terça-feira, 4 de agosto de 2020

Colonia Las Liebres Clasica Bonarda 2014


Recebi uma notificação, pelas redes sociais, de uma loja especializada de vendas de vinhos, de uma prova de rótulos argentinos. Embora seja uma simples prova e não uma farta degustação resolvi ir, afinal, são pequenas oportunidades como essa que podem nos brindar, com o perdão da analogia, com gratas surpresas. Fui com essa perspectiva! No local da prova chegando havia poucos rótulos disponíveis, cerca de 6 rótulos argentinos, mesclados entre tintos, rosés e brancos com as principais castas daquele país, sendo predominante a região emblemática de Mendoza. Isso não seria um problema se os vinhos selecionados para a prova fossem, é claro, muito bons. Comecei a prova e um me chamou a atenção, um da casta Bonarda. A Bonarda atualmente é uma uva muito conhecida e consumida entre os enófilos e entregam grandes vinhos nas suas mais diversas propostas. Inclusive a minha primeira degustação da casta foi de um vinho amadeirado, potente e muito saboroso, o Don Nicanor, da Nieto Senetiner. Mas não se enganem, nunca foi assim, de vinhos excelentes da casta Bonarda. No passado os vinhos produzidos com essa casta eram do tipo a granel e de baixíssima qualidade, mas nisso falemos logo. Falemos do excelente Bonarda que estava entre os rótulos da prova de vinhos ministrada pela loja especializada. E que vinho!!

O vinho que degustei e gostei veio de Luján de Cuyo, Mendoza, Argentina, e se chama Colonia Las Liebres Clasico, um 100% Bonarda, da safra 2014, feito com uvas orgânicas. Quando o degustei, o levei a boca, foi como se fora uma revelação arrebatadora, um vinho fantástico que, na altura de sua simplicidade nobre, entregou tudo que eu precisava e esperava de um vinho mendocino. Mas, antes de falar deste belo vinho, vamos falar um pouco sobre a história da Bonarda.

Bonarda

Para alguns produtores, a Bonarda plantada na Argentina é a mesma do Norte da Itália, prima das uvas da Lombardia e da Emilia-Romagna. Outros acham que ela é aparentada da Corbeau ou Douce Noire de Savóia, na França. Essa região está separada da Itália pelos Alpes e, portanto, a Bonarda deve ser também prima da Dolcetto ou da Barbera. Sabe-se que a Bonarda chegou à Argentina com os primeiros imigrantes europeus, no final do século XIX. Lentamente, adaptou-se às condições locais, por meio de uma seleção natural de clones no campo, ajudada pelo fato de não ser particularmente sensível a nenhuma enfermidade. Depois da Malbec, com 19 mil hectares de vinhas vêm a Bonarda, com 16 mil hectares, dos quais 9 mil são plantados nas planícies quentes do Leste de Mendoza, nos arredores de San Martin, Junin, Rivadavia e Santa Rosa, longe dos ventos frios da Cordilheira dos Andes. A uva Bonarda tem um ciclo longo de amadurecimento, necessitando de bastante calor para conseguir amadurecer. Quando as uvas não amadurecem o suficiente, seus vinhos têm pouca cor e corpo e, no palato, um leve toque de ervas. Apesar disso, é muito produtiva. Os vinhos ralos com uvas provenientes de vinhedos de grande produção não ajudaram a boa reputação da Bonarda. Além de produzir vinhos medíocres, ela é usada em cortes de uvas Malbec e até com variedades como Criolla, nos 'vinos gruessos', vinhos baratos dos supermercados argentinos. São vinhos marcados por frescor, acidez vibrante, fruta fresca e taninos suaves. Por um preço bastante acessível, constituem uma excelente relação entre qualidade e preço e, na Argentina, diz-se que são um revigorante para a alma, combatendo tristezas e saudade.

E agora vamos ao vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e profundo, com alguns reflexos arroxeados, com lágrimas finas e em profusão, que desenha as paredes do copo, pois demoram a se dissipar.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas, frutas em compota, como cerejas e framboesas, muito floral, além de notas de especiarias, como canela, pimentão ou algo do tipo.

Na boca é seco, tem médio corpo, mas muito redondo, elegante e fresco, um vinho, embora da safra de 2014, revelou-se jovem e pleno, com taninos finos e sedosos, com uma acidez agradável e equilibrada com um retrogosto frutado e persistente.

Um senhor vinho com excelente custo X benefício, de muita tipicidade e por não ter passagem por madeira revela a pura expressão das características da casta. Um vinho que harmoniza bem com massas em geral, carnes grelhadas ou podendo ser degustado sozinho. Tem 13,2% de teor alcoólico muito bem integrado.

Sobre o “Colonia Las Liebres”:

Durante a maior parte de sua existência na Argentina, Bonarda foi cultivada e cultivada como vinho de mistura, uma vez que poderia proporcionar grandes rendimentos que mantinham a cor e o sabor frutado. Os enólogos costumavam misturar este vinho com vinho a granel de baixa qualidade e, na maioria das vezes, ignoravam Bonarda como um sério vinho varietal único. No entanto, em 2000, Alberto Antonini e Attilio Pagli, os vinicultores da Bodega Altos Las Hormigas, especialista em Malbec, descobriram por sorte o potencial do cultivo de Bonarda varietal em Mendoza. Uma tempestade de granizo havia se movido rápida e violentamente pela região, podando naturalmente o dossel das folhas de um vinhedo de Bonarda nas proximidades. A vinha evitou grandes danos, mas a colheita produziu apenas metade da colheita usual. Ao avaliar os danos, os enólogos descobriram que as uvas restantes tinham uma concentração e estrutura surpreendentes. O vinho resultante era bonito, com textura suave e sabores persistentes. Como lembra Alberto, ele sabia naquele momento que estava preso em Bonarda. A equipe Altos Las Hormigas acreditou no potencial e na personalidade única de Bonarda desde o início e, em 2003, começou a explorar suas variações nos solos e climas de Mendoza. A Colonia Las Liebres foi estabelecida como uma marca irmã para se concentrar apenas no cultivo da uva Bonarda. Colonia las Liebres, que significa Colônia de Hares, retrata uma lebre selvagem. Essa imagem faz alusão à personalidade do vinho, que brota de seu lugar de origem, como a da lebre selvagem que percorre nossas videiras, trazendo sem esforço um senso de lugar. A primeira Colonia Las Liebres Bonarda lançada no mercado foi a safra de 2003. Em 2005, vinte acres de videiras Estate foram plantadas em Lujan de Cuyo. Após 10 anos produzindo e experimentando Bonarda como um único vinho varietal, a equipe continua sendo apoiadores dedicados e fervorosos defensores do futuro da Bonarda no mercado global.

