segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Zanotto Pinot Noir 2019

 

Nos últimos natais, mais precisamente há três natais atrás, tenho degustado rótulos da casta Pinot Noir. E por que essa decisão? Acho que a Pinot Noir extremamente versátil gastronomicamente falando. Além de ser uma casta delicada, leve e frutada, goza de uma boa acidez que corrobora a sua condição de leveza e frescor.

E claro com o atual clima de calor, de verão a Pinot Noir, dada a sua boa acidez e frescura, cai também como uma luva. E diante dessa condição e de sua versatilidade com as comidas multifacetadas do período das festas de fim de ano.

Mas digo que também, por conta da sua boa acidez, um Pinot Noir com pizza cairia bem. Não sei se é uma harmonização clássica, típica ou coisa que o valha, confesso que nunca fiz, mas fiquei muito curioso por fazê-la, haja vista que hoje receberei meu grande amigo e confrade, meu novo companheiro de taça, Paulo Rodrigues, que faz uma pizza como poucos.

Compartilho da opinião de que harmonização tem muito do experimentalismo, algo de alquimia, de testes, sem se prender às conveniências e às questões clássicas já manjadas. Não sou, confesso um grande especialista em harmonizações, mas entendo que até mesmo as clássicas combinações partiram de experimentações.

Mas não é só a harmonização que me cativou no rótulo de hoje, mas também essa região que, há pouco tempo atrás, descobri e gostei muito: Campos de Cima da Serra. Inclusive já que falei dos Pinots que degustei nos últimos natais, comprei um, em um evento de degustação que participei em 2017, também era dessa região lá do Rio Grande do Sul e que praticamente me inseriu nessas degustações de rótulos dessa proeminente região. Falo do ótimo Fazenda Santa Rita Pinot Noir 2017.

O vinho que degustei e gostei veio da região de Campos de Cima da Serra, ao norte da Serra Gaúcha e que faz divisa com Santa Catarina, e se chama Zanotto da casta Pinot Noir e a safra é 2019. E além de todos esses bons pré-requisitos ainda tem o produtor que vem se destacando vertiginosamente nesses últimos tempos: A Vinícola Campestre.

E prêmios estão surgindo um atrás do outro! E não é apenas prêmio e medalhas, mas a certeza de que os vinhos, sobretudo da linha “Zanotto”, têm qualidade. E recentemente literalmente tirei a prova quando degustei o maravilhoso Zanotto Gewürztraminer 2019. Mas antes de ir para o finalmente com as minhas impressões do vinho claro falemos um pouco de Campos de Cima da Serra.

Campos de Cima da Serra

Por muito tempo, a região dos Campos de Cima da Serra ficou à sombra da Serra Gaúcha. A predominância do cultivo de variedades híbridas e o clima frio e ventoso eram encarados como entraves para o desenvolvimento de grandes vinhedos. Atualmente, no entanto, o cenário é o oposto. A baixa temperatura e a incidência constante do vento foram transformadas em diferenciais, pois propiciam uma maturação mais longa e condições para que as uvas viníferas apresentem excelente sanidade.

As iniciativas de empresários que se aventuraram em elaborar vinhos na região foram recompensadas com grandes rótulos, hoje nacionalmente conhecidos por sua qualidade.

A Vitivinicultura na região dos Campos de Cima da Serra é recente, iniciou com pesquisas realizadas pela Embrapa Uva e Vinho, que desde 2004 conduz experimentos nas áreas de viticultura e enologia na região, tem indicado condições favoráveis devido ao solo e o clima.

Ainda em fase de crescimento, destacam-se municípios como Campestre da Serra, Monte Alegre dos Campos, Ipê e Vacaria. Até então, o que víamos eram esplêndidas maçãs, sobretudo plantadas em Vacaria: "maçãs da Serra Gaúcha para a sua mesa!", um slogan bem conhecido localmente.

Naturalmente tem naquelas terras, devido ao fato de ser um pouco mais frio, um terreno propício para ciclos vegetativos mais longos e aos vinhos com menor teor alcoólico, acidez mais alta e boa estabilidade de cor e bom perfil aromático (os dois últimos graças à boa amplitude térmica).

Recordando a teoria: a cada 100 metros de altitude a temperatura média decresce em torno de 0,5 graus e corresponde a um retardo de 2-3 dias no período de crescimento da planta. Isso, comparativamente, coloca a região de Campos de Cima mais próxima de um clima de Bordeaux, ao contrário da Serra Gaúcha. Mas, há uma boa insolação sem dúvidas! Aliás, turisticamente, dali pode-se iniciar, rumo ao litoral, a conhecida "Rota do Sol"!

Como os ciclos da planta são longos, há colheitas de uvas tardias como a Cabernet Sauvignon no mês de abril, fato que traduz uma maturação lenta e que associada à já citada amplitude térmica (com variações de 15 graus em média, entre dia-noite) propicia vinhos mais harmônicos, com bom equilíbrio geral entre corpo-álcool-acidez.

Dentre as uvas principais temos as tintas Ancelotta, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat e Pinot Noir. Esta última, tem tido bom destaque, sobretudo no munícipio de Muitos Capões. As brancas mais cultivadas são Chardonnay, Moscato Branco, Glera (Prosecco), Trebbiano e a de melhor potencial de qualidade, a Viognier.

As videiras estão situadas principalmente em três municípios: Vacaria, Muitos Capões e Monte Alegre dos Campos. As uvas Pinot Noir e Chardonnay (uvas utilizadas na elaboração de espumantes) são muito cultivadas na região que apresenta clima temperado, com boa amplitude térmica. Por conta das baixas temperaturas, as videiras têm um ciclo vegetativo mais longo, brotam mais tarde. Consequentemente, a colheita é mais tardia, quase no início do outono.

Pode-se resumir que a região de Campos de Cima da Serra aporta e acrescenta um toque a mais de sutilezas climáticas, permitindo a diversificação de estilos de vinhos do Rio Grande do Sul como um todo e, por sua bela paisagem natural, pode se tornar um novo polo turístico, a contrapartida lúdica no trabalho de informação e educação sobre vinhos aos consumidores.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta inusitado vermelho de média intensidade, com reflexos violáceos, um vermelho bem mais escuro para um típico Pinot Noir, mas brilhantes, com lágrimas finas e discretas que logo se dissipavam.

No nariz traz uma explosão de frutas vermelhas muito agradável, onde se destacam morango, framboesa e cereja, com notas florais em evidência, que revela muito frescor.

Na boca é seco, fresco, leve, delicado e elegante, com as notas frutadas em destaque, como no aspecto olfativo, com os taninos ligeiros e discretos, com uma ótima acidez que saliva. Tem final prolongado e um retrogosto frutado.

