sexta-feira, 23 de junho de 2023

Venta Real Gran Reserva Tempranillo 2013

 

Tenho me aventurado, o que atualmente não é uma grande novidade, pelos vinhos espanhóis, mas não apenas em uma ou duas regiões, daquelas mais famosas e faladas pelos especialistas e influenciadores dos vinhos, mas aquelas pouco desbravadas que geralmente são observadas com certo preconceito, rejeição.

Principalmente quando se fala nos “vinhos de volume”! Talvez esteja sendo inocente ou aquele que não quer olhar para uma suposta realidade geralmente engendrada e construída por um segmento que tem forte influência no vinho, mas o fato que já degustei alguns rótulos com essa concepção, muito interessantes.

E uma dessas regiões na Espanha é Castilla La Mancha. É a região que mais produz vinhos naquele país, e parece ser uma heresia falar de vinhos dessa região por aqui no Brasil, só valendo se for Rioja, Priorat ou Ribera del Duero. Mas será que somente esses são bons?

Evidente que são regiões emblemáticas, tradicionais, importantes e que merecem seu lugar de destaque e importância, mas penso ser uma temeridade negligenciar as outras tantas regiões da Espanha e olhe que são muitas!

Castilla La Mancha traz vários terroirs divididos em algumas microrregiões e uma vem ganhando alguma repercussão aqui em nossas terras, falo de Valdepenãs. Acredito que a região teve o descortinar no Brasil por intermédio da linha “Pata Negra”, lembro-me bem disso. Mas apesar do sucesso desses rótulos a região ainda não tem aquela representatividade e credibilidade no Brasil.

Porém atualmente temos tido algumas opções de rótulos da região e o exemplo são os vinhos da Bodega Fernando Castro. Trata-se de uma das mais antigas vinícolas administradas pela mesma família desde 1850 em toda Castilla La Mancha. História tem e bons vinhos também. Degustei o El Artista Gran Reserva e Raíces Gran Reserva, ambos da safra 2012, e surpreenderam pela elegância e complexidade.

E dessa vez mais um rótulo Gran Reserva e de idade: Um 2013! Já com seus dez anos de garrafa! Mais um espanhol e com anos de garrafa, uma combinação que confesso me excitar quando vou degustar e antes, na decisão de compra. Não preciso dizer da animação em tê-lo em taça.

Dessa vez será um 100% Tempranillo! Adoro os vinhos que levam essa variedade e que passam, estagiam por longo tempo em barricas de carvalho, simplesmente, definitivamente a Tempranillo se dá muito bem com a madeira e adquiri uma complexidade, estrutura e personalidade como poucas.

Então vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio de Valdepenãs, localizada na região espanhola de Castilla La Mancha, e se chama Venta Real, um Gran Reserva da safra 2013, com a casta Tempranillo. E para não perder o costume, vamos de história, vamos de Valdepenãs.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Valdepenas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

DO Valdepenas

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, quase escuro, com halos granada, com lágrimas finas, lentas e em profusão que desenham o bojo do copo.

No nariz mostrou-se tímido nos aromas no início da degustação, mas foi abrindo e ao volatizar mostrou notas discretas de frutas maduras, já em compota, com a presença marcante da madeira, graças aos 18 meses em barricas de carvalho, que entrega um tostado, especiarias, tabaco, couro e algo de terra molhada.

Na boca revela maciez, elegância, mas dosada a uma boa complexidade, garantindo alguma personalidade, uma boa evolução aos dez anos de idade. A madeira protagoniza em convergência com as frutas maduras, com toques de chocolate, de carvalho. Tem taninos com alguma presença, mas maduros, domados, com acidez discreta e um final de média persistência.

O Venta Real Gran Reserva é um vinho complexo, a madeira protagoniza, porém juntamente com as notas frutadas, o que é incrível aos 10 anos de vida. Um vinho macio, redondo, equilibrado, entregando a elegância típica de vinhos como esse. Não esperem peso, estrutura ou algo que o valha, afinal 18 meses de barricas de carvalho trará afinamento, trará complexidade e estrutura, não peso. E o mais gratificante é degustar um vinho em uma faixa de preço extremamente acessível. É possível sim degustar um Gran Reserva espanhol com um valor competitivo e que atinja sim a todos os níveis sociaisl. Democratizemos a cultura do vinho! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Fernando Castro:

A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a mais antiga adega CLM sob a direção da mesma família. A família Castro começou a produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas cultivadas na sua propriedade em Santa Cruz de Mudela, seguindo os métodos tradicionais da região.

A adega Fernando Castro está localizada no centro nevrálgico da Denominação de Origem Valdepeñas. Localizada no extremo sul do planalto ibérico e bem delimitada pela planície de La Mancha a norte, os campos de Montiel a leste, Calatrava a oeste e Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela preserva o património cultural e gastronómico de A Mancha.

A região contém uma abundância de solos calcários, arenosos e argilosos (avermelhados), atravessados pelo rio Jabalón e bronzeados pelo sol. Terrenos com um clima continental marcado de temperaturas extremas e baixa pluviosidade, onde as temperaturas podem ultrapassar os 40ºC e descer abaixo dos -10ºC.

Viticultores por tradição familiar, Bodegas Fernando Castro tem 380 hectares de vinhas aninhadas em torno da Finca Los Altos, supervisionadas pessoalmente pela família Castro. Os seus vinhos expressam a personalidade de uma região única, situada a 705 metros de altitude e com um clima de temperaturas extremas, os seus solos são pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, condição ideal para o cultivo da vinha.

Mais de 2.500 horas de sol por ano se traduzem em uvas bem maduras e vinhos com maior intensidade de cor, estrutura ideal e poder aromático.

Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham juntas, com o apoio inestimável de grandes profissionais que contribuem para a produção, processamento, envelhecimento e comercialização dos seus vinhos, utilizando instalações modernas, confortáveis ​​e funcionais.

Na última década, alargaram a sua gama de produtos a setores novos e emergentes como os vinhos espumantes, vinhos não alcoólicos, vinhos Kosher, vinhos biológicos e até sangrias, garantindo os mesmos níveis de qualidade e serviço nestes novos produtos.

Todos os anos os vinhos são premiados nos mais prestigiados concursos internacionais do mundo, como Berliner Wein Thophy, Mundus Vini, Sakura Japan Awards ou o Best Wine-in-Box da França.

Mais informações acesse:

https://bodegasfernandocastro.es/              

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 










domingo, 18 de junho de 2023

Varanda dos Reis Escolha 2021

 

Eu costumo dizer, usando um famoso jargão popular, que dou meu reino por um vinho verde! Acredito que tudo que eu dizer por aqui serei redundante, tamanho é meu apreço pela região do Minho, pela famosa região portuguesa dos Vinhos Verdes.

Mas que seja, melhor “pecar” pelo excesso do que qualquer outra coisa. Não deixo de exaltar a região e seus rótulos e não é por conta apenas de seu terroir especial, mas porque são vinhos que harmonizam muito bem com as características climáticas do Brasil, bem como as culturais também. Trata-se de vinhos solares!

É uma região que definitivamente entrou na rota de nosso mercado consumidor e se tornou um dos mais queridos de nosso país. Que sorte temos, pelo menos nesse quesito, de ser um grande exportador de vinhos do Velho Mundo.

De Velho Mundo os verdes nada têm. Eles têm a “cara”, o “DNA” do Brasil e de muitos outros países tropicais. São frescos, solares, frutados, cítricos, leves, agradáveis. São tradicionalmente saborosos. Claro que os produtores e a instituição que rege e regulamentam seus vinhos estão apostando em rótulos mais complexos e longevos, a Alvarinho tem essa vocação, mas o vinho verde que conhecemos é aquele que conheço desde sempre: leve, frutado e fresco!

Atualmente temos visto, bem timidamente é verdade, alguns produtores, pelo menos os mais famosos, trazer vinhos verdes mais complexos, com passagem por barricas de carvalho, com potencial de guarda, com os Alvarinhos, por exemplo.

Há quem diga que esses rótulos, essas propostas, são uma espécie de desserviço aos populares vinhos mais leves e despretensiosos, mas para outros os vinhos verdes mais estruturados e complexos traria mais credibilidade a região, sobretudo no quesito exportação, pois os mais leves são mais baratos e podem ser associados a vinhos ruins, ordinários, o que, convenhamos, é uma bobagem desmedida!

E o vinho de hoje está na “ala” dos mais simples, dos mais despretensiosos, de uma das belas vinícolas da região do Minho que eu descobri e que tem um acesso grande e variado de rótulos no Brasil. Falo da Vercoope! Tenho degustado bons e interessantes vinho desse belo produtor, ótimo custo X benefício.

O vinho de hoje é de uma linha de rótulos da Vercoope que recentemente entrou em nosso mercado chamada “Varanda dos Reis” e que, inclusive já degustei um 100% Loureiro, a minha casta preferida da região do Minho, e que vale a degustação, marquem o nome: Varanda dos Reis Loureiro 2021!

Sem mais delongas o vinho que degustei veio da Região dos Vinhos Verdes e se chama Varanda dos Reis Escolha, composto pelas castas Arinto (30%), Azal (30%), Loureiro (30%) e Trajadura (10%) da safra 2021. Já anima pelo fato de o blend trazer as castas típicas da região e também pela nomenclatura que traz: “Escolha”! 

Mas o que é, o que significa “Escolha” nos rótulos dos vinhos? Trata-se de uma denominação de qualidade, mas que não é uma denominação de origem, mas se assemelha a um reserva ou grande reserva, por exemplo. Significa que obteve uma qualificação, uns pontos acima do “normal”, dos vinhos regionais, por exemplo, pelo organismo ou instituição que certifica o vinho.

Mais um quesito que poderá tornar esse vinho interessante, um predicado, quem sabe. Mas antes de tecer os comentários, com requinte de detalhes, do vinho, vamos as histórias da famosa Região do Minho, dos Vinhos Verdes.

Vinhos Verdes: Entre-Douro-e-Minho

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C.

Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra.

No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico.

O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região dos Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utilizam-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resultam vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: têm vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a região a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho.

Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação.

Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação.

A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta linda cor citrina, aquele amarelo palha brilhante, com proeminentes reflexos esverdeados, com boa gaseificação denotando frescor.

No nariz traz aromas pronunciados de frutas de caroço, de polpa branca, de frutas cítricas, com destaque para tangerina, limão, maçã-verde, pera, abacaxi, algo de pêssego também, com um gostoso toque de mineralidade, entregando um incrível frescor e leveza.

Na boca é fresco, leve, saboroso, porém traz alguma untuosidade que o torna marcante, com alguma personalidade. As notas frutadas ganha protagonismo no paladar, como no aspecto olfativo, com uma acidez intensa, que faz salivar, com um final cheio e de discreto dulçor.

Perguntei ao produtor, por email, qual o motivo do nome “Varanda dos Reis”. E o Sr. José Castro, muito gentilmente, me respondeu que a Vercoope é a união de sete cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, das vilas Amarante, Braga, Famalicão, Felgueiras, Guimarães, Paredes e Vale de Cambra. E essa linha de rótulos é uma homenagem à uma das “Varandas dos Reis”, que há também na Vila de Amarante, uma das adegas da Vercoope. Vinhos de excelente custo X benefício que dignificam a região dos Vinhos Verdes, da Região do Minho! Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Vercoope:

A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar, comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas cooperativas.