Sobre a vinícola Altos Las Hormigas:

Em 1995, Alberto Antonini, um conhecido enólogo da Toscana, e Antonio Morescalchi, um jovem empresário, fizeram uma viagem para visitar as florescentes áreas vinícolas da América do Sul. Foi preciso apenas uma parada para encontrar o que eles estavam procurando. Eles ficaram imediatamente impressionados com as vinhas que prosperavam na alta altitude e no clima seco de Mendoza, e foram cativados pelas tradições sussurradas e pela mistura de culturas. Eles retornaram à Toscana impressionantemente impressionados não apenas pela região, mas também pelo potencial inexplorado de Malbec, uma uva que tinha uma forte tradição local, mas foi amplamente ignorada e mal compreendida. Enquanto o resto do mundo do vinho viu Mendoza lutando para derramar sua imagem de vinho em massa, os dois jovens italianos viam Mendoza como um lugar onde os valores vitivinícolas tradicionais e as terras imaculadas podiam ser revigorados com uma abordagem moderna de vinificação e experiência internacional. Em vez de plantar Cabernet Sauvignon e Merlot, como muitos outros fizeram nos anos 90, a equipe decidiu investir sua confiança no Malbec. Hoje, Malbec é a varietal pela qual a Argentina é mais conhecida. Contra todas as probabilidades, eles consolidaram sua visão de se tornarem especialistas em Terroir. Logo depois, dois amigos e parceiros de negócios, também entusiasmados com a idéia, se juntaram ao empreendimento: Attilio Pagli, um renomado enólogo da Toscana com dois vinhos com pontuação de 100 pontos em seu recorde pessoal e Carlos Vazquez, um engenheiro agrônomo argentino, que trabalha há 20 anos com o grupo Catena, plantando novas variedades, desenvolvendo vinhedos desconhecidos e contribuindo muito para a mudança qualitativa da viticultura argentina desde o início.

Mais informações acessem:



Fonte de pesquisa sobre a história da Bonarda:


Degustado em: 2018

História da Bonarda na Argentina








sábado, 1 de agosto de 2020

Trebbiano d'Abruzzo Rocca 2018


E continuo pela minha agradável saga pela busca de novas experiências de degustações, de rótulos pouco badalados, de castas pouco populares em terras brasileiras, afinal novas percepções de aromas e sabores só enriquece o ato da degustação, fazendo desta algo prazeroso e agradável e não algo mecânico e banal. Há algum tempo venho investindo em regiões e castas novas para mim, sobretudo aquelas castas que, embora muito popular em suas regiões autóctones, no Brasil ainda é pouco conhecida. E assim você varia a sua adega, amplia seu conhecimento, exercita suas análises organolépticas. Enfim, muitos fatores no processo de degustação são positivamente impactados e, aliando isso tudo, a preços extremamente convidativos a seu bolso, em tempos bicudos e de incertezas, torna-se também essencial.

E o vinho que degustei traz todos os quesitos mencionados acima, embora a sua casta seja bem conhecida pelo mundo, sobretudo na Itália e até aqui no Brasil, aonde a mesma sempre vem em blends nos nossos espumantes. Falo da Trebbiano. E com essa novidade, pelo menos para a minha história como enófilo, vem também outro fator inusitado: a região, a famosa e emblemática Abruzzo. Abruzzo é conhecida como a região que entrega a famosa Montepulciano, mas que também nos brinda com a Trebbiano. E outro ponto interessante também é que esse é um vinho branco tranquilo e não um espumante, mais comum com essa casta. Então, diante de tantas novidades, não me resta mais nada além de apresentar o Trebbiano d’Abruzzo Rocca da safra 2018 e que ostenta um DOC (Denominação de Origem Controlada). Um vinho supreendente! Mas antes de falar sobre o rótulo, para não perder o costume, falemos um pouco da Trebbiano que, apesar de ser altamente cultivada, não goza de grande reputação.

Trebbiano

A uva Trebbiano é cultivada amplamente em diversos países tanto da Europa quanto do Novo Mundo. Na Itália, por exemplo, mais de 80 rótulos são produzidos a partir dessa variedade de uva, a grande maioria deles é de vinhos brancos bastante refrescantes. Devido ao amplo cultivo observado ao redor do mundo, a uva Trebbiano ganhou diversos nomes, alguns muito característicos das regiões vinícolas onde é cultivada. Na França, a uva Trebbiano é conhecida também como Ugni Blanc, e representa um dos principais ingredientes dos destilados Cognac e Armagnac. Já na região da Califórnia, nos Estados Unidos, os vinhos produzidos a partir de uvas Trebbiano caracterizam-se por serem deliciosos em especial, os que levam uvas com maior tempo de amadurecimento na elaboração. Acredita-se que esse tipo de uva foi incorporado à fabricação de vinhos franceses no século XIV quando a corte papal foi transferida de Roma. Nos dois séculos seguintes, a casta Trebbiano foi largamente disseminada e plantada, ganhando fama com seu nome local, Ugni Blanc. Com a descoberta de novas variedades de uva, a casta teve uma queda de popularidade, mas continua sendo cultivada em larga escala. Além de ser utilizada com maestria na produção dos destilados Cognac e Armagnac, a casta serve de base para uma grande variedade de vinhos brancos. A uva Trebbiano dá origem a vinhos secos com aromas, geralmente, associados à amêndoas. Além disso, a cepa, que tem cachos cilíndricos e bagos fortes, propicia elevada acidez aos rótulos.