Gratas novidades, novas experiências! A comprovação de que os vinhos brasileiros estão arrojados e expressivos, com tipicidade, respeitando o seu terroir. Mais uma vez Campos de Cima da Serra se revela maravilhosa em minha humilde taça. A Pinot Noir vai se revelando maravilhosa nessa região. O Zanotto Pinot Noir entrega leveza, muita fruta, acidez vivaz, mas muita personalidade, marcante. E a pergunta que não quer calar: e a harmonização com a pizza, como foi? Foi maravilhosa! Valeu pela risco, valeu também pelo fato de ter a mínima capacidade de exercício de descrever as características das castas e consequentemente o conhecimento adquirido em prol do prazer da degustação da poesia líquida chamada vinho! Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Campestre:

Fundada há meio século, a Vinícola Campestre é uma empresa familiar empenhada em elaborar vinhos, sucos, coolers e espumantes de qualidade diferenciada. Esta constante meta é a pauta do aprendizado e do respeito a arte milenar de transformar o fruto em vida, pois o vinho, para a vinícola, é cultura, ciência e, é uma bebida que tem a magia de reunir pessoas, provocar conversas inteligentes e acima de tudo, cultivar amigos.

Métodos enológicos e tecnologia são nossos aliados na vinificação. Buscando cada vez mais satisfazer o consumidor com produtos naturais e com sabor e características da serra gaúcha. Os vinhos da Campestre conduzem a diferentes emoções; olfato e paladar, delicados toques de frutas vermelhas, cassis, mel e flores. Toda esta arte de transformação é uma declaração muito firme, de amor e respeito ao produto e aos apreciadores.

Mais informações acesse:

https://www.vinicolacampestre.com.br/

Referências:

“Cafeviagem”: https://cafeviagem.com/vinhos-de-campos-de-cima-da-serra/

“ABS-SP”: https://www.abs-sp.com.br/noticias/n144/c/vinhos-do-brasil-parte-iv-campos-de-cima-da-serra

 






Corte Viola Pinot Grigio 2019

 

Já falei por muitas e muitas vezes que amo a casta Pinot Grigio! E nunca deixarei de falar dessa casta branca maravilhosa, por mais que eu pareça redundante e chato, as vezes, mas, é melhor ser redundante do que omisso e repetição dessa declaração de amor reforça e corrobora a minha predileção por essa casta frutada e com uma acidez que entrega plenitude e muita vida e essa cepa.

E não há ainda como negligenciar essas castas quando produzidas na Itália, sobretudo. Já degustei alguns rótulos da Pinot Grigio do Brasil, do Chile (alguns exemplares surpreendentes!), até da África do Sul, mas os italianos têm um lugar em meu coração e, claro, na taça também.

E quando degustei os meus primeiros rótulos de Pinot Grigio eu, ávido por informações sobre ela, descobri que os melhores rótulos nascem na “Terra da Bota”. E, decidido, pensei: Vou degustar um Pinot Grigio italiano! Preciso desse momento em meu registro enófilo.

Alguns passaram pela minha taça, arrebataram os meus sentidos de uma maneira tal que a ideia de repetir e repetir novas experiências com a Pinot Grigio italiana sempre povoou os meus pensamentos. E recentemente em uma de minhas incursões aos supermercados, sem nenhuma pretensão encontrei um Pinot Grigio de uma tradicional região para a produção desta cepa, o Vêneto, a um preço inquestionavelmente irresistível: R$ 38,99!

Sim! Inacreditável, levando-se em conta que os poucos rótulos ofertados com essa casta aqui no Brasil e principalmente da Itália, serem tão caros, em valores que não hesitaria em dizer que é totalmente injusto. E esse custando menos de R$ 40,00! Claro que surgem algumas neuras com relação a qualidade ou coisa do tipo, mas, pelo atraente preço, decidi arriscar.

E hoje recebendo o meu grande amigo e mais novo confrade companheiro de taça, Paulo Rodrigues, que fará algumas travessas de pizza achei conveniente harmonizar um branco, por conta do verão (um vinho leve como a Pinot Grigio) com boa acidez que “limparia” a boca estimulando, mais e mais, a comer pedaços bem gordurosos de pizza em um círculo virtuoso entre o comer e o beber.

Então vamos às apresentações: O vinho que, claro, degustei e gostei veio da emblemática região italiana do Vêneto e se chama Corte Viola da casta Pinot Grigio da safra 2019. Então antes de falar do vinho, nada mais conveniente do que falar da história do Vêneto e da Pinot Grigio que se entrelaçam.

Vêneto

O Veneto é a terra natal de algumas das mais conhecidas denominações italianas, como Prosecco, Valpolicella e Bardolino. Um dos maiores vinhos italianos produzidos nesta região é o encorpadíssimo Amarone. Situada no nordeste da Itália, a região do Veneto apresenta uma área total um pouco menor do que as demais áreas vinícolas de Piemonte, Lombardia, Toscana, Puglia e Sicília, no entanto, possui um volume de produção maior do que tais regiões italianas.

Vêneto

Embora as regiões da Puglia e Sicília fossem, por um longo tempo, as principais produtoras de vinho na Itália, a partir da metade do século XX esse cenário passou por notáveis mudanças. Na década de 1990, o Vêneto conquistou cada vez mais espaço e reconhecimento com a produção de alguns dos melhores vinhos italianos, como os tintos Valpolicella e Amarone, além do maravilhoso vinho branco Soave e do espumante Prosecco.

Na região do Vêneto encontra-se Valpolicella e sua sub-região Valpatena. Tal área é a responsável pela produção de meio milhão de hectolitros de vinho por ano e, em termos de volume, Valpolicella é a única DOC italiana capaz de competir com a famosa DOC Chianti, na Toscana. Ao leste do Veneto encontra-se Soave, responsável por abrigar o vinho branco seco que carrega o mesmo nome e encontra-se entre os vinhos italianos mais apreciados.

Apesar de as uvas mais cultivadas no Vêneto serem da casta Merlot e Prosseco, as videiras que deram origem aos vinhos com certificação de Denominação de Origem Controlada (DOC) são, na verdade, das castas Pinot Grigio, Riesling, Garganega, Pinot Nero, Barbera e Corvina, atualmente, as uvas de maior importância para a produção dos vinhos do Veneto apreciados e cultuados mundo afora.

Formado pelas sub-regiões de Veneza, Belluno, Verona e Rovido, o Veneto extrai a maior parte de sua produção de Verona, contabilizando anualmente cerca de dois milhões de hectolitros de vinhos italianos. O destaque dessa sub-região vai além do volume de produção local, Verona é o berço dos reverenciados, famosos e cultuados exemplares de Bardolino e Valpolicella.

