O melhor Riesling vem da Alemanha! Essa eloquente afirmação
ganha sustentabilidade, são os rótulos com esta cepa mais famosos do mundo! São
tão famosos que existe uma espécie de associação deste país com esta casta
branca. Quando falamos em Riesling lembramos quase que instintivamente da
Alemanha. E os germânicos produzem e muito vinhos com a uva Riesling, sobretudo
na famosa região de Mosel e há quem diga que a Riesling é a casta branca mais
importante do planeta, superando as badaladas Chardonnay e Sauvignon Blanc,
talvez por serem bem versáteis, produzindo desde vinhos secos até doces e
alguns com vocação para envelhecimento. Os rótulos ofertados no Brasil são
poucos e demasiadamente caros. Infelizmente no Brasil, por conta, diria, desses
entraves, o enófilo tupiniquim pouco degusta vinhos Riesling. Tive a
oportunidade de degustar exatamente um alemão, de nome Rebgarten Riesling 2018 graças ao convite de um grande amigo que foi
presenteado com este exemplar e que foi, claro, maravilhoso.
Como eu não sou dotado, ainda, de posses vultosas de dinheiro, para desembolsar cifras e cifras para comprar um Riesling alemão, estabeleci algumas situações para adquirir um Riesling seja alemão ou de outro país: aproveitar raros momentos de promoção de um vinho alemão desta casta para tentar adquirir, garimpar vinhos de outros países da casta Riesling e aqui vale um adendo: temos bons exemplares nacionais, alguns, inclusive, são possíveis para comprar, por conta de preços mais acessíveis ou esperar um momento único e encontrar um de forma inesperada e comprar.
E não é que me deparei com um Riesling sem querer? Ou pelo
menos não esperava encontrar por um rótulo dessa casta! Eu explico. Estava,
mais uma vez, fazendo as minhas necessárias incursões pelos supermercados na
esperança de encontrar aqueles vinhos atraentes que conseguem aliar custo X
benefício para compor a minha humilde adega e, entre intervalos de olhares meio
perdidos, um tanto quanto desanimado depois de algum tempo à procura de um
rótulo que me interessasse, fixei os meus olhos em um rótulo, em destaque, com
um valor incrível (R$ 27,90) de um vinho, adivinhem, da casta Riesling, porém
do Chile. Mas, não foi apenas o Riesling que me surpreendeu, mas o seu país de
origem: Chile. Confesso-lhes que, diante de minha magnânima ignorância, que o
Chile produzia Riesling. Todos esses quesitos me interessaram por completo,
tudo conspirava a favor para adquirir um exemplar daquele, exceto pelo receio
da safra, deveras “antiga” para um vinho branco: 2015. Resolvi correr o risco,
o preço atraente, talvez, fosse o motivo por conta da safra, e assim levei.
Decidi não levar muito tempo para degusta-lo, até pelo fato da ansiedade que se
apossou de mim e hoje o tão esperado dia chegou: o da degustação.
A taça foi inundada do vinho e, na minha primeira degustação,
ele gozava de uma plena jovialidade, explodia em expressividade e frescor no
auge dos seus 6 anos de vida! Esse vinho que degustei e gostei, da casta
Riesling, tão famosa na Alemanha, produzido por uma tradicional vinícola chilena,
a Carta Vieja, da Viña del Pedregal, com a marca de um importante Grupo
Empresarial do varejo brasileiro, Grupo Pão de Açúcar: o Club des Sommeliers
Riesling Reserva, do Valle Central, Chile, da safra 2015. Mas antes de falar do
Riesling, contemos um pouco da história do Club des Sommeliers.
Club des Sommeliers
Lançada em 2000, “Club des Sommeliers”, marca de vinhos
exclusiva do Grupo Pão de Açúcar, possui mais de 60 rótulos de 10 países
selecionados pelo enólogo e consultor de vinhos Carlos Cabral. Os vinhos Club
des Sommeliers são selecionados nas melhores regiões vinícolas do mundo:
França, Itália, Portugal, Espanha, Chile, Argentina, Brasil, África do Sul,
Nova Zelândia e Austrália. Em 2011, foi lançada a linha Reserva Club des
Sommeliers, com vinhos que passam por um processo de envelhecimento em barricas
de carvalho. O contato da bebida com a madeira torna-a mais saborosa e
encorpada. A grande variedade de rótulos oferece a você vinhos de qualidade a
preços acessíveis, com opções para o dia a dia e também para grandes
celebrações. Club desSommeliers é a maior marca de vinhos no Brasil em número
de rótulos, com mais de 90 rótulos de 11 nacionalidades.
Riesling
A Riesling tem uma longa história. Há muitos registros sobre
ela datados já do século XV. O mais antigo é de 1435, quando o inventário de um
armazém de um nobre em Rüsselsheim, uma pequena cidade alemã, relatava a
presença de uma tal uva chamada Rießlingen. A denominação se repete em diversos
outros documentos da época, e apenas em um de 1552 surgiu o nome atual da uva:
Riesling. A maioria dos principais críticos de vinho aponta a Riesling como a
principal uva branca do mundo, suplantando até mesmo a famosíssima Chardonnay e
a clássica Sauvignon Blanc. Por quê? Porque essa casta de origem alemã, cujos
primeiros registros são da Idade Média, é capaz de produzir grandes vinhos
desde secos até doces, sendo boa parte deles com enorme potencial de
envelhecimento.
