sexta-feira, 12 de maio de 2023

Expresión Reserva Bobal 2016

 

A Espanha possui a maior área cultivada de vitis vinífera do planeta, embora em volume de produção ocupe a terceira posição. Ou seja, uma região que tem a maior área cultivada de uvas finas do mundo merece desbravar, nós merecemos buscar aquelas regiões pouco badaladas e não ficar naquela temível zona de conforto com as famosas Rioja e Ribera del Duero, por exemplo.

Trata-se de um amplo território o qual nos presentei, ano após ano, com vinhos exuberantes e de grande personalidade. E nesses últimos quatro ou cinco anos aproximadamente venho descobrindo, redescobrindo, conhecendo “novas” regiões na Espanha me possibilitando, a cada rótulo degustado, novos prazeres sensoriais e histórias de tirar o fôlego.

É que muitas regiões ainda preferem manter uma espécie de “anonimato”, dedicando a sua produção ao consumo regional, porém outras regiões dedicam esforços incansáveis no sentido de promoção, de difusão de seus vinhos, de seu terroir, com suas castas autóctones, com a tipicidade de seus vinhos e as melhorias em seu processo produtivo e um exemplo latente é Utiel-Requena.

Atualmente nosso mercado tem sido “invadido” por rótulos dessa região, sendo ofertado nos principais e-commerces do país com valores extremamente atraentes, causando, lamentavelmente certas rejeições, afinal ainda existe um terrível preconceito entre os enófilos de que vinhos baratos estão associados à baixa qualidade.

Mas como comprar vinhos é sempre assumir riscos eu decidi investir em vinhos dessa região e tenho tido excelentes surpresas, rótulos muito bons, de tipicidade, de qualidade mesmo, a relação custo X benefício vem imperando nas aquisições.

A casta tinta que predomina além, é claro, da Tempranillo é a Bobal. Ainda é pouco conhecida no Brasil, mas também existe um ceticismo em aceita-la ou ao menos experimentá-la. Como tenho, como disse, desbravado o universo vasto do vinho e mais precisamente dos vinhos espanhóis que vinha negligenciando há alguns anos, me permiti experimentar.

A minha primeira experiência foi com o vinho Bobal de SanJuan da safra 2016 e já de imediato me conquistou pela sua vivacidade, elegância, frescor, intensidade aromática e personalidade. Evidente que não iria parar por aqui e decidi continuar em busca de novos rótulos que levasse a Bobal.

Veio a Bobal dividindo o protagonismo com a Tempranillo do belíssimo Valtier Reserva da safra 2013, que degustei com oito anos de garrafa e estava maravilhoso, com plenitude e vivacidade, que certamente teria alguns anos mais em evolução.

Depois segui com mais uma nova experiência com a Bobal protagonizando solitária, com um vinho de abordagem mais jovem, frutada de um produtor que adoro chamado Murviedro, o DNA Murviedro Bobal 2018. O nome entregou firmemente o seu terroir que já se estabelecia em minhas predileções sensoriais.

E hoje decidi subir alguns degraus de características e propostas e, mais uma vez, degustar a Bobal solitariamente, porém com passagens por barricas de carvalho. É uma nova abordagem da Bobal que não preciso dizer o quão estou animado para ter em minha humilde taça.

Então vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio, claro, da região espanhola de Utiel-Requena e se chama Expresión Bobal, um reserva da safra 2016. E para a minha alegria o rótulo também é da vasta linha de vinhos da Bodega Murviedro, algo mais para abrilhantar essa degustação espetacular. Mas antes de tecer, com requintes de detalhes, comentários do vinho, vamos de história, vamos de Utiel-Requena e da Bobal.

Utiel-Requena

Recentemente, foram descobertos registros arqueológicos que comprovam que, desde o século V a.C., era praticada a vitivinicultura na região de Utiel-Requena. Sítios arqueológicos como El Molón, em Camporrobles, Las Pilillas, em Requena e Kelin, em Caudete atestam o passado vinícola da região. Quando do domínio romano sobre a região, estes introduziram novas técnicas de vinificação, propiciando a melhora dos vinhos ali produzidos.

El Molón

Utiel-Requena têm sua história também ligada ao período conhecido como Reconquista: a retomada, a partir do século VIII, do controle europeu dos territórios da Península Ibérica, dominados pelos árabes (mouros) desde o século VI. Muitas das cidades da região foram fundadas e/ou possuem grande influência islâmica em suas construções, bem como vestígios de fortalezas e construções mouras, como a cidade de Chera, por exemplo.

Em 1238, a região cai sob o domínio do reino de Castela. No século seguinte, após conflitos envolvendo este reino e seu vizinho, Aragão, ocorre a união entre a rainha Isabel (Castela) e Fernando (Aragão), conhecidos como os Reis Católicos, e, após a conquista dos demais reinos ibéricos por estes (exceto Portugal), constitui-se o Reino da Espanha. Utiel-Requena, consequentemente, torna-se domínio espanhol.

Fortaleza Moura nos arredores de Chera

Durante o século XIX, eclodem na Espanha as Guerras Carlistas, que dividem a população espanhola entre os partidários do absolutismo e do liberalismo; reflexo de outras manifestações do mesmo cunho ocorridas Europa afora. Utiel (absolutista) e Requena (liberal), assim como as demais cidades da região, assumem posições antagônicas, situação somente resolvida com a conclusão da Primeira Guerra Carlista.

Utiel-Requena localiza-se na porção leste do território espanhol, dentro da província de Valencia. Situa-se numa zona de transição entre a costa mediterrânea e os platôs da região da Mancha. Seus vinhedos localizam-se predominantemente entre os rios Turia e Cabriel.

Utiel-Requena

A região possui um dos climas mais severos de toda a Espanha. Os verões costumam ser longos e quentes (máximas por vezes de 40 graus), enquanto os invernos são muito frios, com ocorrência frequente de geadas e granizo (mínimas podem chegar a -10 graus).

No entanto, as vinhas encontram-se adaptadas a tais rigores e oscilações e, como atenuante, sopra do Mar Mediterrâneo o Solano, vento frio que ajuda a suavizar o efeito dos quentes verões da região. O solo possui cor escura, de natureza calcária e pobre em matéria orgânica.

Utiel-Requena é uma DOP (Denominación de Origen Protegida – Denominação de Origem Protegida) pertencente a Comunidad Valenciana, a qual possui certa autonomia em relação ao governo central espanhol. Não possui sub-regiões.

Tradicionalmente, Utiel-Requena é a terra da Bobal, cepa tinta autóctone (originária da região) bastante adaptada aos rigores do clima da região. Ocupa 75% da superfície total dos vinhedos, também sendo bem adaptada ao calcário típico do seu solo.

