domingo, 10 de outubro de 2021

Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008

 

Não estava em meus planos para hoje, meu aniversário. É claro que o plano, o roteiro era degustar um belo vinho, um vinho para celebrar o dia, para que o dia se tornasse melhor, porque o vinho é assim: sempre torna o dia, a vida melhor, mas não estava nos meus planos sair de casa, mas ficar nela, curtindo apenas o meu belo vinho que fora escolhido a dedo: o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas recebi a mensagem entusiasma de meu grande e já confrade amigo Paulo Roberto para ir à sua casa e degustar uma de suas deliciosas pizzas e, claro, degustar alguns bons vinhos, alguns rótulos sempre especiais.

Hesitei um pouco confesso, não por conta do meu grande amigo e de sua sempre agradável presença, mas pelo convite em cima da hora e não ter tido tempo o suficiente para me programar, me preparar, haja vista que sou uma pessoa deveras sistemática, metódica mesmo.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi fazer ao meu bom amigo e confrade uma “exigência”. Sei que ele tinha feito a aquisição de um também Anciano Gran Reserva Tempranillo, porém da safra 2008, então o sugeri fazermos com esses especiais rótulos uma pequena degustação vertical, ou seja, a degustação de rótulos iguais, porém de safras diferentes. Seria um dia especial, de vinhos evoluídos, de safras razoavelmente antigas, afinal não é todo dia que degustamos vinhos longevos desse jeito.

Ele concordou em fazer e também logo se animou tudo parecia conspirar a nosso favor: um dia ameno, agradável, de aniversário, de pizzas, de degustações de vinhos especiais. A expectativa era enorme!

Cheguei a sua casa, colocamos os “Ancianos” na sua adega climatizada iniciamos a degustação do Plaza del Torres Reserva Tannat 2018, com alguns aperitivos, como um bom queijo provolone e estava ótimo, mas não conseguíamos conter a ansiedade de degustar os “Ancianos”.

Enfim o momento chegou. Iniciamos com a degustação da safra 2006, isso mesmo, um vinho debutando, de 15 anos, e aqui segue a análise para caso quiserem, caros leitores, fazer a comparação, do Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006. E quando começamos a degustar o 2008, o vinho que degustamos e gostamos, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008, percebemos a mesma qualidade do que observamos, sentimos no da safra 2006, mas sim, com algumas nuances, algumas peculiaridades que logo irei expor. Porém antes falemos um pouco da região que nasceu este vinho: Valdepeñas.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi, intenso, quase escuro, mas não tem aquela típica tonalidade atijolada, acastanhada típica de um vinho de safra mais antiga, uma cor viva e intensa, com lágrimas pungentes, finas e densas, onde teimavam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz mostrava-se delicado e elegante, aquele famoso buquê aromático, os tão famosos aromas terciários, com complexidade, mas se sentia as notas frutadas em profusão, frutas negras maduras, como ameixa, amora, groselha preta, toques de especiarias, notas amadeiradas, de uma discreta baunilha e de terra, fazenda também foram sentidos.

Na boca alguma estrutura, aliado a maciez, a elegância conferida pelo tempo de safra e o descanso de longos 10 anos na garrafa, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega um discreto toque amadeirado, muito integrado ao conjunto do vinho, além de um pouco de rusticidade, com taninos mais presentes, porém redondos, com uma acidez razoável. Um vinho ainda pleno e atraente aos sentidos.

A tarde e noite agradáveis, o dia especial, com rótulos especiais e pizzas deliciosas. Assim se resumiu o dia de meu aniversário, ao lado de um grande amigo e confrade e conferindo dois grandes vinhos, de safras razoavelmente antigas. A degustação vertical nos entregou uma máxima: degustamos grandes vinhos, vinhos que independente da safra, entregariam grandes momentos sensoriais. E além dos grandes momentos e da atestada qualidade, algumas peculiaridades foram sentidas, percebidas. Estávamos preocupados em encontrar o “mais do mesmo” nos dois rótulos, tudo igual, mas não, percebemos que mesmo sendo o mesmo rótulo, do mesmo produtor, da mesma região, o clima, o tempo podem conspirar, em cada safra, em cada ano, de formas distintas, nos entregando detalhes que podem ser significativos para a nossa degustação. Que venham mais e mais rótulos do bom e especial Anciano. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 





Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006

 

Hoje é o dia do meu aniversário! Dia de celebração? Em tese sim, afinal mais um ano de vida, mas há tempos que não festejo aniversário da forma convencional, com convidados, festas etc. Não que eu esteja deprimido ou não queira as pessoas que tanto amo perto de mim neste momento dito tão importante, é porque simplesmente não me interessa mesmo esse “formato”. Entretanto o conceito de celebração não pode e tão pouco deve ser colocado de lado, sobretudo quando se tem, na vida, o vinho que é a personificação da celebração.

