terça-feira, 4 de julho de 2023

Pinta Negra Aragonez (60%) e Castelão (40%) 2016

 

Sou um grande fã dos vinhos da região de Lisboa, da capital de Portugal, isso é fato! Todavia um vinho, em especial, me fez trazer à tona algumas lembranças perdidas. Eu explicarei! Quando no período da transição dos vinhos de mesa para os vinhos de uvas vitivinícolas, aquela transição que todos os simples enófilos nascidos no Brasil fazem, eu não tinha aquela preocupação em ter noção ou conhecimento dos rótulos que degustava, aqueles requintes de detalhes tais como: castas, regiões, passagem ou não por barricas de carvalho etc.

Degustava os vinhos sem ter a preocupação com esses detalhes. Então alguns rótulos, talvez por conta dessa falta de preocupação ou ainda por inexperiência, passavam despercebidos, não adquiria a famosa memória fotográfica ou coisa similar. 

Porém, quando eu assistia a um dos poucos programas de TV direcionados ao mundo vinho, que tem transmissão no Canal Globosat, da TV Globo, chamado “Um Brinde ao Vinho” que dedicou uma temporada as regiões mais emblemáticas de Portugal e, claro que Lisboa estava na rota do programa.

E quando a apresentadora do programa Cecília Aldaz esteve em uma jovem vinícola chamada AdegaMãe mostrando alguns dos seus rótulos e, por um relance, mostrou um rótulo que havia degustado há muito tempo atrás e que tinha caído no esquecimento, me trouxe um lampejo de lembrança, de uma ótima lembrança, pois tinha degustado um rótulo surpreendentemente bom! Falo da linha “Pinta Negra”.

O rótulo em questão, o tinto, era da safra 2015. Então fui a busca de um novo rótulo desta linha para “rememorar” os bons momentos e encontrei a safra 2016 e como foi satisfatório degustar esse vinho novamente.

Pinta Negra 2016

Depois de algum tempo, de forma um tanto quanto inusitada, a caminhar pela rua, parei, por um instante e olhei para o chão e havia um encarte de supermercado e logo reconheci um rótulo: era o Pinta Negra branco! Sim! O Pinta Negra branco, composto por Arinto e Fernão Pires da safra 2019 estava em uma promoção excelente, na faixa dos R$ 29,90! Incrível! Como estava por perto não hesitei, fui ao supermercado e comprei! Que estupendo branco, com certa estrutura para a sua proposta e valor!

Mas eu pensei: Não irei para por aqui neste belo branco, vou continuar a degustar mais rótulos dessa linha da AdegaMãe, afinal, essa sequência de boas degustações não poderia ser coincidência, claro!

E fazendo aquelas compras triviais em um pequeno mercado próximo a minha casa, qual vinho eu vejo nas gôndolas, para minha surpresa? O Pinta Negra tinto! Ah não hesite e comprei! E decidi não demorar muito para degusta-lo e que grata experiência sendo repetida.

O vinho que degustei e gostei veio de Lisboa, Portugal, e se chama Pinta Negra, um rótulo com um blend tipicamente lusitano com as castas Aragonez (60%) e Castelão (40%) da safra 2021. Antes de tecer detalhes do vinho, vamos às histórias de Lisboa.

Lisboa

A costa de Portugal é muito privilegiada para a produção vitivinícola graças à sua posição em relação ao Oceano Atlântico, à incidência de ventos, ao solo e ao relevo que constituem o local. Entre as principais áreas produtoras podemos citar a região dos vinhos de Lisboa, antigamente conhecida como Estremadura, famosa tanto por tintos encorpados como por brancos leves e aromáticos.

Lisboa

Tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

O litoral da IGP Lisboa corre para o sul de Beiras a partir da capital de Portugal, onde o rio Tejo encontra o Oceano Atlântico. Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião.

Ainda sofre influência direta da capital do país localizada em um extremo da região. Uma de suas características determinantes é a grande variedade de solos, como terras de aluvião (sedimentar), calcário secundário, várzeas e maciços montanhosos, muitas vezes misturados. Cada um desses terrenos pode proporcionar às uvas características completamente diferentes.

Lisboa

Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se um processo de reestruturação nas vinhas e adegas.

Provavelmente a reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e não em quantidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”, hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é muito restritiva na utilização de castas).

Entre as principais uvas cultivadas podemos citar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambos naturais de Portugal) e Malvasia, e as tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Touriga Nacional e Aragonez (como é chamada a Tempranillo na região).

Acredita-se que a elaboração de vinhos seja uma atividade desde o século 12, quando os monges da Ordem de Cister se estabeleceram na região. Uma de suas principais funções era justamente a produção da bebida para a celebração de missas.

Lisboa DO

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levaram à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.

DO Lisboa

A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.

A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas.

Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como, por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.

A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi vibrante, quase fechado com discretos entornos violáceos, com lágrimas finas, lentas e em média quantidade que desenham o bojo.

No nariz trazem aromas frutados, um mix de frutas vermelhas e pretas, como amora, ameixa, cerejas, morango e groselha. Tem nuances de menta, especiarias, pimenta e ervas.

Na boca é seco, macio, redondo, afinal o clima atlântico, bem como o corte de Aragonez e Castelão traz elegância e suavidade ao vinho, além do protagonismo das notas frutadas, percebidas no aspecto olfativo. Traz taninos amáveis, domados, com acidez equilibrada e um final de média persistência.