A união permitiu juntar a produção de 4.000 viticultores e lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade, dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em competições de vinhos e imprensa especializada.

A Vercoope produz anualmente 8 milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma significativa percentagem de população diretamente dependente do setor vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde.

A Vercoope é uma entidade vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5.000 viticultores.

Situada em Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor. 

Com mais de meio século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de destaque no setor, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de referência no panorama regional e nacional.

Mais informações acesse:

https://vercoope.pt/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/

 

 

 

 

 

 

 




sábado, 17 de junho de 2023

Fin Reserva do Produtor Malbec 2017

 

Quando falamos ou sequer lembramos de Malbec, não há como negligenciar regiões como Mendoza, na Argentina e Cahors, na França, como a “pátria-mãe” da cepa tão famosa hoje mundialmente falando.

Mas não se enganem o Brasil está cultivando a variedade e vem se destacando na tipicidade de seus rótulos. Eu descobri os primeiros vinhos tupiniquins de Malbec lá pelos idos de 2017, quando estive em uma das primeiras edições do Festival “Vinho na Vila”, que privilegia os produtores nacionais.

Para quem conhecia apenas Mendoza e Cahors, Chile também, apesar de poucos rótulos ofertados em nosso mercado consumidor, como produtores, ver alguns vinhos brasileiros da casta foi motivo de alegria e ansiedade para ter um “exemplar” em minha adega.

Mas demorou um pouco, embora tenha degustado alguns poucos rótulos em eventos que participei desde o “Vinho na Vila”, em 2017. Alguns valores estavam demasiados altos para mim e fui, contudo, adiando o momento de ter em minha taça um Malbec brasileiro.

Até que um belo dia, visitando alguns sites de vinhos descobri um rótulo a um preço excelente, praticamente imperdível a compra e é de um produtor que havia conhecido no evento “Vinho na Vila” anos antes, porém no dia no estande não tinha o Malbec.

O dono era que “regia” as apresentações de seus rótulos. Era muito simpático e atria a todos pelo seu carisma e sorriso. O nome dele era Jorge Fin e era da Vinícola Fin, de uma região gaúcha, até então, desconhecida para mim: Entre-Ijuís.

Eu me aproximei do estande e ele logo me apresentou os seus rótulos e de imediato me apresentou o seu Tannat, o Fin Tannat Reserva 2015. Como eu estava, e ainda estou, na época de garimpos de Tannats brasileiros o comprei, sem pestanejar.

Fin Tannat Reserva 2015

Degustei outros rótulos e estavam maravilhosos, o Sr. Jorge Fin, muito simpático, me motivou a tirar uma foto com ele e também não hesitei e prometi a ele que buscaria novos rótulos.

Com Jorge Fin

E foi assim que o Malbec chegou às minhas mãos! Com várias buscas, tentativas e procuras. É difícil encontrar os rótulos do Seu Jorge Fin, mas com um pouco de esmero e dedicação até consegue.

E o momento da degustação chegou! Algumas novidades cercam esse rótulo, além de ser o meu primeiro rótulo de Malbec nacional. A região: Entre-Ijuís, o portal da Missões. Nem precisa dizer que estou tomado por uma animação mesclada a ansiedade.

Então sem mais delongas, vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio do sul do Brasil, de Entre-Ijuís e se chama Fin Reserva do Produtor, um 100% Malbec, da safra 2017. Tentarei tecer um pouco da história da região, embora pouco conhecida entre os enófilos, mas que goza de uma forte representatividade histórica: Segundo Jorge Fin as primeiras uvas que chegaram ao sul do Brasil, isso no século XVII, não foi na Serra Gaúcha, como dizem, mas em Entre-Ijuís.

Entre-Ijuís: Portal das Missões

Embora não seja muito conhecida entre os viajantes, o local tem grande potencial turístico. Para quem vai de Santo Ângelo a São Miguel das Missões, vale a pena dar uma paradinha em Entre-Ijuís, que fica no caminho entre as duas cidades.

A simpática cidade tem pontos turísticos históricos e cheios de vida, todos muito bem organizados e com belas paisagens. Entre eles destacam-se o Sítio Arqueológico de São João Batista, o Parque das Fontes e a Vinícola Fin.

Missões

Com a economia baseada principalmente na agricultura, Entre-Ijuís se destaca pelo seu belo interior, cercado principalmente pelas plantações de trigo e aveia. Viajamos em uma época linda (no final de setembro), então os campos de trigo já estavam dourados.

E uma curiosidade: antes chamada de Passo do Ijuí, a cidade foi renomeada após separar-se de Santo Ângelo, e recebeu o nome que faz referência ao fato de estar localizado entre os rios Ijuí e Ijuizinho.

História

A primeira organização urbana ao estilo europeu que ocorreu nas terras entre-ijuienses foi a Missão Jesuítica-Guarani de São João Batista, fundada em 14 de setembro de 1697, com 2.832 nativos oriundos da Redução de São Miguel Arcanjo, liderados pelo jesuíta Antônio Sepp. Foi a 6ª Redução de um conjunto conhecido como Sete Povos das Missões.

Por um longo tempo os Sete Povos das Missões foram administrados por Corregedores nomeados pelos governadores de Buenos Aires, subordinados a Coroa Espanhola. Além dos Corregedores, existiam os Cabildos (semelhante à Câmara Municipal de hoje) que tinham poderes para efetuar a concessão de terras. Aí tiveram origem os latifúndios.

Com a extinção das reduções, já sem jesuítas, índios desgarrados, surgem os Tropeiros e Carreteiros para utilizarem e batizarem o “Passo do IJUÍ”, lugar preferido para “fazerem o meio-dia” ou, o pernoite e depois seguir para o “povo” de Santo Ângelo onde faziam seu comércio.