Agora vamos ao vinho!

Na taça tem um amarelo palha com reflexos esverdeados muito brilhante.

No nariz tem uma explosão aromática de frutas brancas e cítricas, como maça verde, pera, maracujá, com um evidente toque floral, flores brancas.

Na boca é delicado e reproduz as notas frutadas, com um bom volume de boca que me fez salivar de tão saboroso, graças também a acidez moderada que faz do vinho fresco e refrescante. Tem um final frutado e persistente.

Que belo vinho, que entregou muito mais do que valeu! Um excelente custo X benefício! Uma casta que, embora tenha sofrido, ao longo dos anos, um descrédito, neste rótulo da Família Ângelo Rocca trouxe um caráter elegante, refrescante, jovem, perfeito para momentos informais e descontraídos e que pode ser degustado entre amigos ou a beira de uma piscina ou em qualquer momento, a hora que você quiser. Um vinho que harmoniza muito bem com refeições cotidianas, massas leves, queijos também leves ou pode ser degustado sozinho. Um vinho simples? Sim, mas muito versátil e saboroso! Teor alcoólico de 12%.

Sobre a Vinícola Rocca:

A família Rocca trabalha no ramo de vinhos desde 1880, quando Francesco, o ancestral fundou a “Vinícola Rocca”, iniciando seus negócios históricos com vinho a granel. Em 1936, seu filho Ângelo aprimorou a produção de vinho e construiu uma adega em Nardò, Apúlia. Na década de 1960, Ernesto Rocca, filho de Ângelo, comprou a primeira linha de engarrafamento e iniciou a distribuição de produtos sob a marca Rocca. Em 2009, a Rocca Family se torna o principal acionista da vinícola histórica Dezzani, no Piemonte, realizando novas sinergias comerciais e produtivas. Em 1999, apaixonado por Apúlia, ele comprou uma fazenda em Leverano, no coração de Salento. A tradição, a paixão por vinhos merecedores, juntamente com a dedicação à viticultura e à produção de vinho, foi fortemente afirmada pela Família durante essas cinco gerações. A Companhia cresceu ao longo do tempo e desenvolveu uma abordagem internacional, prestando muita atenção às necessidades do mercado, mas sempre cuidando e respeitando o terroir e a tipicidade dos produtos. Rocca é uma realidade dinâmica e flexível, ao mesmo tempo, extremamente ligada às suas raízes e hoje inclui uma fazenda de prestígio na Apúlia, uma vinícola moderna em Agrate Brianza, perto de Milão, e tem o controle da vinícola histórica Dezzani no Piemonte. Os vinhos Rocca são apreciados nos mercados mais exigentes em mais de 40 países do mundo.

Mais informações acesse:


Fonte para pesquisa sobre a história da casta Trebbiano:












quarta-feira, 29 de julho de 2020

Salton Reserva Ouro brut


Dizem por aí que os espumantes brasileiros são certeiros para quem quer degustar vinhos frescos, leves, frutados e descompromissados. E é verdade! Hoje considero, sem medo de errar, que os nossos espumantes pode rivalizar, hoje, em iguais condições com o champanhe, o original francês, os cavas espanhóis, os proseccos italianos. Mas nem sempre foi assim para mim. Digo isso pois nunca tive uma ligação muito forte e intensa, no que tange, é claro, nas degustações com os espumantes brasileiros, quando comecei a degustar os vinhos finos. Como muitos no Brasil ainda, eu nutria certa rejeição com os brancos tranquilos e espumantes. Achava que eram vinhos sem expressão e vida e que não iria me satisfazer, me entregar o que eu esperava nas percepções olfativas e do paladar. Demorei um pouco a ter um contato com tais vinhos. Mas decidi arriscar e comecei a juntar estímulos para degustar espumantes. O fiz, mas não me recordo, devo confessar, qual foi o meu primeiro rótulo exatamente que me desvirginou para o mundo dos vinhos das borbulhas, mas foi com algum rótulo da Salton. Lembro-me, pois fui abordado em um supermercado por uma pessoa que me via criar ânimo e coragem para escolher um espumante e estava demorando para isso, acredito que foi por esse motivo que o bom enófilo tenha intercedido por mim, me recomendando um rótulo. Degustei e gostei muito e prometi: a partir daqui seguirei a degustar mais e mais espumantes. E falando na minha saga com os espumantes, anos depois, em minhas excursões nos supermercados avistei um espumante, que estava com um valor bem convidativo, da Salton que logo me animou para comprar.

