terça-feira, 24 de março de 2020

Bolla Valpolicella Classico 2015


Sabe aquele vinho de tradição, antigo e que está na sua vida, direta ou indiretamente, desde os tempos de meninice? Fiquem calmos, não se preocupe, eu não bebo vinhos desde pequeno, mas o rótulo de que vou falar faz parte da minha infância, da minha história desde sempre. Vou explicar: lembro-me de quando era menino que meus pais sempre diziam: “Quer beber vinho bom? Compra aquele Vinho Bolla!” E sempre ouvia isso! Lembro-me de ir aos supermercados e ver esses rótulos da vinícola Bolla, italiana, nas gôndolas, e ouvir as pessoas dizerem: “Esse é dos bons!”. Mas lembro de também as pessoas falarem do alto custo do vinho na época. Pois é, amigos enófilos, naqueles tempos de outrora já se falavam em valores altos dos vinhos, mas isso é outra história.

Então, o vinho, que, no passado, me parecia tão improvável no tocante a degustação, tão distante, chegou as minhas mãos e encheu a minha taça. O vinho que degustei e gostei é o Bolla Valpolicella Classico das castas Corvina e Rondinella, típicas da também tradicional região italiana do Vêneto, da safra 2015. Com denominação DOC (Denominação de Origem Controlada).

No aspecto visual tem um vermelho rubi brilhante, com lágrimas curtas e de rápida dissipação.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas frescas, com notas florais e um discreto tostado, graças a breve passagem por madeira, cujo período não fora informado pelo produtor em seu site.

Na boca repetem-se as impressões olfativas, com taninos sedosos, boa acidez, de corpo leve para médio, seco e um final de média persistência e agradável.

Um vinho que sintetiza a região de Valpolicella, em Verona, ótimos para o dia a dia, com um forte apelo regional, frescos, informais, descontraídos, mas com personalidade, com seus 12,5% de teor alcoólico. Harmoniza muito bem com massas e pizzas. Para quem quiser conhecer um pouco da história dessa região e de seus vinhos, segue link abaixo:


Ah, até o especialista e crítico de vinhos Didu Russo comentou sobre o Bolla Valpolicella Classico. Veja:


Sobre a Cantina Bolla:

A história da Azienda Bolla tem seu início em 1883, quando a primeira adega foi construída por Abele Bolla no Vêneto para produzir vinhos Soave. Os filhos de Abele logo se juntaram a ele na empresa. Alberto Bolla, por exemplo, foi o responsável por construir uma nova adega em Pedemonte para a produção de rótulos Valpolicella. Mais tarde, vinhos Bardolino se juntaram aos Valpolicella e Soave, levando a vinícola a um novo nível de grandeza e qualidade. Ao final de 2006, o Gruppo Italiano Vini comprou a adega de Pedemonte e concluiu a aquisição de toda a marca em 2009, mas conserva os valores e filosofia originais da empresa dando origem a vinhos de grande valor.

Mais informações acesse:






Club des Sommeliers Sauvignon Blanc 2011



Um vinho brasileiro, mas com os principais terroirs do mundo. Pode parecer confuso, mas é isso mesmo. Um vinho cuja marca foi desenhada e concebida no Brasil, pelo Grupo Pão de Açúcar, mas feito, produzido, selecionado nas melhores regiões vinícolas do planeta, os países emblemáticos na produção de vinhos como Itália, Portugal, França, Itália, Portugal, Espanha, Chile, Argentina, África do Sul, Nova Zelândia, Austrália e o próprio Brasil. Vinhos que foram concebidos para trazer a todos os brasileiros, indiscriminadamente, as melhores regiões, personificados em vinhos de baixo custo e com qualidade, ou seja, vinhos possíveis com o intuito de democratizar e difundir a cultura do vinho, fazendo com que muitos tenham acesso a bebida, degustando-a.

Falo do “Club dos Sommeliers” e o vinho que degustei e gostei foi um belíssimo e surpreendente Sauvignon Blanc, produzido pela gigante Yealands Wines, da Nova Zelândia, da emblemática região de Marlborough, da safra 2011.

Na taça apresenta um amarelo palha com lindos e brilhantes reflexos esverdeados, límpido e transparente.

No nariz mostra aromas de frutas brancas, tropicais e cítricas, acompanhadas por notas herbáceas, vegetais e um envolvente toque floral.

