sábado, 10 de setembro de 2022

Peruzzo Merlot 2018

 

Definitivamente a Merlot está no mapa dos principais terroirs do Brasil! A variedade encontrou terras propícias, climas ideais para a produção em todas as suas nuances e propostas. De rótulos simples e frutados, a vinhos com robustez, estrutura e personalidade, uns, inclusive com longo período de guarda, com grande potencial.

Não se enganem, não é uma afirmação ufanista, com base em discursos febris, devaneios. O Brasil está no mapa dos melhores Merlots produzidos no mundo sim! Claro que não ousarei em dizer que rivaliza com os bordaleses, por exemplo, mas o Brasil, repito, está na rota dos principais Merlots feitos no mundo.

Um bom termômetro disso são os prêmios, os reconhecimentos vêm sendo laureados com honra. Evidente que não degustamos prêmios e medalhas, mas, como disse, torna-se um termômetro para entendermos o tamanho da qualidade de nossos vinhos.

E são esses vinhos, esses rótulos, essa casta que está resgatando o meu interesse pelos vinhos nacionais que, há anos estava hibernando, diria esquecido. É isso! Eu estou me reencontrando com o vinho brasileiro! Uma espécie de reconexão ou talvez uma conexão com contornos de novidades mescladas a revelações. Talvez eu não esteja sendo muito claro e girando em devaneios, mas com uma explicação mais calcado em dados concretos, certamente me farei compreender.

O vinho brasileiro foi de suma importância para o meu começo, a minha imersão no universo do vinho! Os meus primeiros rótulos de uvas vitis, as uvas finas, foram brasileiros!

Não posso deixar de negligenciar os vinhos da Miolo, Almadén, antes de se associar ao Grupo Miolo, aos vinhos do Rio Sol entre tantos outros que ajudaram a edificar a minha percepção e amor pela poesia líquida. Mas conforme os anos passando e também com novas descobertas, sobretudo de outros países, eu fui perdendo a conexão com os vinhos brasileiros e passaram a figurar menos na minha adega.

Não era litígio, não era ojeriza, não era medo, preconceito com os vinhos brasileiros, não tinha um motivo forte dessa separação. Não sei dizer o motivo pelo qual essa separação se deu: Um mero distanciamento por conta de novas descobertas e a incapacidade de minha parte em saber diversificar a adega no que tange a castas, propostas e países. Essa é uma forte possibilidade!

Tão forte que, curiosamente, hoje uma das minhas intenções e esforços está se concentrando exatamente na diversidade e, por incrível que pareça, os vinhos brasileiros estão trafegando e se estabelecendo de forma definitiva em minha adega. E junto com essa diversidade vem também o crescimento vertiginoso da qualidade, da tipicidade dos vinhos brasileiros, apesar dos entraves governamentais e burocráticos que assola o mercado do vinho.

E algumas descobertas, de novos produtores, abnegados e que produzem vinhos de autor, de caráter, de expressividade, vem me tomando de assalto, me arrebatando de uma forma incrível, jamais imaginada. Falo da Vinícola Peruzzo que vem produzindo ótimos vinhos na também grandiosa região da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul. A Campanha vem crescendo vertiginosamente e fatores como esses está trazendo de volta às minhas taças o vinho brasileiro.

E de cara tive o meu primeiro contato com o Peruzzo Cabernet Sauvignon da safra 2012, com dez anos de garrafa e ainda vivo, pleno e saboroso. Logo depois, não me contentando, busquei o Peruzzo Cabernet Franc da safra 2013! Mais um de safra antiga, com nove anos de vida! Quem disse que os rótulos tupiniquins não tem potencial de guarda? Vinhos fantásticos!

E para dar sequência na exploração dos vinhos dos valorosos produtores da Peruzzo, médio produtor de Bagé, na emblemática Campanha Gaúcha, tive que adquirir um rótulo de Merlot com numeração limitada de garrafas, revelando um vinho de autor, de caráter e com passagem por barricas de carvalho, cerca de 12 meses, o que lhe confere, sem dúvida nenhuma, complexidade, elegância e estrutura.

Então sem mais delongas, vamos às apresentações: O vinho que degustei e gostei veio de Bagé, da Campanha Gaúcha, no Brasil, e se chama Peruzzo da casta Merlot e a safra é 2018. Para não perder o costume vamos de história, vamos de Campanha Gaúcha que, a cada dia vem ganhando em credibilidade e representatividade no cenário vitivinícola brasileiro.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os “hermanos” do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

A mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.

Matéria do Correio do Sul

IP (Indicação de Procedência) da Campanha Gaúcha

Em 2020 a Campanha Gaúcha ganhou reconhecimento de Indicação de Procedência (IP) para seus vinhos. Aprovada pelo Inpi na modalidade de I.P., a designação vem sendo utilizado pelas vinícolas da região a partir do ano de 2020 para os vinhos finos, tranquilos e espumantes, em garrafa.

A Indicação Geográfica (IG) foi o resultado de mais de 5 anos de pesquisa, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar coordenados pela Embrapa Uva e Vinhos do Rio Grande do Sul.

Além disso, os vinhos devem ser elaborados a partir das 36 variedades de vitis viníferas permitidas pelo regulamento, plantadas em sistema de condução em espaldeira e respeitando os limites máximos de produtividade por hectare e os padrões de qualidade das frutas que seguirão para a vinificação. Finalmente, os vinhos precisam ser avaliados e aprovados sensorialmente às cegas por uma comissão de especialistas.

