Sabe aquele Cabernet Sauvignon frutado, redondo, equilibrado,
mas com personalidade, alguma expressividade e ainda ter um custo extremamente
atrativo, o famoso “vinho baratinho”? Pois é estimados leitores, acreditem se
quiserem, existe sim e que vem do Chile, a terra do Cabernet Sauvignon potente
e robusto, aqueles “carnudos” que parece que comemos com garfo e faca de tão
encorpados. Que fique bem claro que não tenho nenhuma objeção com relação a
essa proposta de Cabernet Sauvignon, mas é possível, muito possível,
encontrarmos vinhos dessa cepa com um valor acessível e, ao mesmo tempo
entregar muito além do que se esperava. Ah esses vinhos que nos surpreendem...
E o vinho mencionado já foi degustado em outras
oportunidades, em outra safra e, nesta ocasião, eu buscava uma proposta
atraente de custo X qualidade, eu buscava preço baixo e o risco é alto, afinal,
além do preconceito de que o vinho barato não presta, podemos, por outro lado,
alimentar uma grande expectativa acerca de um rótulo cuja proposta é mais
básica. Mas o vinho surpreendeu, um vinho que me arrebatou por inteiro, foi uma
explosão sensorial!
Mas confesso que a procedência também ajudou bastante e diria
que teve a preponderância e direi que foi a grande escolha, afinal um produtor
de renome mundial e sendo do Chile, um Cabernet Sauvignon do Chile! Ah evidente
que não poderia ter um erro completo! O vinho em questão era o belíssimo Autoritas Reserva Cabernet Sauvignon da safra 2015.
Então está revelado o vinho que degustei e gostei que veio,
claro, do Chile, da região do Vale do Colchagua e é o Autoritas Reserva
Cabernet Sauvignon da safra 2017. Mas uma “rodada” dessa linha muito
interessante da Autoritas da emblemática vinícola Luis Felipe Edwards. Não
posso negligenciar a degustação do Autoritas Chardonnay também que foi outro
vinho que me impressionou pela leveza e informalidade, bem diferente dos
“pesadões” Chardonnays chilenos. E ainda teve a grata surpresa do valor pago.
Essa linha de rótulos já tem um valor bem acessível ao bolso, mas no dia em que
estive fazendo as minhas visitas ao supermercado, tive a sorte grande de
encontra-lo a um incrível valor de R$ 22,90! Pasmem! Pasmem!! Antes de falarmos
do tão esperado vinho, falemos de uma
tradicional região do Chile que vale a pena produzir algumas linhas: Vale do
Colchagua.
Vale do Colchagua
O Vale do Colchágua está localizado à aproximadamente 180 km
de Santiago no centro do país, exatamente entre a Cordilheira dos Andes e o
Pacífico. É cortado pelas águas do rio Tinguiririca, suas principais cidades
são San Fernando e Santa Cruz, e possui algumas regiões de grande valor
histórico e turístico como Chimbarongo, Lolol ou Pichilemu. Colchágua significa
na língua indígena “lugar de pequenas lagunas”.
A fertilidade de suas terras, a pouca ocorrência de chuva e
constante variação de temperatura possibilita o cultivo de mais de 27 vinhas,
que, com o manejo certo nos grandes vinhedos da região e padrões elevados no
processo de produção, faz com que os vinhos produzidos no vale sejam conhecidos
internacionalmente, com alto conceito de qualidade. Clima estável e seco (que
evita as pragas), no verão, muito sol e noites frias, solo alimentado pelo
degelo dos Andes e pelos rios que desaguam no Pacífico, o Vale de Colchágua é
de fato um paraíso para o cultivo de uvas tintas e produção de vinhos intensos.
