Já falei a plenos pulmões, já revelei o meu amor a casta
branca Pinot Grigio. Foi amor à primeira vista, ou melhor, a primeira
degustação. Já degustei Pinot Grigio chileno, brasileiro, sul africano,
argentino, que é chamado de Pinot Gris, nunca falta, nunca faltou essa casta em
minha adega. Ela sempre desfilou, em suas várias personificações, em várias
regiões, em vários terroirs. Sempre mostrou a sua finesse, a sua delicadeza, o
seu frescor, a sua acidez instigante.
Mas não há como negligenciar os vinhos dessa casta produzidos
na Itália. E quando degustei os meus primeiros rótulos de Pinot Grigio eu,
ávido por informações sobre ela, descobri que os melhores rótulos nascem na
“Terra da Bota”. E, decidido, pensei: Vou degustar um Pinot Grigio italiano!
Preciso desse momento em meu registro enófilo.
Estava em mais uma de minhas incursões ao Supermercado e
fazendo aquelas inspeções mais detalhadas, com um olhar mais dedicado e
apurado, avistei um rótulo muito bonito, em evidência e, com grande destaque
para o nome da casta, ela mesmo, Pinot Grigio e logo larguei outro rótulo,
confesso menos atrativo e fui até o rótulo azul que parecia me chamar como um
imã!
O coloquei em minhas mãos e logo percebi que, além, claro, de
ser um Pinot Grigio, era da região do Vêneto, na Itália! Ah o meu Pinot Grigio
italiano apareceu! O momento, enfim, chegou. Apesar do valor um pouco alto para
este tipo de vinho, eu não hesitei e o levei para casa, senti que a adega o
merecia. Então o vinho que degustei e gostei, veio da região emblemática da
Itália chamada Vêneto e se chama Pasqua da casta Pinot Grigio da safra 2012.
Então já que falamos da Pinot Grigio e da Itália como o berço dos grandes
rótulos dessa casta, falemos um pouco da Pinot Grigio e também da região do
Vêneto.
Vêneto
O Veneto é a terra natal de algumas das mais conhecidas
denominações italianas, como Prosecco, Valpolicella e Bardolino. Um dos maiores
vinhos italianos produzidos nesta região é o encorpadíssimo Amarone. Situada no
nordeste da Itália, a região do Veneto apresenta uma área total um pouco menor
do que as demais áreas vinícolas de Piemonte, Lombardia, Toscana, Puglia e
Sicília, no entanto, possui um volume de produção maior do que tais regiões
italianas.
Embora as regiões da Puglia e Sicília fossem, por um longo
tempo, as principais produtoras de vinho na Itália, a partir da metade do
século XX esse cenário passou por notáveis mudanças. Na década de 1990, o Vêneto
conquistou cada vez mais espaço e reconhecimento com a produção de alguns dos
melhores vinhos italianos, como os tintos Valpolicella e Amarone, além do
maravilhoso vinho branco Soave e do espumante Prosecco.
Na região do Vêneto encontra-se Valpolicella e sua sub-região
Valpatena. Tal área é a responsável pela produção de meio milhão de hectolitros
de vinho por ano e, em termos de volume, Valpolicella é a única DOC italiana
capaz de competir com a famosa DOC Chianti, na Toscana. Ao leste do Veneto
encontra-se Soave, responsável por abrigar o vinho branco seco que carrega o
mesmo nome e encontra-se entre os vinhos italianos mais apreciados.
Apesar de as uvas mais cultivadas no Vêneto serem da casta
Merlot e Prosseco, as videiras que deram origem aos vinhos com certificação de
Denominação de Origem Controlada (DOC) são, na verdade, das castas Pinot
Grigio, Riesling, Garganega, Pinot Nero, Barbera e Corvina, atualmente, as uvas
de maior importância para a produção dos vinhos do Veneto apreciados e
cultuados mundo afora.
Formado pelas sub-regiões de Veneza, Belluno, Verona e Rovido,
o Veneto extrai a maior parte de sua produção de Verona, contabilizando
anualmente cerca de dois milhões de hectolitros de vinhos italianos. O destaque
dessa sub-região vai além do volume de produção local, Verona é o berço dos
reverenciados, famosos e cultuados exemplares de Bardolino e Valpolicella.
Uma curiosidade a respeito do Vêneto é sua forte ligação com
a vinicultura do Brasil, que recebeu muitos imigrantes italianos desta região
na Serra Gaúcha, hoje a melhor área de elaboração de vinhos do nosso país. Não
por acaso, a maioria das vinícolas de sucesso do Vale dos Vinhedos, na Serra
Gaúcha, pertence a famílias de descendentes desses imigrantes de Vêneto, no
nordeste da Itália.
Pinot Grigio
Se você nunca ouviu falar na uva Pinot Grigio, talvez já
tenha degustado um vinho produzido com a Pinot Gris. É possível encontrar a
casta sendo chamada pelos dois nomes diferentes, a depender da origem do vinho,
podendo ser italiano ou francês, respectivamente. A diferença na forma como
chamamos a uva passa pelo próprio significado das duas palavras: o nome Grigio
significa cinza em italiano e Gris, cinza em francês – sendo referência à cor
da casca da fruta. A coloração da uva é um resultado natural do cruzamento
entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc.