Em 1824, o governo provincial mandou para São João Batista diversas famílias de imigrantes alemães que haviam chegado à Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Era o início da Colônia São João das Missões, criada pelo Presidente da Província José Feliciano Fernandes Pinheiro. 

Entretanto, os imigrantes não se adaptaram e poucos permaneceram no local, onde ficaram residindo apenas as famílias de Ernesto Kruel, Carlos Holsbach, Tristão Schmidt. Mais tarde vieram imigrantes italianos e poloneses.

Para não deixar as terras abandonadas, o governo distribuiu grandes lotes através dos Atos de Concessões de Terras, sendo que as terras que fazem parte de Entre-Ijuís foram concedidas a João de Lara Leite Bueno, que em 1858, doou parte de suas terras para a construção de uma Capela dedicada a São João Batista, a capela não foi construída, mas as terras passaram a ter responsabilidade da Mitra Diocesana de Uruguaiana.

Em 22 de março de 1873, Santo Ângelo se desmembrava de Cruz Alta, e o Passo do Ijuí começava a ter os primeiros moradores. Eram colonos que receberam terras quando da colonização da margem esquerda do rio Ijuí, época da fundação oficial da colônia do Ijuí Grande. Quando o governo Republicano delegou poderes à Delegacia de Terras e Colonização, em maio de 1890, era decidido colonizar a Bacia do Uruguai, começando pelas matas do Rio Ijuí, sob a chefia do Engenheiro José Manoel da Siqueira Couto.

Em 1918, a construção de uma modesta ponte de madeira, vem dar condições às carretas, carroças, charretes, jardineiras de passar de um lado ao outro do rio. No início os carroceiros, tropeiros de mulas, carreteiros e viajantes paravam aqui para abastecerem-se, alimentarem-se e descansarem antes de seguir para Santo Ângelo. À medida que aumentava o movimento local foram se estabelecendo comerciantes de produtos alimentícios.

O que fazer em Entre-Ijuís?

Em uma visita rápida, é possível conhecer e se encantar pelos principais pontos turísticos de Entre-Ijuís, que vão desde o Sítio Arqueológico até a Vinícola Fin, que conta com um belíssimo espaço externo, ideal para contemplação.

Sítio Arqueológico São João Batista

É conhecido como o principal ponto turístico do município. Fundado em 1697, o local fica a 19km do centro de Entre-Ijuís, na localidade de São João Velho. O caminho é de estrada de chão com uma paisagem belíssima e muito bem conservada. A redução de São João Batista se destacou, principalmente, por ter sido a primeira Fundição de ferro da América do Sul e pelas culturas das atividades artísticas musicais.

Amplo, o sítio é repleto de árvores. Logo na entrada, estão expostas pedras que foram doadas pela comunidade, e compõem um cenário belíssimo e cheio de história. Uma das principais obras é a escultura em homenagem ao padre Antônio Sepp, um dos principais religiosos da região das Missões.

Balneário Parque das Fontes

O Balneário fica na comunidade de Esquina Rondinha. O lugar é mais frequentado durante o verão, já que funciona como parque aquático, com piscinas, áreas de lazer e churrasqueiras. O Parque das Águas recebe turistas e grupos mediante agendamento, além de ser parada dos peregrinos que realizam o Caminho das Missões.

Vinícola Fin

Em plena Rodovia BR 285, no Km 509, a Vinícola Fin é um dos pontos altos dos pontos turísticos. Logo na entrada tem uma vista incrível e muito bem conservada, com características que lembram uma fazenda. Do lado externo da vinícola há um grande lago cercado por árvores, que formam um belo cenário para fotografias e também para quem deseja descansar na sombra.

Há 23 anos na cidade, a vinícola preserva uma tradição familiar que iniciou em 1876. O lugar vende vinhos de mesa e finos e também espumantes. A degustação e visitação guiada custam R$ 50, e é possível provar cinco tipos de vinho.

Um dos sucessos da vinícola é o vinho Porto das Missões, que homenageia a região e o padre jesuíta Roque Gonzáles. Ele plantou as primeiras castas europeias em solo missioneiro no município de São Nicolau. O ambiente da vinícola é bem rústico, mas a paisagem é encantadora.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta uma coloração rubi intensa. Quase escura com algum brilho e halos granada. Tem lágrimas finas, lentas, que desenham as bordas do copo, e em média intensidade.

No nariz é perfumado, aromático, com discreto floral, mas as notas frutadas é que ganha protagonismo, como todo bom Malbec, frutas vermelhas maduras, com toques evidentes de especiarias, com destaque para ervas, algo verdadeiramente herbáceo reina no nariz, pimenta, cravo, além de couro, tabaco e baunilha. A madeira é discreta.

Na boca é de textura sedosa, macia, mas com personalidade, mostrando-se um vinho razoavelmente cheio. As notas frutadas ganha destaque como no aspecto olfativo, com a madeira um pouco mais proeminente, devido aos doze meses em barricas de carvalho, trazendo um toque de baunilha, terra, algo de café torrado. Taninos presentes, mas domados, com acidez equilibrada e final de média persistência.