E esse vinho, ou melhor, o vinho que degustei e gostei e que arrebatou por inteiro, foi o Salton Reserva Ouro brut, da Serra Gaúcha, com um blend das castas Chardonnay (70%), Pinot Noir (20%) e Riesling (10%), produzido pelo método Charmat (Caso queira saber um pouco mais sobre esse e outros métodos clique aqui: Diferenças entre os métodos Champenoise e Charmat), mas esse é feito pelo “método Charmat Longo”. Mas o que significa esse bendito “Charmat Longo”? O bom da degustação é que ela estimula o aprendizado, para quem quer, é claro, absorvê-lo. Aprendi e faço questão de aqui compartilhar o significado. Quando se quer um espumante mais estruturado, com um corpo mais presente, cor mais intensa, menores perfumes frutados, porém maior complexidade aromática se utiliza o método Charmat longo, inventando em 1970 pelo enólogo italiano Nereo Cavezzani, onde o processo de fermentação é mais demorado (de 6 à 12 meses) e aonde os tanques de aços inox pressurizados são munidos de um agitador em hélice para colocar em suspensão os sedimentos da fermentação (lias), favorecendo a estrutura do vinho e criando um perfil sensorial mais complexo, prerrogativa típica dos espumantes produzidos com o método clássico ou tradicional.

Então vamos ao que interessa: O vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha e não tinha detalhes tão dourados assim, diria até um tanto quanto transparente, com perlages bem finos, não em abundância, mas persistentes.

No nariz é floral, traz algumas notas frutadas, mas não em grande evidência. Percebi notas de abacaxi, toques cítricos discretos, com aquele toque, também discreto, mas agradável de fermento, pão torrado, certa cremosidade, devido, é claro, a sua proposta do método do Charmat Longo e também pelo contato por 12 meses com as leveduras.

Na boca é seco, claro, é um brut, baixo residual de açúcar, as percepções frutadas também, como no olfato, é bem discreto, mas é muito fresco, leve, descompromissado, mas que revela certa personalidade, marcante diria, cremoso e com um final persistente.

Um vinho delicioso e que definitivamente colocou, foi responsável, os espumantes em meus caminhos na estrada das experiências de rótulos. A Salton, e seus espumantes, faz parte da minha história no que tange aos vinhos de borbulhas em todas as suas personificações e propostas. Harmoniza bem com pratos de entrada como frios, com comidas leves e mais simples ou sozinho. Tem 12,5% de teor alcoólico. 

Sobre a Vinícola Salton:

A história começa na Itália, em 1878, quando Antonio Domenico Salton partiu da cidade de Cison di Valmarino, na região do Vêneto, à procura de oportunidades melhores no Brasil. Ele se instalou na colônia italiana de Vila Isabel, hoje conhecida como a cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A empresa foi formalmente constituída em 1910, quando os irmãos Paulo, Angelo, João, José, Cesar, Luis e Antonio deram cunho empresarial aos negócios do pai, o imigrante Antonio Domenico Salton, que vinificava informalmente, como a maioria dos imigrantes italianos. Os irmãos passaram a se dedicar à cultura de uvas e à elaboração de vinhos, espumantes e vermutes, com a denominação "Paulo Salton & Irmãos", no centro de Bento Gonçalves. Um século depois, a Salton é reconhecida como uma das principais vinícolas brasileiras, líder na comercialização de espumantes nacionais no Brasil. Hoje, à frente da vinícola, membros da quarta geração da família preservam o legado de seu fundador, Paulo Salton, amparado nos valores construídos ao longo dos mais de cem anos de história e inspirados pela simplicidade e pelo trabalho árduo das primeiras gerações.

Mais informações acesse:



História da Vinícola Salton


Degustado em: 2017


sábado, 25 de julho de 2020

Aves del Sur Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2012


Em mais uma saga pelos vinhos de bom custo X benefício me pus a fazer algumas incursões nos supermercados, afinal, em tempos bicudos os famosos vinhos “BBB” (bons, bonitos e baratos) são imprescindíveis à um simples e humilde enófilo trabalhador como eu, para continuar degustando os tão desejados rótulos e continuar a ter as percepções e experiências que faz de nossa vida um pouco mais agradável. Estava determinado a comprar um vinho que me surpreendesse e que fosse mais acessível ao bolso. Então eu já sabia, já esperava que a proposta do vinho fosse mais simples, vinhos básicos, de entrada, mas isso não significa que teria rótulos ruins, é claro, afinal, como costumo dizer e defender de forma veemente: são propostas e, independente da mesma, podemos sim, encontrar coisas muito boas! Comecei meu trabalho de “investigação” e garimpo e não conseguia encontrar nenhum vinho que me chamasse a atenção e, depois de algum tempo tentando, já estava desistindo, inclusive, avistei um vinho, sem identificação de valor, era um Gran Reserva, que me chamou a atenção pela beleza do rótulo e por não conhecer o produtor, por curiosidade, apenas, pois esperava que o valor fosse elevado, fui a máquina que lê o código de barras para confirmar o valor: R$ 27,99! Atônito, não acreditei e tornei a fazer a leitura do código de barras: R$ 27,99! Era tudo o que eu precisava: um ótimo valor, para um vinho cujo produtor eu não conhecia, e de uma proposta que não condizia com o valor que estava diante de mim, no display daquela máquina que lia o código de barras. Não sei o motivo pelo qual o vinho estava naquele preço, talvez pelo fato da safra que o supermercado julgou ser antiga e queria impulsionar a venda. Que seja! Comprei sem hesitar! E hoje, finalmente, decidi desarrolhá-lo.

Esse achado, esse vinho fantástico que degustei e gostei vem do Chile, de uma comuna localizada na emblemática região do Maule, Valle del Locomilla, que possui um DO (Denominação de Origem), chamado Aves del Sur, a casta é Cabernet Sauvignon (100%), da safra 2012. Essa comuna, Valle del Locomilla (San Javier de Loncomilla), que não conhecia, que fica na Região do Maule (Quem não conhece essa região?), fica na província de Linhares e tem uma área de 1.313,4 km² e uma população de 37.793 habitantes, senso de 2002.