Esta é uma delimitação localizada no bioma Pampa do estado do Rio Grande do Sul, região vitivinícola que começou a se fortalecer na década de 1980, ganhando novo impulso nos anos 2000, com o crescimento do número de produtores de uva e de vinho, expandindo a atividade para diversos municípios da região.

A área geográfica delimitada totaliza 44.365 km2. A IP abrange, em todo ou em parte, 14 municípios da região: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento e Uruguaiana.

A Campanha Gaúcha está situada entre os paralelos 29º e 31º Sul e trata-se de uma zona ensolarada, com as temperaturas mais elevadas e o menor volume de chuvas entre as regiões produtoras do Sul do Brasil.

Ao mesmo tempo, as parreiras – predominantemente plantadas em sistema de espaldeira – foram estabelecidas em grandes extensões de planície (altitude entre 100 e 360 m.) com encostas de baixa declividade, o que favorece a mecanização das colheitas, reduz os custos e potencializa a escala produtiva. Uma característica importante é o solo basáltico e arenoso, com boa drenagem, que somada aos outros fatores propicia a ótima qualidade das uvas.

Esta foi uma conquista para a região, que pode refletir em uma garantia da qualidade de seus produtos. Fica a torcida para que, após muito tempo de consistência de qualidade e de uma real identificação da tipicidade, a Campanha Gaúcha possa ter o reconhecimento de uma Denominação de Origem (DO).

Leia aqui na íntegra o regulamento de uso da IP da Campanha Gaúcha.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, profundo, escuro, mas brilhante, sendo caudaloso e manchando, com suas lágrimas abundantes e lentas, as bordas do copo.

No nariz trazem a abundância e complexidade aromática com destaque para o frutado, frutas vermelhas frescas, como framboesa, cereja e framboesa, além das notas amadeiradas, que entrega especiarias, algo como pimenta e um herbáceo interessante e também um abaunilhado.

Na boca é estruturado, volumoso, graças ao álcool proeminente, mas bem integrado, conferindo-lhe complexidade e marcante personalidade, com uma incrível sinergia entre a fruta e a madeira, frutas frescas com 12 meses em barricas de carvalho, mostrando um vinho aveludado, equilibrado, com notas de torrefação, tostado, chocolate amargo e baunilha. Tem taninos firmes, presentes e acidez média, com um final persistente.

O êxito de uma região, de um país, de uma casta que ganhou identidade própria, uma espécie de “brasilidade”. Um Merlot com a cara, o DNA dos nossos principais terroirs. Assim é o Peruzzo Merlot! Um vinho redondo, elegante, mas de marcante personalidade e, diante dessa dualidade, percebemos uma sinergia, mesclada com uma complexidade que, aos quatro anos de vida, ainda jovem, mostra toda a sua força e impetuosidade, apesar da elegância e equilíbrio que o torna apto para a degustação imediata ou guarda na adega por mais alguns anos. O Peruzzo Merlot é a comprovação cabal de que definitivamente o Merlot está no mapa dos grandes produtores da cepa no mundo. Tem 14% de teor alcoólico.

Garrafa número 984 de um total de 3.550.

Sobre a Vinícola Peruzzo:

Motivados por um desejo antigo de produzir vinhos, associado com as oportunidades e perspectivas que a Região da Campanha oferece no mundo dos vinhos, a família Peruzzo, com muito entusiasmo decidiu investir no cultivo de uvas viníferas em sua propriedade localizada no município de Bagé/RS.

As primeiras videiras foram plantadas em 2003, provenientes de mudas importadas de renomados viveiristas da França, Itália e Portugal. A vinícola foi inaugurada em 2008, com um processo de elaboração que incorpora modernas tecnologias.

Sua cave, localizada no subsolo da cantina, garante que os espumantes e vinhos amadureçam sob temperaturas constantes próximas dos 18 a 20º C. Além da produção de Vinhos, a propriedade da família Peruzzo também se dedica a criação de Ovinos e Bovinos.

Com muito entusiasmo, alegria e dedicação, a Vinícola Peruzzo trabalha na arte de criar seus vinhos e espumantes para fazer parte de momentos alegres, descontraídos, únicos e marcantes na vida de seus clientes.

Mais informações acesse:

https://www.vinicolaperuzzo.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/ciclo-de-crescimento-da-uva/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/campanha-gaucha

“Tudo do Vinho”: https://tudodovinho.wordpress.com/2020/07/14/i-p-campanha-gaucha/

 

 

 

 

 


 






quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Conte di Campiano Appassimento Negroamaro 2016

 

Tenho desbravado, de forma incansável, “novos mundos” no universo do vinho! Ah como é vasto, há muito a se descobrir nessa galáxia selvagem e intocada. E diante de tantas castas novas, regiões improváveis, terroirs únicos, produtores “undergrounds”, há ainda espaço para novas e gratas descobertas e dentre elas os métodos e processos de vinificação, por exemplo.

Embora pareça e de certa forma é, algo meio técnico e que requer, para entendimento, de pessoas tarimbadas, com expertise para tal, os humildes e mortais enófilos, como eu, tem um aliado importante como a internet, a grande rede, que nos permite ter acesso a inúmeras informações que, independentemente de ser ou não fidedignas, podem nos inundar de u arcabouço teórico satisfatório para ao menos entender minimamente alguns processos que, evidentemente, impactam na degustação do nosso vinho de cada dia.

E a degustação de hoje promete! A degustação de hoje trará um processo de vinificação novo para mim, embora já tenha visto o nome estampado em alguns rótulos que, confesso, são bem caros, pelo menos para mim: APPASSIMENTO, “pacificação” traduzindo livremente para o português. O termo é italiano, pois nasceu nas terras férteis da Itália.

