Será que a minha opinião, de um incondicional fã dos vinhos
verdes, não tem validade nenhuma pelo simples fato de ser um apreciador da
bebida? Talvez seja uma questão que requer alguma discussão, algo mais
aprofundado, mas se buscarmos alternativas para explicar essa predileção de
minha parte eu consiga fundamentar o sucesso de vinhos dessa região em minha
adega, em minha vida.
Os vinhos portugueses têm a maior participação de mercado
aqui no Brasil e os vinhos verdes ganharam uma fatia significativa, diria,
brigando em iguais condições como o do Alentejo, por exemplo, mas só que mais
baratos e que perfeitamente harmonizam com os atuais dias de verão.
E foi inspirado por esses dias quentes em nossas terras que
decidi abrir mais um rótulo de um típico vinho verde: leve, despretensioso e
saboroso. Bem é o que sempre espero por um vinho verde, o tradicional e fresco
vinho verde.
E aquele vinho verde, hoje um rosé, com todo aquele apelo
regionalista composto com castas típicas, oriundas da região dos Vinhos Verdes
e que me motivou não apenas pelo fato de ser um vinho verde, mas porque, ao
longo desses anos o produtor deste vem entregando satisfatoriamente a qualidade
que o terroir pode oferecer.
A Vercoope tem me proporcionado grandes e consistentes surpresas
e depois de Terras de Felgueiras Alvarinho 2017 e o mais surpreendente de
todos, o Cooperativa Agrícola de Felgueiras branco, o vinho que degustei e
gostei veio da região dos Vinhos Verdes, da sub região de Felgueira, é o
Cooperativa Agrícola de Felgueiras, agora na versão rosé das safras Espadeiro
(50%), Vinhão (20%), 15% Amaral e 15% Borraçal, não sendo safrado, apesar de
ostentar um DOC (Denominação de origem Controlada).
Descobri que a região de Felgueiras é conhecida pelos vinhos
verdes, principalmente, de baixíssimo teor alcoólico, jovens, leves, para
degustação rápida, sendo uma ode ao bem estar e bom convívio com pessoas que
gostamos. Então, mesmo simples, ele foi especial, pois estava com velhos e
novos amigos compartilhando momentos de grande celebração. E você já começa com
o brasão da região com dois cachos de uvas, mostrando a vocação de uma região
de produção de vinhos de excelência, de tipicidade, de identidade com os
grandes vinhos verdes. Então vamos falar um pouco mais de Felgueiras.
Então falemos da sub-região de Felgueiras e das autóctones
castas da Região de Vinhos Verdes para termos uma noção do panorama do vinho
que estamos degustamos.
Felgueiras
Felgueiras é uma cidade portuguesa no Distrito do Porto,
região Norte e sub-região Tâmega, com cerca de 15.525 habitantes, inserida na
freguesia de Margaride. É sede de um município com 115,62 km² de área e 58.922
habitantes (2006), subdividido em 32 freguesias. O município é limitado a norte
pelo município de Fafe, a nordeste por Celorico de Basto, a sueste por
Amarante, a sudoeste por Lousada e a noroeste por Vizela e Guimarães.
O município é constituído por quatro centros urbanos: a
Cidade de Felgueiras, a Cidade da Lixa, a Vila de Barrosas e a Vila da Longra.
Verdadeiro coração da NUT Tâmega constitui hoje uma centralidade importante no
mapa de autoestradas e itinerários principais, uma garantia sólida de afirmação
das inúmeras potencialidades reais concelhias. Os bordados são uma das mais
ricas tradições do concelho, que emprega cerca de dois terços das bordadeiras
nacionais.
O filé ou ponto de nó, o ponto de cruz, o bordado a cheio, o
richelieu e o crivo são exemplos genuínos do produto artesanal de verdadeiras
mãos de fada. Os sabores autênticos da gastronomia, a frescura e intensidade
dos aromas dos vinhos e o ambiente de grande animação proporcionam momentos
inesquecíveis. Dando corpo a essa riqueza, foi já constituída a “Confraria do
Vinho de Felgueiras”, destinada a divulgar e defender o vinho e a gastronomia
felgueirenses. Felgueiras, com 58 000 habitantes é um dos concelhos com a
população mais jovem do país e da Europa.