São produzidos rosés e tintos, em sua maioria varietais, desta cepa; os primeiros costumam ser muito aromáticos, remetendo geralmente a frutas negras e muito frescos no paladar. Os tintos, por sua vez, geralmente são muito bem estruturados e potentes, com aromas de frutas maduras, especiarias e notas de couro.

Possuem bom potencial de envelhecimento. Uma curiosidade: quando da expansão da filoxera pelo continente europeu, as vinhas de Bobal demonstraram grande resistência à praga, ao contrário da maior parte do vinhedo do continente, o que permitiu à região manter por algum tempo as plantações sem a enxertia com a videira americana, e também propiciou um grande aumento das vendas e exportações de seus vinhos, avidamente procurados por consumidores “puristas”, em busca de vinhos oriundos de videiras sem a enxertia.

Também se faz presente a cepa Tempranillo, plantada em cerca de 12% das vinhas da região. Outras cepas tintas permitidas pela legislação: Garnacha (Grenache) Tinta, Garnacha Tintorera, Cabernet Sauvignon, Mertlot, Syrah, Pinot Noir, Petit verdot e Cabernet Franc.

Diante da predominância tinta, naturalmente a participação das vinhas brancas na composição da denominação é baixa: cerca de 6%. A cepa mais cultivada é a também autóctone Tardana, de amadurecimento tardio. Produz vinhos de cor amarela, pálidos com reflexos dourados. Os aromas geralmente remetem a frutas como abacaxi e maçã. Frescos e equilibrados no paladar, costumam ser bem estruturados e de boa persistência na boca. Outras variedades brancas plantadas são: Macabeo, Merseguera, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Parellada, Verdejo e Moscatel de grano menudo.

Bobal

As primeiras notícias da Bobal datam do século XIV. Da costa de Valência, esta uva estabeleceu-se com sucesso em outras regiões do interior da Espanha. Lugares como Utiel-Requena, Ribera e Manchuela, todas Denominação de Origem Controlada, tem a Bobal como uma das suas principais variedades, chegando seu cultivo ser quase que majoritário.

A Bobal é pouco cultivada fora da Espanha, há plantações dela nas regiões de Languedoc-Roussillon, no sul da França, e da Sardenha, na Itália. Dentro dessas regiões é também conhecida por requena, espagnol, benicarlo, provechón, valenciana, carignan d’espagne, balau, requenera, requeno, valenciana tinta ou bobos. Seu nome é derivado da palavra latina Bovale, que significa touro, e refere-se à semelhança que os seus cachos têm com a cabeça de um touro.

Bobal

É uma uva de porte médio para grande, com bagos redondos e cheios de sumo; além disso, apresentam quantidade razoável de taninos e sabores de chocolate e frutos secos. Seus cachos, por sua vez, são muito grandes, bem compactados e pesados.

Dá-se muito bem com climas mediterrâneos. Elabora diferentes tipos de vinhos, com especial destaque para os vinhos rosés, sempre jovens, com muita cor e com boa acidez; a Bobal ainda é responsável pelos aromas frutados destas bebidas. Os tintos desta uva são pouco alcoólicos, mas muito saborosos, vinhos de coloração cereja escura profunda e boa estrutura de taninos.

Por sua versatilidade e acidez adequada, a Bobal pode ainda ser ainda utilizada para produzir espumantes. As peles grossas de Bobal têm uma elevada quantidade de uma substância que dá cor intensa aos vinhos, bem como presenteia a bebida com uma presença importante de taninos finos, esse é um dos motivos que tem dado a esta uva um destaque especial na produção espanhola, principalmente na região de Manchuela, cujo status de Denominação de Origem deu respaldo ao cultivo da Bobal e aos os vinhos elaborados com ela frente ao mercado interno e externo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, quase escuro, com halos granada, talvez pelo tempo de garrafa, sete anos, ou pela passagem por barricas de carvalho, com lágrimas finas, lentas e em profusão com alguma viscosidade.

No nariz é muito aromático e entrega aromas de frutas negras e vermelhas maduras com destaque para cereja, framboesa, morango, bem compotado, com notas amadeiradas evidentes, graças aos doze meses em barricas de carvalho, mas muito bem integrado, com toques de coco queimado, baunilha, chocolate e algo de herbáceo, de grama cortada.

Na boca é seco, mas saboroso, intenso, complexo, estruturado, cheio, bom volume de boca, alcoólico, com as frutas maduras protagonizando, como no aspecto olfativo, bem como as notas amadeiradas, em destaque, mas em plena convergência com a fruta mostrando equilíbrio. Os taninos são presentes, marcados, imponentes, mas domados, maduros, com acidez incrivelmente vívida, salivantes o que surpreende no auge dos sete anos de garrafa. O chocolate, tostado, a baunilha também aparecem, com um final de média persistência.

Definitivamente o nome do vinho expressa fielmente o que o vinho entrega na taça: “Expresión”. A Murviedro foi muito feliz e tocada pela inspiração ao conceder tal nome a este rótulo complexo, de um vinho de explosão aromática, com as notas frutadas gritando, com notas amadeiradas bem integradas ao vinho, com o paladar guloso, cheio, poderoso, cheio de personalidade, mas elegante, austero e macio. A Bobal pode proporcionar versatilidade com notas complexas e de personalidade, mas ser fácil de degustar, agradável. O céu é o limite para a Bobal, para Utiel-Requena que, a cada experiência, se torna agradável e especial. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Bodega Murviedro:

Bodegas Murviedro foi fundada em Valência em 1927, a princípio como filial espanhola do Grupo Swiss Schenk, que cresceu e se tornou uma das vinícolas mais importantes da região.

A Schenk España decide então, em 1931, concentrar as suas atividades na adega de Valência, o que, localizado junto ao porto, significou o início de um dos principais pilares da marca: a exportação.

Posteriormente, já em 2002, a empresa aproveita ao máximo as comemorações do 75º aniversário ao mudar seu nome para ‘Bodegas Murviedro’ em homenagem ao seu vinho Cavas Murviedro, uma das marcas de vinho mais emblemáticas da Comunidade Valenciana, o que fez de Murviedro uma das vinícolas mais renomadas.

A vinícola, desde que começou as suas atividade, sempre teve acesso a uma ampla variedade de castas indígenas e internacionais e produzem um amplo portfólio de estilos de vinho.

A filosofia da empresa baseia-se na combinação de modernas técnicas de vinificação com uvas de vinhas tradicionais para atender aos mais altos padrões internacionais de qualidade, mantendo seu caráter espanhol assim como a originalidade.