E falando em valores caros esse, em especial, eu encontrei, claro, em um supermercado na faixa dos R$75,00 e, comparando com os valores praticados no mercado, de vinhos com essa proposta, definitivamente esse era o vinho a ser adquirido.

E a casta não deixa de ser um tanto quanto atípica também, falo da Negroamaro. Embora muito popular nas terras italianas, sobretudo em Puglia, a mesma ainda não está tão massificada no Brasil, como a Sangiovese e a Primitivo, por exemplo. Então as novidades serão grandes e espero saborosas.

O vinho que degustei e gostei veio da emblemática região italiana de Puglia e se chama Conte di Campiano da casta Negroamaro, um “appassimento” da safra 2016.

E aqui cabe uma história, no mínimo pitoresca e poética acerca do nome que ostenta o vinho e que foi extraído da página na internet do produtor:

“Há muito tempo, um Conde de terras muito distantes viajou em seu belo corcel pelas terras de Val Tramigna e subiu ao planalto de Monte Crocetta. O Conde sentou-se numa pedra para descansar um pouco e por acaso notou que a paisagem dali era esplêndida. A luz do dia acariciava as colinas, banhava o perfil de um castelo, os telhados inclinados das pequenas e escuras casas, os caminhos brancos e os terrenos cultivados, e dispersava-se no vento leve que alcançava a quietude do céu. A paisagem, o leve cheiro de mosto que lhe chegava às narinas, a serenidade que sentia naquele momento, sugeriam que encontrasse naquelas terras a sua morada definitiva. E foi assim que a partir desse dia para os locais ele ficou conhecido como o CONDE DE CAMPIANO...”

E já que começamos com história, sigamos com ela, falando sobre a região de Puglia, o processo de “appassimento” e também um breve histórico da excelente Negroamaro.

Puglia: “A terra dos vinhos”

Essa região italiana está localizada no sul da Itália, região que comumente chamamos de salto da bota, banhada pelo Mar Adriático e o Mar Jônico. É uma região italiana com tradição vitivinícola onde parte da produção do vinho era destinado ao norte para ser mesclado aos vinhos e vermute dessas regiões, inclusive da França.

Puglia

A introdução de videiras com técnicas eficientes de cultivo foi feita na região de Puglia desde a época dos fenícios. Os gregos, no século VIII a.C., deram continuidade ao cultivo da videira, porém a época de ouro foi durante a conquista dos romanos, onde os vinhos de Puglia alcançaram ainda mais fama por sua qualidade. Com a queda do Império Romano houve um declínio da atividade vitivinícola, mas não com grande comprometimento.

No século XVII houve um resgate de variedades autóctones, porém houve no final do século XIX, um outro baque na história da viticultura de Puglia, quando a Filoxera atingiu os vinhedos europeus. Na sequência, a recuperação dos vinhedos em Puglia foi marcada pelas replantações, dando preferência à quantidade de produção, mas do que a qualidade.

Filoxera

Atualmente os produtores de Puglia vem desenvolvendo outras estratégias apostando por exemplo, na diminuição da produção e buscando uma maior qualidade para seus vinhos. Como fruto desse trabalho há atualmente disponíveis no mercado, vinhos com qualidade.

A topografia da região é praticamente plana com paisagens belíssimas dos vinhedos. O clima é tipicamente mediterrâneo, quente, com sol boa parte do ano, pouca chuva, com presença de uma brisa marítima dando condições muito boas para a viticultura. O solo é argiloso e calcário com presença de depósitos de ferro.

As principais regiões da Puglia são:

Foggia: ao norte, encontramos tanto vinhos brancos como tintos bem simples produzidos a partir de Sangiovese, Trebbiano, Montepulciano, Aglianico, Bombino Bianco e Nero, etc.

Bari e Taranto: localizada na zona mais central. Destacamos os vinhos brancos mais encorpados de Verdeca.

Península de Salento: região onde são elaborados os vinhos mais interesantes de Puglia. Nessa zona as videiras se beneficiam dos ventos frescos provenientes do Mar Adriático e Jônico. As principais uvas dessa região são a Negroamaro, Primitivo e Malvasia Nera.

As uvas são cultivadas em toda a região. Faz parte da tradição local e o clima quente da região ainda ajuda, principalmente, as uvas roxas, já que as uvas verdes precisam de uma temperatura mais baixa.

No entanto, a Puglia produz vinhos tintos, rosés e brancos, especialmente de uvas nativas, como Bombino Bianco, Malvasia Bianca, Verdeca, Fiano, Bianco d’Alessano, Moscato Bianco e Pampanuto. Embora, a Chardonnay não seja nativa é a uva branca mais cultivada na região. O Negroamaro é a principal uva do Salento. No entanto, o Salento é uma das zonas vinícolas italianas mais importantes para a produção dos vinhos rosés. O Primitivo é a uva dominante na Terra di Bari. Enquanto a Uva di Troia, também chamada Nero di Troia, é a uva mais comum no norte da Puglia.

Quanto às Denominações de Origem a Puglia tem:

• 28 DOC (Denominação de Origem);

• 4 DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida);

• 6 IGP (Indicação Geográfica Protegida).

DOs Puglia

Appassimento: Passificação

Produtores das mais variadas regiões vinícolas, no Velho e Novo Mundo, lançam mão de um processo natural de desidratação parcial das uvas, chamado de pacificação, appassimento, em italiano.

O objetivo é atingir um nível mais alto de açúcar, assim como maior concentração de aromas, cores e sabores, além de acrescentar uma tipicidade indefectível a seus vinhos.