O passado revisita o presente e ajuda a construir um futuro na minha vida de enófilo e me faz observar e entender que, além do maravilhoso exercício da análise sensorial, a história do vinho, como seu terroir, sua história, sua região, pode ser sim, sem sombra de dúvida, um aditivo para a construção de sua percepção perante o rótulo. Pinta Negra é um vinho básico, para o dia a dia, mas que entrega muito além da sua proposta, definitivamente sempre será uma grata surpresa. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a AdegaMãe:

A AdegaMãe pertence ao grupo Riberalves, empresa familiar portuguesa, que é a maior produtora de bacalhau do mundo – 30 mil toneladas por ano, o equivalente a 10% de todo o bacalhau pescado no mundo! É uma homenagem da família à sua matriarca, Manuela Alves. Em 2009, investindo na paixão pelo vinho, a família inaugurou a vinícola, que fica próxima da sede da empresa. 

A vinícola fica em Torres Vedras, que faz parte da CVR Lisboa (Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa), antiga Estremadura, zona com grande influência atlântica, devido à proximidade com o oceano, com solos calcários, terroir propício para a produção de vinhos bastante minerais e com acidez marcante.

A AdegaMãe tem um projeto lindíssimo e Diogo, juntamente com Anselmo Mendes, enólogo consultor, entrou desde o começo da concepção da adega, no projeto das vinhas, de forma a definir as melhores variedades para a região, tanto que as vinhas velhas que ali estavam foram arrancadas, pois não eram boas o suficiente para os vinhos que pretendiam fazer. Mas é possível ver a vinha mãe da adega exposta como obra de arte, em uma das paredes da vinícola.

A Norte de Lisboa e a um passo da costa oceânica, a AdegaMãe potencia um terroir fortemente influenciado pelas brisas marítimas predominantes, destacando-se pelos seus vinhos de inspiração atlântica, plenos de carácter, frescos e minerais, premiados a nível nacional e internacional.

Referida pela arquitetura exclusiva, e pela forma como se harmoniza com a fantástica paisagem envolvente, a AdegaMãe foi desenhada de raiz para integrar a melhor experiência de visita, assumindo-se como uma referência no enoturismo da Região de Vinhos de Lisboa.

Mais informações acesse:

https://adegamae.pt/
















 


domingo, 2 de julho de 2023

Trifula Dolcetto 2021

 

Quando nos lembramos da Itália imediatamente associamos aos clássicos! Aqueles rótulos com sisudez, austeridade, aqueles vinhos carnudos, opulentos, encorpados, de longevidade, de potência mesmo.

Rótulos aristocráticos, com brasões, mostrando tradição, história e até mesmo luxo e poder. Mas não se enganem que a Itália tem produzido alguns rótulos mais descontraídos, com uma abordagem estética descontraída, bem como também na concepção do seu vinho.

Se para alguns e diria muitos sejam vinhos simplórios e ordinários, uma versão “bonitinha” e solar para vinhos ruins, enganam-se retumbantemente. São vinhos simples, mas sem depreciar, porque essa é a proposta: de vinhos jovens, frutados, frescos e descomplicados.

É também uma proposta os vinhos austeros, encorpados, complexos. O que não se pode pensar e disseminar uma cultura intolerante contra as propostas dos vinhos, fazendo incutir na mente das pessoas a sua torta percepção.

E hoje a Itália que se descortina em minhas retinas será descontraída, solar, com frescor, vivacidade e muito leve, na sua versão estética e do vinho propriamente dito. É com alegria e satisfação que anuncio o vinho que degustei e gostei que veio do Piemonte e se chama Trifula, um 100% Dolcetto da safra 2021.

Mas o que significa “Trifula”?

Trifula é um cão sagaz que vive neste terroir inspirador. Trifula raramente experimenta algo especial, até que um belo dia descobre uma legítima trufa branca enterrada na sua árvore favorita, em Alba.

A trufa é vendida por um milhão de dólares na famosa Feira Internacional de Trufas da região, tornando Trifula mundialmente conhecido e digno de receber uma homenagem em rótulos que inspiram sua história e trazem a leveza e descontração encontrada nos vinhos.

E na sequência de histórias vamos agora com a tradição do Piemonte e a sua casta mais leve, fresca e frutada: Dolcetto.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

A região do Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos.

Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

As sub-regiões do Piemonte

As sub-regiões do Piemonte diferem bastante entre si e possuem muitas DOC. São elas:

Monferrato

É uma vasta região de colinas, que pode ser dividida em duas partes bem diferentes:

Basso Monferrato - (Raciocinar ao inverso) é a parte mais setentrional e de maiores altitudes, com a base pelos 350m e os picos em 700m, um território muito apropriado para os vinhedos. Aqui predominam a Barbera e a Grignolino, em vinhos macios e fáceis de beber se comparados aos demais tintos piemonteses. Em Chieri se produz um Freisa DOC.

DOC: Albugnano, Cisterna d´Asti, Colline Torinesi, Dolcetto d`Asti , Freisa di Chieri, Gabiano, Grignolino d`Asti, Grignolino del Monferrato, Malvasia di Casorzo d`Asti, Malvasia di Castelnuovo Don Bosco, Monferrato, Rubino di Cantavenna , Ruché di Castagnole Monferrato

DOCG: Barbera d`Asti, Barbera del Monferrato,

Alto Monferrato - Ainda raciocinando invertido, aqui estão altitudes menores, e curiosamente o terreno é mais acidentado, com encostas mais íngremes e vales mais profundos. Esta conformação estranha tem seu efeito na viticultura, inicialmente pelo plantio de Barbera e Moscato, seguido das uvas autóctones como a Cortese, que aqui tem sua melhor expressão, na DOCG Gavi. Em seguida vem a Dolcetto, com ótimos resultados no entorno de Acqui e Ovada ambas DOCs. A terceira menção é a Brachetto, muito difundida no passado, mas hoje restrita a 50 hectares em Strevi. O Alto Monferrato costuma ser dividido em Monferrato Casalese e Monferrato Astigiano, por suas diferenças de território.