Que bom seria que pudéssemos ter no Brasil produtores de vinhos tão próximos, tão simpáticos e receptivos que, de forma tão educada e calorosa, apresentasse seus vinhos, sem aquele muro que segmenta um mercado que precisa, de forma urgente, de união, de convergência de forças de todos os seus grupos de interesse. Um Malbec especial, de tipicidade, que traz algumas rusticidades, mas que não copia o famoso “Malbecão” argentino. Sabores e aromas raros que fez desse rótulo algo particularmente especial. Parabenizo ao Sr. Jorge Fin, não apenas pela simpatia, mas por conceber um belíssimo Malbec brasileiro com tipicidade. Tem 12,7% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Fin:

A Vinícola Fin é uma empresa familiar com produção própria de uvas e vinhos. Tudo começou em 1876 com a vinda do patriarca da família Luigi Fin, que nasceu em Arzignano, na província de Vêneto, na Itália indo direto para Campo dos Bugres (hoje Caxias do Sul)

A continuidade se deu com Patrício Fin. Jorge Fin, 3ª geração dos Fin no Brasil, mantém vivas as raízes e a tradição familiar na elaboração de vinhos e cultivo de videiras, fazendo valer um passado de bravura, trabalho, amor e paixão de um povo com mais de um século de história.

Mais informações acesse:

https://vinicolafin.com.br/

Referências:

“AM Missões”: https://ammissoes.com.br/?pg=noticias&rel=67f75ade6d3040f3cb77245d0731fb41

“Prefeitura Municipal de Entre-Ijuís”: https://www.entreijuis.rs.gov.br/cidade

“Wikipedia”: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Entre-Iju%C3%ADs

“Portal das Missões”: https://portaldasmissoes.com.br/site/view/id/78/vinicola-fin.html

 

 

 

 

  








terça-feira, 13 de junho de 2023

Faustino Rivero Ulecia Reserva Tempranillo e Garnacha 2015

 

Rioja parece ser intransponível para mim. Algo inalcançável, sobretudo pelo valor de seus rótulos em nosso mercado consumidor. Eram escassas as possibilidades de degustação. Não me recordo os primeiros rótulos que degustei de Rioja e tão pouco as circunstâncias que levaram a escolher esses rótulos.

Certamente eram aqueles raríssimos rótulos de entrada, mais simples, que eram de fácil acesso. Na realidade são vários vinhos ofertados da região, sempre foi mais fácil encontra-los, mais o preço para mim era o entrave para degustação, mas até do que a minha dificuldade para encontrar rótulos espanhóis há anos atrás.

Os anos foram passando e Rioja parecia cada vez mais distante, não apenas pelo aspecto logístico, geográfico, mas também em minha adega. Os vinhos espanhóis, como um todo, pareciam ser algo irreal, pouco palpável em minha realidade.

Quando o número de e-commerces foram aumentando e uma competitividade por fatias de mercado foi se configurando, novas perspectivas, novas possibilidade de rótulos espanhóis se descortinavam diante dos meus olhos e, claro, os vinhos de Rioja vieram na mesma toada.

E com esse leque de ofertas ampliando a cada dia, os valores desses vinhos foram ficando mais atrativos para o meu limitado bolso que ansiava para algo mais barato, embora a minha percepção ainda estivesse engessada para riojanos caros e badalados entre a aristocracia do vinho.

Mas com essas possibilidades de um mercado competitivo e “inchado”, fui percebendo que os valores estavam mais justos, condizentes com a minha realidade financeira. Foi o começo de caminhos melhores para Rioja.

Eu queria ousar um pouco e “velejar” pelos rótulos mais complexos, com vocação para guarda e amadeirados, tão famosos em terras riojanas, e passei a aguardar, pacientemente por eventuais promoções ou algo que o valha.

Até que em um famoso e-commerce, famoso por atender a vários públicos em sua faixa de valores, difundiu a promoção de um Rioja Reserva a um preço que considerei espetacular, na faixa de R$ 89,00, principalmente levando em consideração que é um “reserva”. E para “traduzir” essa relação de característica e valor vale a leitura das classificações dos vinhos crianzas, reservas e gran reservas aqui.

Não hesitei e comprei imediatamente! Não sei se teria uma nova chance como essa, então não demorei para fazer a aquisição. O meu único arrependimento não foi ter comprado duas garrafas, até para degustar um e guardar, por mais anos outra e fazer aquela comparação de vinhos com características frutadas e outro mais evoluído.

Ficou por alguns anos na adega, mas hoje decidi desarrolhá-lo e “antecipar” a experiência o quanto antes. Digo antecipar porque era de intenção inicial degusta-lo com pelo menos 10 anos de garrafa, mas não consegui esperar por mais três anos e decidi degustar com seus 7 anos de vida. Não preciso dizer da minha animação e expectativa em degustar um Rioja Reserva de um produtor deveras conhecido por mim, a Marqués del Atrío.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região de Rioja, na Espanha, e se chama Faustino Rivero Ulecia Reserva, com um corte das principais castas tintas espanholas, Tempranillo e Garnacha, da safra 2015. E para celebrar a experiência significativa sensorial com este rótulo, nada melhor que exaltar a história de Rioja que eleva ao nível máximo a Espanha vitícola.

Rioja: icônica e emblemática

A Espanha é um retalho de diferentes denominações de origem ligadas ao vinho. É o terceiro país que mais produz vinho no mundo, atrás somente de Itália e França. No entanto, é o país com maior área de vinhedos plantada no planeta, com cerca de 1 milhão de hectares.

E diante dessa área enorme e de tantos vinhos serem produzidos em tantos locais diferentes geralmente quando alguém fala sobre vinhos espanhóis, vem à mente da maioria dos enófilos referências como La Rioja, Ribera del Duero, Tempranillo e não muito mais do que isso, o que é uma pena, pois há muito a se descobrir na Espanha.

Mas não se pode negligenciar que Rioja é uma das mais importantes e tradicionais regiões espanholas na produção de vinhos

Está localizada no nordeste do país, às margens do rio Ebro, com 63.593 hectares de vinhedos distribuídos no território das três províncias que margeiam o rio: La Rioja, Álava e Navarra. 100Km de distância separam Haro, a cidade mais ocidental, de Alfaro, a mais oriental. O vale ocupado por vinhedos tem cerca de 40Km de largura máxima.