Mais informações acesse:

https://murviedro.es/

Referências:

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/os-prazeres-da-uva-bobal/

Blog “O Mundo e o Vinho”: http://omundoeovinho.blogspot.com/2015/11/utiel-requena.html

 

 

 














sábado, 6 de maio de 2023

Nebbiolo D'Alba Brumo 2018

 

“Todo Barolo é feito com Nebbiolo, mas nem toda Nebbiolo é feita com Barolo”. Sempre li ou ouvi essa frase quando o assunto era o “Rei dos Vinhos” ou o “Vinho dos Reis”, o Barolo, um pequeno, mas emblemático local que fica na região italiana do Piemonte.

E sempre que lia ou ouvia os tais influenciadores do universo do vinho falar em Barolo ou Nebbiolo, achava que tais vinhos jamais desfilariam em minha reles e humilde adega. O tempo foi passando e as possibilidades foram aumentando. Tinha uma luz, mesmo que distante, no fim do túnel.

Alguns e-commerces começaram a baratear alguns Barolos e sim, começou a se tornar viável, palpável a possibilidade de tê-los em minha adega. Consegui, com alguma dificuldade, comprar o meu primeiro Barolo, há cerca de 3 anos atrás, aproximadamente.

E como foi especial tal momento! Ter um clássico italiano desse porte em minha adega era certeza de que estava no caminho certo para as cortinas se abrirem para a aquisição de outros clássicos do país da bota. E não há país no mundo que produza tantos clássicos como a Itália.

Mas com a compra de meu primeiro Barolo eu descobri que para apreciá-lo em sua plenitude, tem de fazê-lo com pelo menos uns oito ou nove anos de garrafa. O meui rótulo, de 2016, precisava esperar um pouco mais, porém a ansiedade gritava a plenos pulmões para degustar.

O que fazer? Foi nesse momento que eu descobri essa frase que iniciou o texto. Então podemos ter rótulos com a clássica Nebbiolo, mas que não é o Barolo e que poderia ser degustado mais cedo. Então me coloquei a pesquisar rótulos com valores atraentes para degustar mais cedo e finalmente conhecer, na taça, a Nebbiolo.

De início pesquisei alguns da região do Langhe, os mais famosos, e os valores estavam demasiadamente altos, até mais que o Barolo! O que fazer? Continuar procurando. Afinal estava determinado a ter um Nebbiolo que não precisava ser Barolo!

E em um site mais popular, de alcance diversificado de público, encontrei um Nebbiolo, porém da região de Alba, no Piemonte, com um preço irresistível, na faixa, à época, de R$89,00, e não hesitei, comprei.

O vinho evoluiu ainda alguns anos, talvez cerca de dois anos, na adega, evoluindo, precisava também de tempo, afinal, embora na seja Barolo, é um Nebbiolo e a casta é conhecida pelo seu tanino marcado e acidez alta. Esperei, no auge da ansiedade, um pouco mais, fui paciente.

Hoje, olhando a adega e o vinho, decidi que seria o momento propício para degusta-lo, enfim chegou o aclamado momento! Hoje com seus exatos cinco anos de garrafa creio que o encontrarei no auge da degustação.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região de Alba, no Piemonte, terra do Barolo, na Itália e se chama Brumo, um 100% Nebbiolo da safra 2018. E como não podemos negligenciar a história, vamos de Alba, Piemonte e da minha “estreia”, a Nebbiolo.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

A região do Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos.

Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

As sub-regiões do Piemonte

As sub-regiões do Piemonte diferem bastante entre si e possuem muitas DOC. São elas:

Monferrato

É uma vasta região de colinas, que pode ser dividida em duas partes bem diferentes:

Basso Monferrato - (Raciocinar ao inverso) é a parte mais setentrional e de maiores altitudes, com a base pelos 350m e os picos em 700m, um território muito apropriado para os vinhedos. Aqui predominam a Barbera e a Grignolino, em vinhos macios e fáceis de beber se comparados aos demais tintos piemonteses. Em Chieri se produz um Freisa DOC.

DOC: Albugnano, Cisterna d´Asti, Colline Torinesi, Dolcetto d`Asti , Freisa di Chieri, Gabiano, Grignolino d`Asti, Grignolino del Monferrato, Malvasia di Casorzo d`Asti, Malvasia di Castelnuovo Don Bosco, Monferrato, Rubino di Cantavenna , Ruché di Castagnole Monferrato

DOCG: Barbera d`Asti, Barbera del Monferrato,

Alto Monferrato - Ainda raciocinando invertido, aqui estão altitudes menores, e curiosamente o terreno é mais acidentado, com encostas mais íngremes e vales mais profundos. Esta conformação estranha tem seu efeito na viticultura, inicialmente pelo plantio de Barbera e Moscato, seguido das uvas autóctones como a Cortese, que aqui tem sua melhor expressão, na DOCG Gavi. Em seguida vem a Dolcetto, com ótimos resultados no entorno de Acqui e Ovada ambas DOCs. A terceira menção é a Brachetto, muito difundida no passado, mas hoje restrita a 50 hectares em Strevi. O Alto Monferrato costuma ser dividido em Monferrato Casalese e Monferrato Astigiano, por suas diferenças de território.

DOC: Dolcetto d`Acqui, Cortese Dell`Alto Monferrato, Dolcetto d`Alba, Loazzolo,

DOCG: Asti, Bracchetto d`Acqui (Acqui), Moscato dAsti, Gavi (Cortese di Gavi).

Langhe

Tem seu principal centro vitícola em Alba, mas a fama mundial desta província veio de dois centros menores, Barolo e Barbaresco. É neste local que a Nebbiolo, já qualificada em outras sub-regiões, se exprime ao nível mais alto, nestes ícones italianos. Aqui também se produzem os qualificados Moscato dAsti, os ótimos Nebbiolo, o Barbera dAlba e quatro Dolcettos, sendo o melhor o Dogliani. Para acolher os vinhos menos portentosos, mas muito bons, existe a DOC Langhe.

DOC: Barbera d`Alba, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Langhe, Nebbiolo d`Alba, Verduno Pelaverga (Verduno),

DOCG: Barbaresco, Barolo, Dolcetto delle Langhe Superiore, Dolcetto di Diano d`Alba (Diano dAlba), Dolcetto di Ovada Superiore (Ovada)

Roero

É um distrito situado na margem oposta a Alba, tendo como centros Bra e Canale. Aqui também se planta Nebbiolo, mas as brancas Arneis e Favorita, que no passado eram usadas em cortes, hoje produzem ótimos varietais.