DOC: Dolcetto d`Acqui, Cortese Dell`Alto Monferrato, Dolcetto d`Alba, Loazzolo,

DOCG: Asti, Bracchetto d`Acqui (Acqui), Moscato d’Asti, Gavi (Cortese di Gavi).

Langhe

Tem seu principal centro vitícola em Alba, mas a fama mundial desta província veio de dois centros menores, Barolo e Barbaresco. É neste local que a Nebbiolo, já qualificada em outras sub-regiões, se exprime ao nível mais alto, nestes ícones italianos. Aqui também se produzem os qualificados Moscato d’Asti, os ótimos Nebbiolo, o Barbera d’Alba e quatro Dolcettos, sendo o melhor o Dogliani. Para acolher os vinhos menos portentosos, mas muito bons, existe a DOC Langhe.

DOC: Barbera d`Alba, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Langhe, Nebbiolo d`Alba, Verduno Pelaverga (Verduno),

DOCG: Barbaresco, Barolo, Dolcetto delle Langhe Superiore, Dolcetto di Diano d`Alba (Diano d’Alba), Dolcetto di Ovada Superiore (Ovada)

Roero

É um distrito situado na margem oposta a Alba, tendo como centros Bra e Canale. Aqui também se planta Nebbiolo, mas as brancas Arneis e Favorita, que no passado eram usadas em cortes, hoje produzem ótimos varietais.

DOC: Roero e Roero Arneis

Colline Astigniame

Compreendem uma área de vinicultura de grande interesse, situadas entre Canelli e Nizza, onde se produzem Moscato d`Asti e Barbera d`Asti. Aqui se diz ter sido inventado o espumante, há mais de um século e que tem aqui seu maior centro produtivo.

Colli Tortonesi

Estão entre o Alto Monferrato e o Pavese e possuem características ambientais e culturais típicas do Piemonte. As variedades principais são a Barbera eCortese, mas têm-se trabalhado outras uvas. Recentemente foi descoberta a variedade branca Timorasso.

DOC: Colli Tortonese

Colli Saluzzesi

Engloba 9 comunidades em Cuneo nas colinas suaves vale do rio Po. Aqui se cultivam Barbera e Nebbiolo, e também as variedades Pelaverga e Quagliano, das quais se produzem varietais.

DOC: Colline Saluzzesi, Pinerolese

Cavanese

Está na região a nordeste de Torino, com duas regiões vinícolas de importância:

A primeira está centrada no município de Caluso, se estendendo até as colinas de Ivrea. Aqui predomina a variedade autóctone branca Erbaluce, que produz um vinho passito tradicional e um branco delicado.

A segunda é a zona de Carema, com vinhedos em terraços com muros de pedra e pérgolas, cultivando a Nebbiolo.

DOC: Erbaluce di Caluso, Caluso Passito, Cavanese, Carema

Colli Novaresi e Colli Vercellosi

Estão situadas a noroeste, perto do lago Maggiore, nas províncias de Biella, Novara e Vercelli, abrigando diversas DOCs, algumas de alto nível. A mais prestigiada é o Gattinara, tinto famoso desde a corte de Carlos V, que hoje foi elevada a DOCG, e também a DOC Ghemme.

DOC: Boca, Bramaterra, Colline Novaresi, Coste della Sesia, Fara, Lessona, Sizzano,

DOCG: Gattinara, Ghemme



Dolcetto

Nem só das uvas Nebbiolo e Barbera são feitos os italianos clássicos do Piemonte, região noroeste da Itália. Muitas vezes subestimados, os Dolcettos (em italiano, 'ligeiramente doces' ou 'docinhos'), produzidos com a 'eterna' terceira uva do Piemonte são belos vinhos, mais frutados e macios e dificilmente apresentam caráter doce que seus poderosos conterrâneos, os Barolos e Barbarescos, feitos a partir da Nebbiolo, e os Barberas. Os Dolcettos são bastante tânicos, frescos e secos.

No Piemonte, as três uvas fazem parte de uma equação que determina a paisagem. Nebiollos só amadurecem em locais bem ensolarados, Barberas, embora menos exigentes, também têm lá suas suscetibilidades, a Dolcetto, ao contrário, é uva fácil de cultivar e que amadurece rapidamente, por isso ocupa os locais menos ensolarados dos vinhedos, muitas vezes os mais altos. Tradicionalmente, a Dolcetto produzia vinhos que podiam ser consumidos muito jovens, e muito antes das outras duas, o que ajudava a equilibrar o cash flow das vinícolas.

Sendo uma das uvas mais alegres da região de Piemonte, a casta Dolcetto é levemente fermentada no processo de vinificação, tal processo é realizado por produtores de renome que conhecem extremamente bem as características e propriedades da uva Dolcetto. A leve fermentação da uva faz com que seja extraído da casta a quantidade ideal de taninos para a elaboração de vinhos tintos secos maravilhosos.

Dolcetto

Utilizada em deliciosos e espetaculares vinhos tintos, a casta Dolcetto da região de Alba produz um dos melhores vinhos provenientes da casta. A Dolcetto D´Alba, cultivada em uma comuna do Piemonte, é considerada DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), sendo 80% dos exemplares de vinhos elaborados com a casta consumidos no próprio país de origem. Os rótulos produzidos a partir da cepa Dolcetto D´Alba possuem caráter rústico com taninos bastante leves e coloração rubi.