Região do Maule e San Javier de Loncomilla

As aves do sul

A grande diversidade natural do Chile é expressa de várias maneiras, o clima, a paisagem, o solo e a grande variedade de pássaros que sobrevoam o país. A linha “Aves del Sur” foi criada como um tributo para torná-los conhecidos e se destacar. Cada variedade de vinho é representada por uma espécie diferente em três atitudes naturais, que mostram seu espírito livre, seus gestos finos e seu voo diário sobre nossa terra, da mesma maneira que cada um de nossos vinhos expressa sua identidade única em cada garrafa. A Viña del Pedregal capturou nesta coleção de vinhos frescos e nobres, as aves mais representativas do Chile. O condor, símbolo majestoso do país, voa nas alturas dos Andes. Sua casa é a cordilheira e eles são cada vez mais escassos, assim como esta requintada Carmenère. A águia e o falcão também são raros nessas latitudes, como os vinhos desta linha, feitos com vinhas velhas selecionadas, uvas colhidas à mão e depositadas em pequenos cestos para uma nova seleção, com guarda de doze meses em barris de carvalho francês. O sul do mundo oferecem vários habitats para as mais diversas aves que encontraram lar em terras chilenas. No gelo do sul, florestas, rios, falésias e no interior do Chile, milhares de pássaros crescem a cada estação. Desta forma, a natureza se expressa nesses vinhos, produzindo uma variedade notável de variedades, multiplicando sabores e cores cheios de frescura e caráter.

Vamos às impressões organolépticas do vinho!

Na taça apresenta um impressionante vermelho rubi, escuro, profundo e muito brilhante. Lágrimas finas e abundantes que desenham e que demoram a se dissipar das paredes do copo.

No nariz uma explosão aromática onde se destacam frutas vermelhas maduras, com toques de especiarias, diria pimentão, com notas amadeiradas e de baunilha, tudo em pleno equilíbrio, nada sobressaindo.

Na boca é estruturado, com alguma complexidade, com a presença das frutas vermelhas maduras evidentes nas impressões olfativas, com taninos presentes, firmes, mas sedosos, com pouca acidez, quase que imperceptível, com notas de madeira, bem integrada, e o destaque para o chocolate e um discreto tostado que lembra um pouco café, torrefação, graças aos 12 meses de passagem por barricas de carvalho.

Eu fui surpreendido pelo preço de um Gran Reserva, fui arrebatado pelas suas credenciais de qualidade. Estava, confesso receoso, pelo valor baixo, não condizente a proposta do mesmo, mas que logo foram dissipadas todas as preocupações pelo estímulo em degusta-lo, afinal, um chileno Gran Reserva da casta Cabernet Sauvignon não é para todo dia, o momento de celebração, de ode ao bom vinho estava diante dos meus olhos e abrilhantando a minha simples e humilde taça. Um vinho de personalidade, de caráter único, que reflete o terroir na sua história, no seu rótulo, no seu nome e, sobretudo no seu líquido. Um vinho cheio de tipicidade, fácil de degustar, harmonioso, elegante, entregando, claro, muito além do que vale. E isso se deve o seu tempo de estágio nas barricas de carvalho e o tempo de safra que, no auge dos seus 8 anos de vida, mostrou-se vivo e pleno, com vocação para uma boa evolução. Teor alcoólico de 13,5% muito bem integrados.

Sobre a Viña Del Pedregal:

1825 marca o início da tradição vinícola da família Del Pedregal. Naquele ano, Carlos Del Pedregal chega ao Chile das Astúrias, com suas convicções, por um lado, e com variedades europeias, por outro, para realizar seu sonho de fundar uma vinha no vale Maule. A área de Loncomilla foi escolhida por esse pioneiro espanhol que percebeu as excelentes condições do Chile, ideais para o cultivo de videiras e a elaboração de vinhos. Já há várias gerações ligadas ao comércio familiar, quase 200 anos dedicado à elaboração de vinhos nobres, adaptando-se à história e às mudanças ao longo do tempo. Todos os membros da família estão envolvidos em diferentes tarefas e, de várias maneiras, contribuem com seu conhecimento, paixão e amor pela terra, transmitidos de pais para filhos.

Mais informações acesse:





terça-feira, 21 de julho de 2020

Marquês de Marialva Colheita Seleccionada tinto 2014


Sempre ouvi maravilhas sobre a região portuguesa da Bairrada. Mas me parecia distante degustar um vinho dessa região. Não sabia dizer ao certo, talvez pela pouca oferta de rótulos aqui no Brasil ou talvez pelo valor elevado dos únicos que aqui tinham disponíveis para venda. Sempre li ou ouvi enófilos e especialistas falarem da Bairrada e sua casta emblemática de lá, a Baga. Pensei: Será que vou degustar um vinho dessa região? Que dificuldade encontrar um vinho de lá! Mas em uma de minhas incursões aos supermercados sem intenção alguma encontrei um rótulo com o nome “Bairrada” estampado em grande destaque. Parecia ser um orgulho daquele produtor em vinificar naquelas bandas. Então decidi examinar melhor o vinho e foi assim que começou a minha jornada, ainda apenas no começo, as minhas experiências com essa terra fantástica com vinhos de excelente tipicidade. Foi o meu primeiro vinho da Bairrada, um tinto da Adega Cooperativa de Cantanhede, uma das mais conhecidas e importantes vinícolas daquela região.

O vinho que degustei e gostei foi o Marquês de Marialva colheita selecionada tinto com um blend das castas Baga (50%), Tinta Roriz (30%) e Touriga Nacional (20%) da safra 2014. Cortes de castas tradicionais da região e de toda Portugal e foi com esse assemblage que o vinho ganhou em potencialidade, enaltecendo em tipicidade. Que vinho! Que rótulo! Mas já que a Bairrada ganhou destaque em meu humilde texto, claro que falarei um pouco sobre a região e também a sua casta mais popular, a Baga.