DOC: Roero e Roero Arneis

Colline Astigniame

Compreendem uma área de vinicultura de grande interesse, situadas entre Canelli e Nizza, onde se produzem Moscato d`Asti e Barbera d`Asti. Aqui se diz ter sido inventado o espumante, há mais de um século e que tem aqui seu maior centro produtivo.

Colli Tortonesi

Estão entre o Alto Monferrato e o Pavese e possuem características ambientais e culturais típicas do Piemonte. As variedades principais são a Barbera eCortese, mas têm-se trabalhado outras uvas. Recentemente foi descoberta a variedade branca Timorasso.

DOC: Colli Tortonese

Colli Saluzzesi

Engloba 9 comunidades em Cuneo nas colinas suaves vale do rio Po. Aqui se cultivam Barbera e Nebbiolo, e também as variedades Pelaverga e Quagliano, das quais se produzem varietais.

DOC: Colline Saluzzesi, Pinerolese

Cavanese

Está na região a nordeste de Torino, com duas regiões vinícolas de importância:

A primeira está centrada no município de Caluso, se estendendo até as colinas de Ivrea. Aqui predomina a variedade autóctone branca Erbaluce, que produz um vinho passito tradicional e um branco delicado.

A segunda é a zona de Carema, com vinhedos em terraços com muros de pedra e pérgolas, cultivando a Nebbiolo.

DOC: Erbaluce di Caluso, Caluso Passito, Cavanese, Carema

Colli Novaresi e Colli Vercellosi

Estão situadas a noroeste, perto do lago Maggiore, nas províncias de Biella, Novara e Vercelli, abrigando diversas DOCs, algumas de alto nível. A mais prestigiada é o Gattinara, tinto famoso desde a corte de Carlos V, que hoje foi elevada a DOCG, e também a DOC Ghemme.

DOC: Boca, Bramaterra , Colline Novaresi, Coste della Sesia, Fara, Lessona, Sizzano,

DOCG: Gattinara, Ghemme


Nebbiolo

Originária da região do Piemonte, na Itália, onde foi identificada no século XIII, quando ela era chamada de Nibiol, a uva Nebbiolo é a uva dos grandes vinhos tintos italianos, como os reputados Barolo e Barbaresco e, ao lado da casta Sangiovese, é uma das mais nobres cepas tintas da Itália.

O nome da casta é baseado nas condições climáticas da região de Piemonte, local conhecido por apresentar uma forte presença de neblina. O termo Nebbiolo provém da palavra nebbia (neblina), condição climática extremamente presente nas colinas de cultivo da casta na época do outono, período em que a uva é colhida para dar início à elaboração de vinhos tintos poderosos.

Na Itália pode-se encontrar uma série de sinônimos para algumas das principais variedades do país. E a Nebbiolo, estrela do Piemonte, não fica atrás e recebe outros vários nomes. Na região de Valtellina, por exemplo, ela pode ser encontrada e com o nome de Chiavennasca. Outros sinônimos menos comuns são Prunent, Spanna e Picoutender.

Possuindo cacho alongado e casca fina, as uvas denotam uma presença marcante de pruína, uma espécie de cera que confere um leve tom esbranquiçado ao bago da Nebbiolo, outra característica que pode ter influenciado a escolha do nome para essa casta.

Nebbiolo

A uva Nebbiolo é cultivada nas encostas da região do Piemonte, local que reúne características singulares para que haja o crescimento e amadurecimento correto das vinhas, tornando-as favoráveis à elaboração de vinhos tintos intensos.

Seus vinhos têm aroma intenso e complexo, maravilhoso, com características únicas. Na boca são poderosos, tânicos, com grande acidez e bastante austeridade. Perfeitos para acompanhar momentos gastronômicos que possuam sabores marcantes e fortes, os tintos elaborados com a casta Nebbiolo acompanham de forma única e com duradouro momento de prazer e degustação carnes assadas, risotos e queijo grana padano.

Embora seja uma uva um pouco difícil ao primeiro contato, ela produz vinhos tintos grandiosos, que podem durar muito tempo. Alguns dos vinhos elaborados com a casta Nebbiolo amadurecem mais de 10 anos antes de serem apreciados e degustados, atingindo o melhor ponto de consumo.

Os vinhos da região de Barolo, são elaborados 100% com a uva Nebbiolo. São vinhos bastante profundos, intensos, longevos rústicos e com excelente potencial de guarda.

Já os Barbarescos são menos tânicos que os Barolos, mas ainda assim muito complexos. Seus aromas são mais puxados para as frutas vermelhas, como morango, framboesa e cereja.

Há ainda outras variações menos complexas, como Langhe Nebbiolo, Nebbiolo D’Alba e Magno. São vinhos que apresentam as mesmas características da uva, porém não necessitam de tanto tempo evoluindo em garrafa, podendo ser apreciados mais jovens.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi de intensidade média, lembrando um Pinot Noir, apenas visualmente, com halos granada, atijolado, mas com muito brilho, além de lágrimas finas, lentas e em profusão denotando seu alto teor alcoólico.

No nariz aromas abundantes e fragrantes de frutas vermelhas maduras, como framboesas, cerejas e morangos, variando com notas especiadas, de pimenta, com um evidente amadeirado, graças aos 80% do lote que passou 12 meses em barricas de carvalho, que entrega baunilha, um discreto defumado.

Na boca é seco, poderoso, estruturado, robusto e como no aspecto olfativo se mostra complexo, mas elegante e equilibrado. A fruta vermelha madura ganha protagonismo no paladar, bem como os toques amadeirados, mas ambos em total sinergia, com notas de chocolate, baunilha, caramelo, toffee, mentolado e algo de terra molhada. Traz taninos marcados, potentes e presentes, com uma intensa acidez, extremamente salivante com um final persistente e cheio.

A primeira experiência com a Nebbiolo foi especial, única, certamente ficará na memória por todo o sempre, enquanto houver uma taça, enquanto houver amor pelo vinho, esse rótulo estará em minha mente e foi uma “entrada” e tanto para a degustação dos meus já seis rótulos que possuo em minha adega! Sim! O Tempo foi passando e o Barolo já faz parte da minha vida enófila! Que o tempo passe e que me brinde com os melhores Barolos que pude ter.

E aqui vale uma curiosidade sobre o nome do vinho degustado, o Brumo Nebbiolo 2018. A Nebbiolo, casta nobre típica do Piemonte, recebe o nome de “pruina”, uma substância que podemos encontrar na casca das bagas que as faz parecer cobertas por neblina (“nebbia” ou “bruma” em italiano). E é na época do nevoeiro – entre Outubro e Novembro – que o Nebbiolo amadurece: agora se explica o nome do nosso Nebbiolo d'Alba DOC “Brumo”.