Além de Alba, um pequeno lugarejo, localizado na mesmo província de Cuneo, escapa à essa lógica de produção tradicional: Dogliani, uma comuna minúscula situada perto de Turim. Lá, a Dolcetto reina absoluta e ocupa todos os melhores espaços dos vinhedos. Por conta disso, Dogliani tem sua própria DOCG desde 2005, garantia de qualità superiore.

Muitos dizem que os Dolcettos são vinhos italianos com jeito de vinhos do Novo Mundo. E, de certa forma, isso se explica. Ainda que o nome remeta a um sabor adocicado, a uva Dolcetto produz vinhos muito tânicos e de baixa acidez, com alto teor alcoólico, mas que ainda assim são perfeitos para serem consumidos no dia a dia.

Ao contrário da realeza italiana da região piemontesa, que pede obras de arte gastronômicas para uma harmonização digna, caem como luvas ao acompanhar os pratos clássicos de massa da Itália, como spaghettis com molho bolonhesa ou polpettas.

Conhecida também como Ormeasco na região da Liguria, a uva Dolcetto vem conquistando muitos admiradores no mundo do vinho, ganhando bastante espaço em países do Novo Mundo com exemplares bastante potentes, secos e com graduação alcóolica elevada.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um claro e brilhante rubi com entornos violáceos que lembra um Pinot Noir, com poucas e finas lágrimas que, afastadas, logo desaparecem do bojo do copo.

No nariz extremamente aromático, remetendo a frutas vermelhas bem frescas, com destaque para ameixas, framboesas e morangos, com notas herbáceas, algo de hortelã, além de especiarias.

Na boca é leve, fresco, saboroso, com as notas frutadas protagonizando como no aspecto olfativo, com algo mineral, terroso, de terra molhada mesmo, além de taninos macios, elegantes e delicados, com acidez média e um final persistente e frutado.

Um Dolcetto super gastronômico, com notas de frutas vermelhas frescas, nuances florais, além da acidez vivaz que dá vida a vinhos frescos e saborosos. O estágio em tanques de aço inox contribui para preservar as características primárias de aromas e sabores, que encantam no primeiro gole! E viva a leveza! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Mondo del Vino:

A Mondo del Vino possui vinícolas de última geração mostrando seu compromisso dinâmico com a inovação e a sustentabilidade. Seu objetivo é oferecer aos enófilos um ótimo produto, mas também seguro e justo. Uma forma de fazer isso é medir o impacto ambiental de seus processos e produtos, bem como a conscientização sobre o impacto de sua produção.

Desde 2016, a MDV começou a pesar e medir seu impacto ambiental com a Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040-44:2006) adotando o que a Comissão da UE promove: a Pegada Ambiental da Organização (OEF) e a Pegada Ambiental do Produto (PEF). Ao fazer isso, estão na vanguarda da análise de desempenho ambiental, com base em uma ferramenta científica, sendo a primeira vinícola da Europa a adotar a política ecológica da UE.

Combina solidez produtiva, paixão pelas pessoas e responsabilidade pelos ecossistemas, buscando ser, no mundo, um ponto de referência da cultura e excelência do vinho italiano, dando sua contribuição tangível à sua história milenar, para que a Itália se torne o primeiro produtor no mundo por volumes e, sobretudo por valores.

Mais informações acesse:

https://www.mondodelvino.com/en/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=PIEMONTE

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“RBG Vinhos”: https://www.rbgvinhos.com.br/blog/dolcetto-uma-uva-nada-doce-e-cheia-de-potencial

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/dolcetto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






Encostas do Trogão branco 2018

 

Acredito que, em algum momento da minha vida, eu disse que Portugal, embora tão pequeno em dimensões territoriais, se revela gigante e significativo com as suas 14 regiões vitivinícolas que são extremamente reconhecidas, não tão somente em seu território, mas em todo o planeta, algumas mais conhecidas que outras, é bem verdade, mas sempre prestigiadas.

Prestigiadas principalmente pelo forte apelo regionalista, graças à cultura de vinificação/produção, a cultura do seu povo que, claro, influencia diretamente na cultura de vinificação, do clima, da terra e também de suas autóctones castas, algumas delas ou a sua esmagadora maioria cultivada apenas em Portugal ou ainda apenas em uma ou poucas regiões espalhadas por aquele país.

E mesmo sendo um país geograficamente pequeno ainda há muito a se explorar no que tange às suas regiões e microrregiões. Algumas que ainda se colocam em uma posição de desconhecida pelo grande público enófilo, mas que goza de muita importância e representatividade em Portugal. E hoje degustarei um vinho de Trás-os-Montes.

Lembro-me que conheci essa região em um evento de degustação de vinhos em minha cidade, Niterói, organizado por uma rede de supermercados da cidade, o “Festival de Vinhos Supermercado Real 2017”, onde os rótulos expostos para degustação eram os mesmos que estavam sendo ofertados em suas filiais.

Já para o final do evento, eu já estava praticamente me preparando para deixar o local do evento e vi, ao longe, um estande, até pouco procurado e com poucos rótulos disponíveis para degustação e vi um rótulo, simples, mas que me chamou a atenção: era Trás-os-Montes. Comprei o Encostas do Trogão Reserva 2011! E que grande e especial vinho! O degustei com 8 anos de vida e ainda reluzia vivacidade! 2011 tinha sido um ano espetacular para toda a Portugal.

Mas teve espaço também para a degustação de um branco da região do mesmo produtor, a Adega Cooperativa de Rabaçal, igualmente pouco conhecida em nossas terras e que muito me chamou a atenção pela sua simplicidade aliada a alguma personalidade.