Na boca é leve, mas com personalidade, frutado, equilibrado, com uma acidez proeminente, que traz um frescor e jovialidade ao vinho. Final mineral e persistente.

Um vinho de ótima tipicidade, que entrega além do que se propõe e harmoniza com o clima quente e solar do Brasil, além de comidas leves, frituras e queijos variados, além de uma boa pizza gordurosa para aguentar um vinho de acidez deliciosa e evidente. Possui 13% de teor alcoólico. A minha ressalva com relação a essa linha de rótulos que, na sua concepção tinha uma missão fantástica, de romper com paradigmas com relação a democratização do vinho, mas que hoje, lamentavelmente, os preços estejam bem acima do que se espera para a realidade assalariada da população brasileira.

Sobre o Club dos Sommeliers:

Club des Sommeliers é uma marca de vinhos exclusiva do Grupo Pão de Açúcar. Lançada em 2000, a linha possui mais de 60 rótulos de 10 países selecionados pelo enólogo e consultor de vinhos Carlos Cabral. Os vinhos Club des Sommeliers são selecionados nas melhores regiões vinícolas do mundo: França, Itália, Portugal, Espanha, Chile, Argentina, Brasil, África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Em 2011, foi lançada a linha Reserva Club dos Sommeliers, com vinhos que passam por um processo de envelhecimento em barricas de carvalho.

Mais informações acesse:


Sobre a Yealands Wines:

Quando abriram as portas da vinícola em 08.08.08, a visão era se tornar um dos produtores de vinho mais sustentáveis ​​do mundo, determinando que a única maneira de criar vinhos verdadeiramente lindos e premiados era em parceria com a natureza. Hoje, essa filosofia é verdadeira e forma a base da abordagem à produção de vinho. A atitude de "fazer" da marca registrada de Peter Yealands, fundador, é lenda. Uma imaginação irreprimível, aliada a uma energia inesgotável e uma paixão inabalável pela terra, impulsionaram esse rapaz de Marlborough de terceira geração através de uma incrível carreira de inovação de ponta nas indústrias marítima, florestal e vitícola. Desde a instalação do maior painel de painéis solares no telhado da adega, até o resgate e a queima das podas de videiras para aquecer a água, a visão é ultrapassar limites, pensar de forma inovadora e produzir alguns dos vinhos mais excepcionais e sustentáveis ​​do mercado.

Mais informações acesse:

https://www.yealands.co.nz/

Degustado em: 2015








segunda-feira, 23 de março de 2020

Fausto Chardonnay 2016



Eu costumo participar de eventos de degustação e festival de vinhos. E digo-lhes o quanto é proveitoso esses momentos. Uma oportunidade única de, não apenas degustar vinhos, o que já é excelente, diga-se de passagem, mas também de aprender mais sobre vinhos, conversar com os produtores e conhecer seus rótulos. E assim foi com esse rótulo que degustei e gostei muito, cuja vinícola é a gaúcha Vinícola Pizzato Vinhas e Vinhos. Tive a oportunidade de conhecer e conversar com um dos membros da família que respeitosamente respondeu a todas as minhas perguntas. Esse intercâmbio, esse escambo de informações agrega conhecimento e valor as nossas degustações.

E o vinho escolhido naquele evento foi o da linha Fausto da casta Chardonnay da safra 2016, produzido na grande região do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, Brasil. Ah e vale uma breve informação sobre a região e da sua denominação de origem. O Vale dos Vinhedos foi a primeira Indicação Geográfica Brasileira da história; inicialmente como Indicação de Procedência (2001), passou a certificar os vinhos e espumantes com D.O. em 2009. Com apenas 73 km², apresenta a maior concentração de vinícolas dedicadas a elaboração de vinhos finos na América do Sul, sendo pioneira na modernização da vitivinicultura Brasileira ao final do Século XX. A Pizzato Vinhas e Vinhos atualmente conta com sete rótulos com Denominação de Origem D.O.V.V. três vinhos tintos, dois vinhos brancos e dois espumantes.

Na análise visual o vinho conta com um dourado claro com reflexos esverdeados, límpido.

No nariz aromas evidentes de frutas brancas e cítricas como abacaxi, limão apresentando frescor e jovialidade.

Na boca é seco, corpo leve, diria um pouco untuoso, com acidez pronunciada, refrescante, com certa citricidade e a presença da fruta com final persistente e fresco.