Uma curiosidade a respeito do Vêneto é sua forte ligação com a vinicultura do Brasil, que recebeu muitos imigrantes italianos desta região na Serra Gaúcha, hoje a melhor área de elaboração de vinhos do nosso país. Não por acaso, a maioria das vinícolas de sucesso do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, pertence a famílias de descendentes desses imigrantes de Vêneto, no nordeste da Itália.

Pinot Grigio

Se você nunca ouviu falar na uva Pinot Grigio, talvez já tenha degustado um vinho produzido com a Pinot Gris. É possível encontrar a casta sendo chamada pelos dois nomes diferentes, a depender da origem do vinho, podendo ser italiano ou francês, respectivamente. A diferença na forma como chamamos a uva passa pelo próprio significado das duas palavras: o nome Grigio significa cinza em italiano e Gris, cinza em francês – sendo referência à cor da casca da fruta. A coloração da uva é um resultado natural do cruzamento entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc.

A Pinot Grigio surgiu na região da Borgonha, contudo foi em outra região francesa que ela ganhou um lar e ganhou notoriedade também, a Alsácia. Onde era conhecida por outro nome famoso, Tokay, mas que causava muita confusão. Tokay é um termo utilizado para os vinhos mais famosos (e caros) da Hungria, os longevos Tokaji, que nada tem a ver com a Pinot Grigio.

A origem da Pinot Grigio foi descoberta a poucas décadas, onde constatou-se ser uma cruzamento genético natural entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc. Embora seja de origem francesa, foram os italianos que tornaram esse varietal mundialmente conhecido e passaram a dominar a sua produção global. Isso faz com que muitos acreditem que a uva seja originária do fantástico "país da bota".

Os vinhos produzidos com a Pinot Grigio são muito influenciados pelos fatores ambientais e humanos envolvidos no processo, o que chamamos de terroir. Nas regiões frias são encontrados vinhos com maior intensidade aromática e acidez vibrante, além de serem tipicamente mais leves e delicados, normalmente denotando aromas frutados, florais e com a sutil presença de especiarias. Bons exemplos disso são os aromas de pêssego, limão, tangerina, pera, maçã verde, complementados por flores silvestres, mel, tomilho, orégano e erva-cidreira. Já as regiões mais quentes produzem exemplares mais viscosos, aumentando a percepção de corpo da bebida, que, dependendo do solo, pode apresentar um caráter mineral, lembrando pedras e a areia molhada.

Agora, se compararmos o perfil dos vinhos franceses e italianos, as características sensoriais serão gritantes. Na França, esses vinhos costumam ser mais encorpados, amarelados e com uma presença picante. Já na Itália, os exemplares são mais refrescantes, versáteis e fáceis de beber. Dependendo do estilo do produto, vinícola e vindima, são vinhos brancos com aptidão ao envelhecimento.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um amarelo palha translúcidos, bem brilhante com reflexos esverdeados e uma pequena manifestação de lágrimas finas e breves.

No nariz e agradavelmente fresco, leve e descompromissado, com delicadas notas frutadas que remetem a maçã-verde e pera, além de frutas cítricas como abacaxi, bem como nuances florais, de flores brancas.

Na boca é seco, saboroso e harmonioso, com o protagonismo das notas frutas, de frutas de polpas brancas com uma sensação frescor e leveza e um final de média intensidade.

Um vinho simples, mas com uma inigualável personalidade, bem marcante, fazendo deste rótulo muito versátil, gastronomicamente falando. Se ainda há alguns questionamentos com relação a Pinot Grigio esse vinho pode, sem sombra de dúvida desmistificar, mostrando que a casta é sim especial. Um vinho com o DNA brasileiro, ótimo e ideal para harmonizar com o nosso clima, um vinho que dizem que é para “beira da piscina”, despretensioso, informal e especial. Um viva a Pinot Grigio! Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Contri Spumanti S.p.A:

A história da empresa Contri Spumanti SpA está intimamente ligada à de seu fundador: Luciano Contri , nascido em 1938, de Cazzano di Tramigna.

Aos quinze anos, enquanto Luciano se preparava para iniciar os estudos de especialização enológica, a família enfrentava grandes dificuldades por causa de uma grave doença que atingiu seu pai Luigi e o obrigou a se afastar de casa por dois anos.

Foi o fundador da empresa familiar, com mais de 90 anos, avô Domenico (apelidado de PACENA na vila, hoje uma das marcas da empresa) quem apoiou Luciano nesse período. Sua própria experiência e sabedoria, combinadas com a vontade e o espírito de sacrifício de seu sobrinho, conseguiram compensar a ausência de Luigi.

Temperado pelo sacrifício diário e seguro dos ensinamentos recebidos, atingiu a maioridade em 1959 e deu origem à empresa individual Luciano Contri , que em 1980 será transformada na Contri Spumanti SpA , iniciando a produção de espumantes e espumantes.

Hoje as rédeas da empresa estão nas mãos de Paolo Contri, que continua a política de seu pai de manter a Contri Spumanti SpA uma empresa de ponta e líder no setor. Tecnologia de ponta e automação de processos garantem a eficiência do ciclo produtivo e a minimização dos custos de produção.

Adaptação aos requisitos dos sistemas de qualidade mais conhecidos, desde o planeamento, à produção, à logística. Constante renovação dos sites de produção, ampliação e automatização das áreas de logística.

Capacidade de resposta e adaptação às novas necessidades do mercado com novos tipos de produtos, novos formatos e embalagens personalizadas.

Tudo isto permitiu a consolidação da empresa ao longo dos anos e a sua constante ascensão no mercado local e nos principais mercados externos. Resultados confirmados pelos inúmeros prémios e distinções obtidos nos mais conceituados concursos internacionais de vinhos.

Mais informações acesse:

https://www.contrispumanti.com/it

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/veneto

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/regioes/veneto-entre-amores-e-vinhos/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/veneto

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-pinot-grigio/

“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/pinot-grigio-conheca-suas-principais-caracteristicas/

 




Conde de Cantanhede Rosé Baga

 

Nada melhor que degustar um rosé nos atuais dias de verão carioca. Aquele rosé despretensioso, baratinho, que não agride no bolso, frutado, leve, saboroso e descontraído à beira de uma piscina ou até mesmo em uma praia, por que não?

Uma vez falei que em dia de praia, com sol e calor, seria interessante, papos de “farofeiros” à parte, levar naquele isopor uma garrafa de rosé bem levinho para degustar. Como lamentavelmente não temos a cultura do vinho no cotidiano do brasileiro um comentário como esse soa, no mínimo, como uma piada para os outros.

E além de um rosé leve, fresco, frutado e muito despretensioso, aquele democrático que agrada a todos, tenho tido apreço à alguns produtores que, com maestria, com respeito aos terroirs e, claro, muito talento, vem produzindo vinhos excelentes que vai do básico, intermediário aos mais complexos e estruturados.