O vinho que degustei e gostei veio de Trás-os-Montes e se chama Encostas do Trogão e é composto pelas castas Côdega de Larinho, Malvasia-Fina e Viosinho e a safra é 2019. Regiões “undergrounds”, castas tipicamente da região, não se poderia esperar algo melhor. Mas antes de falar do vinho, vamos as histórias da região e das castas.

Trás-os-Montes

Já durante a ocupação dos romanos se cultivava a vinha e se produzia vinho na região de Trás-os-Montes. Situada no nordeste de Portugal, a província de Trás-os-Montes e Alto Douro é um lugar onde a identidade portuguesa, fruto de tradições culturais enraizadas, sobreviveu como em nenhuma outra região do país lusitano. O seu conhecido isolamento, bem como o alto índice de emigração e despovoamento, são características que acompanham a região há muito tempo.

Situada a Norte de Portugal a Região de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e pronunciados vales numa grande área de extensão. Esta é uma Região única com características especiais. Em toda a região o cenário muda rapidamente, entre exuberantes vales verdejantes, ou colinas antigas cobertas por uma colcha de retalhos de bosques, ou olivais verde-cinza, extensas vinhas verdes brilhantes, ou amendoeiras floridas e outras árvores de fruto.

Sua capital é a cidade de Vila Real, e, ao longo da história, sofreu diversas modificações em seu território e nas atribuições administrativas. Desde o século XV, passou de Comarca a Província, e suas fronteiras territoriais, cujos limites foram se adequando com a aquisição ou perda de regiões, já não são as mesmas da época de sua fundação. Atualmente, é formada por três sub-regiões: Chaves, Valpaços e o Planalto Mirandês.

Na sub-região de Chaves a vinha é plantada nas encostas de pequenos vales, onde correm os afluentes do rio Tâmega. A sub-região de Valpaços é rica em recursos hídricos e situa-se numa zona de planalto. No Planalto Mirandês é o rio Douro que influencia a viticultura.

Trás-os-Montes

O cultivo da vinha e a produção de vinho na Região de Trás-os-Montes tem origem secular, estando esta intrinsecamente marcada nas suas rochas, uma vez que por toda a região existem vários lagares cavados na rocha de origem Romana e Pré-Romana. A existência de vinhas velhas com castas centenárias marca também de uma forma muito peculiar a qualidade reconhecida dos vinhos desta região.

As paisagens desta província apresentam uma beleza natural e rural exuberante, sendo suas terras ricas em cerais, legumes e frutos como amêndoas e cerejas, além das oliveiras que produzem azeites. Para completar, ainda existe a cultura vitivinícola, que, com as inúmeras vinhas da região, fazem de Trás-os-Montes e Alto Douro um destino turístico perfeito para os amantes da gastronomia e do vinho de alta qualidade.

Montes é uma das regiões mais ricas em descobertas arqueológicas. Destacam-se as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, assim como dólmenes e povoados do período neo-eneolítico.

Trás-os-Montes é uma região montanhosa, caracterizada por sua diversidade de relevo e de clima – altitude, temperatura, pluviosidade, solo, etc, variam conforme cada cidade da província. As diferenças são bastante acentuadas. De maneira geral, seu relevo é formado por uma série de elevadas plataformas onduladas atravessadas por vales e bacias profundas, os solos se apresentam como graníticos, mas com presença importante de xisto.

Trás-os-Montes tem clima com influência mediterrânico-continental, com áreas de muito frio nas partes mais altas e outras mais quentes na região do Douro. A natureza privilegiada é fonte de riqueza para a região: os recursos hídricos, com rios importantes, por exemplo, são utilizados para gerar energia elétrica e produzir água mineral.

Essas diferenças climáticas acentuadas permitiram definir três sub-regiões para a produção de vinhos de qualidade com direito a DO Trás-os-Montes. Os critérios tidos em conta foram essencialmente as altitudes, exposição solar, clima e a constituição dos solos, tendo sido a Denominação de Origem (DO Trás-os-Montes) reconhecida a partir de 9 de novembro de 2006 (Portaria n.º 1204/2006).

No que se refere aos vinhos com Identificação Geográfica Transmontano, estes podem ser produzidos em toda a Região, sendo que a Indicação Geográfica Transmontano (IG Transmontano), foi reconhecida a partir de 9 de novembro de 2006 (Portaria n.º 1203/2006).

Outra possibilidade de riqueza retirada da natureza da região são as vinhas dispostas nos vales que circundam o Douro e que originam vinhos excelentes e apreciados no mundo todo. O principal deles: o famoso Vinho do Porto. A vitivinicultura em Trás-os-Montes e Alto Douro tem história e tradição.

Além de ter sido a primeira região regulamentada para produção vinícola do mundo, em 1756, foi reconhecida pela UNESCO, em 2001, como Património da Humanidade por causa da beleza de suas vinhas. Quanto à produção, 50% dos vinhos elaborados nas vinícolas da região são destinadas para o Vinho do Porto, a outra metade se dedica à produção de vinhos que utilizam a denominação de origem controlada (DOC) “Douro”, e que são tão diversos quanto os microclimas e solos da província.

O controle e a defesa da Denominação de Origem e Indicação Geográfica são da responsabilidade da entidade certificadora “Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes” esta tem por objetivo, proteger e garantir a qualidade e genuinidade dos vinhos de qualidade produzidos na região de Trás-os-Montes.