Então já que o momento pede algo especial e que o mencionado vinho pode significa, entre outras coisas, a celebração, por que não convergir tudo isso? Juntar tudo a nosso favor? Degustar um belo vinho no meu aniversário? Está aí uma boa “harmonização”, levando a coisa para o mundo do vinho.

Como alguns “entendidos” costumam dizer: Precisa acertar na escolha de um vinho mais imponente para essa data tão importante que é o aniversário. Outra coisa que sempre me colocou a pensar, a contextualizar: Existem vinhos para momentos em especial? Claro que em um dia de sol na praia ou na piscina um bom vinho branco ou rosé bem leve e frutado é o ideal ou aquele vinho robusto, barricado e complexo para um churrasco ou dia frio, mas existe um vinho específico para aniversário, comemoração, promoção profissional etc?

Todo vinho é especial, todo vinho quando derramado na sua taça, escolhido por você para degustar é especial, independente da sua proposta, do que você entrega. Se você o escolheu se tornou, desde já, especial. Mas apesar dessas discussões o dia pede, o momento é propício!

O vinho de hoje é especial! Eu o comprei há dois anos, um pouco mais de dois anos e decidi esperar esse tempo todo para que o vinho completasse exatamente 15 anos de safra! Sim! 15 anos de idade! Espero que a sua evolução tenha sido satisfatória, que o vinho tenha envelhecido bem e que proporcione complexidade, personalidade e a elegância da maturidade.

O vinho que, por algum tempo hibernou na adega, finalmente foi retirado dela com uma expectativa do tamanho da sua longevidade, de sua vida muito bem resolvida, evoluída, pronto para o meu deleite, para a celebração. A rolha saiu e de cara os aromas terciários já se revelaram a expectativa em profusão, os sentidos aguçados.

A taça inundada do vinho, os sentidos transbordam de curiosidade! O vinho que degustei e gostei veio da Espanha, da região de Valdepeñas, e se chama o já famoso Anciano Gran Reserva da casta Tempranillo da safra 2006. É um prazer degustar um vinho de 15 anos de safra e que evoluiu por 10 anos na garrafa antes de sair da vinícola, além de 18 meses de passagem por barricas de carvalho. É simplesmente demais! E ainda de “quebra” tem uma região que nunca degustei: Valdepeñas. Então, antes de falar do vinho, falemos dessa importante região produtora de vinhos na Espanha.

Valdepeñas DO

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um vermelho rubi intenso, com alguns reflexos violáceos, mas também com aquele acastanhado, uma cor atijolada se revelando devido aos 15 anos de safra, mas ainda vivo graças a um incomum brilho, com uma proeminente concentração de lágrimas finas e densas que desenhavam as bordas do copo.

No nariz o destaque para o buquê aromático, um estágio de complexidade, onde se destacam as notas de frutas secas e frutos secos também, um toque de amêndoa, talvez, o discreto toque amadeirado, com toques de baunilha, de couro, de terra, de fazenda, especiarias.

Na boca é delicado, elegante, redondo, não é estruturado, mas complexo, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega o toque, também discreto, da madeira, um pouco de rusticidade, talvez, os taninos macios e dóceis, o tempo denuncia essa condição, mas com uma incrível acidez que mostrou um vinho ainda vivo e pleno. Final persistente e longo.

Muito mais do que um aniversário, é celebrar o tamanho de um longevo, mas pleno, expressivo e elegante vinho que amadureceu que evoluiu maravilhosamente por 10 anos em garrafa, vagarosamente, pacientemente até sair da bodega para ganhar o mundo, as mesas dos mais exigentes e ávidos enófilos com seus aguçados sentidos. Um vinho de 15 anos que abrilhantou mais um ano de minha vida que celebro grandemente com esse rótulo que de fato merece ser chamado de “GRAN”, um grandioso vinho que é complexo, aromático que entrega de forma indelével as características marcantes da casta mais popular e emblemática da Espanha, a Tempranillo que com o aporte da madeira, longos 18 meses de passagem, garantem personalidade, equilíbrio, mas delicadeza, com taninos presentes, mas dóceis pelo tempo com as notas de chocolate, de especiarias, de terra, fazenda, baunilha. Um vinho que os prêmios, os diversos prêmios corroboram a sua qualidade. O tempo definitivamente foi generoso com este rótulo que ouso dizer que teria mais alguns anos pela frente. 15 aniversários para 42 aniversários. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 

 

 






Plaza del Torres Reserva Tannat 2018

 

Melhor de que um Tannat é um Tannat produzido na maravilhosa região de Canelones. Melhor do que um Tannat oriundo da região uruguaia de Canelones é um uruguaio com a assinatura de uma grande vinícola brasileira, talvez a maior delas: A Cooperativa Vinícola Aurora. Recentemente tive o prazer de degustar o Aurora Reserva Tannat da safra 2017 da Serra Gaúcha e a experiência foi deveras agradável e estou, diante disso, muito animado para a degustação desse novo rótulo.