E a Adega de Cantanhede definitivamente me encantou com os seus rótulos e atualmente não pode faltar na minha adega. Bairrada, o Beira Atlântico sendo representada com dignidade e de forma veemente em minhas taças.

Bairrada e Beira Atlântico que, apesar de sua representatividade em Portugal, ainda não é popular em terras brasileiras, como o Alentejo, Lisboa, Douro, por exemplo. Contudo o vinho de hoje não tem região, não é oriunda de região alguma, embora, ao degusta-lo consegue-se perceber que é sim um vinho lusitano.

É o que se chama de “vinho de mesa”, mas não se engane, não confunda com os “vinhos de mesa” produzidos, em larga escala, no Brasil. Os vinhos de mesa brasileiros são aqueles que são feitos com as uvas americanas, não vitiviníferas. A concepção de “vinhos de mesa” em Portugal, em especial, são geralmente rótulos simples, também produzidos em larga escala, sem uma classificação como DOC ou “vinho regional”, e não vem de uma região específica, porém, não desmerece em absolutamente nada em termos de qualidade, afinal é tudo uma questão de proposta.

E essa proposta de um rosé leve, fresco e frutado o vinho que degustei e gostei de hoje superou as expectativas! O vinho se chama Conde Cantanhede e a casta é a emblemática da região da Bairrada e Beira Atlântico, a Baga. O vinho não é safrado, outra característica de um vinho de mesa português. A propósito eu já degustei um Baga dessa mesma proposta da Cantanhede e surpreendeu igualmente e que segue a resenha que pode ser lida aqui.

Ah e o que falar da Adega de Cantanhede? Acho que tudo o que falar desse grande produtor soará como redundância, mas é melhor ser redundante do que omisso e vamos falar de algumas histórias ao Conde de Cantanhede que dá nome a essa linha de vinhos. Vamos às curiosidades históricas.

A D. Pedro Meneses, 5º Senhor de Cantanhede, foi atribuído o título de 1º Conde de Cantanhede, como recompensa pela sua participação na Batalha do Toro em 1476, ao lado de D. Afonso V e o futuro D. João II.

A cidade de Cantanhede recebeu o foral de D. Manuel I, Rei de Portugal, em 1514. Naquela altura o Rei deu à família Meneses o total controle da região. Foi notório o contributo dos Meneses para o desenvolvimento da região, promovendo a agricultura, incluindo a viticultura, para o que, desde sempre foi reconhecido grande potencial nestas terras.

D. Pedro Meneses

Empenhada em prestar homenagem à digna linhagem dos Condes de Cantanhede e ao seu importante papel na região e na história de Portugal, a Adega de Cantanhede obteve a necessária autorização dos seus descendentes para lançar esta marca, que comporta um vasto portfólio com vinhos e espumantes de qualidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rosé de média intensidade, diria com uma cor “casca de cebola” com algumas discretas e breves formações de lágrimas.

No nariz é extremamente delicado, com notas florais e de frutas vermelhas que se destacam morango, framboesa e groselha.

Na boca traz a fruta como protagonista, elegante, fresco, leve, descompromissado, elegante e equilibrado, com um final médio e frutado.

Pois é um vinho que, dentro da sua proposta, entregou muito além de que valeu, um verdadeiro exemplo do excelente custo X benefício! A propósito esse rótulo da Cantanhede custou a bagatela de R$ 19,00! Incrível o valor! E, convenhamos, esse tem de ser a faixa de valor de um rosé com esses predicados em um país em que o rosé harmoniza plenamente com o clima quente, com o nosso verão. Degustei o mesmo geladinho e as notas frutadas, tanto no aroma quanto no paladar, super valorizou, com um delicado toque floral e um sabor que impactou pela refrescância e frescura. Que venham mais e mais rosés com essa qualidade e preço. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega de Cantanhede:

Fundada em 1954 por um conjunto de 100 viticultores, a Adega de Cantanhede conta hoje com 500 viticultores associados ativos e uma produção anual de 6 a 7 milhões de quilos de uva, constituindo-se como o principal produtor da Região Demarcada da Bairrada, representando cerca de 40% da produção global da região. Hoje certifica cerca de 80% da sua produção, sendo líder destacado nas vendas de vinhos DOC Bairrada DOC e Beira Atlântico IGP.

Reconhecendo a enorme competitividade existente no mercado nacional e internacional, a evolução qualitativa dos seus vinhos é o resultado da mais moderna tecnologia, com foco na qualidade e segurança alimentar (Adega Certificada pela norma ISO 9001:2015, e mais recentemente pela IFS Food 6.1.), mas também da promoção das castas Portuguesas, que sempre guiou a sua estratégia, particularmente das variedades tradicionais da Bairrada – Baga, Bical e Maria Gomes – mas também de outras castas Portuguesas que encontram na Bairrada um Terroir de eleição, como sejam a Touriga Nacional, Aragonez e Arinto, pois acredita que no inequívoco potencial de diferenciação e singularidade que este património confere aos seus vinhos.

O seu portfólio inclui uma ampla gama de produtos. Em tinto, branco e rose os seus vinhos vão desde os vinhos de mesa até vinhos Premium a que acresce uma vasta gama de Espumantes produzidos exclusivamente pelo Método Clássico, bem como Aguardentes e Vinhos Fortificados. É um portfólio que, graças à sua diversidade e versatilidade, é capaz de atender a diferentes segmentos de mercado, com diferentes graus de exigência em qualidade, que resulta na presença dos seus produtos em mais de 20 mercados.

A sua notoriedade enquanto produtor, bem como dos seus vinhos e das suas marcas, vem sendo confirmada e sustentadamente reforçada pelos prémios que vem acumulando no seu palmarés, o que resulta em mais de 750 distinções atribuídas nos mais prestigiados concursos nacionais e internacionais, com destaque para Mundus Vini – Alemanha, Concours Mondial de Bruxelles, Selections Mondiales du Vins - Canada, Effervescents du Monde – França, Berliner Wein Trophy – Alemanha e Japan Wine Challenge. Sendo por diversas ocasiões o único produtor da Bairrada com vinhos premiados nesses concursos e, por isso, hoje um dos mais galardoados produtores da região. Em 2015 integrou o TOP 100 dos Melhores Produtores Mundiais, pela WAWWJ – Associação Mundial dos Jornalistas e Críticos de Vinho e Bebidas Espirituosas. Nos últimos 8 anos foi eleita “Melhor Adega Cooperativa” em Portugal por 3 vezes pela imprensa especializada.

