Sabe aquele vinho que não tem erro? Aquele que vai te entregar o que você espera? E
não se engane que isso pode ser uma armadilha contra a zona de conforto, ou
seja, que se limita ou se condiciona em poucos rótulos. Faz sentido, admito, é
um risco, diria temerário, para enófilos, se restringir a determinados rótulos
e não se permitir ter acesso a novas experiências, mas tem vinhos que fazem
parte da sua vida, há um valor sentimental, um juízo de valor, uma simbiose
orgânica, edifica-se uma história. E não me canso de degustá-lo, é um vinho
famoso, de uma vinícola global, poderosa que, geralmente conta com uma rejeição
por parte dos especialistas e críticos de vinhos e os degustadores mais experientes,
pelo fato do vinho ser “comercial” ou produzido em larga escala, mas se trata
de um vinho que, safra após safra melhora não se tornando apenas uma marca
valiosa de um produtor grande, mas a marca contundente de um vinho do Chile.
Falo da linha Casillero del Diablo, a linha “reserva” da gigante Concha y Toro.
O vinho é
nada menos que o Casillero del Diablo Reserva da casta Cabernet Sauvignon safra
2016, do Valle Central. Gosto muito dessa linha “reserva” da Concha y Toro,
pois são vinhos muito bem feitos, corretos, de muita tipicidade e que, ainda
tem um bom custo X benefício, apesar do valor está muito alto atualmente no
Brasil em relação as minhas primeiras degustações desses rótulos, mas diante da
proposta e qualidade atestada ainda é válido o investimento.
Na taça apresenta
um vívido e intenso vermelho rubi com entornos violáceos, muito brilhante.
Lágrimas finas que se dissipam vagarosamente.
No nariz
graças ao aporte da passagem por barricas de carvalho, sentem-se as notas
tostadas, de torrefação, baunilha, um agradável amadeirado, além de frutas negras
como cereja e ameixa.
Na boca
confirma as impressões olfativas, com certa estrutura, volume de boca, mas
muito macio, equilibrado, elegante, com taninos sedosos e uma acidez moderada
que garante ao vinho todo o frescor e vivacidade, com um final frutado e
persistente.
Um vinho com
personalidade e que faz frente a qualquer vinho badalado, emblemático e caro do
Chile e do mundo. Apesar da evidente passagem por carvalho o produtor não
informa o período em que o mesmo passou por madeira. Em alguns sites de compra, que
carece de confirmação, diz que 70% do vinho passou por 8 meses em carvalho. Tem 13,5% de teor alcoólico.
Sobre a
Concha y Toro:
Em 1883 Don
Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña
Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se
nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a
ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de
1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a
produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em
vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don
Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações
de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América
Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras. A
Concha y Toro é uma das vinícolas mais conhecidas do mundo, tendo a segunda
maior produção mundial de vinho, atrás apenas da americana Barefoot, do grupo
E&J Gallo Winery.
Curiosidade
sobre a linha “Casillero del Diablo” e a lenda que gerou o nome:
Uma história
que aterrorizou muitas pessoas daquela região nos séculos XIX e XX e que até os
dias de hoje intriga pessoas em todo o mundo. Diz à lenda que em 1883, D.
Melchor Concha y Toro deu início a maior Vinícola hoje encontrada no Chile.
Naquela época seus vinhos já eram considerados de alta qualidade e muito, muito
cobiçados. E o que isso significava? Exatamente, muitos interesseiros e
ladrões, claro. As melhores bebidas fabricadas em sua vinícola ficavam
guardadas em sua adega particular. Isso para que ninguém pudesse se apropriar
delas de forma indevida. Infelizmente para o Sr. Concha y Toro, nem mesmo essa
adega particular era capaz de impedir que ele fosse saqueado. Ao perceber que
algumas das garrafas de seus melhores vinhos estavam desaparecendo, ele teve
uma grande ideia. Melchor Concha y Toro difundiu entre os trabalhadores de sua
propriedade que o próprio “diabo” habitava em sua adega particular. Como
naquela época era comum ouvir histórias tenebrosas sobre criaturas diabólicas
que matavam e esquartejavam as pessoas, essa história ganhou um grande peso
sobre os moradores daquela região. Com isso os problemas com furtos acabaram.
Mais
informações acesse:
Grande confrade Bruno, que degustação top, um baita de um reserva, um Cabernet Sauvignon de respeito, na taça já é perceptível a tonalidade maravilhoso desse vinho,suas descrições no palato foram fundamentais pra mim colocar mais um na lista kkk, não me canso de beber essa maravilha, me lembro da primeira vez que degustei e ficou marcado na lembrança, sensacional, Saúde confrade que bela partilha! 🍷🍇
ResponderExcluirSem dúvida um Cabernet Sauvignon de respeito e que tem um valor sentimental para mim. Um vinho, uma linha de rótulos que participou do meu início como apreciador de vinho. Eles moldaram o que sou como enófilo. Então, antes de qualquer análise sensorial, faço aqui, neste momento, uma análise sentimental. Saúde!
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