A passificação adiciona mais um estágio, de desidratação, no processo que define a vitivinicultura destas regiões: terminada a colheita, há ainda o tempo de ressequir.

Passito

Diante da atual valorização da “mínima intervenção humana” no cultivo das vinhas e na produção do vinho, o processo de appassimento – cuja tradição antecede o colapso do Império Romano, não deveria ser interpretado senão como mera decisão humana pelo prosseguimento do ciclo natural da fruta.

A passificação das uvas é normalmente iniciada após a colheita, e antecede o desengace, o esmagamento e a prensagem das uvas: os cachos são levados a salas arejadas e são depositados em suportes de madeira onde podem ficar secando por até 120 dias.

História

A técnica de passificação das uvas não é algo utilizado há muitos anos. Há registros que, desde o primeiro século depois de Cristo, os romanos deixavam que os frutos secassem para que perdessem líquido e concentrassem seu dulçor.

Entretanto, os vinhos passito, da forma como conhecemos, só surgiram recentemente, na região italiana da Valpolicella – e por um acidente. Reza a lenda que, no início do século XX, um barril de vinhos Recioto della Valpolicella (que tem por característica o sabor doce) teria sido esquecido dentro da adega.

Ao abri-lo para conferir seu conteúdo, os produtores se depararam com uma bebida mais seca, alcoólica e meio amarga. A partir daí, começaram a buscar pelo melhor método para tentar repetir o feito.

Atualmente o método ainda preserva sua forma tradicional, mas com algumas inovações. As uvas são colhidas no tempo certo de maturação e colocadas em esteiras ou penduradas em varais para secar durante os meses de outono. Assim, os cachos perdem cerca de 30% de água, concentrando açúcares e muito sabor.

No passado, as uvas eram penduradas de cabeça para baixo nos tetos dos celeiros ou das casas. Hoje, elas ficam em esteiras de palha ou de bambu em salas específicas projetadas para isso. Para evitar que os cachos se deteriorem, a circulação do ar é fundamental.

O processo de appassimento é regulamentado pelo Consorzio Tutela Vini Valpolicella, com regras e exigências rígidas. Os vinhos elaborados com essa técnica, o Recioto e o Amarone, vêm de Valpolicella, no Vêneto. As uvas utilizadas são Corvina, Rondinella e Molinara.

Além da Itália, algumas vinícolas dos Estados Unidos têm implementando o appassimento como técnica de vinificação. Mas ainda de forma experimental.

Negroamaro

A uva tinta Negroamaro tem acidez moderada e coloração densa. Seu nome é a união de “black”, que em inglês significa “preto” e de “amaro”, que em italiano quer dizer “amargo”. Essa variedade de uva garante taninos médios e macios aos vinhos que origina, assim como aromas que remetem à canela, cravo e pimenta da Jamaica.

Antigamente, a Negroamaro era utilizada para dar cor aos vinhos produzidos no norte da Itália, hoje, essa uva origina vinhos tintos profundos, intensos e de coloração arroxeada. Nativa da Península Salentida, a tinta Negroamaro é amplamente cultivada na região da Puglia, importante área vinícola italiana. A fim de garantir maior complexidade de aroma e paladar aos vinhos, a uva Negroamaro é frequentemente utilizada em blend com as uvas Malvasia, Nera, Montepulciano e Sangiovese.

O clima quente, com médias anuais elevadas, favorece o cultivo da uva Negroamaro, garantindo à fruta excelente grau de maturação. Adaptando-se facilmente à escassez de chuvas – comum em locais de clima mediterrâneo – a Negroamaro pode ser encontrada também em vinhedos dos Estados Unidos e Austrália, em regiões que apresentam condições climáticas similares às da região da Puglia. A uva Negroamaro pode ser encontrada com diferentes grafias, entre as quais estão Negro Amaro ou Neroamaro.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, profundo, mas com reflexos granadas, talvez pelo tempo de vida do vinho, com seis anos, lágrimas em profusão, lentas e grossas.

No nariz traz aromas medianos de frutas vermelhas bem maduras, onde se destacam groselha, cereja e algo de ameixa cozida, com toques de especiarias e discretas notas de baunilha.

Na boca é seco e estruturado, alguma complexidade, bom volume de boca, garantido pelo alto teor alcoólico, mas bem integrado as notas frutadas, que se revela discreta, como no aspecto olfativo, além de um curioso toque de uva passa. Tem taninos maduros, mas macios, com acidez média e um final persistente com algo de chocolate e avelãs.

Potente, único, expressivo, definitivamente um vinho de caráter, mas elegante, graças aos seus 6 anos de garrafa. Um vinho que trouxe as gratas novidades de um universo tão sedutor e inexplorado do vinho e que se abre diante dos meus olhos e inunda a minha taça de forma avassaladora. Um vinho para se guardar na memória, um vinho para abrir o mundo do “appassimento” e da Itália que teima em insistir em nos surpreender positivamente. Avante com mais e mais vinhos da velha bota. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Conte di Campiano:

Há muito tempo, um Conde de terras muito distantes viajou em seu belo corcel pelas terras de Val Tramigna e subiu ao planalto de Monte Crocetta.

O Conde sentou-se numa pedra para descansar um pouco e por acaso notou que a paisagem dali era esplêndida.

A luz do dia acariciava as colinas, banhava o perfil de um castelo, os telhados inclinados das pequenas e escuras casas, os caminhos brancos e os terrenos cultivados, e dispersava-se no vento leve que alcançava a quietude do céu.