Tem 14% de teor alcoólico.

 Sobre a SanSilvestro Vini:

A vinícola San Silvestro está localizada em Novello , no coração do  distrito de Barolo . Aqui, Paolo e Guido Sartirano comandam os negócios com sabedoria e respeito pela tradição e pela história desta empresa.

Eles representam a quarta geração e querem respeitar o trabalho que sua família fez para chegar onde está hoje. Investimentos para o futuro com olhos atentos aos valores que aprenderam com seus ancestrais: consistência, autenticidade e inovação.

Cada taça incorpora esses três princípios para devolver vinhos que refletem a singularidade desta grande área. Trabalhando em estreita colaboração com viticultores de diferentes áreas vinícolas, San Silvestro oferece uma variedade de vinhos que vão de Gavi a Barbaresco, passando pelos distritos de Asti e Barolo.

Mais informações acesse:

https://www.sansilvestrovini.com/?lang=en

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=PIEMONTE

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/nebbiolo

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/nebbiolo-famosa-uva-do-piemonte-e-seus-outros-nomes_12622.html

“Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/uva-nebbiolo/

 

 

 

 

 

 

 






 


sexta-feira, 5 de maio de 2023

Chão do Conde Reserva Baga 2018

 

Desde que descobri a Bairrada e suas castas tintas e brancas, venho em uma escalada de degustação e me enamorando cada vez mais por suas particularidades, por seu terroir, por sua história.

Não há como negar que, apesar de ainda não ser muito famosa em nossas terras, como Alentejo, como a Região dos Vinhos Verdes, a Bairrada e o Beira Atlântico tem a sua importância em Portugal, principalmente pela excelência de seus espumantes e da casta emblemática tinta, a Baga.

Depois que Luis Pato, experiente e importante homem do vinho da região bairradina, domou a casta que era rústica ao extremo, a Baga vem atingindo algum status de importância, de reverência, principalmente, claro, por conta dos seus rótulos.

Os poucos vinhos dessa região, hoje nem tanto, que chegam ao mercado brasileiro de vinhos, a Baga reina entre as tintas, sejam em blends, que predomina, ou na versão monovarietal.

E para alguns especialistas do vinho um rótulo de Baga, dada as devidas características ou propostas para se equiparar, em termos de longevidade, a um Barolo! Sim! A um Barolo, desses que são tidos como de “entrada”, que tem potencial de guarda de cerca de 20 anos, aproximadamente.

O fato é que realmente rótulos que ostentam a casta Baga definitivamente têm guarda, tem longevidade e não duvidaria que pudesse se equiparar a um Barolo. De fato é incrível que vinhos como esse possam durar tantos anos!

Quando comecei a degustar vinhos da Bairrada e do Beira Atlântico a Baga veio até a mim em cortes, em blends, mas quando tive a oportunidade que ela me viesse por inteiro veio o rótulo do Beira Atlântico, não da Bairrada. Mas nem por isso a minha alegria e privilégio foram baixos, pelo contrário, estava radiante pelo momento.

E quando degustei o Moinho de Sula Reserva Baga 2014 em 2022, ou seja, com oito anos de garrafa, confesso que senti algum receio em como iria encontrar o vinho. Será que estaria morto? Não! O vinho estava vivo, pleno e sem nenhum destaque de aromas terciários, de evolução mais evidente! Certamente teria muitos anos ainda pela frente.

E graças a Adega de Cantanhede eu pude ter acesso aos vinhos da Bairrada e do Beira Atlântico, pois são vinhos de excelente custo X benefício, haja vista que os que aqui chegam, que nos ofertam, ainda estão, confesso, pouco acessíveis pelo alto valor praticado.

E com isso claro continuei desbravando os rótulos monovarietais de Baga e, mais uma vez, a Adega de Cantanhede me proporcionou esse momento, agora com o Conde de Cantanhede Reserva 2015, agora um DOC Bairrada, degustado também com oito anos de garrafa! As impressões foram às mesmas que o Moinho de Sula Reserva! Que vinho estupendo e cheio de personalidade. A Baga realmente me fisgou por inteiro, não deixou rastros de dúvidas em minha predileção.

Decidi continuar a minha caminhada e em um belo dia quando fazia as minhas já costumeiras incursões em mercados, avistei ao longe, meio discreto, sem nenhum destaque um vinho, que tinha um belo rótulo.

Averiguei, já com ele em minhas mãos, cada detalhe, para saber um pouco mais sobre ele, e as informações salpicaram em minhas mãos. Era um Baga 100%! Só por isso já estava animado, era da Adega de Cantanhede, não o conhecia. Era do Beira Atlântico. E estava em um valor extremamente atraente, cerca de R$ 55!

Não hesitei muito e pelo que tinha de informações em mãos, me bastava para tê-lo em minha adega, o comprei. E não demorou tanto para degusta-lo, ficou cerca de um ano nela e hoje, com cinco anos de garrafa, é chegado o momento de viver novas emoções com a Baga.

O vinho está maravilhoso, mais uma vez a Baga revela ser uma das mais representativas castas tintas de Portugal e, sem mais delongas, irei apresenta-lo. O vinho que degustei veio da região portuguesa do Beira Atlântico e se chama Chão do Conde Reserva, um 100% Baga, da safra 2018. Antes de tecer comentários detalhados do vinho, vamos de história, vamos de Beira Atlântico e vamos de Baga.

Beira Atlântico

A produção de vinho na região remonta ao tempo dos romanos, fazendo disso prova os diversos lagares talhados nas rochas graníticas (lagares antropomórficos), onde na época o vinho era produzido. Já nos reinados de D. João I e de D. João III, respectivamente, foram tomadas medidas de proteção para os vinhos desta área do país, dadas a sua qualidade e importância social e econômica.

A tradição destes vinhos remonta ao reinado de D. Afonso Henriques, que autorizou a plantação das vinhas na região, com a condição de ser dada uma quarta parte do vinho produzido.

Estendendo-se desde o Minho ate a Alta Estremadura, e uma região de agricultura predominantemente intensiva e multicultural, de pequena propriedade, aonde a vinha ocupa um lugar de destaque e a qualidade dos seus vinhos justifica o reconhecimento da DOC "Bairrada".

IG Beira Atlântico

Os solos são de diferentes épocas geológicas, predominando os terrenos pobres que variam de arenosos a argilosos, encontrando-se também, com frequência, franco-arenosos. A vinha e cultivada predominantemente em solos de natureza argilosa e argilo-calcaria. Os Invernos são longos e frescos e os Verões quentes, amenizados por ventos de Oeste e de Noroeste, que com maior frequenta e intensidade se faz sentir nas regiões mais próximas do mar.