Constituída em 1997 a CVRTM, viria ajudar a impulsionar o desenvolvimento da região, e a levar mais alto, aquém e além-fronteiras, os vinhos Transmontanos. Tendo iniciado a sua atividade com apenas um agente económico, esta entidade conta já com 62 associados, que contribuíram para o renascimento da região e para o incremento de qualidade dos seus vinhos, sendo que a sua atividade resulta num volume anual de litros certificados de aproximadamente 3 milhões.

Tradicionalmente, as vinhas são plantadas de maneiras diferentes em Trás-os-Montes, aproveitando toda a diversidade da região. Essa característica se reflete nos vinhos produzidos, que além do vinho do Porto, pode resultar excelentes vinhos tintos e brancos. As castas brancas dominantes são: Côdega do Larinho, Malvasia Fina, Fernão Pires, Gouveio, Rabigato, Síria e Viosinho, e nas tintas Bastardo, Tinta Roriz, Marufo, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral. Os vinhos tintos são geralmente frutados e levemente adstringentes.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente podem ser referidos alguns traços comuns a todos os vinhos, os vinhos brancos apresentam equilíbrio aromático com grande intensidade de aromas frutados e leves florais, na boca revelam uma acidez correta não sendo excessivamente pronunciada.

No caso dos vinhos tintos, são vinhos com uma intensidade corante muito consistente e elevada, aromaticamente muito frutados, na boca relevam-se estruturados, e apesar dos teores alcoólicos normalmente elevados verifica-se uma acidez fixa correta, tornando-se vinhos robustos, mas agradáveis e muito equilibrados.

Côdega-de-Larinho

A Côdega do Larinho é uma casta branca da família da Vitis Vinífera, sendo uma das menos conhecidas. É uma casta com uma produtividade média, sendo os cachos grandes e compactos, com bagos arredondados e de tamanho médio, com cor amarelada, de película medianamente espessa, com polpa suculenta e de sabor peculiar. Tem maturação média, com um potencial alcoólico mediano e baixa acidez.

Principalmente encepada nas regiões do Douro e Trás-os-Montes, durante muitos anos pensou-se que seria idêntica à Síria, contudo testes de DNA mostraram que não existe relação entre as duas castas. É citada pela primeira vez em 1880.

Esta uva garante elevados rendimentos, com cachos densos, mas também suscetíveis ao ataque de míldio. As videiras são especialmente plantadas em encostas íngremes, sendo resistentes aos solos secos. Representam perto de 600 hectares em área de plantação. Dado a faltar alguma frescura, muitas vezes é combinada com Rabigato ou Gouveio. Apresenta ainda algum carácter tropical.

Malvasia-Fina

Não se sabe ao certo qual é origem da uva Malvasia Fina, mas acredita-se que ela tenha surgido na Grécia ou em Roma. Uma casta muito antiga, tendo registros qyue demonstram seu cultivo em Portugal durante o século XVI.

A Malvasia Fina é uma das principais uvas utilizadas na produção do vinho do Porto branco, apesar de ocupar uma área de vinhedos bastante reduzida, de apenas sete mil hectares. Hoje, além de Portugal, também é possível encontrar a Malvasia Fina na Itália.

Com cachos de tamanho médio e bagos de coloração verde-amarelada, a Malvasia Fina é uma uva de baixo rendimento, suscetível ao ataque de doenças e pragas, como oídio, míldio e desavinho. Os vinhos Malvasia Fina são frescos, equilibrados e elegantes. No nariz, revelam aromas frutados, notas de especiarias, como noz-moscada, além de nuances defumadas.

Viosinho

A uva Viosinho é uma variedade de pele clara de alta qualidade, nativa do nordeste de Portugal. O cultivo da Viosinho estabeleceu-se, principalmente, nas regiões de Tras-os-Montes e no Douro desde o século XIX.

Trata-se de uma variedade que não é normalmente utilizada na produção de vinhos varietais, por ser plantada em maior frequência em fileiras misturadas com outras uvas brancas. Além disso, a uva Viosinho é utilizada comumente na produção de vinhos brancos do Porto e, cada vez mais, na composição de vinhos de corte brancos tranquilos na região do Douro.

A Viosinho é responsável por adicionar maior estrutura, corpo e acidez aos vinhos de corte, bem como acrescenta sabores frutados e florais, como os de ameixa, pêssego e cereja. Os vinhos Viosinho são descritos constantemente como detentores de sabores cítricos, no entanto, a natureza dos vinhos de Portugal podem dificultar o isolamento destes sabores singulares. Normalmente, estes vinhos apresentam um elevado nível de acidez e são capazes de envelhecer muito bem em garrafa por muitos anos.

As videiras da Viosinho produzem baixos rendimentos e seus frutos amadurecem cedo, dando origem a uvas com cachos pequenos que são altamente suscetíveis a podridão. Esta característica torna a variedade difícil de ser produzida e, por consequência, cultivada apenas em volumes ínfimos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um lindo e envolvente amarelo palha tendendo para o dourado, muito brilhante, com pequena manifestação de lágrimas denotando a personalidade deste vinho.

No nariz exibe, exuberantemente, aromas de frutas cítricas, de frutas brancas, como abacaxi, pêssego maduro, pera, lima, com toques minerais, de grama cortada e um delicioso herbáceo. Um bom frescor resiste apesar dos seus cinco anos de garrafa.

Na boca é seco, saboroso, um bom volume de boca traz a sensação de alguma untuosidade e personalidade, mas com muito frescor, com as notas frutadas sendo reproduzidas fortemente, como no aspecto olfativo, além de acidez correta, o toque mineral protagonizando e um final de média persistência.