E mais animado em degustar esse rótulo que logo revelarei, foi o convite que um grande amigo me fez para degusta-lo em sua casa. Ele havia me apresentado esse rótulo algum tempo atrás e nós havíamos decidido em degusta-lo em minha casa com um bom churrasco, afinal Tannat e churrasco é uma das melhores harmonizações no universo do vinho. Mas devido alguns infortúnios esse encontro com essa configuração não aconteceu.

Mas diante desse convite não deixamos passar o momento e logo sugeri a ele que fizéssemos esse encontro e que esse vinho protagonizasse o nosso reencontro. Ele foi a “entrada” para outros vinhos mais complexos, mas ele figurou como se fosse uma estrela, como tem que ser todo e qualquer Tannat uruguaio das terras férteis e abençoadas de Canelones.

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei, com meu bom e velho amigo confrade, foi o Plaza del Torres Reserva da casta Tannat e a safra é 2018. O Uruguai sendo muito bem representado neste belo rótulo de excelente custo X benefício de uma região fantástica e proeminente no Uruguai e no mundo, Canelones. Então desfilemos em texto a sua história.

Canelones

Localizada bem ao sul, Canelones é a principal região produtora de uva e vinho no Uruguai e, por isso, concentra a maior parte dos vinhedos do país. A cidade de Canelones faz parte da região metropolitana de Montevidéu. Ela é cercada por um enorme complexo de pequenas fazendas e vinhedos, que são responsáveis por impressionantes 84% da produção de vinho do Uruguai. Nos seus arredores, encontram-se ótimos bares que oferecem os melhores e mais procurados vinhos do país, já que naquela região concentram-se desde as mais tradicionais até as mais luxuosas, modernas e rústicas vinícolas da América Latina. Além disso, Canelones possui uma extensão de mais de 65 km de praia, repleta de entretenimentos e lugares para descansar, sem falar do Camping Marindia, que é um reduto de arte, cultura e atividades familiares, cercado por trilhas bem arborizadas e que proporciona uma linda visão de pôr do sol.


Canelones

Os primeiros moradores de Canelones se instalaram na cidade por volta de 1726; já a partir de 1774, chegaram imigrantes espanhóis e no final do século XIX, vieram os imigrantes italianos para cultivar uvas e fabricar vinhos. Dali em diante, a história da cidade com o vinho começou a se intensificar, uma vez que passo a passo ela conquistava popularidade em todo o país.

Mas foi nos anos de 1970, que videiras de clones importados chegaram à cidade e os vinhedos começaram a se concentrar na qualidade. E hoje a produção de vinho da região representa 14% no mercado internacional e é responsável por oferecer uma abundância de opções ao enoturismo uruguaio.

Essa região não poderia ter localização melhor. Por sua visão pioneira, o Uruguai foi eleito o país do ano, em 2013, pela revista inglesa The Economist. Entre as principais razões estão o fato de realizar reformas que não se limitam a melhorar apenas a própria nação, mas atitudes que podem beneficiar o mundo.

Zonas vinícolas uruguaias e a região de Canelones ao sul

E Canelones está sendo conduzida sob essa visão. Em meio a um processo de desenvolvimento enoturístico, a região já possui até projeto de promoção do turismo e do vinho desenhado pelo Ministério do Turismo com a colaboração da Comarca de l’Alt Penedès, Espanha.

Há produtores que se juntaram para ajudar nesse incentivo e criaram a Associação “Los Caminos del Vino”, que reúne diversas vinícolas familiares abertas para visitantes, onde podem ver as vinhas de perto, acompanhar as diferentes etapas da vinificação e, finalmente, provar o vinho e a comida típica do lugar.

E agora o vinho!

Na taça goza de um lindo vermelho rubi intenso, profundo, quase escuro com um brilho reluzente e muitas lágrimas finas, densas e que desenham maravilhosamente as bordas do copo.

No nariz aromas frutados dominavam, frutas negras como amora, ameixa, algo compotado, com notas de especiarias, a madeira discreta em perfeita sinergia com as características frutadas, além da baunilha e da torrefação sempre muito discreta, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca é seco, de corpo médio com o teor alcoólico proeminente, diria um pouco desequilibrado, mas que em curto tempo respirando na taça logo se equilibrou, se integrou ao conjunto do vinho, mas ainda assim mostrando sua potência, a fruta se mostrou fortemente como no aspecto olfativo, com taninos presentes, mas dóceis, com uma belíssima acidez mostrando um vinho fresco, jovem e muito fácil de degustar. Um final longo e cheio.

A assinatura do Brasil na produção, na vinificação de um belo Tannat uruguaio, entregando aos enófilos um rótulo bem feito, equilibrado, versátil, com a cara, o DNA dos modernos vinhos da casta no pequeno notável Uruguai com seus grandes vinhos. Mais uma vez Canelones se revelou a mim de forma arrebatadora, especial. Espero que essa região continue a se personificar em grandes vinhos e que inunde a minha taça e as minhas experiências sensoriais de grandes e singulares momentos inigualáveis. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Cooperativa Vinícola Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.

Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.

No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa.

Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco.

Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta.

A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.












sábado, 2 de outubro de 2021

Aurora Tannat Reserva 2017

 

Algo é inquestionável, diria unânime: Os melhores rótulos da expressiva e tânica casta Tannat são do Uruguai. Não há o que contestar quanto a essa afirmação. Mas ufanismos à parte, o Brasil está despontando como um dos grandes produtores da casta no Cone Sul. Evidente que o Brasil ainda tem muito a caminhar e evoluir, em todos os âmbitos, para se tornar uma potência vitivinífera, mas é inegável que o Brasil está em um caminho muito, mas muito favorável.

Estamos produzindo vinhos de excelência, de caráter, expressando os nossos terroirs, com tipicidade e os rótulos da casta Tannat produzido em nossas terras estão fazendo bonito, muito bonito.

Não sei se estou sugestionável ou tomado por uma demasiada excitação que nos impede de pensar racionalmente, mas o fato que tenho tido algumas gratas surpresas ao degustar alguns Tannats brasileiros e os rótulos do Rio Grande do Sul, sobretudo da Serra Gaúcha, estão abocanhando prêmios e destaque não só no Brasil como no mundo inteiro.

Há quem diga que o fator geográfico (proximidade com o Uruguai) seja um fator preponderante, mas o panorama é evidentemente favorável: Vinhos básicos, de complexidade, longevos, são propostas para todos os gostos e bolsos.

Um dos meus primeiros rótulos nacionais da casta foi o emblemático Miolo Reserva 2015 e esse me veio, como referência, além do renomado e conceituado produtor, com um significativo prêmio que recebeu, pasmem, no Uruguai, em um concurso dos melhores Tannats da América do Sul. Pronto! Isso foi o suficiente para sair da zona de conforto do Uruguai e se aventurar nos Tannats tupiniquins.

Ao longo do tempo fui degustando alguns rótulos brasileiros, não na profusão que queria e gostaria, e fui consolidando, aos poucos, a minha fundamentação na qualidade do Tannat brasileiro e atualmente tenho alguns rótulos em minha adega que supera o único Tannat que tenho do Uruguai.

E hoje, não mais que hoje, decidi desarrolhar um deles: Um Tannat legitimamente brasileiro! E por que falei, de forma tão enfatizada, legitimamente brasileiro? Vou lhes dizer, caros leitores, esse Tannat brasileiro é de um produtor a quem tenho um profundo respeito e adoração, pois se trata de uma vinícola que personifica a tipicidade e respeita os DNAs dessas terras como poucos: Falo da Cooperativa Vinícola Aurora! Vinhos de qualidade e com preços justos que visam uma proposta democrática da disseminação da cultura do vinho.

A hora tão chegada se materializa com o espocar da rolha, desprendendo-se da garrafa, dando a oportunidade para o líquido inundar a taça e estimular os meus sentidos. A degustação começa poderosa, o ritual seguido à risca, o vinho tem personalidade, é expressivo, entrega todas as características que faz a fama da Tannat: estruturado, robusto e volumoso, com o aporte da madeira. Uau! Que vinho! Sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio da Serra Gaúcha, no Brasil, falo do Aurora Tannat Reserva da safra 2017. Digo que sou um incondicional fã dessa linha, tão popular, de rótulos da Aurora e destaco aqui o Aurora Merlot 2017 que dispensa qualquer tipo de comentários e que ganhou prêmios expressivos. Antes de falar do vinho, é digno de merecimento contar, com requintes de detalhes, a história da gloriosa região da Serra Gaúcha.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geo-climáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

E com vocês finalmente o vinho!

Na taça um vermelho rubi intenso, escuro, profundo, mas brilhante e vibrante com lágrimas finas, lentas e em média intensidade.

No nariz as frutas pretas aparecem em destaque tais como a cereja negra, a groselha, a ameixa, especiarias, o famoso pimentão, com as notas amadeiradas em plena sinergia com a fruta, além de um toque defumado, de baunilha.

Na boca revela um médio corpo, bom volume de boca, alguma complexidade, graças aos 10 meses de passagem por barricas de carvalho, que, como no aspecto olfativo, se percebe o amadeirado em sintonia com a fruta, o café torrado, o toque da torrefação, com taninos presentes, vívidos, boa acidez e um final persistente e prolongado.