Três zonas

A DOCa Rioja possui três zonas distintas de produção: Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Oriental (até 2018 denominada Rioja Baja). Rioja Alavesa fica a oeste da cidade de Logroño, na margem norte do rio Ebro. Os vinhedos estão em solos predominantemente calcário-arenosos e os vinhos lá produzidos são provavelmente os mais sutis e elegantes da região.

Os climas em Rioja Alta e Rioja Alavesa são bastante similares e, devido à influência do Atlântico, não ocorrem temperaturas extremas. Em Rioja Oriental, a leste de Logroño e na margem sul do Ebro, o clima é mais continental, com verões quentes e invernos rigorosos. Os solos são bastante argilosos e chove pouco. Os vinhos da região costumam ter menor potencial de guarda do que os das outras regiões.

Rioja

Primórdios

As primeiras vinhas desse vale remontam ao período romano e a cultura do vinho foi mantida durante a Idade Média pelos monges. Aliás, Gonzalo de Berceo, monge em San Millan de la Cogolla, considerado o primeiro poeta do idioma castelhano, chegou a exaltar em versos o vinho local. No entanto, durante séculos, a principal cultura local foi a de cereais. O vinho só tomaria lugar de destaque na Idade Moderna, com o aparecimento das cidades e o florescimento do comércio.

O auge, porém, foi com a fundação de vinícolas históricas em meados do século XIX, a chegada da estrada de ferro e dos compradores franceses, devido à crise da filoxera. Enólogos ilustres como Luciano Murrieta (Marqués de Murrieta), Camilo Hurtado de Amezaga (Marqués de Riscal) e Rafael López Heredia (Viña Tondonia) introduziram o conceito de qualidade nos vinhos de Rioja.

Desde então, as vinícolas de Rioja têm estado à frente de muitas revoluções na indústria do vinho espanhol, especialmente durante a revolução tecnológica da década de 1970. A Denominação de Origem Qualificada foi dada em abril de 1991, fazendo com que Rioja se tornasse a primeira região a receber o status de DOCa. A região é tida por muitos especialistas como uma das cinco regiões vinícolas mais importantes do mundo, sendo chamada inclusive de “Bordeaux da Espanha”.

Alguns dos produtores mais progressistas da Espanha estão olhando para o modelo da Borgonha, por exemplo, para aumentar o valor de suas garrafas, concentrando-se na qualidade específica. Esses viticultores estão tentando fazer a rotulagem em torno de certas aldeias e vinhedos aceitos na Espanha como vinhedos ou parcelas diferenciadas por sua qualidade.

Assim sendo, não é difícil entender por que Rioja lançou uma nova campanha de marketing global para destacar uma série de mudanças nos níveis de qualidade e regulamentações da região - mas o que é diferente e por quê?

O conselho regulador de Rioja criou um slogan em espanhol que significa "saber quem você é", como parte de uma reformulação da marca para a região, que segue uma série de regras regulatórias destinados a estender a oferta de Rioja.

Entre estas estão uma série de novas indicações, incluindo Vinos de Zona, Vinos de Municipio (Pueblo), Viñedos Singulares, Espumosos de Calidad de Rioja, bem como novos requisitos de envelhecimento para vinhos Reserva e Gran Reserva, e a produção permitida de vinhos brancos monovarietais.

Os critérios de classificação dos vinhos da Rioja, até 2017 era, basicamente o processo de envelhecimento. Eram 4 categorias: Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva. Mudanças drásticas ocorreriam para determinar uma nova estrutura para a região, com destaque às diferentes amplitudes das classificações relacionadas ao terroir. E essas novas indicações precisariam ser utilizadas em conjunto com as regras existentes, que dizem respeito ao tempo, ao estágio desse vinho, seja em garrafa ou em barricas ou ambos.

Vale registrar que a classificação pelo método de envelhecimento não mudou. Continuam valendo as quatro categorias anteriormente citada. Apenas o nome da categoria de entrada, que era chamada de Joven, foi alterada para “Genérico”, o que tem trazido muita discussão sobre o termo.

A mudança se deu com a introdução de uma nova dimensão: a localização do vinhedo, que vai desde toda a região da Rioja, passando pela zona de produção, município e um vinhedo único. As novas zonas: Rioja “genérico”; Vinos de Zona; Vinos de Municipio e, no centro, Viñedos Singulares

Basicamente o que se busca é explicar melhor as diferenças de terroir. A pirâmide acima, teoricamente, reflete a qualidade do vinho. Quanto mais específico for a localização, mais nobre tenderá a ser o vinho. Esse é exatamente o conceito criado pelos monges religiosos que ao longo de séculos, desde a idade média, esquadrinharam e classificaram cada pedaço de terra na Borgonha. Nesse sentido, pode-se dizer que o “Viñedo Singular” da Rioja tem como objetivo ser equivalente a um “Grand Cru” ou “Premier Cru” da Borgonha.

Por outro lado, a adição de uma nova categoria para os espumantes da região também merece destaque, já que os produtores que atualmente fazem o método tradicional e que podem rotulá-los como “DO Cava” ou simplesmente usar o nome “Rioja” para atender a mercados externos.

As classificações relacionadas ao local podem ser usadas em conjunto com as regras existentes sobre envelhecimento. Seguem:

Viñedos Singulares - A mudança mais significativa na natureza dos níveis de qualidade da Rioja vem com a adição de uma categoria completamente nova, chamada Viñedos Singulares. Projetado para destacar o terroir e as origens do vinho, além de refletir a diversidade da região, foi lançado em junho de 2017.

A nova categoria pode ser utilizada em conjunto com a classificação de qualidade existente em Rioja, que diz respeito ao tempo de estágio de um vinho em barrica e garrafa. Aqueles que optarem por usar a nova categoria devem estar em conformidade com os seguintes requisitos na etiqueta:

·              Nos rótulos comerciais constarão o nome do vinhedo, que deve ser registrado como marca.