Bairrada e a Baga

Há registros que desde o século X e elaborado vinhos na região. Em 1867, cientista António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região. Em 1867, vinte anos mais tarde, fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada. Destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho. O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890. E foi com os espumantes que a região conquistou o mundo. Frutados, com um toque mineral e boa estrutura esses vinhos tornaram-se referencias e, até hoje, fazem da Bairrada uma das maiores regiões produtoras de espumantes de Portugal. Com o passar do tempo, as criações tintas ganharam espaço. Muito por conta do que os produtores têm feito com a Baga, casta autóctone da região. A Baga possui enorme importância para a região da Bairrada e ocupa 50% de toda a extensão de vinhedos da área, seguida, em grau de importância pelas uvas tintas Touriga Nacional, Castelão e Aragonez.

Bairrada

Os vinhos brancos também são muito elegantes e com bom corpo, classificados entre os melhores exemplares de Portugal. Lá se encontram as castas autóctones Arinto, Rabo de Ovelha, Maria Gomes e Bical. Alguns produtores modernos têm utilizado outras castas portuguesas e internacionais com resultados excepcionais. A Bairrada é, sem dúvidas, uma das maiores fontes de grandes vinhos de Portugal, como os celebrados do produtor Manuel Campolargo e Luiz Pato, bem como os históricos vinhos brancos e tintos do Palácio do Buçaco. O clima da região é temperado e estável, tanto no inverno quanto no verão, contribuindo para a qualidade das vinhas cultivadas. Já os solos podem variar de um extremo a outro da região, sendo que os de maior representatividade na Bairrada são os que demonstram características arenosas, ainda que o tipo argiloso seja predominante na região portuguesa. O nome “Bairrada” deriva de “barrentos”, uma associação à quantidade de barro encontrada no solo onde as vinhas são cultivadas.

Agora vamos ao vinho!

Na taça tem um vermelho rubi escuro, intenso, límpido e brilhante, mas com bonitos entornos violáceos. Tem lágrimas em média intensidade que demora um pouco a se dissipar das paredes do copo, fazendo um bonito desenho.

No nariz tem uma predominância de frutas vermelhas maduras, com agradáveis notas de especiarias, de pimentão, com ligeiros toques de madeira graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca é igualmente frutado, bem estruturado, de personalidade marcante, mas macio e fácil de degustar. Diria que a Touriga Nacional “abrandou” a Baga graças ao equilíbrio percentual das duas castas no blend tendo a Tinta Roriz trazendo o toque de frutas vermelhas. Apresenta taninos presentes, mas sedosos e acidez correta. Tem um discreto toque de baunilha com um fundo amadeirado. Tem persistente final, com um retrogosto frutado.

Um vinhaço! Uma proposta direta, diria até simples, mas que, como um Denominação de Origem Controlada (DOC) como todo vinho da região da Bairrada, mostrou personalidade, intensidade aromática e no paladar. Um bom começo em minha “viagem” na Bairrada e que já resultou em outras gratas experiências que espero em breve registrar por aqui. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Cantanhede:

A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede. Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da Bairrada. Atualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região, representado 25 a 30% da produção. A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na produção de vinhos com maior qualidade. Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de Cantanhede. A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente também nos Vinhos Regional Beiras. Hoje a sua política produtiva assenta num pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas, particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.

Mais informações acesse:
Quem quiser conhecer um pouco mais da cultura vitivinícola da Bairrada segue link do site “Rota da Bairrada”:


Fontes para a história da Bairrada e da casta Baga:



Degustado em: 2019






domingo, 19 de julho de 2020

Festival de Vinhos Supermercado Real 2017


No dia 10 de julho de 2017 participei de um festival de vinhos patrocinado por uma rede de supermercados importantes da minha cidade, Niterói. A princípio, quando anunciaram as informações sobre o evento, achei o valor do ingresso um pouco caro, sobretudo para aqueles iniciantes no mundo do vinho que desejam participar de festivais como esse para ampliar seus horizontes, conhecendo novos rótulos, fazer um escambo de informações e conhecimento, reforçando sua predileção pelo néctar. Sempre critiquei os altos valores de tais eventos realizados no Brasil. A demanda tem aumentado pelo que pude observar nos eventos que tenho ido, logo a oferta também está aumentando, mas o valor está um verdadeiro absurdo! Se está tendo um fenômeno de crescimento e interesse de enófilos para estes eventos, qual a dificuldade de reduzir os valores dos ingressos estimulando ainda mais a procura? É uma forma de democratizar a cultura para o vinho! Enfim...Mas este evento trouxe uma novidade: Dos R$ 150,00 do valor do ingresso, R$ 100,00 foram revertidos para compra de rótulos nos supermercados do grupo! Bem, já foi uma boa ajuda!

As Importadoras confirmadas foram:

Importadora Real Comercial Woldwine

Vinhos Italianos: Primitivo di Manduria Zenith / Farnese Fantini /
Vinhos Chilenos: Petirrojo tinto e branco
Vinho Uruguaio Garzon tannat e outros

Importadora Casa Flora

Vinho Argentino Nieto Emilia tinto e Rosé
Vinho Chileno Santa Carolina tinto e branco
Espumantes, Vodka, Cerveja Paulaner e outros

Importadora Real Comercial La Pastina

Vinhos Chileno Orgânico Emiliana Adobe tinto e branco / Cono sur Bicicleta tinto e branco
Vinho Francês JP Chenet e outros

Importadora Adega Alentejana

Vinhos Portugueses Paulo Laureano Premium Vinhas Velhas / Cartuxa Reserva / Chaminé e outros

Importadora Qualimpor

Vinhos Portugueses Esporão Reserva tinto / Assobio Douro tinto / Monte velho e outros

Importadora VCT Brasil Conha y Toro

Vinhos Chilenos Marquês de Casa Concha / Trio Concha y toro / Casillero del Diablo
Vinho Argentino Trivento e outros

Importadora Cantu

Vinhos Chilenos Ventisquero Reserva e Clásico
Vinho Português Quinta de Bons Ventos e outros

Vinhos exclusivos:

Vinhos Portugueses Herdade do Grous Casa Real / Regional Transmontano Encostas do Trogão tinto, branco e Reserva

Então vamos aos principais rótulos degustados no evento:

Quando se fala na vinícola Emiliana do Chile a primeira coisa que vem à mente é o processo de fabricação de seus vinhos orgânicos e claro não faltou no festival de degustação e também o meu ímpeto e interesse por degustar um de seus principais rótulos.