A paisagem, o leve cheiro de mosto que lhe chegava às narinas, a serenidade que sentia naquele momento, sugeriam que encontrasse naquelas terras a sua morada definitiva.

E foi assim que a partir desse dia para os locais ele ficou conhecido como o CONDE DE CAMPIANO...

Mais informações acesse:

https://www.contedicampiano.com/it

Referências:

“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-de-puglia-italia/

“Brasil na Puglia”: https://www.brasilnapuglia.com/os-vinhos-da-puglia/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/277-puglia-terra-de-muitos-vinhos

“Wineshop”: https://www.wineshop.it/it/blog/appassimento-delle-uve-significato-e-tecniche.html

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/passificacao-o-que-e-o-processo-que-da-mais-aroma-e-sabor-ao-vinho_13092.html

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/08/voce-ja-ouviu-falar-em-appassimento/

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/appassimento-vinho/#:~:text=Afinal%2C%20o%20que%20%C3%A9%20%E2%80%9Cappassimento,de%20serem%20levadas%20%C3%A0%20prensagem

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/negroamaro

 

 

    










segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Classic Sorocamirim Seibel

 

Quem no Brasil nunca começou a degustar vinhos de mesa, as famosas uvas americanas, atire a primeira pedra! Não considero como demérito ou qualquer tipo de constrangimento revelar isso a ninguém! Afinal os famosos vinhos coloniais, como eram chamados e ainda são chamados assim, construíram o Brasil vitivinícola, faz parte da nossa história e ainda hoje tem uma satisfatória participação de mercado, sendo um dos mais consumidos.

Não nego e sequer tenho vergonha de dizer que comecei a degustar vinhos por intermédio das uvas americanas, das uvas de mesa e por elas trafeguei por um tempo, diria, razoavelmente longo, até migrar para as uvas chamadas vitis viníferas, as uvas finas.

Para muitos é digno de baixa qualidade, de vinhos ruins, quase intragáveis e, confesso, quando migrei para as variedades finas, compartilhei da mesma opinião e, por um bom tempo, fui taxativo em dizer que jamais degustaria vinhos de uvas de mesa. De fato, me encontrei nas vitis viníferas, mas, há pouco tempo atrás o passado parece rondar os meus pensamentos.

Por que digo isso? Em conversa com um bom amigo que construí que mora em São Paulo, o Luciano Feliputti, que tem um belo site de vendas de vinhos finos e de mesa chamado Pemarcano Vinhos, ele me falou o que corroborei navegando em seu site, de alguns vinhos de mesa que estava vendendo e também da sua intenção em trazer mais rótulos para incrementar seu portfólio.

Aquela conversa me trouxe, além de um momento nostálgico de minha vida enófila, a possibilidade de degustar alguns rótulos dessas castas que foram importantes para a fundação da produção de vinhos no Brasil. Mas agora, com o meu espírito mais aventureiro nas pesquisas do universo do vinho, as suas histórias, venho com um arcabouço teórico mais rebuscado e com um senso crítico mais definido e menos pré-concebido de tais rótulos.

E dessa conversa o amigo Luciano me perguntara se eu gostava de vinhos de mesa e disse que fazia tempo que não os degustava, mas que, ao navegar em seu site, tinha estimulado interesse em revisitar tais vinhos. Mas com a incessante busca pelo conhecimento e o devido esclarecimento da relevância histórica de tais vinhos, temos a obrigação de valorizar o produto nacional, desde que seja bom, claro.

E um produto nacional artesanal, de pequenos produtores que, teimosamente, continuam a cultivar vinhas e vinhos. O amigo Luciano não hesitou e decidiu me mandar, carinhosamente, alguns exemplares e foi como se eu revisitasse o tempo! Aqueles tempos bons de uma vida simples, sem pretensões, sem nada pomposo, só um prazer embrionário pelo vinho.

E o presente do amigo Luciano não teimou em demorar e logo chegou em minhas mãos e em dose dupla, um da casta branca Lorena, famosa entre os vinhos de uvas americanas e outro que confesso não conhecia: Seibel. Decidi de forma imediata degustar essa variedade tinta.

E esse rótulo veio da cidade interiorana de São Roque, em São Paulo, tida como uma das principais e mais tradicionais regiões produtoras de vinhos do Brasil e que abriga uma produção vasta de castas americanas.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio de São Roque, de um artesanal produtor chamado Sorocamirim, o Vinho Sorocamirim Classic da casta Seibel não safrado. Então para não perder o costume vamos de histórias! Vamos da história da Siebel e também de São Roque!

São Roque: A terra do vinho!

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e por fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Outro fator que pode ter influenciado e não ter feito prosperar o cultivo da videira seria a prioridade da época de então, que era a descoberta de ouro, principalmente na região das Minas Gerais. Sabemos que São Paulo até então era somente um vilarejo sem grande importância econômica para a metrópole portuguesa, e se bem analisarmos a história da agricultura brasileira a uva e o vinho nunca foram tidos como principal interesse por parte de nossos colonizadores.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras. Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antônio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho. 

Dr. Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Podemos dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

Siebel

A Seibel é uma uva pouco conhecida, apesar de haver sido amplamente usada na criação de vinhos no Brasil, mas, que devido à expressão cada vez maior da produção japonesa, país onde encontrou um terroir que lhe é propício, está cada vez mais presente nos diálogos acerca do cenário do vinho no mundo. De fato, países ou regiões de clima frio são o leito perfeito para acolher a variedade.

Seibel é, na verdade, um termo genérico que designa as diversas uvas Seibel, casta híbrida criada na França, no fim do século XIX, por Albert Seibel, um ativo médico e vitivinicultor, a partir de castas europeias e nativas da América do Norte.