Mais informações acesse:

https://www.cantanhede.com/

 

 

  




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Degustação Vinícola Hermann

 

Já estava com saudades! Desde 2020 eu não participava de nenhum evento de degustação de vinho, algo, evidentemente, que eu realmente adoro! Vinho é a minha vida! Costumo dizer que o que corre em minhas veias é vinho e não sangue, então não preciso, depois disso, tecer maiores comentários sobre a importância do vinho em minha vida.

Então eu já estava com saudades desse momento especial que é participar de um evento de vinhos e não é apenas o prazer em degustar vinhos, que é, claro, o ápice, mas de ver gente nova que compartilham do mesmo prazer que o seu, mas do escambo de conhecimento e experiências que não se mensura de tão especial.

E dessa vez tive a sorte, o privilégio de participar de um evento desse tipo em minha querida cidade, Niterói, em fevereiro de 2022, organizado, de forma espetacular por uma nova loja que está apostando fortemente no mercado de Niterói, que carrega no seu nome o nome dela, da cidade de Niterói, tamanha é a confiança no potencial e interesse dos enófilos, a “Niterói Vinhos” que, apesar de estar a pouco tempo nessas terras, vem fazendo a diferença, sobretudo em minha simples e humilde vida de enófilo.

Já a conhecia antes do evento e já comprei, inclusive alguns rótulos especiais e agora participando de um evento de degustação e que degustação! A degustação foi de alguns rótulos da Vinícola Hermann que não conhecia até então e que me foi apresentada pela Niterói Vinhos e seu agradável evento.

Mas antes de falar do evento, falemos um pouco da Vinícola Hermann que tem sede em Blumenau, Santa Catarina, mas que produz vinhos em uma região do Rio Grande do Sul que está em franca expansão: a Serra do Sudeste.

A família Hermann trouxe todo o seu know-how de profundos conhecedores de diversas regiões vinícolas do mundo para a esfera da produção de vinhos, apostando no potencial dos melhores terroirs da região sul do Brasil. Proprietários de uma das maiores importadoras de vinhos de alta qualidade do país, a Decanter, compraram em 2009 um vinhedo de grande vocação em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul, plantado com mudas de alta qualidade por um dos viveiros líderes de Portugal.

A assessoria enológica de um dos mais brilhantes enólogos de Portugal, o renomado “rei do Alvarinho” Anselmo Mendes - “Enólogo do Ano” pela Revista de Vinhos de Portugal em 1997 - ao lado do talentoso enólogo Átila Zavarizze, garante a excelência na transformação das uvas promissoras em grandes vinhos brasileiros, com caráter e tipicidade. 

Serra do Sudeste

Localizada no Rio Grande do Sul, entre a Serra Gaúcha, ao norte, e a Campanha, ao sul, a região abrange cerca de trinta municípios, sendo Pinheiro Machado, Encruzilhada do Sul e Piratini são os mais expressivos.

A viticultura na Serra do Sudeste é recente, com as primeiras vinícolas sendo estabelecidas na década de noventa. O produtor Lídio Carraro é considerado um dos pioneiros na região.

O clima da Serra do Sudeste é subtropical, com temperaturas médias mais baixas e com menos chuvas que a Serra Gaúcha. Os solos são de origem granítica, com presença de calcário.

Entre as principais variedades de uvas cultivadas na região vale destacar as tintas Barbera, Alicante Bouschet, Pinot Noir e Merlot, e as brancas Gewurztraminer e Riesling.

O evento

Em uma noite extremamente agradável do dia 10 de fevereiro cheguei ao restaurante Misturaria Fina Mezcla, em Santa Rosa, conhecido bairro de Niterói e logo fui muito bem recepcionado por algumas funcionárias que pessoalmente me conduziu a um local muito bonito e recebido com um grande sorriso nos lábios pela Ane, que é a proprietária da “Niterói Vinhos” e organizadora do evento.

Muito atenciosa e simpática me indicou a mesa que já estava com as ampolas com os vinhos a serem degustados, que foram: Bossa Nº5, um Prosecco, Matiz Plural, Matiz Rosé, Matiz Cabernet Sauvignon e Syrah, o espumante Lírica Crua, o Matiz Alvarinho e o Matiz Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon.

Mas antes do inicio da degustação o Paulo, dono do local, do restaurante Misturaria Fina Mezcla recepcionou a cada participante do evento, desejando a todos uma boa estadia, um bom evento, sendo muito atencioso e acalentador.

Paulo na Misturaria Fina Mezcla

Os vinhos

Começamos a noite de degustação com o Bossa Nº5 um delicioso Prosecco ou Glera com um lindo amarelo palha com detalhes esverdeados e uma média concentração de perlages finos! No nariz aromas de frutas de polpa branca, como abacaxi, pera, maçã-verde e discretos e delicados toques cítricos. Na boca é saboroso, elegante, frutado e alguma cremosidade, diria até um toque de fermento, com acidez moderada, com final médio para prolongado.

Logo em seguida veio um dos protagonistas do evento, o Lírica Crua que foi vinificado com as leveduras! Imaginem a complexidade. Composto por 80% de Chardonnay e 20% de Pinot Noir na taça trouxe uma incrível turbidez graças a ação das leveduras, com discretas lágrimas bem finas, além de finos perlages obscurecidos pela turbidez. No nariz é intensa as notas frutadas, frutas brancas, toque de fermento, pão, graças as lias, dando-lhe exuberância. Na boca é complexo, estruturado, diria, mas delicado, ao mesmo tempo é muito cremoso, saboroso, com acidez discreta em sinergia com a sua elegância e excelente persistência.

Seguimos com surpresa do evento, um Alvarinho brasieiro, o Matiz Alvarinho da safra 2018. Na taça um amarelo palha brilhante, tendendo para o dourado, com aroma intenso e notas incríveis de pêssego maduro, de frutas brancas maduras e toques minerais. Na taça é estruturado, complexo e saboroso, mas que revela frescor, a refrescância típica da cepa. Tem uma tosta interessante, um amadeirado bem integrado com a frutas, graças aos 6 meses de barricas de carvalho com um final longo e de retrogosto intenso e frutado.

Continuando nos refrescantes degustei o Matiz Rosé Pinot Noir da safra 2020 que trouxe um rosado claro, translúcido e límpido. Tem uma explosão de frutas vermelhas e amarelas, tais como melão, morango e framboesa, com delicadas notas florais. No paladar é leve, mas com alguma personalidade, as frutas vermelhas e amarelas aparecem com algum protagonismo com uma plena sinergia com a acidez que em destaque faz salivar.

