Estava a procura de um vinho que me surpreendesse, que me
entregasse certa robustez, estrutura, personalidade e que me custasse pouco,
que não doesse tanto ao bolso. Às vezes eu acordo com esse ímpeto em seguir um
caminho deveras bem delimitado, definido. Mas, por outro lado, pode se tornar
uma missão impossível de encontrar um vinho com tais características a um preço
baixo, acessível a bolsos de meros mortais como eu. Fui às compras, fui a busca
do que queria. E não é que encontrei esse vinho! O mundo do vinho, quando livre
de preconceitos, de visões pré-concebidas, conseguimos “enxergar” o que
queremos, a luz se faz forte, iluminando as nossas pretensões e caminhos.
Mas a procedência me ajudou e muito e digo que foi
preponderante para a minha bem sucedida escolha e que escolha, foi A escolha,
que foi o produtor! Então, sem mais delongas, o vinho que degustei e gostei
veio do Chile, da região de Colchagua, e é da tradicional e bem sucedida Luis
Felipe Edwards, o Autoritas, da casta Cabernet Sauvignon da safra 2015.
Antes de falar do vinho, vamos as curiosidades. A palavra
“Autoritas” vem do latim auctoritas, que significa prestígio, honra, respeito,
autoridade. Esses valores foram o que inspirou a criação desta marca,
desenvolvida por Luis Felipe Edwards Family Wines. A crista (brasão) da
família, presente em cada garrafa, é o selo que reúne esses valores, passados
de geração em geração e expressos em cada copo da Autoritas.
O vinho:
Na taça apresenta uma linda cor vermelha intensa, escuro com
entornos violáceos, com lágrimas em abundância e lágrimas finas que dissipam
vagarosamente das paredes do copo.
No nariz tem uma explosão aromática de frutas vermelhas, com
toques de especiarias, baunilha e a madeira discreta, bem integrada, devido aos
6 meses de passagem por barricas de carvalho.
Na boca tem estrutura, de médio corpo a encorpado, mostrando
a potência da Cabernet Sauvignon, na sua mais sublime essência, mas muito macio
e fácil de degustar, um toque leve de torrefação, taninos redondos e gordos,
mas domados, com boa acidez e um final persistente e frutado.
A verdadeira concepção do vinho tipicamente chileno, um
Cabernet Sauvignon de personalidade marcante, mas harmonioso, fácil de beber,
redondo e a contundente prova de que vinhos com essa proposta pode sim ter um
custo acessível a todos os bolsos, democratizando ou pelo menos ajudando a
disseminar a cultura do vinho entre todos, indistintamente. Tem 13,5% de teor
alcoólico. Ah, o valor foi de R$ 35,90!
Sobre a Viña Luis Felipe Edwards:
A Viña Luis Felipe Edwards foi fundada em 1976 pelo
empresário Luis Felipe Edwards e sua esposa. Após alguns anos morando na
Europa, o casal decidiu retornar ao Chile e, ao conhecer terras do Colchágua,
um dos vales chilenos mais conhecidos, se encantou. Ali, aos pés das montanhas
andinas, existia uma propriedade com 60 hectares de vinhedos plantados, uma
pequena adega e uma fazenda histórica que, pouco tempo depois, foi o marco do
início da LFE. De nome Fundo San Jose de Puquillay até então, o produtor, que viria
a se tornar uma das maiores vinícolas do Chile anos mais tarde, começou a
expandir sua atuação. Após comprar mais 215 hectares de terras no Vale do
Colchágua nos anos de 1980, começou a vender vinho a granel, estudar a fundo
seus vinhedos e os resultados dos vinhos, e cultivar diferentes frutas para
exportação. O ponto de virada na história da Viña Luis Felipe Edwards veio na
década de 1990, quando Luis Felipe Edwards viu a expectativa do mercado sobre
os vinhos chilenos. Sabendo da alta qualidade dos rótulos que criava, o
fundador resolveu renomear a vinícola e passou a usar o seu próprio nome como
atestado de qualidade. Após um período de crescimento e modernização,
especialmente com o início das vendas do primeiro vinho em 1995, a LFE se
tornou um importante exportador de vinho chileno no começo do século XX. A
partir de então, o já famoso produtor começou a adquirir terras em outras
regiões do país. Na busca incessante por novos terroirs de qualidade, ele
encontrou no Vale do Leyda um dos seus maiores tesouros: 134 hectares de
videiras plantadas em altitude extrema, a mais de 900 metros acima do nível do
mar.
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Degustado em: 2017
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