O desfile no meu olfato e palato entrega um vinho complexo, estruturado, mas redondo, harmonioso, elegante e fácil de degustar. Um vinho gastronômico, cheio, como todo Tannat deve ser. Falei inicialmente que os rótulos da Aurora são extremamente justos no que tange aos valores e, diante das características desse rótulo, pode competir, em iguais condições, com vinhos nacionais dessas castas que costumam custar o dobro do preço. Pois é, talvez esteja realmente estimulado por uma “crise de demasiada animação” que pode nos impedir de pensar, mas vou me ancorar pelo aspecto pessoal da análise do vinho e no real panorama crescente da qualidade dos rótulos da casta Tannat sendo produzidos no Brasil. Mas não estou sozinho! Vejam o que a Soraya Pozzo diz a respeito do Aurora Reserva Tannat.

Que possamos fazer parte da história viva e latente da Tannat no Brasil, que vários capítulos dessa história sejam escritas com degustações especiais e arrebatadoras aos nossos sentidos. Que venham mais e mais experiências tão marcantes como o da Aurora Reserva Tannat. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Cooperativa Aurora:

A Vinícola Aurora é um sonho compartilhado por imigrantes que enfrentaram os mais diversos problemas quando chegaram ao Rio Grande do Sul. Com a veia colaborativa, a empresa cresceu e se tornou um dos expoentes do vinho gaúcho. A história da cooperativa começou em 1931, quando famílias de produtores de uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com pouco dinheiro, mas com muita vontade de prosperar, reuniram-se para lançar a pedra fundamental da empresa.

Na primeira colheita, foram contabilizados 317 mil quilos de uva. Hoje, quase 85 anos depois, a empresa processa mais 60 toneladas da fruta e tem 1.100 famílias associadas. A biografia da Aurora, desde as suas raízes, é permeada por números de sucesso. No cerne da vinícola há solidariedade entre os pares, se no início do século os imigrantes italianos se uniram para produzir com maior força e formar uma rede de ajuda mútua, hoje, não é diferente. É nesse universo, da produção em sociedade, que a Revista Sabores adentra para desmitificar as oito décadas da empresa.

No Centro de Bento Gonçalves, local que abriga a histórica Cantina da empresa. De longe é possível ver a grande movimentação, não só de trabalhadores de vinícola, mas, principalmente, de turistas. Pioneira em abrir as portas aos visitantes, a cada ano, a Aurora recebe 150 mil pessoas em suas instalações. É uma multidão de curiosos querendo saber como são produzidos os 232 rótulos da empresa.

Ao percorrer os corredores da vinícola, o visitante conhece em detalhes todas as etapas para a elaboração de um vinho. Desde as esteiras que recebem as uvas na época de colheita, até as pipas gigantes com mais de 50 anos de uso. Não só os produtos alcoólicos que movimentam a cooperativa. A linha de produção ainda tem coolers e suco de uvas. O suco da marca Casa de Bento, produzido pela vinícola, é um dos mais vendidos da empresa. Do total de uvas processadas, 60% viram suco.

Hoje, bem no coração de Bento Gonçalves, a Vinícola Aurora é a maior do Brasil. Mais de 1.100 famílias se associaram à cooperativa, sendo a produção orientada por técnicos que, diariamente, estão em contato com o produtor – fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta.

A conquista da posição que ocupa há mais de duas décadas foi possível graças à constante modernização de seu parque industrial, à alta tecnologia de suas unidades e aos rigorosos padrões exigidos nos processos de produção. O cuidado extremo com a rotina produtiva, observado a partir da plantação das mudas ao engarrafamento do produto, faz parte da receita de crescimento constante do empreendimento durante todos esses anos.

Mais informações acesse:


 






 







quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Elk Merlot 2019

 

Há pouco tempo atrás eu participava de uma dessas “lives” que, em virtude do caos pandêmico, virou uma moda necessária e urgente, de um especialista e crítico de vinhos. O tema era as principais castas tintas do mundo. A Merlot foi escolhida para ser comentada e discutida.

Em algum momento eu comentei que atualmente, no Brasil, a Merlot está no auge, no ápice da produção e da sua qualidade expressando o máximo de nosso terroir, com muita tipicidade.

O especialista leu o meu comentário e disse literalmente que eu era um ufanista fazendo uma defesa cega e ultranacionalista da Merlot produzida em nossas terras e pediu serenidade para dizer isso, levando em consideração que há grandes Merlots produzidos na França, no Chile etc.

Em momento algum baseei o meu comentário no devaneio do ufanismo, de um pensamento sem qualificação técnica ou coisa que o valha, mas com base em um histórico gradativo de qualidade de degustação de vários Merlots nacionais e o momento mágico em que a casta e seus rótulos estão vivendo nesse país. As degustações dizem por si só!

Vamos então aos fatos: Peguei uma fala do enólogo da Casa Valduga, diretamente do site da renovada “Revista Adega, Daniel Dalla Vale, que diz: “A Merlot vem se destacando há vários anos e é a variedade mais constante, especialmente no Vale”. Nos últimos 20 anos em que temos trabalhado aqui, ela é que tem mais constância. Se você pegar um super ano, vai ter Cabernet que vai dar um grande vinho, mas, quando falamos de constância nos tintos, é o Merlot”. Quer ler a matéria completa? Acesse: "Os segredos da Merlot, a cepa mais consistente da Serra Gaúcha".