·         O termo “Viñedo Singular” deve aparecer diretamente abaixo do nome do vinhedo, e o tamanho do texto não deve ser maior do que a palavra “Rioja” no rótulo.

·        Os selos de garantia no verso da garrafa manterão as classificações tradicionais de envelhecimento, mas agora também incluirão “Viñedo Singular”.

·             O selo de garantia pode ser “Crianza Viñedo Singular” ou “Gran Reserva Viñedo Singular”.

Vinos de Municipio e Vinos de Zona - O uso de Vinos de Municipio e Vinos de Zona é uma atualização da rotulagem de Rioja que já é permitida. As vinícolas podiam fazer referência à sua zona de produção desde 1998 e nomear a vila ou cidade desde 1999, porém os critérios não eram claros e foram aperfeiçoados. Em 2017, houve uma série de alterações a este regulamento com o objetivo de obter maior visibilidade para as aldeias / vilas e zonas.

As sub-regiões Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Oriental (anteriormente Baja) são agora conhecidas como Zonas. No bojo das alterações o nome da zona de menor prestígio, a “Rioja Baja”, aproveitou ser rebatizada para “Rioja Orientale”, numa tentativa de deixar usar um termo considerado pejorativo pelos produtores, o que evidentemente gerou outra discussão.

Municipios (municipalidades) / Pueblos (vilas e cidades) ou Zonas agora podem ter o mesmo tamanho de texto que Rioja no rótulo (anteriormente, eles só podiam ter dois terços do tamanho da palavra Rioja).

Embora a rotulagem seja semelhante, haverá uma menção adicional, como “Vino de Haro” ou “Vino de Samaniego”.

Os requisitos para Vinos de Zona (Rioja Alta, Rioja Alavesa, Rioja Oriental) são:

·            Rastreabilidade da produção.

·          Uma mudança legal foi submetida para permitir que 15% das uvas venham de uma zona vizinha (por exemplo, 85% de Rioja Alta e 15% de Rioja Alavesa).

·           No caso de compra de uvas (até 15% conforme indicado acima), a vinícola deve ter parceria comercial há pelo menos 10 anos. Pode ter o mesmo tamanho de texto que Rioja no rótulo.

Os requisitos para Vinos de Municipio são:

·            Rastreabilidade da produção.

·            A vinícola deve estar localizada na aldeia.

·       Uma mudança legal foi submetida para permitir que 15% das uvas venham de uma aldeia vizinha, embora uma parceria comercial de pelo menos 10 anos seja necessária.

·            A menção do município pode ter o mesmo tamanho de texto que Rioja no rótulo.

Requisitos de envelhecimento - Em julho de 2017, o Consejo Regulador DOCa Rioja introduziu novos requisitos de envelhecimento para permitir aos produtores uma maior flexibilidade para o envelhecimento em garrafa.

Um dos baluartes da DOCa Rioja é o uso da madeira, tanto que os vinhos são denominados qualitativamente de acordo com o tempo que passam em barrica, indo do genérico, passando pelo Crianza, depois Reserva e, por fim, Gran Reserva. No entanto, desde 2017, com o surgimento das mudanças, a região criou uma nova forma de dividir os vinhos qualitativamente ao dar mais ênfase à sua origem, além do tempo em barrica.

Dessa forma, criou-se a seguinte divisão: vinhos de zona, vinhos de município e vinhos de vinhedos singulares (que seriam os mais representativos da região). E esses três tipos de vinhos então são divididos novamente em quatro categorias: genérico, Crianza, Reserva e Gran Reserva. Uma das características dos vinhos de Rioja é a aptidão que possuem para o envelhecimento. De acordo com o processo um vinho é enquadrado nas seguintes categorias:

Genérico

São geralmente vinhos em seu primeiro ou segundo ano, que mantêm suas características primárias de frescor e fruta. Esta categoria também pode incluir outros vinhos que não se enquadram nas categorias de Crianza, Reserva ou Gran Reserva, embora tenham sido sujeitos a processos de envelhecimento, uma vez que estes não são certificados pelo Conselho Regulador.

Crianza

São vinhos pelo menos em seu terceiro ano que permaneceram pelo menos um ano em barris de carvalho. Nos vinhos brancos, o período mínimo de envelhecimento em barril é de seis meses.

Reserva

Corresponde a vinhos selecionados com um envelhecimento mínimo entre barricas de carvalho e garrafa de três anos, dos quais um pelo menos nas primeiras, seguido e complementado com envelhecimento mínimo em garrafa de seis meses. Nos vinhos brancos, o período de envelhecimento é de dois anos, dos quais pelo menos seis meses em barris.

Gran Reserva

São vinhos de grandes safras que foram envelhecidos durante um período total de sessenta meses, com um mínimo de dois anos em barris de carvalho e dois anos em garrafa. Nos vinhos brancos, o período de envelhecimento é de quatro anos, dos quais seis meses pelo menos em barrica.

Diante de tantas mudanças e algumas discordâncias entre os produtores e os demais grupos de interesse o fato é que o mais importante é provar que a qualidade continua tão boa quanto antes. Para muitos, as mudanças têm mais a ver com marketing do que propriamente qualidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um intenso e vívido vermelho, com halos granada, pelo tempo em que estagiou em barricas de carvalho e o tempo em garrafa, com lágrimas finas, em profusão, que escorrem lentamente no bojo.

No nariz é intenso, elegante, complexo, com frutas pretas e vermelhas bem maduras, com destaque para cereja, framboesa, ameixa preta, com as proeminentes notas amadeiradas, graças aos 24 meses que estagiou em barricas de carvalho, que em plena convergência com a fruta, aporta baunilha, especiarias, couro, tabaco, cacau, defumado e leve tosta.

