis lembranças. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Monção:

A Adega Cooperativa Regional de Monção, CRL, foi fundada a 11 de Outubro de 1958, por iniciativa de 25 viticultores. Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, onde a casta Alvarinho é melhor representada. A matéria-prima, aliada à cuidada seleção das uvas à entrega da Adega, conjugada com a tecnologia moderna de vinificação e um contacto de proximidade com os clientes, são o garante da qualidade dos seus produtos, produtos estes reconhecidos em Portugal, mas também em grande parte dos países da Europa, África, América do Norte e do Sul.

Entre 1986 e 2004 a Adega de Monção melhorou as condições tecnológicas de receção de uvas e o processo de vinificação, a capacidade de armazenamento, estabilização e engarrafamento dos vinhos. Em 1999 aumentou as suas instalações com a criação de um novo centro de receção de uvas e vinificação – o pólo de Melgaço, cobrindo assim de melhor forma toda a área geográfica da sub-região em que se encontra. Entre 2004 e 2006, tiveram início às obras de criação de modernas estruturas físicas que permitiram alargar a comercialização a nível nacional e internacional, perfazendo um investimento total de 6,5 milhões de euros, infraestrutura que acolheu os novos serviços administrativos, zona de receção de uvas e nova linha de engarrafamento, obra inaugurada em 2008 aquando da comemoração dos 50 anos.

Atualmente a Adega de Monção apresenta uma faturação anual superior a 15 milhões de euros, sendo reconhecida de forma unânime como uma das melhores Adegas Cooperativas do País, assumindo assim um papel de grande importância na economia local. Possui 1720 produtores associados, que somam uma área de vinha de 1237 Ha e produções na ordem dos 8.000.000 Kg anuais, dos quais 60% dizem respeito à casta Alvarinho.

Para ser possível o desenvolvimento desta atividade a Adega de Monção, possui dois polos de produção, que no conjunto tem uma capacidade de receção de uvas de 700.000 kg por dia. Possui ainda uma capacidade de armazenamento de vinhos de 10.328.648 litros. A Adega de Monção possui capacidade de vinificação e engarrafamento da totalidade dos vinhos produzidos, tendo sido para o efeito adquirida em 2005 uma nova linha de engarrafamento com uma capacidade de produção de 6000 garrafas/hora.

Mais informações acesse:

http://adegademoncao.pt/

Referências de pesquisa:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/


Degustado em: 2016