Belíssimo branco de Trás-os-Montes! Um vinho, apesar de já possuir seus quatro anos de garrafa, estava no auge, entregando acidez, muito fruta tropical, de polpa branca e uma mineralidade que corroborou todo o seu frescor. Que possamos ter sempre experiência enosensoriais como essa de uma histórica região, embora pouco conhecida. Que possamos, cada vez mais, explorar regiões emblemáticas como essa! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Rabaçal:

Com cerca de 400 associados, oriundos dos concelhos de Vinhais, Valpaços, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L.recebe 1,5 milhões de quilos de uvas de uma zona de transição entre a Terra Quente e a Terra Fria, que garante um grau surpreendente em todos os néctares que ali são vinificados.

A reconversão da vinha que está em curso e a aposta nas castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira e Tinta Roriz já está a dar os seus frutos ao nível da qualidade do produto final. Ao nível da promoção, a adega que labora em Rebordelo vive um período de evolução, bem patente na criação de uma imagem institucional que simboliza o vinho e os quatro concelhos produtores.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente, a base dos mesmos assenta nas especificidades únicas das nossas castas.

“Porque o mundo é um mar de oportunidades e também de desafios, hoje globais; porque acreditamos que, para além de nos inserirmos num país que se afirma cada vez mais enquanto produtor de vinhos de excelência e também numa região privilegiada, Trás-os-Montes, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L. afirma-se com base nos efetivos vitícolas da Adega, que a alimentam com as melhores castas autóctones, mantidas por várias gerações, num percurso que se aprimorou cada vez mais a nossa região, cultura e história, numa descoberta, aqui de novos «territórios sensoriais», os seus vinhos”.

Filosofia do produtor

Mais informações acesse:

http://www.adegarabacal.com/www/default.asp

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/tras-os-montes/doc-tras-os-montes/

“Wine Tourism Portugal”: https://www.winetourismportugal.com/pt/regioes/tras-os-montes/

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/tras-os-montes-e-alto-douro-um-paraiso-vinicola-em-portugal/

“Dre.tretas”: https://dre.tretas.org/dre/203153/portaria-1204-2006-de-9-de-novembro

“Terras de Portugal”: http://www.terrasdeportugal.pt/tras-os-montes-e-alto-douro

“Vino Emporium”: http://www.vinoemporium.com.br/uvas/codega-do-larinho

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/castas-brancas-codega-de-larinho/

“Divinho”: https://www.divinho.com.br/blog/diferenca-malvasia-fina-e-malvasia-nera/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/viosinho












sexta-feira, 30 de junho de 2023

Tormentoso Cabernet Sauvignon 2016

 

Definitivamente me tornou um apaixonado pelos rótulos da África do Sul! E paixão talvez não seja a palavra ideal para definir esse sentimento, afinal, paixão é efêmera e o meu “caso” com os vinhos da terra de Mandela são de intenso amor.

O que era no passado, a cerca de 20 anos atrás, aproximadamente, um cenário de difícil acesso desses rótulos e os poucos que ofertavam no nosso mercado consumidor, eram caros, hoje o cenário é totalmente distinto e para melhor, finalmente!

Coloco a África do Sul como uma das principais regiões vitivinícolas do Novo Mundo, por conta, claro, da tipicidade de seus vinhos, e sem dúvida também por conta do atraente custo X benefício dos seus rótulos que chegam em nossas terras.

E a Pinotage se tornou a casta emblemática do país e que difunde a vitivinicultura daquele país, mas não é apenas da variedade tinta manipulada em laboratório que faz a fama da África do Sul.

Há excelentes rótulos da casta Cabernet Sauvignon e Syrah, por exemplo, entre as tintas e Chenin Blanc, Sauvignon Blanc entre as cepas brancas. Há uma diversidade de castas atualmente sendo produzidas e com tipicidade na África do Sul.

E a vez hoje é da rainha das uvas tintas, a Cabernet Sauvignon! Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! Ele, como disse, é da África do Sul, da Região de Coastal, e se chama Tormentoso, da casta Cabernet Sauvignon da safra 2016! Sim! Um vinho com seus sete anos de garrafa! O que esperar?

De acordo com algumas boas experiências que tive com os rótulos sul-africanos, sim eles evoluem bem com essa idade, sobretudo aqueles que estagiam por um razoável período em barricas de carvalho e claro dependendo também das características da cada cepa.

E há ainda outro detalhe que me chamou atenção, ou melhor dizendo, me animou: a região! Costal é tida como a “pedra fundamental” da produção de vinhos na África do Sul. Então para variar falemos um pouco da região e a sua importância para a cultura vitivinícola da África do Sul que está situada em Western Cape.

Western Cape: a toda poderosa região vinícola sul africana

Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país.

Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país.

Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300 quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais de 150 quilômetros.

Western Cape

O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a Chardonnay e a Sauvignon Blanc.

As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao próprio país.

Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta, inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade.

A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades, a maioria em estilo europeu.

Coastal Region

A indústria vitivinícola da África do Sul tem suas origens na Coastal Region, mais especificamente nas áreas de Constantia e Stellenbosch, onde se iniciou a história vitivinícola do país.

E foi Simon Van Der Stel, segundo governador do Cabo, quem cultivou pela primeira vez uma fazenda vitivinícola em Constantia, além de ser o responsável por fundar a cidade de Stellenbosch em 1679.

Coastal Region é uma referência na viticultura da África do Sul, graças à diversidade de áreas vitivinícolas, à perfeita adaptação das principais variedades e às condições de cultivo.

Essa região é considerada a mais importante em termos de cultivo de vinhedo. E tem uma longa história na elaboração de grandes e prestigiados vinhos. Trata-se de uma das 6 regiões vitícolas inclusas em Western Cape. Que ao mesmo tempo se subclassifica em 7 regiões: Cape Point; Darling; Paarl; Stellenbosch; Swartland; Tulbagh e Tygerberg.