Albert Seibel

A sua ideia era criar variedades resistentes à Filoxera, praga que a partir de 1860 praticamente dizimou os vinhedos europeus, garantindo, assim, a produção de algum vinho nas áreas afetadas. Para tanto, mais de 15 mil híbridos foram criados, e perto de 500 novas variedades foram estabelecidas. 

Na década de 1860, a praga da filoxera reduziu a produção de vinho na Europa em mais de dois terços. Como a praga se originou no Novo Mundo, cruzar o estoque americano com variedades europeias de vitis vinifera foi uma das tentativas promissoras de conter o desastre. As vinhas produzidas por esta hibridação não produziram necessariamente melhores vinhos, mas produziram cepas de vinha que poderiam sobreviver melhor aos ataques de Phylloxera.

Seibel e sua empresa produziram mais de 16.000 novos híbridos, com cerca de 500 variedades que foram cultivadas comercialmente. Ele costumava usar como pai feminino o híbrido Jaeger 70, um cruzamento entre Vitis lincecumii e Vitis rupestris produzido por Hermann Jaeger. Jaeger foi um viticultor suíço-americano, homenageado como Cavaleiro da Legião de Honra por sua parte em salvar a indústria vinícola francesa da praga do piolho da filoxera.

Assim sendo, a Seibel 2, Seibel 29, Seibel 30, Seibel 99, Seibel 788, Seibel 793, Seibel 867, Seibel 880, Seibel 1000, Seibel 1020, Seibel 2007, Seibel 2510, Seibel 2524, Seibel 2653, Seibel 2859, Seibel 4461, Seibel 4643, Seibel 4646, Seibel 4986, Seibel 5163, Seibel 5279, Seibel 5455, Seibel 5487, Seibel 5575, Seibel 5656, Seibel 5898, Seibel 6906, Seibel 7053, Seibel 8357, Seibel 8665, Seibel 8745, Seibel 9110, Seibel 9549, Seibel 10173, Seibel 10878, Seibel 11803, Seibel 13053, Seibel 14514, Seibel 14596, são algumas das castas conhecidas globalmente como Seibel. Apesar de algumas terem nome próprio, como a 5575, também chamada de Rubis, ou a 9110, Verdelet, é a denominação Seibel que usualmente é mais utilizada, mesmo nas variedades mais famosas, como a Aurore, Seibel 5279, Chancellor, 7053, Chelois, 10878, e De Chaunac, 9549.

Seibel

Apesar de ser cada vez mais rara em seu país de origem, devido às severas leis francesas que proíbem a produção de vinhos AOC a partir de espécies híbridas, sendo utilizada apenas para criação de vinhos de mesa, ficando assim relegada ao papel de coadjuvante, esta casta encontrou refúgio em países como Japão, Nova Zelândia, Inglaterra e Canadá. Ali é responsável pela criação de vinhos comerciais, o que explica o grau de importância que vem adquirindo nestes países.

Devido ao alto grau de tecnologia hoje existente na grande maioria das vinícolas, os vinhos criados a partir da Seibel, apesar de serem simples, despretensiosos, são normalmente saborosos e relativamente equilibrados. Como são gerados grandes volumes destes vinhos, o que implica baixo preço do produto final, boa parte da população que inicia o consumo da bebida o faz através de produtos à base de alguma das variedades Seibel, sendo, então, esta a porta da entrada de muitos no mundo do vinho.

Convém a leitura de um artigo, produzido em 1967, na cidade paulista de Campinas, com um detalhado estudo sobre o comportamento de videiras Seibel na região de São Roque, escrito pelo engenheiro agrônomo Wilson Corrêa Ribas, que pode ser lido aqui.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso e escuro, com tons arroxeados e caudalosos que marcam o bojo.

No nariz predominam aromas intensos de frutas vermelhas e pretas como framboesas, morangos e ameixas, frutas compotadas, com uma sensação de delicado dulçor.

Na boca é seco, mas equilibrado, sendo saboroso e muito leve, com uma acidez baixa, taninos imperceptíveis e um final cheio, volumoso e persistente.

A experiência do passado que traz novidades! O frescor do tempo é evidente aos sentidos! A simplicidade do vinho trouxe nobreza ao espírito sensorial. Embora eu tenha tido experiências passadas com os vinhos de mesa, as uvas americanas, a Seibel se tornou uma novidade, mesmo que no auge da simplicidade que ela proporciona, mas bem saborosos, com boa acidez e bem despretensiosos. E já que, ao longo deste texto, eu foquei no tempo e nas nostalgias, percebi que o rótulo composto pela Seibel é ideal para quem está começando no universo do vinho. Tem 10% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Sorocamirim:

A Vinícola Sorocamirim foi fundada no dia 27 de julho de 1956, com 58 anos de muitas conquistas e histórias, sendo considerada uma das vinícolas mais artesanais de toda a região de São Roque.

Seus vinhos são elaborados a partir de uvas selecionadas, garantindo um excelente sabor. Entre os vinhos mais apreciados estão o "Monte Carlo" tinto meio Seco, e o tinto seco, armazenados em barris de carvalho francês e americano.

Entre os clássicos estão a linha dos vinhos "Sorocamirim", tinto seco, licoroso rosado, e muitos outros. A vinícola está localizada em uma região serrana, com clima propício para fabricação de vinhos.

Toda a produção dos vinhos Sorocamirim é feita de maneira artesanal, com a combinação de processos de fabricação tradicionais.