Um vinho jovem recomendado para momentos de informalidade e ser degustado em climas quentes e de sol. Um vinho de grande tipicidade que harmoniza com queijos leves, carnes brancas, comidas mais simples ou sozinho. Possui 12,5% de teor alcoólico e sem passagem por madeira.

Sobre a Pizzato Vinhas e Vinhos:

Em 1999, a Família Plínio Pizzato constitui a Pizzato Vinhas e Vinhos para agregar a elaboração de vinhos ao já existente cultivo de videiras, ao qual se dedica desde a imigração de Antônio Pizzato para o Brasil, vindo do Vêneto na Itália ao final dos anos 1800. Ainda na itália, a família cultivava vinhas e elaborava vinho em pequenas quantidades. Da chegada ao Brasil em 1980, após o estabelecimento e a subsistência, o amor e dedicação em trabalhar com uvas e vinhos falaram mais alto. Assim o cultivo de parreiras em maior extensão foi levado adiante. As atividades do imigrante Antônio Pizzato passaram para um de seus filhos, Giovanni Pizzato, que além da ocupação principal relacionada aos vinhedos continuou produzindo vinho, mas apenas para consumo da Família Pizzato. A maior parte da produção de uvas passou a ser comercializada para vinícolas da região da serra gaúcha. A personalidade é fruto da interação entre o objeto/ser e as transformações decorrentes de vivência, educação e experiência; é dessa forma que sua estrutura se torna íntegra ao longo dos vários estágios da existência, do nascimento à lembrança. Os integrantes da Família são os responsáveis por todo o processo que faz do vinho uma bebida de identiddade única, da produção de uvas à elaboração e comercialização dos vinhos, gerando um diferencial de entusiasmo, dedicação, personalidade e exclusividade traduzidos em vinho. Atualmente a Família Pizzato vê seus vinhos entre os mais destacados em degustações e painéis de vinhos Brasileiros e Internacionais, além de estarem presentes em restaurantes e lojas especializadas no Brasil e no exterior.

Mais informações acesse:

http://pizzato.net/

Degustado em: 2017


Murviedro Petit Verdot 2015



Esse vinho foi especial para mim por muitos motivos: claro que, primordialmente pelo fato de que degustei e gostei, logo em seguida pela primeira experiência com um varietal da casta Petit Verdot, casta oriunda da emblemática região de Bordeaux, sempre soube e observei que a mesma era apenas para compor em cortes, em blends e nunca tinha visto, até então, um 100% Verdot, como também é conhecida na França. Mais outro motivo que fez desse vinho especial para mim foi o rótulo, como costumo chamar “underground”, ou seja, um vinho pouco conhecido, de uma vinícola menos conhecida ainda, pelo menos entre nós, brasileiros. Um achado!

E esse vinho é o Murviedro Colección, da casta já informada, 100% Petit Verdot, da safra 2015, da Bodegas Murviedro, da Espanha, da região de Valência. Ah, esqueci-me de dizer também que o que o tornou especial foi a região, Valência, que nunca havia degustado e se me permite o caro leitor falarei brevemente dela, após algumas pesquisas: Valência se caracteriza pelo seu bom clima e pela sua grande capacidade de produção de vinhos, sendo Requena o município mais extenso da Comunidade. A Denominação de Origem Protegida Valência é uma denominação aberta, dinâmica, com uma grande vocação e tradição exportadora.

Na taça tem um vermelho intenso, com reflexos violáceos, um vermelho brilhante, reluzente com lágrimas finas e rápidas.

No nariz tem aromas de alta intensidade de frutas vermelhas, com uma presença marcante de um frescor, diria com notas de menta, talvez.

Na boca é equilibrado, harmonioso, com bom corpo, mas macio e fresco, com uma boa acidez, explicando o seu toque refrescante, muita fruta e um final agradável e de persistência.

Um vinho surpreendente, saboroso, de característica vivaz e plena em seu conjunto, sendo versátil, harmonizando, contudo, com queijos variados, carnes, massas e pizza. Tem 13% de teor alcoólico. Mais um fator que corrobora com a sua qualidade são os prêmios que estampados estão em seu rótulo, que são: Ouro na Mundus Vini e Ouro no Bacco Cosecha.