A região da Bairrada situa-se entre Agueda e Coimbra, delimitada a Norte pelo rio Vouga, a Sul pelo rio Mondego, a Leste pelas serras do Caramulo e Bucaco e a Oeste pelo oceano Atlântico. E uma região de orografia maioritariamente plana, com vinhas que raramente ultrapassam os 120 metros de altitude, que, devido a sua planura e a proximidade do oceano, goza de um clima temperado por uma fortíssima influencia atlântica, com chuvas abundantes e temperaturas médias comedidas.

Os solos dividem-se preponderantemente entre os terrenos argilo-calcários e as longas faixas arenosas, consagrando estilos bem diversos consoantes à predominância de cada elemento.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Integrada numa faixa litoral submetida a uma fortíssima densidade populacional, a propriedade rural encontra-se dividida em milhares de pequenas parcelas, com dimensões medias de exploração que raramente ultrapassam um hectare de vinha, favorecendo a presença de grandes adegas cooperativas e de grandes empresas vinificadoras, a par de um conjunto de produtores engarrafadores que muito dignificam a região.

As fronteiras oficiais da Bairrada foram estabelecidas em 1867, por Antônio Augusto de Aguiar, tendo sido das primeiras regiões nacionais a adoptar e a explorar os vinhos espumantes, uma vez que na região, o clima fresco, úmido e de forte ascendência marítima favorece a sua elaboração, oferecendo uvas de baixa graduação alcoólica e acidez elevada, condição indispensável para a elaboração dos vinhos espumantes.

Baga

A uva Baga, uma das principais uvas nativas de Portugal, é capaz de oferecer enorme complexidade aos rótulos que compõe. Demonstrando muita classe e estrutura, a variedade da casta de tintos é única no seu valor e possui um fantástico potencial de envelhecimento, que atua com o vinho na garrafa durante anos após sua fabricação.

A uva Baga é uma variedade amplamente utilizada na costa central de Portugal, na elaboração de ótimos vinhos tintos. Particularmente na região da Bairrada, a Baga é, sem dúvida, uma das uvas tintas mais cultivadas, além de ser plantada também no Dão e em Ribatejo.

Há quem diga que a casta nasceu nas terras do Dão, inclusive alguns produtores locais mais tradicionais defendem essa tese, mas foi nas terras da Bairrada que ganhou reputação, onde ocupa mais de 90% dos vinhedos.

A Baga é conhecida tradicionalmente pela espessura de sua pele, em proporção com o tamanho das pequenas bagas que o cacho apresenta. Além disso, essa variedade é extremamente tânica, podendo ser notado o caráter adstringente em alguns vinhos.

Baga

A Baga é uma uva pequena, com casca grossa, capaz de oferecer classe e estrutura aos rótulos que compõem que vão desde os tintos até os rosés e espumantes. É exatamente o fato de o fruto ser pequeno que faz com que os vinhos da uva Baga tenham taninos em alta concentração e acidez acentuada.

No passado, a Baga era conhecida por ser empregada na produção de vinhos rústicos, excessivamente ácidos e tânicos e de pouca concentração. Porém, após a chegada do genial Luís Pato, conhecido como o “revolucionário da Bairrada” e maior expoente desta variedade, a casta da uva Baga foi “domesticada”.

Luis Pato

O cultivo da Baga é árduo e trabalhoso, demorando em que o amadurecimento ocorra. A fruta desenvolve-se melhor quando plantada em solos argilosos e necessita de uma excelente exposição ao sol durante o processo de cultivo.

Entretanto, após os devidos cuidados e maturação, a Baga produz preciosos rótulos, podendo envelhecer na garrafa durante anos, garantindo complexidade e elegância para seus exemplares, além de tornar os vinhos concentrados, aromáticos e possuidores de uma coloração escura.

Conhecida também como Tinta da Bairrada, Tinta Poeirinha ou Tinta Fina, a uva Baga atualmente é considerada uma das maiores uvas portuguesas, com enorme complexidade, estrutura e classe, sendo muito apreciada no mundo do vinho. A casta Baga dá origem a vinhos portugueses com muita personalidade, altamente interessantes e únicos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, porém não escuro, com halos granada, límpido, até cristalino, com lágrimas finas, lentas e em abundância.

No nariz predominam os aromas de frutas vermelhas maduras, com destaque para morangos, cerejas, ameixas e framboesas, com notas amadeiradas em total consonância com a fruta, muito bem integrada, com nuances de tosta, de baunilha. Tem algo de couro, terra molhada e tabaco.

Na boca é macio, elegante, equilibrado, fresco, mas tem marcante personalidade, com notório volume de boca, com álcool em evidência, mas sem agredir. As notas frutadas também ganham protagonismo, como no aspecto olfativo, com toques amadeirados, graças aos 6 meses em barricas de carvalho, com taninos domados e salivante acidez. Tem final persistente e amadeirado.

Claro que o nome me trouxe curiosidades! Por que “Chão do Conde”! O produtor, como sempre muito gentil e atencioso, me informou que “Chão do Conde” é o nome de uma área de terrenos onde existe muita vinha dos seus associados. O nome vem de tempos remotos, quando boa parte das terras do Concelho de Cantanhede estava na posse da família Meneses, que detinha o título nobiliárquico de Conde de Cantanhede, daí aquelas terras ficarem conhecidas como “Chão do Conde”. A história é linda, carrega cultura e delineia as características marcantes desse belo Baga, deste belo vinho! Cultura harmoniza com vinho, vinho harmoniza com cultura e prazer! Que venham outras histórias, que venham outros Bagas, que venham outras grandes experiências. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Cantanhede:                   

Fundada em 1954 por um conjunto de 100 viticultores, a Adega de Cantanhede conta hoje com 500 viticultores associados ativos e uma produção anual de 6 a 7 milhões de quilos de uva, constituindo-se como o principal produtor da Região Demarcada da Bairrada, representando cerca de 40% da produção global da região. Hoje certifica cerca de 80% da sua produção, sendo líder destacado nas vendas de vinhos DOC Bairrada DOC e Beira Atlântico IGP.

Reconhecendo a enorme competitividade existente no mercado nacional e internacional, a evolução qualitativa dos seus vinhos é o resultado da mais moderna tecnologia, com foco na qualidade e segurança alimentar (Adega Certificada pela norma ISO 9001:2015, e mais recentemente pela IFS Food 6.1.), mas também da promoção das castas Portuguesas, que sempre guiou a sua estratégia, particularmente das variedades tradicionais da Bairrada – Baga, Bical e Maria Gomes – mas também de outras castas portuguesas que encontram na Bairrada um Terroir de eleição, como sejam a Touriga Nacional, Aragonez e Arinto, pois acredita que no inequívoco potencial de diferenciação e singularidade que este património confere aos seus vinhos.