Mesmo sendo seu clima descrito como principalmente mediterrâneo, os ventos dos oceanos Atlântico e Índico, junto com a influência da montanha, combinam-se para produzir condições algo extremas em algumas áreas da região, aproximando mais sua viticultura de um modelo de clima frio, como o da Nova Zelândia ou o do norte da Europa, ampliando a gama de mesoclimas na região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi intenso, escuro, com halos atijolados denotando os sete anos de garrafa, com lágrimas grossas, lentas e em profusão.

No nariz traz aromas envolventes de frutas pretas maduras, com destaque para amoras, ameixa preta, quase em compota, com as notas amadeiradas em evidência, mas muito bem integrada, graças aos 15 meses em barricas de carvalho, que entregam chocolate, defumado, leve tosta, com o herbáceo, o pimentão, típico da Cabernet Sauvignon.

Na boca é seco, macio, elegante, graças aos sete anos de garrafa, mostrando-se redondo, mas com muita personalidade, revelando equilíbrio. As notas frutadas são perceptíveis, como no aspecto olfativo, com a madeira protagonizando, trazendo taninos amáveis e domados, mas gulosos, com acidez incrivelmente proeminente e salivante e um final de média persistência e de retrogosto frutado.

“Tormentoso” faz referência ao Cabo da Boa Esperança que, primitivamente era conhecido como “Cabo das Tormentas”, sendo batizado por Bartholomeu Dias, devido as várias tempestades (tormentas) que aconteciam e ainda, claro, acontecem nesse ponto no Sul da África do Sul. Tudo indica que a Rainha de Portugal não gostou do nome, mudando para o que conhecemos hoje. Mais uma vez a prova cabal de que a história anda de mãos dadas com o vinho, a cultura não é só da vinificação. Um vinho macio, elegante, complexo, com notas frutadas, de frutas maduras, como tem de ser os bons sul-africanos com essa característica. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a MAN Family Wines:

"Tudo começou como um plano simples: fazer um vinho que adoraríamos comprar", assim começa a história da MAN Family Wines com a missão dos irmãos Tyrrel e Philip Myburgh, além de José Conde, que começaram a fazer vinho juntos em 2001.

Eles também são apoiados por um grupo de viticultores da região de Agter-Paarl. Das primeiras 300 caixas feitas em um galpão de trator, a empresa cresceu para produzir mais de 175.000 caixas por ano e exportar para 25 países. Seus vinhos mais vendidos são Chenin blanc e Cabernet Sauvignon, mas a área também é conhecida por Shiraz e Pinotage.

Depoimentos dos fundadores:

Como jovens produtores de vinho em 2001, às vezes lutávamos para encontrar vinhos decentes que pudéssemos pagar. Meu irmão Philip e eu estávamos envolvidos com a vinícola de nossa família (Joostenberg Wines) e José estava ocupado com a dele (Stark-Condé Wines).

Não estávamos procurando garrafas de rockstar que custam uma fortuna. Mas tínhamos padrões bastante elevados (em nossa opinião) e queríamos vinhos que pudéssemos desfrutar com nossos amigos, a maioria dos quais também trabalhava na indústria do vinho.

Nós éramos geeks do vinho que precisavam de um vinho todos os dias. Vimos um nicho no mercado e começamos a trabalhar, mas primeiro tivemos que pensar em um nome para este novo projeto. Para manter a paz nas famílias, pegamos as iniciais de nossas esposas (cada um de nós tem uma esposa!) — e foi assim que explicamos a Marie, Anette e Nicky que estaríamos “ocupados” na maioria dos fins de semana. "É para você!" Nós dissemos a eles. Imediatamente começamos a trabalhar em um antigo galpão de trator e naquele primeiro ano fizemos um total de 600 caixas de Pinotage.

Tyrrel Myburgh, co-fundador.

Desde o início, nos concentramos em buscar as melhores uvas. Nunca se tratou de um equipamento novinho em folha ou de uma adega sofisticada. Tyrrel e eu costumávamos passear olhando os vinhedos todo fim de semana, conversando com os viticultores.

Na verdade, foi Tyrrel quem fez a maior parte das primeiras negociações - fiquei para trás no caminhão porque, como um americano com sotaque forte, não era a pessoa mais adequada para convencer os fazendeiros de que merecíamos suas uvas. Era importante ganhar sua confiança se quiséssemos ganhar seus melhores frutos.

Quando finalmente encontramos nosso fundamento, o projeto MAN tornou-se uma colaboração com os produtores de uva, e hoje eles são acionistas de nossa empresa. Temos muita sorte de estar em parceria com agricultores experientes que cultivam coletivamente algumas das melhores vinhas velhas de Chenin Blanc do país. Estou muito otimista sobre o potencial dos vinhos sul-africanos no mercado mundial.

José Conde, co-fundador.

Mais informações acesse:

https://manwines.com/

Referências:

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_da_Boa_Esperan%C3%A7a

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2017/02/coastal-region-origem-da-viticultura-na-africa-do-sul/

“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/regioes-12-Coastal-Region

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/quais-sao-principais-areas-vinicolas-da-africa-do-sul_11990.html

“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/western-cape-a-gigante-sul-africana/?doing_wp_cron=1611015613.7245669364929199218750#:~:text=Localizada%20a%20sudoeste%20da%20%C3%81frica,alguns%20de%20seus%20principais%20destaques.

“Wine ZO”: https://wine.co.za/wine/wine.aspx?WINEID=41878