Outro fator que encanta os críticos é a capacidade dessa cepa
de traduzir o terroir em que está plantada. Ela reflete o vinhedo com
transparência, de uma forma que nenhuma outra variedade é capaz. Por esse
motivo, definir aromas e sabores não é tarefa simples, mesmo em lugares onde
seu cultivo é tradicional, como nos vales dos rios Reno e Mosel, na Alemanha e
na Alsácia, regiões muito próximas, mas que produzem Rieslings com
personalidades bastante diversas.
Os alemães costumam ser mais leves e com tons florais. Já os
franceses tendem a um vinho mais denso e complexo. Contudo, a Riesling pode
apresentar aromas minerais bem marcados, algo terroso, muitos tons florais e
até algumas especiarias e notas apimentadas. Na boca, pêssego e maçã-verde,
além de frutas cítricas, costumam aparecer. Rieslings doces terão um aroma de
mel maravilhoso, além de sugerir damascos, marzipã e uva-passa. Com o
envelhecimento em garrafa, muitos vão apresentar um aroma de petróleo bastante
típico.
A Alemanha é o berço da Riesling, mas ela se espalhou pelo
mundo, pois é uma vinha muito estável. Mesmo havendo mais de 60 clones
diferentes disponíveis, eles não apresentam grandes diferenças entre si, e a
capacidade de produzir vinhos desde secos até doces (incluindo espumantes) é um
grande atrativo. Suas principais regiões produtoras dentro da Alemanha são:
Mosel, Pfalz, Rheingau e Nahe. Depois da Alemanha, a Alsácia é a zona mais
tradicional da casta. Em seguida, podemos encontrar grande produção de Riesling
na Austrália, Áustria, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos, com presença em
algumas regiões do Chile.
Essa cepa é considerada de maturação precoce, especialmente
em climas quentes. A madeira de sua vinha é bastante dura, o que faz com que
ela seja extremamente resistente ao frio invernal de lugares como Canadá e
norte da Alemanha, por exemplo. Frio, aliás, que é capaz de congelar seus
grãos, que vão gerar os famosos Icewines, os vinhos do gelo.
A Riesling raramente é vista em blends. Um dos motivos é a
tradição alemã e alsaciana de fazer vinhos varietais, mas outro é o fato de ela
ser considerada uma variedade completa em si mesma, que não precisa de adições
de outras, pois, nas misturas, pode perder aroma, complexidade e elegância.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um lindo amarelo palha brilhante,
reluzente, límpido com reflexos esverdeados com lágrimas finas e lentas, que
desenham as paredes do copo.
No nariz revelou-se um agradável aroma de frutas brancas,
tais como maçã verde, pera e frutas cítricas, talvez frutas secas e notas florais, flores brancas. Sente-se também um
discreto e instigante tostado, em decorrência de sua curta passagem por 3 meses
em barricas de carvalho.
Na boca é um vinho leve, redondo e equilibrado, mostrando
ainda frescor e jovialidade, apesar de seus 6 anos de vida. Repetem-se as notas
olfativas, sobretudo no quesito frutado, trazendo ainda um pouco coco, certa
cremosidade que enche a boca, graças ao aporte da breve passagem por madeira,
uma boa acidez e um final excepcional, muito persistente.
Tudo conspirou a favor ao degustar esse belo e surpreendente
Club des Sommeliers Riesling Reserva, até mesmo a safra que poderia ser um
entrave, um problema, revelou-se mais um atrativo que agregou valor a esse
belíssimo rótulo chileno dessa excepcional casta branca chamada Riesling que
vem me conquistando aos poucos, apesar da curta história com esta cepa.
Conspirou tão divinamente que até o calor das últimas semanas que imperam
impiedosamente em terras brasileiras harmonizou maravilhosamente com esse belo
exemplar ou teria sido o contrário? Mas não se enganem que é um vinho fresco,
jovem e leve apenas, ele entregou personalidade, expressividade, um vinho com
untuosidade, um vinho de grande volume na boca, de persistência, mas que se
mostrou equilibrado e fácil de degustar. Me falaram por aí que Riesling não
passa e não pode estagiar em barricas de carvalho, mas esse, em especial, com
uma carta passagem por madeira, cerca de 3 meses, mostrou alguma estrutura, uma
elegante textura e o principal: manteve, com fidelidade, as características
essenciais da cepa. Ótimo! Tem 12,5% de teor alcoólico.
Sobre a Viña Del Pedregal, que produziu o Club des Sommeliers
Rieling Reserva:
1825 marca o início da tradição vinícola da família Del
Pedregal. Naquele ano, Carlos Del Pedregal chega ao Chile das Astúrias, com
suas convicções, por um lado, e com variedades europeias, por outro, para
realizar seu sonho de fundar uma vinha no vale Maule. A área de Loncomilla foi
escolhida por esse pioneiro espanhol que percebeu as excelentes condições do
Chile, ideais para o cultivo de videiras e a elaboração de vinhos. Já há várias
gerações ligadas ao comércio familiar, quase 200 anos dedicado à elaboração de
vinhos nobres, adaptando-se à história e às mudanças ao longo do tempo. Todos
os membros da família estão envolvidos em diferentes tarefas e, de várias
maneiras, contribuem com seu conhecimento, paixão e amor pela terra, transmitidos
de pais para filhos.
Mais informações acesse:
http://www.delpedregalwines.com/about-us--eng.html
Referências de pesquisa:
“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-riesling/?doing_wp_cron=1611064247.0428109169006347656250
“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/riesling-os-sabores-da-uva-branca-alema_11870.html
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