O seu portfólio inclui uma ampla gama de produtos. Em tinto, branco e rose os seus vinhos vão desde os vinhos de mesa até vinhos Premium a que acresce uma vasta gama de espumantes produzidos exclusivamente pelo Método Clássico, bem como Aguardentes e Vinhos Fortificados. É um portfólio que, graças à sua diversidade e versatilidade, é capaz de atender a diferentes segmentos de mercado, com diferentes graus de exigência em qualidade, que resulta na presença dos seus produtos em mais de 20 mercados.

A sua notoriedade enquanto produtor, bem como dos seus vinhos e das suas marcas, vem sendo confirmada e sustentadamente reforçada pelos prémios que vem acumulando no seu palmarés, o que resulta em mais de 750 distinções atribuídas nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com destaque para Mundus Vini – Alemanha, Concours Mondial de Bruxelles, Selections Mondiales du Vins - Canada, Effervescents du Monde – França, Berliner Wein Trophy – Alemanha e Japan Wine Challenge, sendo por diversas ocasiões o único produtor da Bairrada com vinhos premiados nesses concursos e, por isso, hoje um dos mais galardoados produtores da região.

Em 2015 integrou o TOP 100 dos Melhores Produtores Mundiais, pela WAWWJ – Associação Mundial dos Jornalistas e Críticos de Vinho e Bebidas Espirituosas. Nos últimos 8 anos foi eleita “Melhor Adega Cooperativa” em Portugal por 3 vezes pela imprensa especializada.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

Referências:

“Divinho”: https://www.divinho.com.br/uva/baga/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/baga

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/tipo-de-uva/baga

“Soulwines”: https://www.soulwines.com.br/uvas-de-vinhos/baga

“IVV”: https://www.ivv.gov.pt/np4/503/

 








segunda-feira, 1 de maio de 2023

Traversa Rosé Cabernet Franc (50%) e Pinot Noir (50%) 2021

 

Sou réu confesso, admito de forma incondicional que em um passado distante o Uruguai vitivinícola se resumia aos robustos e complexos rótulos da casta Tannat. Evidente que a casta da região francesa do Madiran ganhou fama e respeitabilidade no Uruguai se tornando a casta símbolo, que exporta o país para o mundo.

Mas aos poucos, com o passar dos anos e também com abertura do mercado para os vinhos uruguaios no Brasil percebemos que o Uruguai não é apenas o Tannat. Não mesmo! Tive a oportunidade de degustar alguns bons, ótimos Cabernets Sauvignon, Merlot e por aí o vai.

Evidente que o nosso mercado consome muito o Tannat uruguaio, logo a oferta é para esses vinhos, mas alguns eventos realizados por instituições ligados aos vinhos do Uruguai e também alguns influenciadores digitais do universo do vinho, fizeram com que aquele pequeno país se revelasse.

E revelasse consequentemente a gana de seus produtores por conceberem vinhos de extrema tipicidade, com a cara, o “DNA” desse país. Por mais que eu não deguste, lamentavelmente, tantos rótulos do Uruguai, percebemos, mesmo que por um simples instinto sensorial, um vinho daquelas bandas.

E a primeira, óbvia, região que conheci foi Canelones, a mais emblemática e importante região produtora de vinhos do Uruguai e é aquela que mais produz em volume de vinhos e nem por isso uma região descartável, desprestigiada. Belos vinhos degustei da região!

Mas as minhas descobertas, de novos rótulos e castas “improváveis” se deu por outra região, a capital do país: Montevidéu. Se deu também pela Família Traversa. E que maravilha foi descobri-los! Rótulos de incríveis custo X benefício, extremamente acessíveis aos bolsos e relativamente fáceis de encontrar.

Já degustei alguns de seus rótulos, do Chardonnay ao Tannat, do Merlot ao Sauvignon Blanc e todos são bem interessantes e dessa vez será um rosé! Sim, um rosé! Jamais esperaria degustar um rosé uruguaio.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região uruguaia de Montevidéu e se chama Traversa, um rosé composto pelas castas Pinot Noir (50%) e Cabernet Franc (50%) da safra 2021. E para não perder o costume vamos de história, vamos de Montevidéu.

Montevidéu

Montevidéu começou seu processo de fundação em 1723. O Governador do Río de la Plata, Bruno Mauricio de Zabala, foi enviado pela coroa espanhola para fundar esta cidade portuária e expulsar aos portugueses, que tinham construído o Fuerte de Montevideu sobre a baia. 

Assim, as primeiras famílias que povoaram “San Felipe y Santiago de Montevideo” foram de origem espanhol, provenientes do grande centro colonial do Río de la Plata: Buenos Aires. Pela sua condição de principal porto do Rio da Prata e Montevidéu teve não teve bom relacionamento com a cidade vizinha.

Montevidéu

Pedro Millán traçou o primeiro plano da cidade em 1726, ano em que começaram a chegar os colonos das Ilhas Canarias. A antiga Ciudadela de Montevidéu (edificada ao longo de uns quarenta anos) apresentava as características típicas das cidades colônias da época: Uma Praça de Armas no centro (Atual Praça Constitución, mais conhecida como Matriz) rodeada pela Igreja (atual Catedral) e o edifício do governo (Cabildo).

A pequena cidade estava rodeada de muralhas das que hoje só ficam o portal de entrada, a simbólica Puerta de la Ciudadela. Em 1807 se produziram as Invasões Inglesas, enfrentadas e vencidas pelos orientais. Este fato deu a Montevidéu o status de “Muy Fiel y Reconquistadora” e a converteu no bastião espanhol do Río de la Plata. Montevidéu se manteve fiel a Espanha durante as Revoluções de Maio de 1810 em Buenos Aires. Durante esse período, a coroa espanhola se instalou em Montevidéu, o que significou o um grande crescimento para a cidade.

O departamento de Montevidéu se estabeleceu em 1816, como a primeira divisão administrativa da Banda Oriental. Ao se declarar o novo Estado Independente em 1828, Montevidéu foi estabelecido como capital, e a partir da “Jura de la Constitución de 1830” começou a se projetar a “Nova Cidade” por fora dos limites da Ciudadela. 

Contudo, a atual Ciudad Vieja foi durante muitas décadas o centro econômico e cultural de Montevidéu. As grandes bandas migratórias da Europa (principalmente espanhóis, mas também italianos, alemães, franceses, húngaros, judeus e ingleses) deram ao Montevidéu de 1900 um ar cosmopolita.