Então hoje decidi ir à busca de um Merlot nacional e de preferência com aquele precinho camarada, que não dói ao bolso. Descobri em minha cidade um local que vende vinhos a preços muito acessíveis e vi um rótulo, claro, da casta Merlot, bem interessante, com um rótulo descontraído e modernoso. O preço estava atraente, na casa dos R$30, então resolvi arriscar, sem contar que, para variar, fiz uma busca, uma pesquisa sobre o rótulo e descobri que o produtor é pouco conhecido. Tenho me interessando por esses produtores pouco conhecidos, com seus rótulos “undergrounds”, afinal precisamos valorizar esses produtores pouco conhecidos e que tem pouco espaço mercadológico.

Enfim, o abri. Que vinho surpreendente! É muito melhor se surpreender positivamente com vinhos baratos do que aqueles icônicos que a margem de aceitação é enorme! O vinho que degustei e gostei veio (adivinhem?) da emblemática Serra Gaúcha, do Brasil e se chama ELK, a casta é a Merlot e a safra é 2019.

Então hoje decidi ir à busca de um Merlot nacional e de preferência com aquele precinho camarada, que não dói ao bolso. Descobri em minha cidade um local que vende vinhos a preços muito acessíveis e vi um rótulo, claro, da casta Merlot, bem interessante, com um rótulo descontraído e modernoso. O preço estava atraente, na casa dos R$30, então resolvi arriscar, sem contar que, para variar, fiz uma busca, uma pesquisa sobre o rótulo e descobri que o produtor é pouco conhecido. Tenho me interessando por esses produtores pouco conhecidos, com seus rótulos “undergrounds”, afinal precisamos valorizar esses produtores pouco conhecidos e que tem pouco espaço mercadológico.

Enfim, o abri. Que vinho surpreendente! É muito melhor se surpreender positivamente com vinhos baratos do que aqueles icônicos que a margem de aceitação é enorme! O vinho que degustei e gostei veio (adivinhem?) da emblemática Serra Gaúcha, do Brasil e se chama ELK, a casta é a Merlot e a safra é 2019.

E quando a gente fala de grandes vinhos, em grandes regiões e a adaptabilidade das castas às regiões, convém e muito saber um pouco da região para entender e sentir, em seus aromas e paladares, o vinho que estamos degustando. Então falemos um pouco sobre a Serra Gaúcha.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geo-climáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi com lindos e brilhantes reflexos violáceos com finas lágrimas de média persistência e em pequena quantidade.

No nariz destaca-se os aromas frutados, extremamente frutado, frutas vermelhas maduras, como groselha, cereja e morango com notas discretas de madeira, graças aos 3 meses de passagem por barricas de carvalho e 3 meses em garrafa antes de sair da vinícola, com toques de baunilha.

Na boca é seco, mostrou-se alcoólico, mas não desequilibrado, pelo contrário, é um vinho harmonioso e equilibrado, além de jovem, frutado, com alguma expressividade, taninos sedosos, mas um tanto quanto presentes, acidez na medida, que denuncia a sua jovialidade, com um discreto tostado e arriscaria dizer com um toque de chocolate. Um final persistente.

Claro que a intenção sempre é expor, de forma civilizada e respeitando as diversidades de opinião, os assuntos mais inquietantes e complexos do universo do vinho, mas não podemos e nem devemos negligenciar o auge em que os nossos rótulos, feitos com a casta Merlot, estão. Há muito a se caminhar, a cultura vitivinícola brasileira é jovem, temos muito problemas e entraves de toda a ordem a resolver, a superar, mas não podemos negar que a Merlot encontrou nas terras gaúchas o seu lugar. O ELK Merlot, da Casa Motter, é um vinho simples, despretensioso, informal, mas mostra com fidelidade a cara, o DNA do Merlot brasileiro, um vinho frutado, leve, fácil de degustar, ainda jovem, na sua plenitude, com todas as características de um bom Merlot, mostrando-se, nesse sentido, toda a sua expressividade, sim, um vinho de alguma personalidade. Então brindemos o Merlot brasileiro! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Motter:

Fundada em 1974 por Guerino Motter, a Casa Motter é uma vinícola familiar apaixonada pela vitivinicultura que preza pela elaboração de vinhos, sucos e espumantes de alta qualidade. O cuidado começa no vinhedo, passa pela vinificação e vai até o amadurecimento do vinho. Durante todo o processo, o enólogo Michel Motter com formação internacional, acompanha cada detalhe para garantir o máximo de expressão em cada vinho elaborado.