Uma terra de exceção que aposta na valorização dos seus
recursos humanos, na consolidação do campus politécnico, no desenvolvimento
econômico (pleno emprego e centro de negócios) e na consolidação das suas
infraestruturas. Marcada pela invulgar capacidade empreendedora do seu povo é
responsável por 50% da exportação nacional de calçado, por um terço do melhor
Vinho Verde da Região e por um valioso patrimônio cultural. Felgueiras é um dos
municípios com maior desenvolvimento do Norte do país.
A primeira referência histórica a Felgueiras data de 959, no
testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure:
"In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Felgueiras deriva do termo
felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são
avermelhados (rubeans). Havendo quem afirme que o determinativo Rubeans se deve
a que o local foi calcinado pelo fogo. Existem historiadores que afirmam que
Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique.
No entanto, apenas se conhece o foral de D. Manuel a 15 de
Outubro de 1514. No entanto, já em 1220, a terra de Felgueiras contava com 20
paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e vários mosteiros e
igrejas. Em 1855, ao ser transformado em comarca, Felgueiras ganhou mais doze
freguesias. Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à categoria de
cidade.
As castas
Espadeiro
A Espadeiro é uma uva autóctone portuguesa, conhecida por dar
origem à ótimos vinhos tintos e vinhos rosés, na região dos Vinhos Verdes.
Existem, também, duas sub-variedades da uva Espadeiro, Espadeiro Tinto e
Espadeiro Mole. No sul de Portugal, o nome Espadeiro é utilizado para
referir-se a uva Trincadeira (Tinta Amarela). É importante não confundi-las,
pois são variedades completamente diferentes! Com cachos compactos e de formato
cilíndrico, bagos arredondados e de coloração preta-azulada, a Espadeiro é um
casta que apresenta boa resistência ao ataque de pragas e doenças.
A uva Espadeiro é originária do Minho, dentro da região
vitivinícola dos Vinhos Verdes, em Portugal. Fora de sua terra natal, a uva
tinta Espadeiro é cultivada na região de Rías Baixas, na Espanha. Entre os
principais aromas da uva Espadeiro vale destacar notas de frutas cítricas, como
toranja, e nuances de frutas vermelhas, como morango.
Vinhão
A Vinhão, também conhecida como Sousão ou ainda Sauson é uma
uva de pele escura com origens que remontam a oeste da Península Ibérica. A
variedade se estabeleceu na região do Douro, onde se estabeleceu e se chama
apenas Sousão.
A Vinhão ou Sousão apresenta bagos com tamanho mediano e
casca com coloração negro-azulada, com uma excelente capacidade de pigmentar os
exemplares. Além disso, a polpa desta variedade tem coloração levemente rosa,
onde acaba sendo confundida com outras cepas tintureiras, ou seja, uvas com
polpa vermelha e pele escura.
Os vinhos elaborados a partir da uva Vinhão apresentam tons
de violeta e conseguem ser muito opacos e escuros que, quando despejados em
taças, podem quase ser impenetráveis à luz. Estes exemplares exibem um caráter
único, excelentes níveis de acidez, taninos leves e alto teor alcoólico. Os
vinhos Sauson, normalmente, possuem aromas mais frutados e amadeirados, podendo
exibir também notas de passas.
Apesar de todas estas características, a Vinhão pode produzir
também vinhos muito diferentes entre si, ou seja, o estilo dos exemplares
dependerá quase que, exclusivamente, da região onde a uva é vinificada e
cultivada. Na região portuguesa do Minho, é responsável pela elaboração da
maior parte dos vinhos tintos Verdes – rústicos e com elevados níveis de
acidez.
Ainda em Portugal, no Douro, a variedade é utilizada na
produção dos tradicionais e fortificados vinhos do Porto, onde a mesma é
responsável por adicionar excelente coloração e acidez aos exemplares –
características essenciais para que os vinhos exibam uma boa capacidade para
envelhecer. Também é utilizada na elaboração de vinhos de corte ao lado de
outras castas portuguesas, dando origem a vinhos tintos de alta qualidade, que
também podem envelhecer muito bem durante anos. Atingem o ápice qualitativo em
áreas vinícolas com temperaturas mais quentes, enquanto fora de Portugal,
encontra-se o cultivo da Vinhão na Espanha, Austrália, África do Sul e
Califórnia.