Na boca é seco, macio e maduro, o tempo lhe foi gentil, porém traz marcante personalidade, é cheio em boca, alcoólico, as frutas protagonizam, como no aspecto olfativo, a madeira se faz presente em uma incrível sinergia, conferindo ao vinho a complexidade entregando chocolate amargo, com taninos domados, mas com alguma pegada, acidez correta e final de média persistência.

Não são apenas as três etapas mais importantes da percepção de um vinho que vai encantar a quem está degustando os vinhos da linha Faustino Rivero, mas também a estética de seu rótulo. Já no rótulo o vinho já diz a que veio, o quão único é este exemplar é para a vinícola. Se revela delicioso e complexo o leque aromático exibindo frutas maduras, baunilha e tostados, já que passou por um longo tempo em barricas de carvalho, além de trazer a tipicidade de um terroir emblemático por intermédio de suas castas típicas. Que as portas de Rioja se abram sempre pelos seus rótulos. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Faustino Rivero:

A mesma paixão, trabalho árduo e determinação que caracterizaram os primórdios da jornada da família Rivero na criação de grandes vinhos cinco gerações atrás estão orgulhosamente no coração de tudo o que a vinícola faz hoje.

Olegario Rivero, a primeira geração da família, começou a fazer vinho em uma pequena adega no centro da cidade de Arnedo (La Rioja), em 1899. O vinho que produzia era depois vendido à população local, em odres e botas.

Esta forma de comercializar o vinho fez com que, anos mais tarde, a segunda geração, com Agapito Rivero, se especializasse num ofício, o de sapateiro, necessário numa época em que o vinho era comercializado de uma forma muito diferente da atual. Além de fabricar botas e odres, os fabricantes de odres também atendiam os clientes e atuavam como intermediários entre os vindimadores e os compradores.

Na década de 1940 o negócio da família passou à terceira geração, composta por Amador e Faustino Rivero, cuja intuição lhes dizia que poderia haver um grande futuro para o vinho e decidiram dedicar-se exclusivamente a este negócio.

Compravam uvas em várias cidades de La Rioja Baja, como Bergasa, Quel, Autol e Aldeanueva de Ebro, para fazer vinho que vendiam a granel e odres de produção própria, e vendiam diretamente para mercados próximos, como Soria e Burgos.

Mais tarde, durante a década de 1950, o mercado de Rioja se expandiu para áreas como o País Basco, Catalunha e Galiza, vendendo o vinho em tonéis de castanha. Durante este período, a família Rivero continuou a aperfeiçoar suas técnicas de vinificação, inclusive vendendo para outras empresas comerciais da Rioja que já comercializavam vinho. Isto deu-lhes a conhecer novos segmentos de mercado e, em meados da década de 1960, decidiram comprar a primeira máquina de engarrafamento para vender o seu próprio vinho, dando origem à marca “Chitón”.

Não foi até o final dos anos 1960 e 1970, coincidindo com o grande desenvolvimento vivido pelo DOCa. Rioja a partir do último terço do século XX, para os primeiros vinhos engarrafados sob o nome de Faustino Rivero Ulecia. No final dos anos 70, a empresa familiar assume um conceito mais empreendedor, integrando a quarta geração, Agapito e Jesús Rivero, com formação específica que proporcionou o know-how para o crescimento da adega. A mudança começou com a construção em 1980 de uma nova e maior adega na periferia da cidade, permitindo mais espaço para o envelhecimento do vinho.

A década de 1980 e 1990 foi fundamental para a expansão da vinícola, tornando-se pioneira na exportação do vinho de Rioja para o exterior e sendo líder de mercado em países como Dinamarca e Suécia. Em resposta às necessidades destes mercados, a família começou a interessar-se por outras regiões vitivinícolas, o que os levou a acabar por fazer o seu próprio vinho em Navarra e Utiel-Requena.

Sobre a Hacienda y Viñedos Marqués del Atrio:

A família Rivero está de fato relacionada ao mundo do vinho há mais de um século. Nos anos 40, Amador Rivero, pai dos atuais proprietários, Agapito e Jesús Rivero, começou então a cultivar videiras e a produzir vinho profissionalmente em sua vinícola Faustino Rivero Ulecia, em Arnedo (na região de La Rioja).

Em 2003, a Família Rivero decidiu construir uma nova vinícola, Hacienda y Viñedos Marqués del Atrio, S.L., pois o aumento da vinícola em Arnedo não era possível e a oferta de uvas na área era limitada.

A família escolheu a região de Mendavia, no vale do Ebro, porque garante uma qualidade suprema das uvas, necessária para atender às exigências do mercado.

A Rivero Family não vende apenas vinhos com a DOCa Rioja, mas em 1988 começou a vender vinho engarrafado com DO Navarra produzido em Corella (em Navarra) e em 1997 vinhos com DO Utiel-Requena produzido em Requena (em Valência).

Em 2001, pretendendo atender à demanda de vinhos varietais únicos e de consumo diário, a vinícola começou, portanto, a vender vinhos regionais. Em 2007, foi dado outro passo e a venda de Cava foi iniciada, aproveitando dessa forma a oportunidade de expansão na indústria do vinho.

Mais informações acesse:

https://grupomarquesdelatrio.com/en/

https://faustinorivero.com/en/

Referências:

“Revista Versar”: https://www.revistaversar.com.br/rioja-conheca-a-mais-famosa-regiao-vinicola-da-espanha/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/rioja

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-grandes-vinhos-de-rioja-na-espanha_12056.html

“Vinoticias”: https://www.vinoticias.com.br/post/rioja-a-evolu%C3%A7%C3%A3o-do-vinho-na-espanha