A Pinot Grigio surgiu na região da Borgonha, contudo foi em outra região francesa que ela ganhou um lar e ganhou notoriedade também, a Alsácia. Onde era conhecida por outro nome famoso, Tokay, mas que causava muita confusão. Tokay é um termo utilizado para os vinhos mais famosos (e caros) da Hungria, os longevos Tokaji, que nada tem a ver com a Pinot Grigio.
A origem da Pinot Grigio foi descoberta a poucas décadas,
onde constatou-se ser uma cruzamento genético natural entre a Pinot Noir e a
Pinot Blanc. Embora seja de origem francesa, foram os italianos que tornaram
esse varietal mundialmente conhecido e passaram a dominar a sua produção
global. Isso faz com que muitos acreditem que a uva seja originária do
fantástico "país da bota".
Os vinhos produzidos com a Pinot Grigio são muito
influenciados pelos fatores ambientais e humanos envolvidos no processo, o que
chamamos de terroir. Nas regiões frias são encontrados vinhos com maior
intensidade aromática e acidez vibrante, além de serem tipicamente mais leves e
delicados, normalmente denotando aromas frutados, florais e com a sutil
presença de especiarias. Bons exemplos disso são os aromas de pêssego, limão,
tangerina, pera, maçã verde, complementados por flores silvestres, mel,
tomilho, orégano e erva-cidreira. Já as regiões mais quentes produzem
exemplares mais viscosos, aumentando a percepção de corpo da bebida, que,
dependendo do solo, pode apresentar um caráter mineral, lembrando pedras e a
areia molhada.
Agora, se compararmos o perfil dos vinhos franceses e italianos, as características sensoriais serão gritantes. Na França, esses vinhos costumam ser mais encorpados, amarelados e com uma presença picante. Já na Itália, os exemplares são mais refrescantes, versáteis e fáceis de beber. Dependendo do estilo do produto, vinícola e vindima, são vinhos brancos com aptidão ao envelhecimento.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um amarelo palha bem claro, transparente,
com reflexos violáceos bem brilhantes.
No nariz explode em aromas frutados, de frutas brancas e cítricas,
tais como pera, maça verde, melão, laranja e limão, com o característico toque
floral, lembrando flores brancas que traz a sensação de frescor leveza ao
vinho.
Na boca é seco, leve, fresco, com um bom volume de boca, mostrando alguma personalidade e também graças a sua acidez em evidência, mas muito bem integrada ao conjunto do vinho. Muito frutado traz à tona a sua jovialidade aflorada e um final persistente e prolongado.
Minha primeira e satisfatória experiência com um Pinot Grigio italiano corrobora a sua reputação de um dos grandes produtores, em escala global, da casta Pinot Grigio. Um vinho simples, mas com uma inigualável personalidade, bem marcante, fazendo deste rótulo muito versátil, gastronomicamente falando. Se ainda há alguns questionamentos com relação a Pinot Grigio esse vinho pode, sem sombra de dúvida desmistificar, mostrando que a casta é sim especial. Um vinho com o DNA brasileiro, ótimo e ideal para harmonizar com o nosso clima, um vinho que dizem que é para “beira da piscina”, despretensioso, informal e especial. Um viva a Pinot Grigio! Tem 12% de teor alcoólico.
Sobre a Pasqua Vigneti e Cantine:
A Easter Vigneti e Cantine é uma empresa histórica produtora
de vinhos venezianos e italianos de qualidade, uma das líderes no mercado
italiano e estrangeiro. Uma paixão familiar. Quase um século de história. A
história de Pasqua Vigneti e Cantine começou em 1925, quando a primeira geração
dos irmãos Pasqua chegou a Verona com o objetivo de fundar uma empresa dedicada
à venda de vinhos de sua terra natal, a Puglia. Da venda dos vinhos chegaram à
base de uma verdadeira adega. Em poucos anos a empresa se estabeleceu no
cenário do vinho italiano com a aquisição de novos vinhedos na região de
Verona.
Na década de 1960, a segunda geração ingressou na empresa,
trazendo uma abertura para a exportação e uma orientação para a qualidade. O
nascimento na década de 1980 de Cecilia Beretta, uma fazenda e centro de
estudos de última geração para a pesquisa de vinhas, enxertos e vinhedos, é um
símbolo da busca contínua pela excelência.
Em meados dos anos 2000 a empresa fez um investimento
substancial, que demonstra as suas raízes no seu território, com uma nova adega
e instalações de produção em San Felice, no coração das suas vinhas.
Com a entrada na empresa de terceira geração, composta por
Riccardo e Alessandro, o impulso para o mercado externo se fortaleceu ainda
mais, culminando em 2009 com a criação da Pasqua Usa LLC em Nova York.
Em 2017, a Pasqua adquiriu seu próprio importador chinês,
fundando a Pasqua Asia Ltd com sede em Dalian. A empresa está atualmente
presente em 65 mercados ao redor do mundo.
Mais informações acesse:
https://www.pasqua.it/it/home/
Referências:
“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/veneto
“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/regioes/veneto-entre-amores-e-vinhos/
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/veneto
“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-pinot-grigio/
“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/pinot-grigio-conheca-suas-principais-caracteristicas/
Degustado em 2016
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