A começar pela linha reserva “Adobe”

De entrada eu degustei o rosé, da casta Syrah: um vinho fresco, jovem, mas de bom volume de boca, frutado, aromático e de personalidade marcante. Não costumo degustar com frequência os rosés chilenos e quando o fiz com o “Adobe” foi uma experiência fantástica. Logo após o rosé degustei o Carmenere, casta carro chefe de todas as vinícolas chilenas e claro, não ficou atrás em termos de qualidade, de drincabilidade. Um vinhaço! Aquele toque de couro, tabaco, de frutas negras e vermelhas no paladar e no aroma. Um toque na medida de um amadeirado, bem integrado, um vinho estruturado e macio, ao mesmo tempo. Fechei com o Cabernet Sauvignon: encorpado, robusto, frutado, macio, harmonioso. Definitivamente a linha “Adobe” me fisgou de vez.

 


Mas a surpresa estaria guardada para logo depois da curta, mas significativa série de degustação da linha “Adobe”. Tive o prazer de degustar o “Novas”, a linha orgânica gran reserva da Vinícola Emiliana. Um corte das castas mais populares do Chile, Cabernet Sauvignon e Carmenere, é um vinho encorpado, com um aroma de frutas vermelhas, com toques generosos de especiarias e a madeira bem integrada, com aquele tostado. Na boca segue as mesmas percepções olfativas com taninos elegantes e presentes e boa acidez. Um belíssimo vinho! Esse, com os meus R$ 100,00 de crédito, tive a oportunidade e a alegria de comprar e que, três anos depois do evento, ainda está na minha adega evoluindo, me esperando para degustá-lo no melhor momento para nós dois!



Continuando com o Chile “viajei” para a vinícola Cono Sur, onde degustei os famosos vinhos da “bicicleta”, com uma proposta mais simples, com vinhos de entrada, mas não menos importante para o meu humilde paladar. Que belos vinhos! Apesar da popularidade do rótulo em terras brasileiras, não os conhecia, não os tinha degustado até então.

Comecei com o Pinot Noir: muito legal! Soube, com primazia, representar a essência da casta como poucos chilenos que tive a oportunidade de degustar. Um vinho que privilegia a fruta vermelha, a delicadeza e a maciez, a elegância típica da boa Pinot Noir. Depois degustei uma casta não muito comum nas taças dos brasileiros: a Gewurztraminer. Vinho muito bem feito! Um vinho fresco, jovem, frutado, um toque meio apimentado, de bom volume de boca. Dois grandes rótulos da vinícola com excelente custo x benefício.


Agora indo para a Argentina pousei em uma das vinícolas mais tradicionais dos hermanos: Bodegas Norton!

Não tinha sido o meu primeiro contato com os rótulos da vinícola, mas o “Cosecha Tardia” branco e rosé foi a minha primeira vez. Sempre tive uma reticência com relação aos vinhos da colheita tardia, por serem doces demasiadamente. Não sou apreciador desses tipos de vinho. Mas o demonstrador me abordou e disse: “Já experimentou o colheita tardia branco e rosé da Norton?” Disse que não gostava desses vinhos por serem muito doces, mas logo ele disse: “Esses não são tão doces assim, acredite, você irá gostar!” Bem, não tinha nada a perder, experimentei. Não é que ele tinha razão! Um vinho com um baixo residual de açúcar, tanto o branco quanto o rosé. Esses eu compraria. Depois degustei o emblemático Malbec tinto da Norton, da região de Luján de Cuyo. Esse eu já conhecia, mas não poderia deixar de degusta-lo novamente, é sempre um prazer! Macio, frutado, como todo bom Malbec, encorpado, taninos presentes e sedosos. Clássico!




Agora o Velho Mundo, a Velha Bota, a Itália!

Um rótulo bem conhecido aqui no Brasil, muito bem aceito por aqui: A linha Santa Cristina. Já degustei no passado o tinto e o branco, da casta Pinot Grigio, que me surpreendeu positivamente e que foi responsável pela minha predileção pela casta branca, típica e altamente cultivada na Itália.
Mas o que eu degustei no evento foi o Chianti Superiore, que não havia bebido antes. Que grata experiência! Um vinho encorpado, redondo, com taninos gordos, presentes, mas sedosos, boa acidez, a fruta presente, a madeira bem integrada. Um belo vinho que eu nunca tinha visto nas gôndolas dos supermercados da minha cidade, Niterói, apesar da popularidade desta linha de vinhos por aqui em terras “brasilianas”.


O Brasil não poderia ficar de fora e a escolhida para a minha degustação é a mais importante e premiada vinícola deste país: A Cooperativa Aurora! Infelizmente não tinha os rótulos tintos da vinícola, apenas contou com os brancos, espumantes e moscatéis, mais populares entre os enófilos.