E aí começaram os encorpados, os tintos! E começou em grande estilo e que, para mim, foi um dos melhores rótulos que degustei, o Matiz Plural, que traz um inusitado blend que acredito ser o fornecedor de tanto destaque para o vinho, bem como a sua safra, um 2013 com 9 anos de safra e ainda vivo e pleno, cheio de vida e que poderia evoluir mais e mais. O corte traz Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Franc que taça revelou um vermelho rubi com reflexos violáceos e um tom mais atijolado no seu entorno denunciando seus 9 anos de vida, com muito brilho, com lágrimas grossas e abundantes. No nariz traz notas de frutas pretas maduras, como cereja preta, amora, especiarias são sentidas, um álcool proeminente, mas não é desequilibrado. Notas terrosas e da madeira, além da baunilha. Na boca é estruturado e complexo, mas macio e delicado conferido pelo tempo de safra. Toques de tostado, chocolate e de madeira é percebida graças aos 15 meses de barricas de carvalho, com taninos presentes, mas domados e acidez correta.

Na sequência degustei o Matiz Touriga Nacional (75%) e Cabernet Sauvignon (25%) da jovem safra de 2021. Na taça entregou um vermelho rubi intenso, com lágrimas finas e abundantes. No nariz as frutas pretas e vermelhas maduras sobressaem, com notas de pimentão, graças ao lote da Cabernet Sauvignon, de baunilha e um toque floral, crédito da Touriga Nacional. Na boca é macio, elegante, redondo e equilibrado. As frutas pretas e vermelhas continuam a protagonizar, com taninos finos, mas generosos, com acidez média e final de média persistência.

E, para fechar a noite, veio até nós, enófilos extasiados, o Matiz Cabernet Sauvignon e Syrah, aquele corte tipicamente chileno com a cara do Brasil, com a safra 2013! Na taça um vermelho rubi intenso, brilhante, quase escuro, com lágrimas grossas, no nariz as notas de frutas vermelhas e maduras dão o tom, com toque de pimentão e especiarias, referências da Cabernet Sauvignon e Syrah, respectivamente. Na boca é intenso, estruturado, complexo, mas macio e elegante, o tempo foi gentil e traz versatilidade ao vinho. Taninos gulosos e domados, com ótima acidez que entrega ainda um vinho pleno e vivo aos 9 anos de vida! Madeira bem integrada nota-se baunilha, café, torrefação, graças aos longos 24 meses por barricas de carvalho.

Foi um grande e agradável evento! Que a “Niterói Vinhos” continue a promover a cultura do vinho de que tanto precisamos e que nos brinde com grandes rótulos, com grandes experiências sensoriais. E contamos ainda com a descrição excelente dos rótulos expostos para degustação do sommelier Rafael Fernandes que, entre as degustações, expôs com maestria todas as características dos vinhos da Vinícola Hermann e para maiores informações sobre esse belíssimo produtor leia “Vinícola Hermann”.

















sábado, 12 de fevereiro de 2022

Socalco Reserva tinto 2016

 

Nossa! Há quanto tempo eu não degustava um vinho de uma das mais emblemáticas regiões demarcadas do planeta: o Douro! O Douro que nasce, em termos vitivinícolas, no Rio Douro e que entrega os vinhos mais importantes do mundo: os vinhos do Porto.

O Douro é a região demarcada mais antiga, talvez a mais importante de Portugal, a mais badalada (embora eu ame o Alentejo) hoje me trará a alegria e o privilégio da degustação de um vinho depois de muito, muito tempo mesmo.

E o nome do vinho traz um tipo de solo construído pelas mãos humanas, a perfeita harmonização entre a natureza que promove que entrega, com perfeição, as cepas, com as adaptações do solo pelo homem, em uma manifestação sinérgica e singular.

O vinho que degustei e gostei traz a elegância típica da região, a complexidade garantida pelos seus 6 anos de vida, bem como o seu estágio em barricas que também entregou toda a estrutura e o refinamento ao rótulo: Falo do Socalco Reserva composto pelas castas Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz e a safra é 2016.

E claro quando falamos em Douro, quando falamos em Portugal temos a tipicidade das castas, o tão famoso apelo regionalista e esse blend ou como costuma dizer os lusitanos, essa mistura é a personificação do Douro: a combinação da Touriga Franca e a Touriga Nacional corroboram a força do terroir Duriense, bem como as pedras, os solos pedregosos é a cara, o DNA do Douro.

Então é claro antes de falar do vinho, vamos de história, vamos de conhecimento e falar do Douro e dos seus tipos de vinhas, de solos, que se entrelaçam. Falando de socalcos é falar do Douro, dos seus vinhos, do seu terroir.

O Douro e os seus solos

Nas encostas escarpadas, um rio banhava margens secas e inóspitas. Nele rolavam, noutros tempos, brilhantes pedrinhas que se descobriu serem d´ouro. Daí o nome dado a este rio: Douro. Aqui nasce a vinha e se produz o vinho, desde que os romanos, continuando e ampliando a ação nativa (moldavam os declives em socalcos) aproveitavam as povoações castrejas e dinamizavam o cultivo de cereais e da vinha nos terrenos de xisto, imprestáveis para outras culturas. Foram encontrados na região vestígios de lagares e vasilhames para vinhos do século III, chegando mesmo a estimar-se que a presença da uva na região remonta há cerca de 4 mil anos.

Ao longo da história do Vinho do Porto, diversas crises surgiram entre produtores e comerciantes, opostos pela questão do que era o genuíno Vinho do Porto. Em 1756, o Primeiro-ministro Marquês de Pombal interveio, demarcando, no território duriense, os terrenos mais propícios e as quintas mais dotadas para o plantio das castas produtoras do vinho do Douro, tendo sido esta a primeira Região demarcada do mundo, através do alvará régio de instituição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, de 10 de Setembro de 1756.

Marco Pombalino

A designação “do Porto” provém da armazenagem e comercialização, a partir do porto existente no estuário do rio Douro, entre a cidade do Porto e Vila Nova de Gaia. O vinho era transportado ao longo do rio, pelos barcos rabelos, até aos armazéns de Vila Nova de Gaia, localização privilegiada pela proximidade do Atlântico e pelas suas reduzidas amplitudes térmicas, favorecendo o longo envelhecimento dos vinhos em cave.

Mas Muito antes de qualquer presidente, rei ou imperador, o Douro era uma terra sem governo, habitada por povos primitivos, os primeiros a deixar seus vestígios na região. As pinturas rupestres do Vale do Côa são do período Paleolítico, há cerca de 20 mil anos. A presença da uva no Douro remonta há 4 mil anos (século XX a.C.), tendo sido encontradas sementes de uvas carbonizadas em estações arqueológicas da região. Muitas das ruínas pré-romanas, como o Castro de Cidadelhe, em Mesão Frio, datam dessa época.

Com a chegada dos romanos, no século I d.C., a agricultura intensificou-se, algo possibilitado pela rede de estradas e pelas numerosas pontes que o Império construiu. A uva começou a adquirir maior importância, existindo vilas agrárias dedicadas exclusivamente à produção de vinho, como foi comprovado na estação arqueológica do Alto da Fonte do Milho, no Peso da Régua.