Mais informações acesse:

https://www.facebook.com/Vinhos-Sorocamirim-742876082473899

Referências:

“Assembleia Legislativa de São Paulo”: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=301135

“Blog do Lullão”: http://www.lullao.com/p/historia-do-vinho-em-sao-roque.html?m=1

“Sites Google”: https://sites.google.com/site/historiadovinhodesaoroque/home/historia-do-vinho-de-sao-roque

“Leia Mais”: https://leiamaisba.com.br/2012/04/26/a-uva-seibel

“Scielo.br”: https://www.scielo.br/j/brag/a/9bvLTwNpJCghhPrfjwPwrwL/?format=pdf&lang=pt

“Wikipedia”: https://en.wikipedia.org/wiki/Hermann_Jaeger

https://en.wikipedia.org/wiki/Albert_Seibel

https://pt.wikipedia.org/wiki/Seibel

 

 

 

 












sábado, 3 de setembro de 2022

Terra do Vinho Merlot 2018

 

O rótulo é a identificação do vinho! Lembro-me de quando comecei a me aventurar no universo dos vinhos finos, dos produzidos com uvas vitis viníferas, que os especialistas disseminavam essa informação e, claro, é mais do válido e correto afirmar e incutir na mente dos enófilos tais afirmações, sobretudo para aqueles que está enveredando para o mundo do vinho e precisa de informações para construir, materializar as suas predileções de propostas de vinhos.

Mas a questão não é apenas aos iniciantes, mas também aos que tem o que chamamos de “litragem”, de experiência em degustações em vinhos, afinal precisamos conhecer todos os detalhes ou pelo menos os mais importantes quando temos acesso a um determinado vinho, a um determinado produtor e se o mesmo traz tudo o que você, minimamente, espera de um vinho no que tange às suas propostas.

E o rótulo não traz apenas detalhes técnicos de um vinho, como teor alcoólico, passagem por barricas de carvalho ou não, casta, mas também história, estímulo ao consumo da história daquele produtor, da região etc.

Para os aficionados por história, para aqueles que sentem uma urgente necessidade de saber a origem do nome do vinho, da casta, do produtor o rótulo é sim a entrada para ter acesso a tudo isso e mais. E penso que grande parte dessas informações também são preponderantes para a tomada de decisão de compra de um vinho e não somente os dados técnicos.

Estou falando tudo isso porque o vinho de hoje traz não apenas informações técnicas do mesmo, mas também algumas informações sobre as origens da variedade em questão, pelo menos foi a percepção que tive, a interpretação que tive ao observá-lo.

E aprecio por demais quando o produtor traz essas informações visando, estimular o interesse de quem irá degustar o vinho para procurar tais informações. Mas não são todos que tem tal interesse em buscar as minúcias da história do vinho, mas apenas degustar o vinho. Esses comportamentos definem, a meu ver, quem é quem no universo do vinho e os seus interesses acerca dele.

E o vinho vem de São Roque, região que definitivamente adentrou a minha vida enófila e que espero não saia tão cedo e a casta é a famosa Merlot. A Merlot que também está mais do que inserida na realidade do Brasil e digo, sem medo, de que os vinhos produzidos com tal variedade estão entre os mais admirados do mundo, apesar de estar engatinhando na cultura vitivinícola.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio, como disse, de São Roque, em São Paulo, e se chama Adega Terra do Vinho Merlot e a safra é 2018. O seu rótulo traz um pássaro sobrevoando as vinhas, um pássaro negro. E essa relação com a Merlot é íntima, diria que remonta as suas origens.

Esse será meu primeiro varietal Merlot de São Roque e já digo que está surpreendendo pela leveza, fruta trazendo algumas das mais marcantes características da cepa. Tenho tido bons retornos desse produtor, principalmente quando degustei o Genuíno Carménère 2018 e o Adega Terra do Vinho Cabernet Sauvignon 2017. E já que falei em história vamos trazer as origens da vitivinicultura de São Roque e um pouco das origens da Merlot corroborando o rótulo. 

São Roque: a terra do vinho!

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e pôr fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Outro fator que pode ter influenciado e não ter feito prosperar o cultivo da videira seria a prioridade da época de então, que era a descoberta de ouro, principalmente na região das Minas Gerais. Sabemos que São Paulo até então era somente um vilarejo sem grande importância econômica para a metrópole portuguesa, e se bem analisarmos a história da agricultura brasileira a uva e o vinho nunca foram tidos como principal interesse por parte de nossos colonizadores.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras. Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antônio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho.

Doutor Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Pode-se dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

Merlot

Por um longo período na história dos vinhos, a Merlot ficou conhecida pejorativamente como a “outra tinta de Bordeaux”, região de sua origem e cuja estrela principal era a Cabernet Sauvignon. Esse panorama começou a mudar no final do século XX – atualmente ela é uma das castas de maior sucesso no mundo, sendo cultivada em diversos países vitivinicultores.

Pesquisas revelam que a Merlot é resultado de um cruzamento genético entre a Cabernet Franc com a Magdeleine Noire des Charentes, sendo meia-irmã das não menos famosas Carmenère e da Cabernet Sauvignon. Apesar de seu prestígio ter se espalhado pelo mundo apenas na década de 1980, a Merlot tem cultivo documentado há século atrás. A primeira referência à uva que se tem notícia data de 1784, no seu país de origem: a França. A Merlot também é conhecida por outros nomes, são eles: Merlau, Sémillon Rouge, Plant Médoc,  Picard, Béguey, Alicante e Crabutet Noir.