Uma bela e imponente casa, na cidade de Tenna, Itália, com vista para o lago Caldonazzo e para seus vinhedos. Por causa da guerra e da crise do governo italiano, Valentino e Giudita Motter e seus 4 filhos deixam tudo para traz e emigram para o Brasil em busca da ¨Cucagna¨. Falava-se de um país de clima quente, onde não se pagavam impostos, cujas terras medidas em cm na pequena cidade de Tenna, no Brasil seriam em Km, onde haveria muita fartura.

Em 1879, de trem, saíram de Trento até Genova onde embarcaram em um navio aborrotado de imigrantes. À bordo, pais, filhos, com poucos pertences, mas grandes sonhos. No navio nasce o 5º filho de Valentino e Giudita, Luigi, pai de Guerino. Merica, Merica, Merica, Cosa Sarala Sta Merica, esta era uma parte da música que cantavam. Não sabiam ao certo o que era a América, mas almejavam construí-la.

Ao desembarcarem no dia 17 de janeiro de 1880, viram seus sonhos transformados numa dura realidade. O que encontraram não foi um ¨Bel Mazzolino Di Fior¨. A Terra acidentada que lhes foi destinada foi regada com suor e lágrimas. Mas com muito trabalho, fé e determinação, logo surgem os primeiros parreirais. A uva era amassada com os pés e com isso faziam o vinho para o consumo. Esse amor pelo cultivo da uva e elaboração dos vinhos foi passando de geração em geração. Guerino Motter, neto de Valentino, juntamente com a esposa e seus nove filhos, vinificavam no porão de sua casa toda a produção de uva e comercializavam, para uma cooperativa. Em 1974 fundou a vinícola Casa Motter. Atualmente o proprietário é Roque Motter, filho de Guerino.

Mais informações acesse:

http://casamotter.com.br/vinhos-finos-e-espumantes/

Referência:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-segredos-da-merlot-cepa-mais-consistente-da-serra-gaucha_10653.html

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

 

 

 






sábado, 25 de setembro de 2021

Rilievo Pinot Nero 2019

 

Por isso que sempre digo que o universo do vinho é vasto e inexplorado. Há muito a se falar, há muito que descobrir, há muito que conhecer e melhor: Há muito para degustar! Eu recebi do clube de vinhos que faço parte, alguns rótulos bem interessantes, mas um me chamou verdadeiramente a atenção.

Pinot Nero era a casta estampada em um dos rótulos que recebi e que eu confesso no ápice de minha ignorância vínica, não conhecia. Mas quando sou “provocado” nesse sentido eu me ponho a pesquisar e quando descobri a resposta, fui tomado por uma grata surpresa: trata-se apenas da emblemática e maravilhosa Pinot Noir como é chamada no país da Bota, a velha e necessária Itália.

A palavra italiana “Nero” significa “escuro” e também aparece em castas autóctones e tradicionais da Itália como a Nero d’Avola que significa a casta escura de Ávola, uma região italiana.

Muito prazeroso para mim, que faz questão de degustar história, pois vinho é assim, degustar história e cultura de um país, de um povo, de uma região, descobrir esses pequenos grandes detalhes de rótulos que degustamos. E o que também me surpreendeu foi encontrar um Pinot Noir produzido na Itália. Uma maravilha, principalmente levando em consideração que a casta tão difícil para se cultivar.

E logo quando o vinho chegou não hesitei em demorar e logo me coloquei à disposição, que não sou bobo nem nada, a degusta-lo. A tarde, com sol brilhando e com temperatura agradável foi o pano de fundo para degustação desse Pinot Nero e quando desarrolhei a garrafa e os primeiros sinais de fruta e de um aroma floral começaram a se manifestar, meus sentidos logo ficaram aguçados.

A taça inundada do líquido me animou ainda mais. As papilas receberam o bombardeio de sabores do vinho e que maravilha! Que belo e interessante Pinot Noir italiano. Então vamos às apresentações. O vinho que degustei e gostei veio do Vêneto (IGT Trevenezie), na Itália e se chama Rilievo da casta Pinot Nero, safra 2019. Antes de falar do belo vinho falemos um pouco da importante região do Vêneto.

Vêneto

O Veneto é a terra natal de algumas das mais conhecidas denominações italianas, como Prosecco, Valpolicella e Bardolino. Um dos maiores vinhos italianos produzidos nesta região é o encorpadíssimo Amarone. Situada no nordeste da Itália, a região do Veneto apresenta uma área total um pouco menor do que as demais áreas vinícolas de Piemonte, Lombardia, Toscana, Puglia e Sicília, no entanto, possui um volume de produção maior do que tais regiões italianas.

Vêneto

Embora as regiões da Puglia e Sicília fossem, por um longo tempo, as principais produtoras de vinho na Itália, a partir da metade do século XX esse cenário passou por notáveis mudanças. Na década de 1990, o Vêneto conquistou cada vez mais espaço e reconhecimento com a produção de alguns dos melhores vinhos italianos, como os tintos Valpolicella e Amarone, além do maravilhoso vinho branco Soave e do espumante Prosecco.