A região continuou sendo ocupada continuamente. A partir do século V as terras do Douro foram os suevos e visigodos, que acabaram por se unir e cristianizar. Seguiram-se então os muçulmanos, depois do século VIII. Isso só deixou de acontecer após a implantação do reino português, a 5 de outubro de 1143 pelo Tratado de Zamora, quando iniciou-se a construção da Sé de Lamego, sob a proteção de D. Afonso Henriques (1109-1185), o primeiro rei português, responsável pela independência deste país.

No século XIII, com a prosperidade comercial e econômica e ao transporte para o Porto através do rio Douro, a produção destes néctares continuou a se desenvolver. Em seguida veio o período das descobertas marítimas (séculos XV e XVI) e houve um aumento da circulação no rio, uma vez que as viagens requeriam grandes quantidades de vinhos fortes para saciar os marinheiros.

Entre os séculos XVII e XIX, a Inglaterra passa a ser o principal consumidor dos vinhos produzidos no Douro, o que resultou na assinatura do Tratado de Methuen, em 1703. Nesse tratado, o Reino Unido concedia direitos preferenciais aos vinhos portugueses, com a contrapartida de Portugal permitir a entrada livre dos tecidos britânicos no mercado nacional.

Estimulada pela procura inglesa crescente e preços altíssimos, a produção do Douro tenta se adaptar às novas exigências do mercado. Mas, como acontece sempre que a demanda é muito grande, o negócio rivaliza interesses, suscita fraudes e abusos. A qualidade dos vinhos cai por conta de misturas inadequadas. Assim, a partir de meados do século XVIII as exportações estagnam, enquanto a produção continua a crescer. Os preços caem e os ingleses decidem não mais comprar vinhos, acusando os produtores de promover adulterações.

Esta crise comercial conduzirá, por pressão dos interesses dos grandes vinhateiros do Douro junto ao governo do futuro Marquês de Pombal, à instituição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em 10 de Setembro de 1756. Com ela busca-se assegurar a qualidade do produto, evitando adulterações, equilibrar a produção e o comércio e estabilizar os preços. Também nesta época acontece a demarcação de terras, criando-se a primeira região vinícola regulamentada do mundo. O Douro Vinhateiro é demarcado por 335 marcos de granito com a designação de Feitoria, designação que referendava o vinho da melhor qualidade, único que podia ser exportado para Inglaterra.

O século XIX, no Douro, foi marcado pelas doenças que se abateram sobre as vinhas, como o oídio e a filoxera, contribuindo para o desenvolvimento da viticultura na região, devido a inovações biológicas e químicas, como forma de evitar essas doenças. Ainda no mesmo século, iniciou-se a construção das linhas ferroviárias, que facilitaram a ligação entre o Porto e a fronteira da Espanha.

A paisagem atual da região do Douro, caracterizada pelos socalcos (plataformas cortadas nos morros), foi construída durante a década de 70, com a aplicação de novas técnicas de plantio da vinha, em patamares, com muros de xisto delimitando cada nível. Esta alteração da paisagem pela atividade humana contribuiu para que o Alto Douro Vinhateiro fosse considerado Patrimônio Mundial da Humanidade, pela UNESCO, em 2001.

A Região Demarcada do Douro situa-se no nordeste de Portugal, na bacia hidrográfica do Douro e sua área é de 247.420 hectares, sendo que a vinha ocupa 43.608 hectares, sendo que somente 26.000 hectares estão autorizadas a produzir vinhos do Porto.

O rio que lhe deu o nome nasce no alto da Sierra de Urbion, no interior da Espanha e se estende por 640 quilómetros até o seu encontro com o oceano Atlântico, cruzando a Região do Douro de leste a oeste. As vinhas são plantadas nas encostas em declive de 35° a 70° de inclinação, erguendo-se sobre o rio Douro e seus afluentes Corgo,Tavora, Pinhão, Tua, Torto, Côa e Sabor.


Douro e seus afluentes

A serra do Marão, que se eleva a 1500 metros no extremo oeste da região, assinala a mudança dos planaltos saturados pelo ar úmido e frio do Atlântico para um clima mediterrâneo montanhoso, quente e seco.

Originando sempre produções muito pequenas, o solo também permite uma maior longevidade da vinha e uma qualidade muito elevada dos mostos devido à conservação de umidade, adquirindo as uvas um maior teor de açucares e cor.

A imensidão do xisto duriense é completada na sub-região do Douro Superior com aflorações graníticas e no Baixo Corgo, com alguns solos de aluvião, mais produtivos nesta sub-região.

Cerca de 95% de todo o Vinho do Porto é cultivado neste xisto. Como existe apenas uma camada muito fina de terra argilosa, as vinhas são plantadas partindo a pedra até uma profundidade de um metro, onde as fissuras no xisto permitem que as raízes cheguem até 21 metros em busca de água. O solo é muito ácido, devido a um nível alto de potássio, tem baixo nível de cálcio e magnésio, apresenta excesso de alumínio, o que é tóxico para as raízes.

O Terreno irregular, com altitudes, junto ao rio Douro que podem atingir entre os 60 e os 140 m, e noutras zonas atingindo mais de 1000 m e inclinações com mais de 30%, só podem ser preparadas para plantação através do nivelamento de socalcos ou terraços, com ferramentas de ferro pontiagudas ou dinamite e, mais recentemente, bulldozers e tratores.

Essas excepcionais adversidades tornam a Região Demarcada do Douro numa das regiões mais caras e difíceis de trabalhar do mundo, mas é nessa mesma adversidade que nasce um grande vinho.

O papel desempenhado pelo Homem foi fundamental na criação dos socalcos, que são uma característica de toda a região. Antes da crise filoxérica, praga que surgiu na região pela primeira vez em 1862, as plantações eram feitas em pequenos terraços irregulares (geios), com 1-2 filas de videiras, suportados por paredes de pedra. Os socalcos eram ‘ rasgados ‘ nas encostas, de baixo para cima, as paredes eram construídas com as pedras tiradas do terreno, a sua altura dependia da inclinação da parcela e a movimentação da terra para preparar o solo para a plantação era pequena. A densidade de plantação rondava as 3 000 – 3 500 plantas/ha. Estes pequenos terraços foram posteriormente abandonados e constituem hoje os designados ‘mortórios’.

Mortórios

Após a filoxera, foram feitos novos terraços, mais largos e inclinados, com ou sem paredes de suporte, permitindo maiores densidades de plantação (cerca de 6 000 plantas/ha). Surge também nesta altura a vinha plantada em declives naturais, segundo a inclinação do terreno. Nestes sistemas a mecanização é impossível pois não existem ou são escassas as estradas de acesso às vinhas e a inclinação lateral está associada a uma forte densidade de plantação. Este facto, traduzido pelos custos elevados que implica em termos de mão-de-obra, tem conduzido ao abandono gradual deste tipo de vinhas.