Sobre a Bodegas Murviedro:

Em 1927 a Bodegas Schenk instala subsidiárias na Espanha, a primeira em Vilafranca del Penedès, na Catalunha, sob o nome de 'Schenk Spain'. Em 1929 abre vinícolas em Alicante, Utiel e Requena, vinícolas jovens que inicialmente optaram pelo vinho a granel de 'qualidade', uma marca registrada até hoje. Em 1931 a Schenk Espanha decide concentrar suas atividades na vinícola Valência, que, localizada ao lado do porto, foi o início de um dos pilares fundamentais da marca: as exportações. O vinho engarrafado está ganhando importância, até hoje é o foco principal da empresa, aderindo a essa “tendência”, em 1950. Em 1997 a Schenk Spain muda de sede, aproximando-se dos pés das vinhas, Requena, no coração da Denominação de Origem Utiel-Requena, produtora de vinhos de excelente qualidade. Em 2002 aproveitando a comemoração do 75º aniversário muda o nome da vinícola para 'Bodegas Murviedro', em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana e que fez de Murviedro uma das vinícolas mais reconhecidas.

Para mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Degustado em: 2017


370 Léguas Reserva 2013



Sempre fui um amante dos vinhos com forte apelo regional. Degustar vinhos com essa proposta te remete às características mais peculiares do terroir do vinho e o Douro te proporciona isso. O Douro é a região demarcada mais antiga do planeta, garantindo as credenciais para grandes e emblemáticos vinhos. Uma das características, já que delas falei mais importantes do Douro são as suas encostas, com os seus socalcos, que é uma técnica agrícola e de conservação do solo empregada em terrenos muito inclinados, permitindo o seu cultivo e, simultaneamente, o controle da erosão hídrica.

E esse vinho traz as suas uvas dessas encostas, um vinho que degustei e gostei muito, da jovem vinícola, criada em 2010, Parras Wines, chamado 370 Léguas Reserva, com a denominação DOC (Denominação de Origem Controlada) da safra 2013, com as típicas castas da região Tinta Roriz (35%), Touriga Franca (35%) e Touriga Nacional (30%).

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, vibrante com entornos violáceos com lágrimas finas e em média intensidade.

No nariz com aromas exuberantes de frutos vermelhos, com toques de ameixa e cereja negra e toques de especiarias.

Na boca é estruturado, com bom corpo e volume de boca, mas elegante, macio, fácil de degustar, com a presença marcante de frutas, toque equilibrado da madeira, graças aos 8 meses da passagem por barricas de carvalho, esta muito bem integrada ao vinho, com taninos presentes, sedosos, com boa acidez e um final de média persistência.

Um belo vinho com características evidentes do Douro, apresentando personalidade, mas muito harmonioso, fresco e de complexidade paladar e caráter frutado. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Curiosidades sobre o rótulo:

O Tratado de Tordesilhas, celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo. O tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio-caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como "Cipango" e Antília. Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha.

Sobre a Parras Wines:

A Parras Vinhos de Luís Vieira nasce no ano de 2010, atualmente com sede em Alcobaça, onde também está instalada a unidade de engarrafamento do grupo. Cinco anos depois, com a empresa consolidada e voltada para o mercado internacional, surge a necessidade de se fazer um reposicionamento de marca e “vesti-la” de outra forma, mais atual. É assim que no início de 2016 aparece a Parras Wines, mais jovem, mais flexível, e numa linguagem universal para que possa ser facilmente compreendida por todos, mesmo os que estão além-fronteiras. Descendente de um pai e de um avô que sempre trabalharam com vinho, Luís Vieira é o único dono deste projeto. Aos cinco anos caiu num depósito de vinho e quase morreu afogado, não fosse um colaborador do avô na altura, que atualmente é seu, tê-lo salvo. Hoje, recorda com graça esse episódio e diz mesmo que simboliza o seu “batismo nestas andanças do vinho”. Luís Vieira nasce no ano de 1972, na freguesia de Fátima. Em 1996 conclui Economia na Universidade Católica de Lisboa, e depois de completar o curso tem uma breve passagem pela Argentina para gerir uma empresa de porcelanas que pertencia à família. Mas, cedo, a sua paixão pela cultura vitivinícola faz com que regresse a Portugal, e em 1999 dá o pontapé de saída para o que é hoje a Parras Wines, com a aquisição da Quinta do Gradil. A empresa começa então a formar-se com terra própria na Região Vitivinícola de Lisboa, mais exatamente na freguesia do Vilar, Cadaval, com duzentos hectares de propriedade em extensão, sendo que 120 são hoje de vinha plantada. Na mesma região do país, um bocadinho mais acima, na zona de Óbidos, a Parras Wines é também responsável pela exploração de 20 hectares de vinha que dão origem aos vinhos Casa das Gaeiras. Com sede em Alcobaça, nas antigas instalações de uma fábrica de faianças, deu-se início a uma nova área de negócio – uma Unidade de Engarrafamento de Bebidas, que hoje serve também de sede à Parras Wines e que se chama Goanvi. Cinco anos mais tarde, em 2010, constitui-se então a Parras Vinhos, hoje Parras Wines. Para além de terra na Região de Lisboa, o grupo começou paralelamente a produzir vinhos de outras regiões do país. Através de parcerias com produtores locais, a empresa consegue assim dar resposta às necessidades globais que iam surgindo do mercado, produzindo vinhos do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal e Alentejo.