A herança dos escravos africanos trazidos durante a época colonial aportou o caráter multicultural da cidade, que se percebe até hoje. Ao longo do século XX Montevidéu se expandiu sobre a baia para o leste, e também para o norte, com numerosos centros de população afastadas do centro. A emblemática Rambla de Montevidéu, principal cartão postal da cidade, foi construída em 1910. Outros monumentos significativos datam dos anos 20 e 30, como o Palácio Legislativo e o Estádio Centenário.

O Uruguai era originalmente povoado pelos índios Charruas, mas em 1680 os portugueses começaram a se assentar na região; os espanhóis chegaram logo em seguida. As primeiras uvas viníferas foram cultivadas em território uruguaio há mais de 250 anos. A produção de vinhos, entretanto, só começou a ser realizada comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1870, Dom Pascal Harriague introduziu ao Uruguai várias castas de uva em busca de uma que se adaptasse bem ao solo e clima da região.

A Tannat foi a que se saiu melhor na experiência e desde então, por causa do seu sucesso imediato e duradouro no país, ela dá vida ao autêntico vinho uruguaio. Na década de 1970, houve uma renovação na vitivinicultura do Uruguai; novas técnicas de plantio e cultivo, bem como a introdução de novas variedades de uvas, possibilitaram um desenvolvimento substancial à sua indústria de vinhos.

Aliado a tudo isso, a evolução dos vinhos uruguaios aconteceu por causa da paixão dos produtores e apreciadores de lá pela bebida. A maneira artesanal e a relação respeitosa que eles têm com as uvas que cultivam tornaram seus vinhos premiados e bastante reconhecidos no mercado internacional.

Fortemente influenciado pelo Rio da Prata e Oceânico Atlântico, o Uruguai tem as suas principais regiões produtoras de vinhos na costa sul – Maldonado, Canelones e Colônia. Situado entre os paralelos 30 e 35, a exemplo de Chile, Argentina, Austrália e África do Sul, o país tem a possibilidade de elaborar vinhos que possuem a energia do Novo Mundo e o refinamento do Velho Mundo.

É a terra do Tannat, sim, mas há muito mais por descobrir. O Uruguai é comparado com a região de Bordeaux, na França. Seu Rio da Prata é comumente equiparado ao estuário do Gironde. A maior região vitivinícola – Canelones – é dona de 60% da produção total. Fica bem no centro do país, ao sul, muito próxima da capital Montevidéu, que abriga 40% da população local com 3,4 milhões de moradores.

Mapa vinícola do Uruguai com Montevidéu ao sul

As demais regiões produtoras do sul do país ficam a menos de duas horas da capital – à oeste, Colônia (pela Rota 1) e, à leste, Maldonado (pela Rota 9). O Uruguai possui uma rota de vinho especial e aconchegante, coordenada pela Associação de Turismo Enológico do Uruguai, que reúne muitas bodegas familiares, com estrutura e história que fascinam seus visitantes. A rota, batizada de “Os caminhos do vinho” passa por regiões de Montevidéu, Canelones, Maldonado, Colônia e Rivera, cujas paisagens belas e exuberantes são atrativos que complementam sua ótima gastronomia e seus vinhos finos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rosado cor salmão, limpo, um tanto quanto atijolado, mas muito brilhante e bonito, com algumas poucas lágrimas finas e rápidas.

No nariz aromas, um tanto quanto tímidos, mas perceptíveis de frutas frescas, com destaque para morango, mamão, maçã-verde, diria também um pêssego, entregando ainda um toque floral que corrobora o seu frescor e também uma mineralidade.

Na boca é saboroso, fresco, jovem, sedoso, elegante e equilibrado, mas goza de alguma personalidade, é cheio em boca. As notas frutadas, evidentes no olfato, se revelam, protagonizam no paladar com destaque para morangos, cerejas frescas, mamão e maçã-verde. Traz belíssima acidez que saliva e um final de média persistência com um discreto dulçor.

A Família Traversa e todos os seus rótulos que vão desde os básicos até o que se chamam de alta gama definitivamente são os melhores que apresentam a relação qualidade X preço do mercado de vinhos! E esta nova versão da linha Traversa que degusto hoje traz tudo o que esperamos de um típico rosé: frescor, muita fruta, leveza e um toque floral agradabilíssimo. A Família Traversa entrega o lado “alternativo” da triste realidade dos valores impraticáveis dos vinhos no Brasil e nos possibilita trafegar, com dignidade, neste vasto e impecável universo. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Família Traversa:

Esta empresa com as suas vastas vinhas e fábricas de processamento de vinho, conta com a presença constante da Família Traversa. Sessenta anos de muito trabalho e três gerações que sustentam a qualidade dos seus vinhos.

Cada novo plantio e manutenção, processamento, embalagem e distribuição de vinho, marketing e atendimento ao cliente são sempre supervisionados por um membro da família. Assim eles são e ambicionam o conceito de qualidade e este é o resultado do trabalho da vinícola. A história desta família é o legado de bondade e esperança que está nas vinhas e há três gerações.

Em 1904, Carlos Domingo Traversa veio para o Uruguai com seus pais. Filho de imigrantes italianos, foi em sua juventude peão rural em fazendas de vinhedos, e em 1937 com sua esposa, Maria Josefa Salort, conseguiu comprar 5 hectares de terras em Montevidéu.

Suas primeiras plantações de uvas de morango e moscatel foram em pequena escala. Em 1956 fundou a adega com os seus filhos, Dante, Luis e Armando, que hoje com os seus netos têm muito orgulho de continuar o seu sonho.

A atitude constante de crescimento contínuo, com dedicação e desenvolvimento levou e ainda leva a vinícola a ser um exemplo em todo o Uruguai. Em mais de 240 hectares próprios, além de vinhedos de produtores cujas safras são controladas diretamente pela empresa, obtendo assim uma grande harmonia com os vinhos e as próprias uvas. As variedades plantadas são: Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

As uvas são processadas com maquinários e instalações da mais alta tecnologia. Inicia-se com um rígido controle de produção, colheita no momento ideal, plantio de leveduras selecionadas, controle de fermentação, aplicação a frio no processo de elaboração, clarificações e degustação dos vinhos para definir diferentes categorias de qualidade. Daí passa-se a armazenar em grandes recipientes de grande tecnologia, como inox, tanques térmicos, ou em barricas de carvalho americano e francês.

Mais informações acesse:

http://grupotraversa.com.uy/en/

Referências:

“Uruguai.org”: http://www.uruguai.org/a-historia-de-montevideu/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uruguai-natural_9771.html