Socalcos

No fim dos anos 60 e início dos anos 70, um novo sistema surgiu na região. Trata-se dos patamares horizontais com taludes em terra, com 1-2 linhas de videiras e com densidades de plantação baixas, na ordem de 3 000 – 3 500 plantas/ha. Dado que necessita de parcelas de grande dimensão para a sua instalação, é um sistema que não está adequado a zonas de minifúndio.

Patamares

Mais recentemente, e como alternativa aos patamares, aparecem as vinhas plantadas segundo as linhas de maior declive do terreno (‘ Vinha ao Alto ‘). Com uma densidade de plantação semelhante à das vinhas tradicionais, na ordem das 4 500 – 5 000 plantas/ha, este sistema apresenta uma boa adaptação para pequenas parcelas, podendo ser o trabalho mecanizado pela utilização de guinchos ou, até declives na ordem dos 40%, por tracção direta, com tratores de rastos.

O micro-clima da Região Demarcada do Douro deve-se ao seu natural enquadramento, a norte com a serra do Alvão e a sul com a Serra de Montemuro, formando-se um anel com uma altitude média de 1000 m, que protegem os vinhedos dos ventos úmidos do Atlântico e frios do norte.

A alta qualidade dos vinhos da região está diretamente relacionada com as elevadas temperaturas do ar, moderada precipitação e substancial percentagem de insolação direta no solo, graças à exposição a sul das encostas: as videiras criadas junto à encosta do rio e afluentes sofrem uma incidência de raios solares propícia à boa maturação das uvas; os solos conservam menor umidade que em terrenos planos, adquirindo as uvas uma maior concentração de açucares e de cor.

A Região demarcada do Douro estende-se desde Barqueiros até Barca D Alva, quase na fronteira com Espanha, estando dividida em três sub-regiões naturalmente distintas, não só por fatores climáticos como também sócio – econômicos: a oeste o Baixo Corgo, no centro o Cima Corgo, coração da região demarcada do Douro, e a leste o Douro Superior.

O total das vinhas implantadas na Região demarcada do Douro é de 43.608 hectares, com a produção anual de 1,69 milhões de hectolitros, que corresponde a 26% da totalidade dos vinhos produzidos em Portugal.

Sub-regiões do Douro

A grande diversidade de castas existentes no Douro, adaptáveis a diferentes situações de clima, demonstra as excelentes condições para a cultura da vinha existentes na região. Portugal é um dos países do mundo com maior quantidade de castas autóctones (nativas) e, dentro de Portugal, o Douro é a região com maior diversidade.

São uvas que só se encontram em território português – pelo menos com os nomes que ali recebem. Entre as tintas, destacam-se Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Francesa, Touriga Nacional (a uva emblemática de Portugal) e Tinto Cão. As castas brancas predominantes são Malvasia Fina, Viosinho, Donzelinho e Gouveio.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, brilhante, com entornos violáceos, com lágrimas finas e de média persistência.

No nariz logo se percebe as notas de frutas vermelhas maduras como groselha e cereja, uma leve tosta, baunilha e um toque herbáceo, vegetal, de especiarias, diria também um discreto floral trazido pela Touriga Nacional.

Na boca traz certo protagonismo das frutas vermelhas maduras, como no aspecto olfativo, algo de adocicado, talvez especiarias doces, que faz dele suculento e até saboroso. Notas amadeiradas bem integradas, torrefação, café, graças aos 8 meses de passagem por barricas de carvalho, algo de pimenta, talvez. Taninos aveludados pelo tempo e acidez correta que ainda entrega algum frescor ao vinho. Final médio.

Um típico vinho do Douro, um reserva especial, um vinho que traz a marcante personalidade aliada a elegância, o refinamento conquistado devido aos seus seis anos de vida, bem como as suas mais fiéis características regionais, sim, é um típico vinho do Douro graças, sobretudo as suas castas, ao seu famoso blend, ao seu famoso corte com as “Tourigas” e a Tempranillo portuguesa, a Tinta Roriz. Um vinho redondo, versátil, gastronômico, saboroso, volumoso, mas equilibrado e intenso. A história escrita, assinada em seu rótulo entrega a tipicidade e o terroir do velho e eterno Douro. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Gradil (Parras Wines):

A Parras Vinhos de Luís Vieira nasce no ano de 2010, atualmente com sede em Alcobaça, onde também está instalada a unidade de engarrafamento do grupo. Cinco anos depois, com a empresa consolidada e voltada para o mercado internacional, surge a necessidade de se fazer um reposicionamento de marca e “vesti-la” de outra forma, mais atual. É assim que no início de 2016 aparece a Parras Wines, mais jovem, mais flexível, e numa linguagem universal para que possa ser facilmente compreendida por todos, mesmo os que estão além-fronteiras.

Descendente de um pai e de um avô que sempre trabalharam com vinho, Luís Vieira é o único dono deste projeto. Aos cinco anos caiu num depósito de vinho e quase morreu afogado, não fosse um colaborador do avô na altura, que atualmente é seu, tê-lo salvo. Hoje, recorda com graça esse episódio e diz mesmo que simboliza o seu “batismo nestas andanças do vinho”. A empresa começa então a formar-se com terra própria na Região Vitivinícola de Lisboa, mais exatamente na freguesia do Vilar, Cadaval, com duzentos hectares de propriedade em extensão, sendo que 120 são hoje de vinha plantada.

Na mesma região do país, um bocadinho mais acima, na zona de Óbidos, a Parras Wines é também responsável pela exploração de 20 hectares de vinha que dão origem aos vinhos Casa das Gaeiras. Com sede em Alcobaça, nas antigas instalações de uma fábrica de faianças, deu-se início a uma nova área de negócio – uma Unidade de Engarrafamento de Bebidas, que hoje serve também de sede à Parras Wines e que se chama Goanvi. Cinco anos mais tarde, em 2010, constitui-se então a Parras Vinhos, hoje Parras Wines. Para além de terra na Região de Lisboa, o grupo começou paralelamente a produzir vinhos de outras regiões do país. Através de parcerias com produtores locais, a empresa consegue assim dar resposta às necessidades globais que iam surgindo do mercado, produzindo vinhos do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal e Alentejo.

Mais informações acesse:

https://www.parras.wine/pt/

Referências:

“Enopira”: https://enopira.com.br/douro-2/

“Viva o Vinho”: https://www.vivaovinho.com.br/mundo-do-vinho/regioes-vinicolas/douro-produzindo-vinhos-ha-mais-de-2-mil-anos/