Mais informações:

https://www.parras.wine/pt/

Degustado em: 2018




sábado, 21 de março de 2020

Casillero del Diablo Reserva Cabernet Sauvignon 2016


Sabe aquele vinho que não tem erro? Aquele que vai te entregar o que você espera? E não se engane que isso pode ser uma armadilha contra a zona de conforto, ou seja, que se limita ou se condiciona em poucos rótulos. Faz sentido, admito, é um risco, diria temerário, para enófilos, se restringir a determinados rótulos e não se permitir ter acesso a novas experiências, mas tem vinhos que fazem parte da sua vida, há um valor sentimental, um juízo de valor, uma simbiose orgânica, edifica-se uma história. E não me canso de degustá-lo, é um vinho famoso, de uma vinícola global, poderosa que, geralmente conta com uma rejeição por parte dos especialistas e críticos de vinhos e os degustadores mais experientes, pelo fato do vinho ser “comercial” ou produzido em larga escala, mas se trata de um vinho que, safra após safra melhora não se tornando apenas uma marca valiosa de um produtor grande, mas a marca contundente de um vinho do Chile. Falo da linha Casillero del Diablo, a linha “reserva” da gigante Concha y Toro.

O vinho é nada menos que o Casillero del Diablo Reserva da casta Cabernet Sauvignon safra 2016, do Valle Central. Gosto muito dessa linha “reserva” da Concha y Toro, pois são vinhos muito bem feitos, corretos, de muita tipicidade e que, ainda tem um bom custo X benefício, apesar do valor está muito alto atualmente no Brasil em relação as minhas primeiras degustações desses rótulos, mas diante da proposta e qualidade atestada ainda é válido o investimento.

Na taça apresenta um vívido e intenso vermelho rubi com entornos violáceos, muito brilhante. Lágrimas finas que se dissipam vagarosamente.

No nariz graças ao aporte da passagem por barricas de carvalho, sentem-se as notas tostadas, de torrefação, baunilha, um agradável amadeirado, além de frutas negras como cereja e ameixa.

Na boca confirma as impressões olfativas, com certa estrutura, volume de boca, mas muito macio, equilibrado, elegante, com taninos sedosos e uma acidez moderada que garante ao vinho todo o frescor e vivacidade, com um final frutado e persistente.

Um vinho com personalidade e que faz frente a qualquer vinho badalado, emblemático e caro do Chile e do mundo. Apesar da evidente passagem por carvalho o produtor não informa o período em que o mesmo passou por madeira. Em alguns sites de compra, que carece de confirmação, diz que 70% do vinho passou por 8 meses em carvalho. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Concha y Toro:

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras. A Concha y Toro é uma das vinícolas mais conhecidas do mundo, tendo a segunda maior produção mundial de vinho, atrás apenas da americana Barefoot, do grupo E&J Gallo Winery.