Em Colchágua, predomina o clima temperado mediterrâneo, com temperaturas entre
12ºC como mínima e 28ºC, máxima no verão e 12ºC e 4ºC, no inverno. Com este
clima estável é quase nenhuma variação de uma safra para a outra; e a ausência
de chuva possibilita um amadurecimento total dos vários tipos de uvas
cultivadas na região. Entre as principais variedades de uvas presentes no Vale
de Colchágua estão as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère, Syrah e Malbec,
que representam grande parte da produção chilena. O cultivo das variedades
brancas, apesar de em plena ascensão, ainda se dá de forma bastante reduzida se
comparada às tintas; as principais uvas brancas produzidas no vale são a
Chardonnay e a Sauvignon Blanc. Ambas as variedades resultam vinhos premiados e
cultuados por especialistas e amantes do vinho.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um vermelho rubi intenso, vivo e com reflexos
violáceos, com lágrimas finas e abundantes.
No nariz explodem os aromas frutados, frutas vermelhas como
cereja, framboesa, com notas agradáveis de madeira, bem integradas ao conjunto
do vinho, devido a passagem de 6 meses por barricas de carvalho, baunilha e
toques de especiarias e pimentão.
Na boca é seco, saboroso, macio, mas com alguma estrutura, as
frutas vermelhas em destaque, como no aspecto olfativo. A madeira aparece, mas
em perfeito equilíbrio com o vinho, deixando sobressair as características da
cepa. Tem taninos finos, sedosos, boa acidez e um final de média persistência.
A palavra “Autoritas” vem do latim auctoritas, que significa prestígio, honra, respeito, autoridade.
Esses valores foram o que inspirou a criação desta marca, desenvolvida por Luis
Felipe Edwards Family Wines. A crista (brasão) da família, presente em cada
garrafa, é o selo que reúne esses valores, passados de geração em geração e
expressos em cada copo da Autoritas. Esse prestígio é a assinatura desse
produtor que, graças aos seus rótulos, independente de valores e propostas, foi
conquistado ao longo desses anos. E é com autoridade que conquistou o meu
coração definitivamente. A cada experiência sensorial com a linha “Autoritas” traz
a certeza de que a tradição, qualidade e idoneidade personificam em tipicidade,
o terroir dentro de uma garrafa que vai diretamente para a taça, para a nossa
taça, a nossa degustação de cada dia. Um vinho redondo, honesto e, primordialmente,
com um valor justo, que cabe no bolso em tempos bicudos! Tem 13% de teor
alcoólico.
Sobre a Viña Luis Felipe Edwards:
A Viña Luis Felipe Edwards foi fundada em 1976 pelo
empresário Luis Felipe Edwards e sua esposa. Após alguns anos morando na
Europa, o casal decidiu retornar ao Chile e, ao conhecer terras do Colchágua,
um dos vales chilenos mais conhecidos, se encantou. Ali, aos pés das montanhas
andinas, existia uma propriedade com 60 hectares de vinhedos plantados, uma
pequena adega e uma fazenda histórica que, pouco tempo depois, foi o marco do
início da LFE. De nome Fundo San Jose de Puquillay até então, o produtor, que
viria a se tornar uma das maiores vinícolas do Chile anos mais tarde, começou a
expandir sua atuação. Após comprar mais 215 hectares de terras no Vale do
Colchágua nos anos de 1980, começou a vender vinho a granel, estudar a fundo
seus vinhedos e os resultados dos vinhos, e cultivar diferentes frutas para
exportação. O ponto de virada na história da Viña Luis Felipe Edwards veio na
década de 1990, quando Luis Felipe Edwards viu a expectativa do mercado sobre
os vinhos chilenos. Sabendo da alta qualidade dos rótulos que criava, o
fundador resolveu renomear a vinícola e passou a usar o seu próprio nome como
atestado de qualidade. Após um período de crescimento e modernização,
especialmente com o início das vendas do primeiro vinho em 1995, a LFE se
tornou um importante exportador de vinho chileno no começo do século XX. A
partir de então, o já famoso produtor começou a adquirir terras em outras
regiões do país. Na busca incessante por novos terroirs de qualidade, ele
encontrou no Vale do Leyda um dos seus maiores tesouros: 134 hectares de
videiras plantadas em altitude extrema, a mais de 900 metros acima do nível do
mar.
Mais informações acesse:
Referências:
Site Clube dos Vinhos em: https://www.clubedosvinhos.com.br/um-passeio-pelo-vale-do-colchagua/
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