Borraçal
Borraçal é uma casta de uva tinta, cultivada na região dos
vinhos verdes, exceto na zona de Monção. Tem um grande interesse regional, pois
é antiga e tradicional. As gentes do campo apreciam muito o seu vinho, pois tem
muita qualidade, mas também o viajante já pede vinhos com casta Borraçal. Além
da sua rusticidade, os seus vinhos são de cor rubi, com uma elevada acidez
fixa, com bagos pequenos a médios, e os cachos são pequenos de forma cónica.
É uma casta rústica, recomendada em toda a região vinícola
dos vinhos verdes. Também lhe chamam, Esfarrapa e Morraça, em Viana do Castelo,
Cainho Grande, Cainho Grosso ou Espadeiro Redondo, em Monção, e na zona de
Basto é conhecida por Azevedo, Bogalhal ou Olho de Sapo.
Amaral
Azal Tinto ou Azar. Também conhecida como Cainho Bravo ou
Cainho Miúdo em Monção, por Cainzinho nos Arcos de Valdevez e por Sousão Galego
na zona de Basto.
Casta tinta de qualidade é mais intensamente cultivada; pouco
produtiva e rústica; dá origem a vinhos de cor vermelha rubi, com aroma sem
destaque a casta, ligeiramente acídulos e encorpados.
E agora o vinho!
Na taça entrega um lindo rosado intenso e muito brilhante com
algumas bolhas que salpicava no copo, mostrando um frisante interessante e anunciando
um frescor e leveza ao vinho.
No nariz é muito aromático, uma exuberância em frutas
vermelhas frescas onde se destacam morango, framboesa e cereja. É refrescante e
delicado.
Na boca é muito frutado, leve, saboroso, tem aquela típica “agulha”
que faz cócegas na língua e uma ótima acidez que faz com que salivemos, sendo
bem gastronômico, mas podendo ser degustado sozinho. Tem um final com muito
frescor e prolongado.
A cada rótulo que degustamos de um vinho verde é uma nova e
grata surpresa, independente de seus valores monetários e de suas propostas. E
apesar dessa diversidade de castas, de propostas e peculiaridades, algo parece
ser consensual: o apelo regionalista. É muito forte, é muito intenso e mesmo
diante da pretensa simplicidade dos vinhos verdes, de seu frescor, de sua
leveza e delicadeza torna-se, por outro lado muito expressivo pela sua
tipicidade, por entregar o que há de melhor do seu terroir. O Cooperativa
Agrícola de Felgueiras de Rosé, apesar de simples, básico traz todas as
características que esperamos de um vinho verde: leve, fresco, com boa acidez,
informal. Um vinho simples, mas nobre que personifica o que de melhor da sua
tradicional região e o melhor: um valor que cabe no bolso de cada um. Excelente
custo X benefício. Tem 10% de teor alcoólico.
Sobre a Vercoope:
A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da
Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras,
Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar,
comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas
cooperativas.
A união permitiu juntar a produção de 4 000 viticultores e
lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade,
dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada
pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em
competições de vinhos e imprensa especializada.
A Vercoope produz anualmente 8 milhões de garrafas de Vinho
Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da
Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está inserida na Região Demarcada dos Vinhos
Verdes, considerada a maior região demarcada de Portugal e uma das maiores do
mundo, essencialmente devido à sua extensão e da área dos solos dedicados à
cultura da vinha, a que acresce uma significativa percentagem de população
diretamente dependente do setor vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde.
A Vercoope é uma entidade vocacionada para o engarrafamento,
comercialização e distribuição de Vinho Verde e integra na sua estrutura as
adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras,
Paredes e Vale de Cambra que representam no seu conjunto explorações vitícolas
de cerca de 5000 viticultores.
Situada em Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e
tecnologicamente avançada, quer com meios técnicos quer com meios humanos, tem
potenciado, desde a sua fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do
Vinho Verde, promovendo a sua divulgação, o seu consumo e a valorização do
produtor.
Com mais de meio século de atividade a defender uma política
de qualidade e prestígio para os seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa
por direito próprio, um lugar de destaque no sector, sendo muito naturalmente
considerada uma instituição de referência no panorama regional e nacional.
Mais informações acesse:
Referências:
Fonte pesquisada sobre a região de Felgueiras: “Terras de
Portugal” em: http://www.terrasdeportugal.pt/felgueiras
“Jornal da Golpilheira”: https://jgolpilheira.wordpress.com/2010/10/28/casta-de-uva-borracal/
“DiVinho”: https://www.divinho.com.br/uva/espadeiro/
“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/uvas-483-Amaral
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/sauson
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