Curiosidade sobre a linha “Casillero del Diablo” e a lenda que gerou o nome:

Uma história que aterrorizou muitas pessoas daquela região nos séculos XIX e XX e que até os dias de hoje intriga pessoas em todo o mundo. Diz à lenda que em 1883, D. Melchor Concha y Toro deu início a maior Vinícola hoje encontrada no Chile. Naquela época seus vinhos já eram considerados de alta qualidade e muito, muito cobiçados. E o que isso significava? Exatamente, muitos interesseiros e ladrões, claro. As melhores bebidas fabricadas em sua vinícola ficavam guardadas em sua adega particular. Isso para que ninguém pudesse se apropriar delas de forma indevida. Infelizmente para o Sr. Concha y Toro, nem mesmo essa adega particular era capaz de impedir que ele fosse saqueado. Ao perceber que algumas das garrafas de seus melhores vinhos estavam desaparecendo, ele teve uma grande ideia. Melchor Concha y Toro difundiu entre os trabalhadores de sua propriedade que o próprio “diabo” habitava em sua adega particular. Como naquela época era comum ouvir histórias tenebrosas sobre criaturas diabólicas que matavam e esquartejavam as pessoas, essa história ganhou um grande peso sobre os moradores daquela região. Com isso os problemas com furtos acabaram.

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sexta-feira, 20 de março de 2020

Real Compañia de Vinos Garnacha 2016



Vinhos de caráter. O que vem a ser? De tipicidade? Às vezes questões e palavras como esse vêm e vão de nossas cabeças e bocas quando pensamos, lemos e degustamos vinhos. Exige um estudo aprofundado, aos que mergulham na busca do conhecimento, é complexo, mas, ao mesmo tempo, me parece tão óbvio e simples. E essa simplicidade vem com o prazer e o exercício da degustação com o devido suporte da leitura, é claro. E nessa prazerosa coexistência entre as taças e os textos e leituras, vamos interpretando questões que considero importantíssimas como os vinhos de tipicidade, de caráter. Entendo, genericamente falando, que são vinhos com forte apelo regional, que valoriza sua terra, sua gente, sua cultura, suas castas, vinhos populares que influencia no comportamento de seu povo e que entrega para o mundo o seu pedaço de chão.

Foi o que observei ao degustar um vinho fantástico, um tradicional, mas não menos especial, 100% Garnacha ou Grénache, da famosa e importante região de Castilla y Léon (Castilla-La Mancha), chamado Real Compañia de Vinos, da safra 2016, da vinícola de mesmo nome, que pertence a Bodegas Muriel e que é muito nova, criada em 2007. Apesar da Real Compañia de Vinos ser jovem, produz vinhos tradicionalmente com a cara da velha Espanha, mas, ao mesmo tempo, entrega, como filosofia, vinhos jovens, frutados, sem passagem por madeira e muito descontraído.

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, de cor vívida e límpida, brilhante, com lágrimas abundantes que desenha com beleza as paredes da taça.

No nariz mostra um aroma pronunciado de frutas vermelhas como ameixa, cereja, e muito fresco.

Na boca também é frutado, com notas de especiarias, com volume de boca, certa estrutura, mas macio e fácil de degustar, com acidez moderada que denuncia seu frescor e um final persistente.

Um Garnacha delicioso, estrutura, macio, versátil, que harmoniza muito bem com comidas leves a pratos mais elaborados, com teor alcoólico de 14,5% que, embora seja alto, estava imperceptível ao paladar, muito integrado ao conjunto do vinho. Ah, esse foi meu primeiro varietal Garnacha. Comecei muito bem!

Sobre a Real Compañia de Vinos:

A vinícola, fundada em 2007, pertence ao grupo Bodegas Muriel, da família Murua, vitivinicultores tradicionais de Elciego, na Rioja Alavesa. A proposta da Real Cia. de Vinos é oferecer rótulos de estilo moderno, jovens e frutados, com pouca influência de madeira. São tintos, brancos e rosados identificados como Vinos de la Tierra, categoria básica da atual regulamentação vinícola da Espanha.

Sobre a região de Rioja Alavesa:

Orgulhosa de sua tradição vinícola, a cidade de Elciego é uma das cidades mais conhecidas e apreciadas de Rioja Alavesa. Por trás das sólidas paredes de suas grandes casas, séculos de sabedoria marcaram sua vocação elaborada. Localizado próximo ao curso do rio Ebro, Elciego tem um perfil inconfundível, com sua cidade antiga estendendo-se à sombra da grande igreja de San Andrés. Aqui, na segunda metade do século XIX, a vinificação começou como é praticada hoje em toda a região. Nos arredores de Elciego, próximo ao rio Mayor, logo no início da estrada que leva a Laguardia, existe um extenso complexo de adega construído com as pedras típicas da região. Com 22.000 metros quadrados de superfície, Bodegas Muriel é um dos símbolos locais do vinho. 

Mais informações acesse:


http://www.bodegasmuriel.com/

Degustado em: 2016