Na região do Vêneto encontra-se Valpolicella e sua sub-região Valpatena. Tal área é a responsável pela produção de meio milhão de hectolitros de vinho por ano e, em termos de volume, Valpolicella é a única DOC italiana capaz de competir com a famosa DOC Chianti, na Toscana. Ao leste do Veneto encontra-se Soave, responsável por abrigar o vinho branco seco que carrega o mesmo nome e encontra-se entre os vinhos italianos mais apreciados.

Apesar de as uvas mais cultivadas no Vêneto serem da casta Merlot e Prosseco, as videiras que deram origem aos vinhos com certificação de Denominação de Origem Controlada (DOC) são, na verdade, das castas Pinot Grigio, Riesling, Garganega, Pinot Nero, Barbera e Corvina, atualmente, as uvas de maior importância para a produção dos vinhos do Veneto apreciados e cultuados mundo afora.

Formado pelas sub-regiões de Veneza, Belluno, Verona e Rovido, o Veneto extrai a maior parte de sua produção de Verona, contabilizando anualmente cerca de dois milhões de hectolitros de vinhos italianos. O destaque dessa sub-região vai além do volume de produção local, Verona é o berço dos reverenciados, famosos e cultuados exemplares de Bardolino e Valpolicella.

Uma curiosidade a respeito do Vêneto é sua forte ligação com a vinicultura do Brasil, que recebeu muitos imigrantes italianos desta região na Serra Gaúcha, hoje a melhor área de elaboração de vinhos do nosso país. Não por acaso, a maioria das vinícolas de sucesso do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, pertence a famílias de descendentes desses imigrantes de Vêneto, no nordeste da Itália.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi com reflexos violáceos muito brilhantes, com curtas e rápidas lágrimas finas.

No nariz o destaque são os aromas frutados, de frutas vermelhas como morango, cereja e groselha, algo de geleia em compota, sem soar enjoativo, um toque floral bem delicado, além de notas de especiarias tais como cravo, canela.

Na boca é seco, equilibrado, harmonioso, elegante e fresco. A fruta também tem destaque, mas não tanto quanto no aspecto olfativo. É levemente tânico, percebe-se alguma adstringência, porém nada que desagrade ou incomode, com uma incrível acidez que entrega o frescor tão típico da Pinot Noir (Pinot Nero). Tem um final curto.

Um belo Pinot Nero, um Pinot Nero da Itália, de uma região emblemática italiana, o Vêneto. Um vinho fresco, extremamente frutado, mas sem ser enjoativo, com toques de especiarias, diria terroso, aroma delicado, um floral elegante, típico da casta. O nome pode se revelar diferente para com o resto do mundo, mas entrega o que há de melhor das essenciais características da Pinot Noir. Um vinho versátil, aquele que podemos degustar com pratos leves, mais condimentados, uma refeição simples ou sozinho, sem acompanhamentos. Um vinho de personalidade, com alguma expressão, de bom volume de boca, acidez marcante para um tinto, também típica da casta. Uma grata surpresa, sem contar que o aspecto visual também deixa o seu recado, que linda garrafa! Que o universo continue a conspirar a nosso favor e que revele grandes e novas experiências. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Botter:

A vinícola Botter foi fundada por Carlo Botter e sua esposa Maria em 1928 em Fossalta di Piave, uma pequena cidade perto de Veneza. Começou como um pequeno negócio de venda de vinhos locais em barricas e garrafões.

Na década de 60 os dois filhos, Arnaldo e Enzo, ingressaram na Companhia e passaram a comercializar vinhos em garrafas. Aumentaram a presença da Empresa no mercado italiano e - o mais importante - deram vida a um processo gradual de expansão para outros países, que se tornaria a principal fonte de receitas da Empresa.

Na década de 70, a Botter conseguiu acompanhar o crescimento do mercado internacional e expandir sua variedade. Alguns de seus vinhos do Veneto vieram dos vinhedos da família, localizados perto de Treviso.

Nos anos 80, graças a várias colaborações estreitas com produtores locais, Botter começou a fornecer novos vinhos de Abruzzo, Campânia, Puglia e Sicília, oferecendo uma ampla gama de produtos feitos com uvas de vinhas nativas; este foi apenas o ponto de partida da abordagem multiterritorial de Botter que mais tarde se desenvolveria e se espalharia por todo o país, do norte ao sul da Itália.

No final dos anos 90, a terceira geração - Annalisa, Alessandro e Luca - entrou na Companhia e Botter passou a testemunhar uma nova evolução. Foi adotado um modelo de negócio totalmente novo, mais adequado às necessidades de um mercado dinâmico e global.

Hoje, Botter é um dos maiores produtores e exportadores de vinhos italianos:1 em cada 35 garrafas de vinho italiano exportadas para o mundo é produzida por Botter.

Mais informações acesse:

https://www.botter.it/

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/veneto

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/regioes/veneto-entre-amores-e-vinhos/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/veneto