Comecei a degustar o Moscatel rosé, nunca havia degustado um Moscatel rosado. Resolvi experimentar e vou confessar aqui, apesar de não gostar mais dos moscatéis: Esse me surpreendeu positivamente! Baixo residual de açúcar, frutado, fresco, leve e bem descontraído. Degustaria ele novamente. Degustei o Moscatel branco que já o fiz em outras ocasiões na minha vida de enófilo. O Rosé é muito melhor! E para fazer também um paralelo com o “Cosecha Tardia Norton” degustei o “Colheita Tardia” da Aurora e dessa vez os argentinos saíram na frente, em minha opinião.




Ainda na Argentina, tive o meu momento mágico em degustar um vinho que parecia, ou melhor, ainda está tão distante em minhas pretensões de compra. Um vinho de alto custo, mas que entrega cada centavo de seu valor: Um Rutini com o corte de Cabernet Sauvignon e Malbec da safra 2015. Um vinho encorpado, poderoso, que enche a boca, frutas vermelhas e pretas, taninos presentes, mas sedosos e boa acidez. Aquele vinho que se quiseres pode guardar por muitos anos.


Voltei ao Velho Mundo dando uma passadinha por Portugal. Ah a terrinha não pode ficar de fora em nenhum evento de degustação de vinhos que se preze.

Comecei com uma região, que até aquele momento, nunca havia degustado um rótulo sequer: Trás-os-Montes! E quando me aproximei do stand dos rótulos dessa região, fiquei um tanto quanto curioso e, claro, não pude deixar de degustar. Então comecei com o branco “Encostas do Trogão” da Cooperativa Rabaçal. Um produtor pouco conhecido no Brasil e me parece que apenas o Supermercado Real vende, distribui esses rótulos em Niterói. Um vinho de ótima acidez, gostoso, frutas brancas e cítricas e com um aroma floral que me encantou. Infelizmente não tinha esse vinho na filial do supermercado próximo a minha região e até hoje não o encontrei! Que falta de sorte! Logo depois degustei o tinto reserva de uma safra relativamente antiga, de 2011: fiquei receoso, na época com seis anos de vida! Mas degustei: Que vinho! Pleno, vivo, encorpado, frutado, com taninos presentes e um retrogosto persistente! Não o comprei no mesmo ano do evento. Fui comprá-lo um ano depois.


Continuei em Portugal e degustei uma das mais emblemáticas vinícolas daquele país: A Herdade do Esporão! Vinhos de excelência e sempre com rótulos que contemplam todas as propostas, adequadas para vários momentos, dos mais descontraídos aos mais célebres.

Degustei, primeiramente, um velho conhecido: o Monte Velho tinto. Esse nunca sai de moda, vinho de médio corpo, com aromas de frutas vermelhas e negras, com taninos delicados e boa acidez. Depois fui para o Esporão Reserva: um vinho robusto, da velha e essencial Alentejo, amadeirado, toque de chocolate e tostado, encorpado, taninos gordos e robustos, acidez correta. Que vinho espetacular! E fechei com outro velho conhecido: Assobio. O Douro muito bem representado. Um vinho fresco, jovem, mas de grande personalidade.



E fechei a minha estadia em Portugal com um rótulo tradicional e emblemático também do Douro, da famosa e conceituada Casa Ferreirinha: o Papa Figos da safra 2015. Um senhor vinho encorpado, mas harmonioso, de personalidade marcante, toques de madeira bem integrada, tabaco, frutas vermelhas.


Dei uma “passadinha” pela bela e emblemática Bordeaux, da França. Muitos dizem que para degustar bons vinhos dessa região tem de custar mais de “três dígitos”, em suma, tem de custar caro! Mas eu acho que essa antiga cultura está caindo por terra. Temos visto bons bordaleses a ótimos preços e vinhos com ótima drincabilidade.

E a prova foram esses dois belos vinhos que degustei: a começar com o “Marquis de Sade”, da safra 2012. Um vinho de uma proposta simples, mas que já tinha, á época, cinco anos de safra! Fiquei curioso para degusta-lo, será que ele estaria avinagrado? Nunca! Que vinho sensacional, incrível! Ele estava pleno, vivo, um vinho cheio de altivez e personalidade no alto dos seus cinco anos de vida! Frutado, aromas de frutas vermelhas, especiarias, toques de pimenta. Na boca é frutado, taninos elegantes e delicados e um final agradável com retrogosto persistente e frutado. Finalizei Bordeaux com o Chateau Haut-Giron, também da safra 2012. Um vinho interessante, frutado e saboroso, mas não tão bom quanto o primeiro.


E para finalizar a França outro vinho que me surpreendeu por inteiro e, quando a demonstradora me falou do seu valor, fiquei boquiaberto por completo: R$ 40,00! Bouchard Ainé. Um vinho leve, despretensioso, pouco austero, fácil de degustar. Frutadinho, fresco, correto, honesto, com taninos leves, quase que imperceptíveis e acidez correta.


E fechei com a Espanha. Infelizmente não tinha muitos rótulos da Espanha para degustar, diria que esse foi o ponto negativo do evento. Mas consegui degustar uma casta, popular neste país, que nunca havia tido uma experiência: a Monastrell, da região de Jumilla. O Castillo San Simón Monastrell é um vinho de proposta mais simples, de entrada. 

Mas entregou muito bem a sua proposta, com um vinho de leve a médio corpo, frutado, de taninos finos e sedosos e boa acidez. Não é aquele Monastrell encorpado, típica da casta, mas valeu e muito a minha primeira degustação da referida casta.


Além das degustações e do clima agradável da estrutura do local, um restaurante chamado Villa Toscana, em Niterói, tivemos ótimas degustações de queijos, entre outros quitutes deliciosos que harmonizou maravilhosamente com os rótulos e com a bela noite de degustação, troca de informações, de conhecimento e a certeza de que novos festivais de vinhos virão para que possamos ser “submetidos” a novas experiências de degustações especiais.