Reza a lenda que Merlot deriva de Merle, nome dado a um pássaro na França que, assim como a uva, ostenta uma coloração escura e profunda. No século XIX foi muito cultivada na região de Médoc, que fica à margem esquerda do rio Gironde. Tem seu nome mencionado em diversas ocasiões na Itália e Suíça já na virada para o século XX, mas ganha notoriedade mesmo quando entra no Novo Mundo em 1990, tornando-se a uva mais popular nos Estados Unidos.

Melre (Melro)

A França continua sendo o maior cultivador desta casta, com aproximadamente dois terços da sua produção mundial. Bordeaux, com 56% de seus vinhedos cobertos de Merlot, é a principal produtora; sobretudo na sua margem direita, onde a uva domina as plantações das regiões de St. Émilion e Pomerol. Em 2004, na França, registrou-se o total de 115 mil hectares de vinhedos cultivados com a Merlot.

Outros países como Itália (onde a Merlot é a quinta casta mais plantada), Estados Unidos (na Califórnia, principalmente), Argentina, Chile, Austrália, Canadá, Brasil e África do Sul cultivam a Merlot de forma significativa. Denotando seu prestígio, popularidade e fácil adaptação em diversas partes do globo.

Por estar adaptada a diversos terroirs, a Merlot gera discussão especialmente no tocante ao seu cultivo, maturação e colheita. Alguns enólogos acham que esta variedade deve ser colhida o mais tarde possível, pois assim ela conservará os açucares e a maturação fenólica de forma mais concertada. Outros, ao contrário, dizem que a uva deve ser colhida jovem, ou melhor, no seu ponto ideal, para não prejudicar a sua acidez e nem deixar que seus aromas frutados sejam destacados ao ponto de tornar-se os vinhos desta casta pesados, sem frescor e elegância.

É uma casta que amadurece rapidamente. Adapta-se muito bem a climas mais frios e lugares com solos áridos, argilosos e até rochosos. As características gerais da Merlot são:

·         Cachos com tamanhos médios;

·         Coloração azul violácea profunda;

·         Pele bastante fina;

·         Baixo nível de tanino e acidez;

·         Grande concentração de açúcar e álcool;

·         Aromática e suave.

Quanto aos aromas, destacam-se os de frutas pretas como ameixa e jabuticaba; os de ervas como alecrim e orégano; e os de especiarias como canela e noz-moscada. Pode apresentar outros aromas, como caramelo, baunilha e café, quando seus vinhos estagiam em madeira.

Na boca, normalmente apresenta textura macia e bastante aveludada. Seus taninos também são macios. Acidez e álcool em níveis equilibrados. O uso de carvalho pode acrescentar sabor especial à uva, mas também pode diminuir sua elegância.

A Merlot resulta vinhos de acordo com o lugar onde foi cultivada e maneira como foi colhida. Quando colhida o mais tarde possível, a intensidade de cor e a concentração dos aromas frutados são muito maiores; os taninos maduros combinam com o bom corpo e com sua graduação alcoólica presente. O estágio em barricas de carvalho francês completa o processo, que é o mais comum no Novo Mundo.

Quando colhida no seu ponto ideal de maturação, que geralmente é mais cedo que outras uvas, a Merlot resulta vinhos com corpo médio e nível de álcool baixo; sua acidez, entretanto, aumenta, assim com como os aromas de frutas vermelhas maduras – assim são os vinhos franceses da Merlot.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi fechado, intenso, escuro, mas que, ao mesmo tempo, reluz, é brilhante, com lágrimas finas e em média intensidade.

No nariz predominam intensamente os aromas frutados, de frutas vermelhas maduras, tais como amoras, ameixas e cerejas, além de um agradável toque floral e terra molhada, notas terrosas.

Na boca é seco, leve, aveludado, equilibrado, com as notas frutadas protagonizando, como no aspecto olfativo, com taninos moderados, redondos e domados, com uma acidez média que proporciona frescor, sabor e leveza acentuados, além de toques herbáceos. Final de persistência média e retrogosto frutado.

A história, as origens do vinho também podem e devem ser “degustadas” e que quando se mergulha fundo torna a degustação de fato muito, muito melhor! Degustamos com prazer, com alegria, pois sabemos que nada é aleatório, tudo traz um forte e intenso motivo, razão de ser. O Adega Terra do Vinho Merlot é macio, redondo, os seus 4 anos de garrafa, bem como a sua proposta desenham a realidade do vinho. Um vinho aveludado e fácil de degustar, mas que, ao mesmo tempo traz personalidade. Um belo vinho são roquense! Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Terra do Vinho:

Em meados de 1966, a família Oliveira Santos decidiu dedicar-se a sua grande paixão: o Mundo do Vinho e abriu a Cantina Vieira Santos.

Empenho, dedicação e amor eram palavras de ordem dos irmãos, especialmente para o Moacyr. A Cantina cresceu, mudou e hoje se chama Adega Terra do Vinho. Como patriarca, certamente o Moacyr não imaginou que seu trabalho chegaria tão longe com o mesmo espírito e garra.

A paixão pelos vinhos fez nascer a pequena Adega do Moacyr com seus vinhos artesanais. Hoje a adega cresceu, mas continua trazendo, em cada garrafa, a mesma paixão.

Mais informações acesse:

https://www.adegaterradovinho.com.br/index.html

Referências:

“Assembleia Legislativa de São Paulo”: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=301135

“Blog do Lullão”: http://www.lullao.com/p/historia-do-vinho-em-sao-roque.html?m=1

“Sites Google”: https://sites.google.com/site/historiadovinhodesaoroque/home/historia-do-vinho-de-sao-roque

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/uva-merlot-quando-a-popularidade-encontrou-a-elegancia/